um poema
é muito pouco
numa cidade tão grande
às vezes as horas passam
com uma rapidez defeituosa
além das palavras
com uma rapidez cansada
que há nas falas
numa cidade tão
grande não nego
um poema é quase nada
que se acaba
por entre as mãos
se desmancha no sol
se cobre com o pó dos telhados
de prédios cansados de olhares hostis
um poema é quase nada
em meio a tanto silêncio
cá entre nós a mais perfeita fronteira
que nunca se apaga
deveriam escrevê-lo
em minúsculas pedras
em cuja forma os olhos descrevem
as ondulações de um fio
mas para quem sabe vê-las
e vê-las é libertar-se do rio
que corre por dentro
com suas margens de vazio
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