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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Rua Imperador Dom Pedro I – por Armando Lopes Rafael





Existe no conjunto habitacional Mutirão (localizado logo após o bairro Alto da Penha) em Crato, uma pequena rua denominada Imperador Dom Pedro I. Esta justa denominação deveu-se a um projeto do então vereador Emerson Monteiro, aprovado em 1992, e atendeu aos pedidos de monarquistas cratenses feitos aquele edil, o qual – diga-se de passagem –, teve uma honrada e fecunda atuação na Câmara Municipal de Crato.
Dom Pedro I, na opinião de João de Scantiburgo, foi “O maior clarão do Novo Mundo”! Já o historiador Pedro Calmon escreveu que o primeiro imperador brasileiro foi “O maior príncipe do mundo no século XIX”. São opiniões modestas sobre Dom Pedro I! Este, (que aos 25 anos de idade garantiu lugar na história como o homem que fez a Independência do Brasil), por sete vezes recusou outras coroas que lhe foram oferecidas por três países: Grécia (1822 e 1830); Portugal (1826 e 1834) e Espanha (1826, 1829 e 1830). Nessas ocasiões optou por continuar no que ele chamava “Meu amado Brasil”...
Na vida privada Dom Pedro I foi militar autodidata, poeta, músico, jornalista, geopolítico, abolicionista, liberal, legislador, marceneiro, domador de cavalos, um espírito versátil e intuitivo, leal aos amigos, franco e sincero para com todos. Hoje só fala nas suas conquistas amorosas, como se isso fosse um desdouro para um homem viril, do porte de Dom Pedro de Alcântara.
Deve-se a Dom Pedro I, dentre tantas e tantas coisas que ainda hoje marcam o Brasil, o Hino da Independência (de sua autoria) a Bandeira do Brasil Império (a qual, com algumas medíocres adaptações, é a mesma da atual República), as cores nacionais: o verde (da Casa de Bragança) e o amarelo (da casa de Habsburgo da Imperatriz Leopoldina); a Constituição de 1824 (a que mais durou – 67 anos – dentre as sete que já tivemos) e o início das nossas poderosas Forças Armadas. Graças a tudo isso o Brasil não se fragmentou em dezenas de republiquetas insignificantes como ocorreu na América Espanhola.
Sobre a Constituição Imperial de 1824 os mais desavisados dizem que ela foi “outorgada”. Desconhecem que a mesma foi submetida à aprovação de todas as Câmaras Municipais do Brasil, incluindo a de Crato, cidade que – graças ao vereador Emerson Monteiro – denominou uma rua, no arrabalde do Mutirão (antigo Cafundó), de Imperador Dom Pedro I...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

7 comentários:

Emerson Monteiro disse...

Sim, Armando,

D. Pedro I, nome também consagrado na Europa, D. Pedro IV, que venceu a Revolução do Porto à frente do exército lusitano, capítulo de heróicas tradições.

Abraço.

Claude Bloc disse...

Armando,

Estava sentindo falta de sua presença por aqui.

É bom ler você que nos traz uma história mais real e (sempre) enriquecida com detalhes que nem sempre conhecemos.

Confesso minha ignorância sobre certos fatos, visto que a História que aprendíamos na escola era muitas vezes distorcida e "além da crítica". Hoje podemos entender muitos fatos como reais e perceber os desfechos que tornam muitas das "personagens" mais próximas de nós quando as vemos através de releitura. Mais humanas. Menos perfeitas, mas promovendo de forma verossímil (e nem tanto heróica)os fatos havidos.

Obrigada,

...........Abraço,

Claude

Armando Rafael disse...

--- 1 ---
Pois é Emerson.
Para você ver a importância de Dom Pedro I, noutros setores, que não a de Chefe de Estado, o 8º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira – realizada em Juiz de Fora (MG) – resultou num CD de música clássica, onde foi incluído Dom Pedro I, ali cognominado: Príncipe, e músico! Transcrevo um pequeno texto constante da apresentação do CD:
“Modesto lugar, sem dúvida, na galeria dos autores musicais brasileiros, é a ocupado por Dom Pedro I (1798-1834). Por felicidade, sua obra musical, ou quase toda, chegou até nós. Além do “Credo”, registrado neste CD (na verdade presentes estão duas outras partes do chamado ordinário da missa católica – o Sanctus-Benedictus e o Agnus Dei) deixou o nobre compositor: um “Te Deum”, para quatro vozes e orquestra, executado na Capela Real por ocasião do batizado de sua primogênita, Maria da Glória; uma missa, apresentada em 1829, já na então Capela Imperial; uma abertura de Ópera, executada no Teatro Italiano de Paris, em 1832, presente o autor; o Hino Oficial de Portugal (...)

Armando Rafael disse...

--- 2 ---
Homem a frente do seu tempo, o Imperador Pedro I não acreditava em diferenças raciais e muito menos em uma presumível inferioridade do negro como era comum à época e perduraria até o final da II Guerra Mundial (1945). O Imperador deixava clara a sua opinião sobre o tema: "Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros". Era também completamente contrário a escravidão e pretendia debater com os deputados da Assembleia Constituinte uma forma de extingui-la. Infelizmente só seu filho – Dom Pedro II – conseguiu acabar com a escravidão negra no Brasil.
O príncipe era extremamente simples, e enquanto a sociedade da época como um todo considerava qualquer forma de trabalho manual algo relegado somente a escravos, D. Pedro não se importava em trabalhar com as próprias mãos. Fazia questão de manter uma relação direta com o povo, e sentia prazer em estar entre gente comum, como atestam todos os seus biografos.

Armando Rafael disse...

--- 3 ---
Além do seu português nativo, D. Pedro sabia ler, escrever e falar em francês e latim, e compreendia o inglês e o alemão. Até o fim de seus dias dom Pedro I reservou diariamente cerca de duas horas à leitura e ao estudo. Também escreveu diversas poesias. O príncipe sabia tocar instrumentos musicais como: piano, flauta, fagote, trombone, violino, clarinete, violão, lundu e cravo. Tinha grande interesse por atividades que requeressem uma certa habilidade física, como pintura, litografia, escultura e frequentou constantemente as aulas de desenho da Academia de Belas-Artes.
Era também um excelente mecânico, marceneiro e torneiro, além de desprender bastante tempo a exercícios físicos, equitação e caça.

Armando Rafael disse...

Claude:
Obrigado pelo incentivo.
Saber que você lê os rabiscos deste aprendiz de escrivinhador
é uma honra para mim.
Saúde e Paz!
Armando

Edilma Rocha disse...

Armando,
A resposta aos comentários são 3 relatos em forma de mais crônicas.
Se se diz aprendiz o que somos nós?
voce é uma enciclopédia viva que nos enriquece a cada escrito.
Obrigada pela sua presença que muito nos honra.
Abraço!