No filme americano “Um dia de fúria”, o bom ator Michael Douglas interpreta um cidadão comum que, desempregado e atormentado por problemas familiares (separação da esposa e perda da guarda dos filhos), de repente se vê preso em um monstruoso congestionamento de transito, na sempre febricitante e movimentada cidade de Los Angeles.
Visivelmente transtornado com o calor sufocante e o estridente som de dezenas de buzinas, sem poder ir avante ou retornar em busca de vias alternativas, toma uma decisão radical: abandona o veículo ali mesmo, no meio da rua e segue a pé, já que compromissado com o aniversário da própria filha. Só que, a partir daí seus problemas geometricamente crescem, porquanto vítima de uma tentativa de assalto e testemunha ocular de diversas pequenas ocorrências patrocinadas por pessoas outras (estupros, roubos, etc), ao longo do percurso. Ao final, extenuado, apoplético e vencido pelo cansaço, acaba por envolver-se numa briga fatal.
A reflexão acima vem a propósito do atual caótico transito da quinta capital de maior população do país (Fortaleza), um teste para as coronárias de qualquer cidadão, verdadeiro martírio para os que necessitam enfrentá-lo. Ou será que é normal você gastar 50 minutos para vencer míseros 1,5 quilômetros ??? E o pior é que, se você conseguir escapulir (a muito custo), para uma das vias laterais, pensando numa melhor fluidez, literalmente quebra a cara, porquanto todas se acham entupidas de carros; isso em razão das nossas estreitas ruas e avenidas terem sido projetadas para absorver um determinado número de veículos e não oferecerem condição de alargamento, como seria necessário; junte-se a isso uma sinalização comprovadamente deficiente, e a conclusão é que não dá pra vislumbrar qualquer solução no curto ou médio prazo (lembremo-nos que o metrô, uma obra caríssima, dificilmente terá o destino e a quilometragem necessárias para atender a todos).
Assim, como as pessoas necessitam locomover-se à busca do ganha pão diário e/ou para atendimento de outras necessidades, há que se submeter aos caprichos e a eterna má vontade do insensível empresariado dono de frotas de veículos sem a mínima condição de conforto e agilidade (estão sempre em atraso); uma das alternativas seria utilizar o transporte público para tal desiderato, mas este, além da frota reduzida, peca por praticamente inexistir. As pessoas se vêem, assim, obrigadas a circular em condução própria, daí os monumentais engarrafamentos verificados.
Pra completar, os últimos números disponibilizados pelas revendas de automóveis de Fortaleza (mês passado), são de arrepiar: nada menos que 3.265 carros novos foram despejados nas ruas, além de 2.213 motos e 101 caminhões (e a média mensal é mais ou menos essa).
Onde vamos parar ???
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sábado, 11 de setembro de 2010
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2 comentários:
Você é o meu contraponto...
Acorda minha consciência !
Abraços.
A coisa tá preta, meu chará. Uma das manchetes d'o Povo de hoje diz que a venda de automóveis no Brasil deve dobrar em 15 anos. É mole?
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