Além do mar se vê Poesia
dentro das botas também.
Pelas paredes e no reflexo dos vitrais.
Nas cerâmicas rachadas e no dorso do mármore.
A poesia é pudim, groselha, tamarindo
água para matar a sede do corpo pois
a poesia exaure os tendões e os cílios.
Não leia o poema com a mente
(nem a sua nem a do outro) .
Há de se permitir o tombo da alma
ao balé da folha seca despencando.
Não leia versos julgando-os amorosos
ou brincantes: quem desvenda o sorriso
daquele triste palhaço na sua alcova?
Não tentem aprisionar o poema
com sutis olhares de mestre.
Ninguém é mestre diante
da loucura e da lucidez
(de fogo) .
Nenhum conceito é puro.
Nenhuma mão que segura a pena é inocente.
Além do mar existe Poesia.
Além do quarto sombrio certamente.
A Poesia não é território somente dos corais ou dos ácaros.
Arranque seu coração experimente escrever sem este músculo.
O cajado do poeta são os versos
retorcidos sob a solidão necessária
de cada poema.
Escrever é o bastante
(e veja a dança) .
A Poesia é uma dança frenética (arrebatadora) .
Quem escreve não precisa de ajuda,
mas sim revelações.
7 comentários:
Você e a poesia são irmanados.
Vejo-os sempre de mãos dads , e corações em uníssono !
Abraços, mi amor !
Domingos,
A madrugada te revela
entre versos dispersos,
entre paredes e vitrais
sementes-poemas
sementes da mente
E a Poesia se incorpora
e mata a tua sede
e exaure a noite
e apaga os reflexos
do teu olhar sutil
A Poesia tem enfim
o sopro do vento
tem sabor de fruta
e na loucura dos versos
esconde
a lucidez do poeta
noturno
sonata
só
solidão.
Glosa de Domingos Barroso
As conchas das mãos nunca estão vazias.
No mínimo estão cheias de nada
e mesmo o nada é poesia.
Tenho poesia no corpo todo,
nos olhos doentes de tanta luz,
nos pés gretados de tantos caminhos,
nas botas, nas unhas, nos cabelos
que caem e renascem a cada dia.
Leio o poema com os olhos,
sinto o poema com os dedos
com o nariz, com os ouvidos e com a língua.
Leio o poema com os cinco sentidos.
As folhas caem, mas, antes de cair, bailam
no ar, valsam suaves ou rodopiam endiabradas.
As folhas têm alma: a nossa alma.
Os versos são formas lúdicas ou são o corpo do amor,
mas a dor do poeta, esse palhaço, quem saberá?
O poema é livre como o voo do pássaro
e se queima no fogo das imagens iluminadas.
Ninguém escreve ou lê impunemente um poema.
Poesia se escreve com sangue pulsando nas palavras
e inundando a forma fecha, de concha, do poema.
O meu bordão flori a cada verso que eu escrevo.
Planto o meu bordão na rocha no meio do deserto
e não brota água, mas sangue convulso.
Escrever é uma dança imóvel à espera da revelação.
(Um abraço, Domingos, do amigo Brandão.)
Socorro (Sacerdotisa),
a fraternidade poética
é o nosso elo, sempre
Carinhoso abraço.
Claude, obrigado pelos versos
e pelo imenso carinho
...
Fraterno abraço.
Grandioso poeta
e meu amigo,
José Carlos Brandão
tal homenagem
enche meus olhos
de puras lágrimas
e profundamente a alma
se abriga (em cada imagem)
contentíssima
...
Forte abraço,
meu amigo.
Nossa! que poemaço!
Postar um comentário