Nas situações diversas em que a vida se mostra, perguntas saltam à nossa frente, pedindo interpretação das origens dos acontecimentos. Por mais grossos sejam os cadernos usados, sobram detalhes do lado de fora para exame posterior. De tudo por tudo querem as pessoas saber os motivos. Mas a correria diária segue no embalo constante, quase sem deixar espaço na busca dos mistérios.
Presos na dúvida materialista, muitos rejeitam as religiões, conformados aos prazeres imediatos. Farinha pouca, meu pirão primeiro, diz o povo. Na incerteza do futuro, derrubam árvores para comer uma única safra.
Por isso, vícios arregimentam força, pela imprevidência das pessoas quanto ao futuro. O incerto pelo duvidoso. Na juventude, esse velho costume sujeita um tanto de dependentes, pois eles dão preferência aos gozos da carne, invés do planejamento de futuro harmonioso. Quando ainda têm oportunidade, lá adiante se lamentam: Soubesse eu o que sei agora...
Vencer aos instintos nocivos salvaria o bem que nos espera nas possibilidades promissoras. Será reunir forças suficientes e conter os impulsos, para usufruir de novas ofertas. Quantos presidiários vivem arrependidos por perder o autocontrole em horas críticas. Atendem impulso destrutivo e destroem a liberdade, laçados nas malhas do remorso cruel.
Daí o conceito de que vitorioso não é quem vence os outros. Vencer a si mesmo eis na verdade o que conta. Evitar a derrota, ser conquistador dos instintos da perversidade, dos vícios, da vaidade humana.
Quem consegue elaborar outro roteiro na vida, submeter o erro e reconstruir as chances de obter a paz da consciência, receberá à vitória, além de demonstrar pelo exemplo o que outros necessitam.
Independente, no entanto, dessas aspirações comunitárias, valerá a satisfação pessoal de reverter vida trágica e descobrir caminhos de alegria e realizações interiores.
Para os místicos, Deus é isto, a vida que pulsa nas veias, no tempo e na luz perfeita do Universo. Está no amor entre as criaturas. No bem que produz em prol dos menos favorecidos. Nas forças da Natureza. No gosto de viver com ânimo forte, saúde física e mental, resultado de dedicação aos fatores da virtude. E a força do querer fala disto com bravura no coração dos heróis da espiritualidade.
Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
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