As minhas botas têm algo de loucura nelas.
Apesar de pertencerem às calçadas (chiclete,
bostinha de poodle, marcas de sangue
e pontas de cigarro) as minhas botas
não se cansam de olhar para o alto:
as nuvens fascinam-lhes o queixo.
Vê-las em uma sexta-feira
encostadas ao armário
com os olhos perdidos
é triste.
Se houvesse uma forma
de fazer mãos no seu solado:
escreveriam elas sonetos,
todos de encruzilhada.
As minhas botas guardam a alma
dentro do abismo onde as meias respiram.
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