Embora suponhas
minha alma em frangalhos:
rótulas podres, cílios frágeis
aurículas entupidas
saibas
que sou um escorpião
e logo ao nascer do apocalipse
mordo a própria cauda
alimento-me do meu veneno.
Embora suponhas
minha alma em ruínas:
veias furadas, dedos enrugados
brônquios cinzas
saibas
que sou uma andorinha
suporto a queda do ninho
e logo ao entardecer do novo dia
a brisa pelo canteiro da Sé
assopra meus olhos
me leva o cisco.
Minha natureza é de risco.
De loucura.
Repugnante,
decerto.
Mas saibas:
minha sede
vem de fonte pura
e a minha alma
um doce de criatura.
Um comentário:
Poeta, não importa quantas são as tuas construções ...
Quantas já fôram,
nem quantas virão.
"A Luz" está selecionada !
Abraços.
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