Pulmões Que Ardem
Entendo a tua paranoia em ser feliz.Desde criança te incutiram esse difuso sonho.
E tu não percebeste
que não se pode colher
todas as conchas do mar
(há aquelas que são casas de moluscos) .
Nem assoprar todas as nuvens
a fim de um límpido céu ao teu deleite
(noutro extremo outros loucos assopram) .
Entendo ainda mais essa tua agonia
quando vislumbras teus olhos tristes
e sabes que passou a infância.
Que será da vida na fase terminal da tua doença?
Onde aquela eletricidade dos teus jovens cabelos?
A dor não é a efemeridade da pessoa
mas o engano de todo pensamento
(e como perdeste tempo pensando
sobre a chuva, sobre o tempo,
sobre a vida)
Enquanto deverias apenas
ter dançado debaixo da chuva
e bebido a água direto das nuvens.
Mesmo agora (revelado e limpo)
tu não consegues morrer em paz.
(ver claramente que dentro do teu coração
algo existe que não se queima à toa)
por Domingos Barroso
Um comentário:
Domingos,
Que poesia maravilhosa !
Fala da vida e suas dores com maestria e leveza.
É um previlégio para o Cariricaturas lhe ter por aqui.
Abraço !
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