Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 13 de junho de 2010

Tempo, tempo meu - Por Xico Bizerra

“O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece".
Caetano Veloso, em ‘Força Estranha’

Às vezes quero sair por portas que não existem, portas por mim mesmo inventadas. Quero pular muros que só eu enxergo.
- Calma, Xico, o tempo é o senhor da razão - diz-me a alma, candidamente.
- Eu sei – respondo de mim para mim, mas o tempo corre e talvez não dê tempo. E as horas, que passavam horas pra passar, agora passam em segundos, velozes, num raio de luz. Por que a pressa? Estará a vida em nosso encalço, feito polícia, ávida por nos prender? Por que a correria? O rio em que banhamos nossos pés se desencherá, se não nos apressarmos? A lua deixará de estar lá em cima, prateando nosso chão se, ao invés de ficarmos parados, contemplando, corrermos? O canto dos passarinhos será tão breve que não conseguiremos ouvi-lo? Nosso amanhã se desmanchará se formos pacientes e sonhadores?
Não, não quero a pressa. Quero a paz da calma, o sossego da preguiça, o esperar chegar. Quero a vida, o sonho, o amor. Quero a paz, pra mim, pra nós. Quero o tempo passando preguiçosamente, no compasso certo do tempo. Quero o meu tempo chegando no tempo certo. Não me avexo. Não se avexe. Dêem-me uma rede pra balançar o tempo e fazê-lo dormir, enrolado num lençol de cambraia bem branquinho, cor da paz.

Por Xico Bizerra

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