Meu primeiro mar
A primeira vez que vi um mar foi na Ponta da Serra.
Foi quando o rio Carás deu uma grande enchente e
emendou com o riacho Correntim
cobriu as cacimbas da vazante,
as plantações de arroz, feijão e milho e
veio beijar os pés da ladeira
(escada para a casa do meu avô)
para pedir a benção do velho Zé Valdevino da Cruz.
No dia da enchente vovô tomou banho de chuva:
vovô amava a terra e a água
mesmo nas madrugadinhas mais frias
ele descia a ladeira e ia tomar seu banho na cacimba
água fria, água pura
batismo, benção.
(StelaSiebraBrito)
5 comentários:
A Stela do zênite do céu,
seria pouco dizê-la d´alva.
Ilumina a noite de uma vida vivida,
ainda lá como a água fria da cacimba,
de quando existiam aqueles avós,
sua trilhas de ladeira abaixo,
o desmedido do aparente cotidiano,
as enchentes que nos inundam as lembranças de tudo o que vivemos,
nunca vivemos e ainda viveremos.
Stela,
Seu poema me transportou para minha infância, sentindo o cheiro da terra molhada pela chuva.
Abraços
Aloísio
Senti a tua alma, ainda cheia da beleza e entusiasmo infantil.
Linda Stella !
Zé do Vale:
que bom que minhas memórias suscitam teu poetar,
salpicado de ternura
da água fria da cacimba
das águas barrentas das enchentes
hoje tudo espelho
que reflete nossa estrada de caminhantes
buscadores
da mais cristalina Água.
Aluísio
Tu falas do cheiro da terra molhada...
A terra recebe a água da chuva, é um abraço de amor, de entrega, de fertilidade.
Te sou muito grata por compartilhar esse sentimento e me trazer, agora, o cheiro da terra molhada... fecho os olhos e toco o orvalho nas folhas, sinto a brisa da manhã.
Que benção me traz a natureza.
Beijos poéticos pra vocês.
stela
Digo, entalado, só isso: corroboro com as observações do grande Zé do Vale!.
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