1.
Larguei o sertão
corri para o mar
entre o cais e o mangue fiz minha morada
cumpri sina de homem caranguejo
Severino que sou
a lama
é minha cama
onde me atolo em sonhos
de verdes canaviais.
Se o mar virar sertão
Já sorvi do mandacaru
a água
e do juazeiro
a sombra.
2.
Larguei o mar
naveguei para o sertão
cumpri sina de homem sertanejo
Fabiano que sou
de seca vida só privação.
Nas miragens do deserto
doçura de rapadura se derrama da minha boca
nas miragens do deserto
caranguejos e homens
irmãos.
Se o sertão virar mar
já fiz vida
no cais
e no mangue.
(Stela Siebra Brito)
4 comentários:
Stela,
Analogia super inteligente entre o nosso sertão e o mar; igualmente belos.
Abraços: Liduina.
Stela,
Maravilha de poema!!!
Essa dualidade de sertão-mar, mar-sertão, é muito presente na minha vida (acertou na minha jugular); um dia volto pra lá pro meu sertão.
Parabéns!!!
Abraços
Aloísio
Stela profetiza como todo profeta deve: com a universalidade que engloba os detalhes. Este é um poema, cheio de locais, mas não de detalhes, é poema de denominador comum. Aquele que tanto pode fugir do sertão para o mar como em Morte e Vida Severina ou vice-versa que encontrará o mesmo. A exploração e a miséria.
Liduina, Aloísio e Zé do Vale
Fico muito feliz com a visita e os comentários de vocês.
Gracias.
stela
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