.............. CARTA A JOSÉ DO VALE ..............
Caro Zé do Vale,
Li suas palavras todas. Como sempre, vejo nelas a coerência dos sábios, a competência dos justos, a sapiência de quem permite que os sentimentos tomem a vez e o palco da vida.
Não pensei em deixar o Cariricaturas em definitivo. Apenas alguns fatos se precipitaram e me fizeram retrair-me, sentir-me feito aquela plantinha que nos matos chamamos de “melissa” ou “malícia”... aquela que quando tocamos se encolhe e se fecha.
Como você bem expressou, sou uma pessoa de muitos sorrisos, de alegrias fáceis, pois não exijo do outro além do que ele/ela pode oferecer. Abro os braços, perdoo fácil e por essas conseqüências todas, quando me retraio é que não houve o devido equilíbrio nas coisas que considero tão simples de conduzir, enfrentar.
Sou partidária do diálogo, do consenso. Enfrento as lutas com galhardia, sem me debruçar sobre subterfúgios, remédios, paliativos. Encaro-as de frente, mesmo que me machuquem, porque sei que o tempo passa e com ele as mágoas, as tristezas e os dissabores se vão. Portanto, meu amigo Zé do Vale, acima de tudo, acredito na lealdade, na parceria, na verdadeira amizade, na dedicação e acima de tudo na compreensão do outro na sua plenitude (fraquezas e grandezas).É disso que somos feitos, é essa a nossa matéria, nosso arcabouço.
Penso ainda que a transparência nos atos, a clareza nas atitudes são primordiais para um bom entendimento das coisas do mundo. Não gosto de urdir nos recôncavos da obscuridade tecidos rotos sobre a verdade. Não ajo sorrateiramente por trás dessa verdade. Quero sim que ela venha à tona. Limpa e límpida. Sem que a dúvida se torne um parâmetro indesejável.
Quanto à minha poesia, aquela que acalento todo dia e que se espalha pelos blogs seja feita de palavras, seja feita de imagem, é como se eu vertesse meu sangue e minha vida para presentear àqueles a quem quero bem, aqueles que me lêem e que apreciam minha maneira de dedilhar minha alma como se faz com uma música que nos é dileta e cara. Me faz bem ver o resultado. Cuido das minúcias, dos detalhes. Não jogo aqui meus textos por jogar, para encher o tempo e a página... Você sabe disso. Há todo um prazer e um compromisso. Há todo um desvelo e um toque “materno” nessas crias. É assim que ajo como pessoa e como profissional.
Para apascentar minha alma sou hoje andarilha. Minhas viagens me fazem perceber que minhas raízes não podem fomentar a imobilidade. Quero voltar para meu lugar, que não é só meu, mas um celeiro de mãos que trabalham, que conduzem a vida, que produzem a arte, que vibram de amor pela sua terra, que acreditam na amizade, nos seus preceitos e conceitos de vida.
Portanto, nunca quis ser sol. Prefiro ser mesmo parte desse húmus que faz brotar bons sentimentos. Nunca pretendi ofuscar quem quer que seja. Prefiro ficar observando o movimento das coisas e me encaixar no todo como uma porção, um pedaço que compõe sem sobressair.
.
.
Acredito também na franqueza, na dignidade, sem querer me arvorar em julgar as atitudes das pessoas. Cada um dá o que tem. A ingratidão, por exemplo, não faz parte do meu pleito. Reconheço cada pequeno empenho, cada mínimo gesto feito em meu benefício, mas não posso deixar que águas salobras turvem meu destino e distorçam minha caminhada, resultado de um grande e dolorido esforço.
Fico por aqui, agradecendo sua generosidade quando declina sobre mim. É este o papel dos bons amigos. Levantar o “astral”, ajudar a sacudir a poeira e dar a volta por cima.
Um abraço fraterno e comovido,
Claude Bloc
=====================================
José do Vale Pinheiro Feitosa disse...
Tem dias que ficamos maiores. Hoje termino a noite assim. Com uma vantagem em relação a vocês: uma hora na frente. Claude é grande.
=====================================
José do Vale Pinheiro Feitosa disse...
Tem dias que ficamos maiores. Hoje termino a noite assim. Com uma vantagem em relação a vocês: uma hora na frente. Claude é grande.
Nenhum comentário:
Postar um comentário