Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quinta-feira, 30 de junho de 2011
As Contradições Nacionais: Os Casos da Antropologia e da Saúde Pública - José do Vale Pinheiro Feitosa
Os bancos e a ética, segundo Camdessus - Mauro Santayana
Lançamento de Livro - Show !
LANÇAMENTO DE LIVRO INFANTIL
Estaremos lançando, na próxima Quinta-Feira, dia 07 de Julho , no Cine Teatro Moderno, aqui em Crato, o livro : "O Mistério das 13 Portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica" de J. Flávio Vieira e Ilustrações de Reginaldo Farias. O livro engenhosamente faz uma tessitura dos mitos caririenses e acompanha um CD com 15 Músicas e um Audio-Livro com a narração da história. O Projeto foi vencedor do I Prêmio Rachel de Queiroz da SECULT. No evento teremos um Show com a presença de vários músicos e compositores cearenses que participaram do Projeto : Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Ibbertson Nobre, Luiz Fidelis, Pachelly Jamacaru, Amélia Coelho, Ulisses Germano, Zé Nilton Figueiredo, João do Crato, Leninha Linard, Abidoral Jamacaru e muitos outros.
Local- Cine Teatro Moderno ( Crato)
Hora- 19 H
Entrada Franca
São João dormiu?
Coisas nossas, por Zé Nilton
Para José do Vale Feitosa, adolescente.
Anseio por chegar o momento do estalo de memória tal qual ocorreu ao escritor Paulo Elpídio de Menezes. Em certa ocasião de sua vida – vupt! – qual um ponto crítico, e ele começou a rememorar o que viu e viveu em sua terra natal, desde os tempos de menino, até ser “expulso” pelos mandatários da época. Deixou tudo muito bem escrito no clássico “O Crato do meu tempo”. Já lá se vão 51 anos da primeira edição.
Aqui e ali vou me recordando de acontecimentos do passado, principalmente daqueles que mexeram com “as minhas coisas”.
Talvez fosse 1966 ou 67. Num tempo qualquer, a juventude de Crato entrou no maior frisson. As rádios da cidade anunciavam o mais esperado show do ano, na Quadra Bi-centenário. Nada mais nada menos do que a famosa, a mais bonita, a boa de canto, de pernas, de tudo, a namoradinha do Brasil, a ternurinha, uma brasa, mora, a Wanderléia.
Gamei a louraça de cara logo após ouvir “já chegou já chegou, novamente a bonança, todo o mal já passou, já chegou a esperança, vamos cantar”.... (Tempo de Amor). Como também “nós somos jovens, jovens, jovens, somos exército, exército de surf.” (Exército de Surf).
Levava a sério a minha paixão pela Wandeca, e não gostava nada quando meu primo Edísio Lima, sempre afeito a paródias, cantava para me irritar: “já chegou, já chegou, Postafen na farmácia, e a bunda das moças, já não cabe nas calças”...
Naquela noite foi demais. Tomei emprestados uns trocados a Zé Lopes, meu velho amigo. Diziam que nascemos juntos. Xavier, o mais velho da turma era perverso: - vocês parecem meus ovos, só andam juntos...
- E com vocês, ela, a rainha da jovem guarda, Waaaadeeerléééia! Delírio total. A cada canção gritos, aplausos e choros...
Nunca havia visto uma mulher de calça comprida como a dela. Era uma calça colant preta, que deixava suas generosas curvas à vista e a nossa libido em polvorosa.
Fiquei arrasado. Macularam o objeto de meu particular desejo... De onde estava enxerguei muito bem no meio da turba de mãos bobas e dedadas um deles, que por infelicidade, era meu colega de escola.
No outro dia, comentário geral nas ruas, nas praças e na escola. Era nego falando disso e daquilo. Fulanos diziam não terem lavado as mãos ainda. Sicranos passaram a noite cheirando as mãos. Beltranos dizendo de outras coisas feitas com as mãos, à noite toda.
Eu, puto, olhava pro meu colega, com vontade de descer-lhe a mão no pé do ouvido. Me contive. O gajo era metido a valentão. Gelava todo mundo por lá. Era o rei do parangolé.
Mas um dia fui vingado. Ah, se fui! O tal sujeito inventou de ser ator. Rosenberg Cariry o tornou cangaceiro. Lá estava ele, o valentão, enfrentando de trabuco e muito jogo de cena a soldadesca desorientada nas caatingas do sertão, ao lado do famoso Corisco, ex-bando de Lampião.
Numa dessas refregas um tiro certeiro lhe abateu. Vi o meu desafeto cair mortinho da silva bem na minha frente. Pronto, disse comigo, taí o que você queria seu fela! Ri de mim para mim, saboreando o prato frio da vingança pelo cometimento cruel sobre a deusa dos meus sonhos.
Um abraço pro Nemezinho, o sempre cangaceiro nos filmes do amigão Rosa.
E para quem gosta, convido a escutar no programa Compositores do Brasil desta quinta, a partir das 14 horas, na Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducadora1020.com.br), com o grande Roberto Martins falando de sua história, e cantando suas belas músicas.
Bom fim de semana.
FESTA JUNINA EM MILAGRES...
A simplicidade era o convite principal para a festa |
Mundinha cuidou da comida, Luiz cuidou da bebida... |
E enquanto anoitecia, a gente virou criança... |
Era Mané com Elvira, Toim com Vera, Zé com Mundinha... e a música junina troando no ar |
A noite chegou com comida típica da época... (Preparar, avançar, atacar!) |
Brincadeira geral... |
... e a familia Dantas brindou a festa de S. João na beira da fogueira. |
Fotos: Sítio nas proximidades de Milagres
Tudo muda - Emerson Monteiro
As tais voltas que dá a vida dizem isso. O eterno movimento, que carece sabedoria para acompanhar. Ninguém vanglorie dias e coisas, turbilhão de passageiros em volta do velho trem, cinema cativo em permanentes atitudes positivas. Característica por demais das existências, a mudança reclama respeito no fim de aceitar os tamanhos que se possui. Contudo, adotar compreender o tanto que cabe, de um por um, sem invadir o território alheio e querer tomar à força o que lhe pertence.
O giro da Terra no espaço em torno de seu próprio eixo demonstra o ensino desta efetiva mudança. Olhar o céu e notar nuvens, deslocamentos do ar, os astros a correr, as posições do Sol. Saber seguir no ritmo que a natureza impõe. O humor variável das pessoas. O calor das temperaturas. Lições permanentes de flutuação, que chamam à responsabilidade os protagonistas do drama da continuidade.
Quais habitantes de enorme formigueiro, exército fervilhante de criaturas cria asas e voa, perante os cenários desta representação coletiva, às vezes, com boa vontade, conhecendo os mistérios que envolvem de perguntas assustadoras. Outras, arrancando raízes da tranquilidade e chamando a si o direito de reger a orquestra do silêncio ainda que ignorando o sabor das notas musicais.
Entretanto adotar, com humildade, o funcionamento independente das peças no tabuleiro, que reclamam qualquer norma, dos princípios e das origens. Caso contrário, o formigueiro entraria em compassos de espera ou destruição, num resultado melancólico.
Conhecer o espaço que nos cabe de herança no bolo em elaboração, e ajustar os valores que precisamos adquirir na viagem dos giros que a vida oferecer.
Por maior seja nome, posição, fama, a dimensão do freguês só comporta os conceitos de Igualdade, Liberdade, Fraternidade. Todos iguais perante a Lei comum. Seres dotados de Liberdade para criar as proporções pessoais e sociais. Irmãos entre irmãos sob teto azul do Infinito.
Deveras, como tudo muda neste chão, e ninguém se vanglorie quando há um Eu que fala disso todo tempo nas ações da Natureza perene; dentro do coração das pessoas; na luz de toda consciência. Há um núcleo de perfeição em tudo isto. Um foco dominante de claridade que indica certeza e persistência. O otimismo qual razão de trabalhar os momentos com extrema habilidade, semelhante aos artistas que produzem suas telas nascidas da inspiração pura. A arte de viver, que exige, por isso, dedicação, paz e aceitação das transformações que a vida impõe, para contar histórias felizes aos nossos filhos e aos filhos deles, os novos atores vindos alegres ao mesmo palco.
Sindicato dos Bancários convoca categoria para a Assembleia Geral Extraordinária que acontecerá hoje, 30/06
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Cariri convoca toda a categoria bancária de sua base territorial, sócios e não sócios, para participarem da Assembleia Geral Extraordinária que se REALIZARÁ NO DIA 30 DE JUNHO DE 2011, em primeira convocação às 19h00, e em segunda e última convocação às 19h30min, com qualquer número de presentes, conforme determina o Estatuto Social da Entidade. A Assembleia acontecerá em sua sede social, situada na Rua Glicério Benício Pinheiro, nº 141, Bairro Pimenta, em Crato, onde será discutida e deliberada, a seguinte ordem do dia:
1. Escolha de Delegado ao 22º Congresso dos funcionários do Banco do Brasil, que se realizará nos dias 9 e 10 de julho de 2011, em São Paulo-SP;
2. Escolha de Delegado ao 27º CONECEF, que se realizará nos dias 9 e 10 de julho de 2011, em São Paulo-SP;
3. Escolha de Delegado à Conferência Regional da FETEC/NE, que se realizará nos dias 15 e 16 de julho de 2011, em Recife-PE;
4. Escolha de Delegado à Conferência Nacional dos Bancários, que se realizará nos dias 29 a 31 de julho de 2011, em São Paulo-SP;
5. Posse dos Delegados Sindicais do BB, BNB e CEF;
6. Apreciação do Balanço Financeiro/2010 do SEEB/CARIRI.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Um nonsense de senso - José do Vale Pinheiro Feitosa
Victorio Micheletti, um artista anônimo
Por José Carlos Mendes Brandão
Admirável a disposição de Pipol para divulgar a arte e, agora, este artista anônimo, Victorio Micheletti, tão anônimo que sua própria sobrinha não sabia dessa sua atividade “secreta”. Acontece que a arte é um fenômeno cultural: não é por sua qualidade, mas pela influência ou aceitação num contexto social que o artista se torna conhecido.
Pipol começa por nos mostrar Victorio dando uma lição de como fotografar. Afirma categórico esta verdade basilar: fotografia é luz. Lembra-nos o princípio do fotocentrismo, de como as plantas procuram a luz como se fosse toda a fonte da vida, para em seguida mostrar-nos que a contraluz tem mais profundidade que a luz chapada. Este seria o princípio da fotografia.
Depois vemos Victorio visitando a exposição de Henri Cartier-Bresson e apreciando com a ingenuidade e o encanto de uma criança a arte do grande mestre da fotografia, desconhecido para ele. Encantou-se com a arte de Cartier-Bresson, com ingenuidade, e com ingenuidade criticou-o como a um igual.
Bonito ver Victorio falar do “erro” de Cartier-Bresson num enquadramento, numa sombra fora de lugar. Pergunta-se o que o autor quereria dizer com isto ou aquilo. Um menino de bicicleta e seu reflexo no espelho d’água, uma tomada genial – mas havia um outro menino cortado, que Victorio diz que faria par com o primeiro, como se condenando essa falha do mestre (que ele não sabia ser um mestre). Em outra foto, deixaria mais espaço à frente. Em outra... Em muitas, a admiração sincera de quem admira por convicção e não por um julgamento preconcebido.
Lembro-me, isso faz uns quarenta anos, era o auge do formalismo/estruturalismo, que ditava as regras da arte... Ouvi comentar de artistas portugueses (os portugueses são inteligentíssimos) que “não sabem, mas fazem”. É o caso de Victorio: não encaixa a sua arte num esquema preconcebido. Como se estivesse criando sem saber, ignorante das diretrizes da criação. Já me disseram que eu falo mal dos professores – mas eu sou um professor! – quando o meu problema é a arte presa a trilhos de ferro ou aço, não se podendo criar de outra maneira para ser aceito. O que eu defendo é a arte dos anônimos – que poderiam ser grandes mestres! – como Victorio Micheletti.
As últimas imagens do filme levam-nos a pensar em um mestre da fotografia. É a limpidez, a luz e as sombras realçando-a, o enquadramento, a profundidade. Por que Victorio Micheletti era um artista anônimo? Pelo motivo que eu levantei de início: faltou a necessidade cultural de sua fotografia, que ela representasse seu tempo, que ela projetasse seu tempo para o futuro. Faltou um élan social que o projetasse no seu tempo tornando a sua obra necessária.
Nem quero advogar um maior reconhecimento para a obra que Victorio Micheletti nos deixou de herança, ao partir agora (7-3-11) deste mundo. O reconhecimento é necessário em vida. As suas fotos têm um peso específico que era preciso ter sido sentido. O mundo fica maior com a obra de um artista. Victorio, o homem da luz, poderia ter-nos iluminado mais.
Por fim um voto de louvor a Pipol, por seu trabalho de divulgação da arte que nem todos veem. Pipol começou o seu trabalho com a câmera aqui em Bauru, lá pela década de 80, filmando as andanças de um monstro de metal pelo centro da cidade ou a sua indefectível lambreta capenga atrapalhando o pouco trânsito da época. Era a arte gratuita, por ela mesma, como deve ser. Depois foi para São Paulo, profissionalizou-se e realiza um trabalho limpo com as imagens, tirando do limbo gente e ideias que são necessárias e nem sempre chegam a todos.
É preciso ver e rever: www.cronopios.com.br/voltar17
* * *
PROGRAMA CARIRI ENCANTADO SONORIDADES (29/06/2011)
Onde ouvir
Rádio Educadora do Cariri AM 1020 e www.radioeducadoradocariri.com.
terça-feira, 28 de junho de 2011
O Cursor e o Tempo - Paulo Viana
O Brasil nesta manhã - José do Vale Pinheiro Feitosa
Contextualizando os 10 anos de dom Fernando Panico como bispo de Crato – 1ª Parte
(postado por Armando Lopes Rafael)
Em 02 de maio de 2001 o Papa João Paulo II o transfere dom Fernando Panico–MSC, da Diocese de Floriano/PI para a Diocese de Crato/CE, onde toma posse no dia 29 de junho de 2001, na solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo. Nesses dez anos, à frente da Diocese de Crato, dom Fernando fez um fecundo pastoreio, como se depreende de mais algumas de suas realizações, abaixo alinhadas:
Contextualizando os 10 anos de dom Fernando Panico como bispo de Crato – 2ª Parte
(Excertos de texto divulgado pela Cúria Diocesana)
(postado por Armando Lopes Rafael)
- Nem tudo é só alegria. A Igreja, conforme o Concílio Vaticano II, experimenta alegrias e esperanças, tristezas e angústias do mundo e dos discípulos e discípulas de Jesus Cristo. O Bispo, sendo sinal da unidade e da caridade eclesial, sente na própria carne os aguilhões dessas experiências todas (Gaudium et Spes, n. 1):
- Para governar a sua Diocese, tarefa que lhe é peculiar e acha respaldo no Direito Canônico da Igreja, o Bispo torna-se também o administrador confiável dos seus bens, devendo deles prestar contas a quem de direito;
- recentemente, todos temos escutado falar, teve D. Fernando que buscar no Poder Judiciário, única instância legalmente capaz, a explicação e a solução para problema que envolve um bem imóvel do patrimônio de N. Sra. do Perpétuo Socorro e São Miguel, em Juazeiro do Norte;
- seu agir achou motivações sérias e de possíveis repercussões em fatos que emergiram em uma outra ação, da qual não era parte a Diocese de Crato, mas que chegou ao seu conhecimento e trazia muitas perplexidades e indagações sem respostas achadas;
- tais fatos foram maldosamente utilizados por certos órgãos de imprensa e por profissionais inescrupulosos, para tentar desfocar a verdade e atirar lama na pessoa do bispo, do clero e da própria Diocese, sediada na cidade de Crato;
- estando a ação confiada ao Poder Judiciário, achou por bem o Sr. Bispo, não buscar fazer justiça com as próprias mãos, mas aguardar o julgamento como palavra esclarecedora. Todavia muitas pedras lhe foram e estão sendo atiradas injustamente, ferindo-lhe o coração de Bispo e de Pastor de todos;
- se a nota dada à imprensa num primeiro momento foi desprezada, esclarecimentos posteriores e entrevistas vieram iluminar fatos e informar à população, que já dava sinais de cansaço e fadiga à onda de acusações levianas trazidas por uma meia dúzia de pessoas, que insuflam nossa boa gente para ignorarem o Bispo diocesano e suas ações a favor do povo de Juazeiro, do Cariri e da grande Nação Romeira, além de suscitar velhas e superadas querelas regionais;
- D. Fernando, mesmo atacado, não tem lançado ataques às pessoas que tentam atingi-lo e até sugerem sua saída da Diocese, atinando para sua condição de filho da Itália, mas ignorando que está no Brasil há mais de 30 anos e é naturalizado brasileiro. Ele se reserva ao direito de somente agir pelos meios legais e o fez e fará nos momentos devidos;
- para D. Fernando nada muda nos seus sentimentos para com o povo de Juazeiro do Norte e quanto à sua atenção pastoral para com a realidade romeira, postas em seu coração de Pastor Diocesano de maneira indelével, na caridade e no seu dever de formar uma Igreja em comunhão.
Eu também sou filho do Chico Buarque.
(João Nicodemos)
É isso mesmo minha gente: declaro publicamente que eu também sou filho do Chico Buarque. Ainda que ele nem saiba de mim e nem desta paternidade não intencional, posso dizer com certeza que eu também sou filho do grande Chico.
Quando ouvi “A Banda” pela primeira vez, na voz de uma prima mais velha nos bem passados anos 60, senti uma coisa estranha. Mas não tomei nota, nem percebi direito o que era aquela identificação. Mais tarde, na adolescência, com “Sabiá”, “Realejo”, “Quem te viu, quem te vê” senti a mesma sensação de pertença. Uma identificação que não podia explicar, nem precisava. Simplesmente me senti em casa. Suas melodias e seus versos se encaixavam em meu universo emocional e intelectual (em formação) com uma justeza única.
“Junto a minha rua havia um bosque, que um muro alto proibia...”; “...hoje a gente nem se fala, mas a festa continua...”; “Toda gente homenageia Januária na janela, até o mar faz maré cheia pra chegar mais perto dela...”; “O velho vai-se agora, vai-se embora, sem bagagem... não sabe pra que veio, foi passeio, foi passagem...” Com estes versos vi girar a Roda Viva e, como quem partiu ou morreu, eu também cultivei a mais linda roseira que há... vi a banda passar e sonhei com Januária na janela. Com açúcar e com afeto, mergulhei no universo feminino e conheci algumas sutilezas do amor, cantado e decantado em suas canções. Mulheres de Atenas me aguardaram, guerreiro,à beira do cais; e com a morena de Angola eu também dancei e cantei sobre a tumba dos generais. Cantei a esperança de um dia ver o “dia raiar sem pedir licença” debulhei o trigo para o milagre do pão e chorei com a Morte Severina por ele musicada. Quantas vezes deixei a medida do Bonfim que não valeu e guardei, e guardo até hoje os discos do Pixinguinha, sim... o resto é seu. Trocando em miúdos pode, guardar aquela esperança de tudo se ajeitar, nem vou lhe cobrar pelo seu estrago... meu peito tão dilacerado... ...como? se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato ainda pisa no teu? Como? Se nos amamos feito dois pagãos, teus seios ainda estão nas minhas mãos... me explica, com que cara eu devo sair?
Revisitando minhas lembranças, examinando como sinto o mundo e minha formação, posso dizer que, devido a tão intensa identificação e influência que recebi, eu também sou filho de Chico Buarque. E se você se lembra de algumas das músicas que citei, você também é!
Ontem foi dia de festa.
A praça e os poetas. A placa e a música para quebrar o ritmo da noite. Quebrar? Claro que não. Emendar os laços da amizade, isso sim. |
O que é ser madrinha numa festa de aniversário? Certamente é realçar a amizade grande, antiga e profunda. É permitir que outras amizades floresçam. É sim ! |
É não fazer diferenças. É querer bem. |
É ter a bondade no coração e abraçar o amigo. |
É poder dizer: Sou FELIZ! Tenho AMIGOS!! |