Parei há muito de ouvir atrás das paredes.
Quebrei o copinho de vidro.
O estetoscópio escondi debaixo
da cama.
Se quero ouvi-las,
atravesso seus tijolos
(argamassa, gesso, cristais) .
Nunca mais o silêncio do idoso.
Os gemidos da viúva.
Os risos (em falsete)
do adolescente.
Agora as paredes
servem apenas
para sustentar o teto
e acalentar aranhas.
Parei de curvar-me
perante seus desejos.
Não lhe faço mais as unhas
tampouco beijo seus pés.
Agora as paredes
servem somente
para iludir a solidão
da sua própria verdade.
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