Deve haver uma maneira simples
de morrer sem ter que escrever tanto
e durante muito tempo somente
enganos, vacilos.
Dever haver um jeito tranquilo
de morrer sem muita onda
sem tantas palavras
e rimas inesperadas.
Deve haver guardado na primeira gaveta
último mandado de busca
no mais profundo da alma
se de fato chama-se alma
esta coisa ínfima e gloriosa
que se resguarda sob a dor
e confissão do corpo.
Deve haver um revólver de brinquedo
que faça de verdade o papel do original
um tiro, a pólvora, um beliscão no peito
sem tanto sangue sem tantas lágrimas
sem palavra alguma
apenas um ai, um ui
e adeus mamãe.
Um comentário:
Sem palavras...
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