Fosse hoje, o major Pike, do exército americano, poderia ser rotulado de o “cara”. Agente do serviço secreto “yanque”, sabia só tudo em termos de estratégias e informações confidenciais, oriundas do “alto comando aliado”. E isso, já ali, nos estertores da Segunda Grande Guerra Mundial, quando o “bote final” (invasão via Normandia), estava sendo ultimado. Por conta disso, ali estava, diante de um mapa pendurado na parede à sua frente, mostrando (usando as mãos) e detalhando ao “General-Comandante” responsável pela operação, qual o plano/trajeto que seria posto em prática. Tão entusiasmado estava, que num certo momento, ao deslocar o dedo indicador de um ponto a outro do mapa, como a traçar a rota a ser percorrida, levou um pequeno corte, em razão da textura e aspereza das bordas do papel. Imediatamente colocou o dedo na boca e reclamou da qualidade do papel do mapa (ATENTEM BEM PRA ESTE “PEQUENO DETALHE”).
Na outra ponta, apavorado com a iminente perspectiva de ser derrotado e pagar um duro castigo pela carnificina monstruosa que houvera provocado, Hitler estava “com a macaca no corpo”; uma pilha, possesso, bufando de raiva, distribuindo impropérios a torto e a direito, queria porque queria que se fizesse o impossível pra descobrir a data, hora e lugar em que os aliados atacariam (a Normandia, que a inteligência alemã houvera sugerido, era considerada um local muito “óbvio” pra ser verdade).
Pois bem, mandado a Lisboa para uma última missão secreta, o major Pink comete uma mancada homérica: à noite, pra relaxar, entra num certo ambiente e pede um simplório café; ao levantar-se e dar alguns passos, passa mal e... desmaia.
Na cena seguinte, o major Pink acorda um tanto quanto zonzo, sem entender onde está; levanta-se com dificuldade da cama, vai até uma pequena pia onde lava o rosto, pega uma toalha, se enxágua e aí, quando levanta a cabeça e ver-se no espelho, recua assustado e com ar de espanto ante a imagem refletida: boa parte dos seus cabelos está embranquecida e sua pele ressecada, dando-lhe uma aparência de “velho”.
Apavora-se com aquela visão dantesca e, ao tentar sair pra procurar alguém que o ajude a entender tal “assombração”, esbarra num casal que, “coincidentemente”, adentrava o recinto. Estes o tranqüilizam, pedem-lhe pra que mantenha a calma, informam-lhe que ele se encontra em um Hospital Militar “americano” em plena Alemanha e se apresentam como o médico e a enfermeira que estão cuidando dele. Visivelmente eufóricos, gentilmente lhe oferecem um “jornal do dia”, para que fique a par das notícias; e ai, outro susto grande, de arrepiar e fundir a cuca: a data da impressão do jornal (daquele dia) é anos à frente (1950) da que ele imagina está vivendo (1945).
Ao questionar a data do jornal e os cabelos já grisalhos, é cientificado que sofrera um acidente e ficara com amnésia por vários anos, que estaria “retornando” naquele exato momento (daí a alegria de todos), que a guerra “já era”, que os aliados haviam vencido e ocupado a Alemanha. E as surpresas se sucedem: mostram-lhe algumas (supostas) cartas do pai, narram fatos e reuniões acontecidos no passado (que ele mesmo confirma) e que aquela enfermeira tão prestativa (Anna) era também... a sua esposa.
A partir dessa “intimidade” (com breves minutos de descanso), o médico instrui o major Pike para tentar lembrar com o máximo possível de detalhes, o que estava fazendo antes do acidente que lhe causou a traumática perda de memória, se ainda se lembrava do plano original dos aliados pra invadir a Alemanha (o dia, a hora, o local) e por aí vai. Ele, no princípio desconfiado e relutante, acaba por se convencer da nova realidade e... conta só tudo, tim-tim-por-tim-tim.
Na parada pra um breve lanche, ao manipular o recipiente contendo “sal”, derruba-o, e uma pequena porção escapa pelo orifício e se esparrama sobre a mesa; ele, então, pacientemente, começa a juntar o “sal” com os dedos a fim de devolvê-lo ao saleiro; e aí, a surpresa maior (O “PEQUENO DETALHE”): no contato do “sal” com o corte no dedo (que fora provocado pelo “mapa”, na noite anterior), a dor. Intrigado, ele leva o dedo à boca (como fizera na noite anterior), pede licença pra ir ao banheiro e lá examina e constata o ferimento e... faz-se a luz (lembra de tudo).
Ao ficar a sós com a suposta “esposa”, faz algumas perguntas bobas, se aproxima, agarra-a com força, agride-a com violência, mostra-lhe que havia descoberto tudo e exige que ela lhe conte a verdade. Ela, apavorada, conta-lhe que também é americana, fora prisioneira dos campos de concentração nazista (mostra-lhe a numeração no braço) e que topara fazer aquela encenação em troca da liberdade e, enfim... abre o bocão: na verdade, ele fora sedado na noite anterior (lá em Lisboa), transportado pra a Alemanha, se submetido a um especialista em maquiagem (daí o cabelo grisalho e a pele ressecada) e sido internado num “hospital” (previamente preparado e onde todos se comunicavam em inglês e mantinham hábitos americanizados) com o único objetivo de lhe “arrancarem” aquela informação tão valiosa (qual a hora, dia e onde se daria o desembarque dos aliados) que, literalmente, definiria o destino da guerra. E que o prazo entre o seu seqüestro e a obtenção de tais informações (de acordo com o comando alemão) não poderia de maneira alguma exceder 36 horas.
A solução pra tentar desfazer tudo que ele houvera informado, de bandeja ??? Ela própria (a enfermeira) sairia aos prantos e comunicaria aos “chefes” que ele desde o começo sabia de tudo, que houvera descoberto a farsa, que propositadamente fornecera informações falsas e estava, portanto, enganando a todos, fazendo-os de tolos.
Fato é que os alemães (que, lembremo-nos, entendiam como “óbvio” demais o desembarque através da Normandia) se “convenceram” que as informações fornecidas pelo major Pike (posteriormente preso, encarcerado, torturado, mas que, “duro na queda”, nada mais revelara) realmente eram falsas, não tinham nenhum fundamento ou credibilidade e... desconsideraram-na.
Resultado ??? A invasão foi feita exatamente pela “óbvia” Normandia, no dia e hora que os alemães tinham tomado conhecimento através do major Pike e, caso lhe tivessem dado crédito poderiam ter mudado o rumo da história; (todos sabemos que foi a partir dali – Normandia - que os aliados partiram pra a vitória).
O major Pike conseguiu fugir (com a enfermeira-americana) e após a guerra foi condecorado pelos relevantes serviços prestados.
Um outro filme marcante.
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sexta-feira, 10 de junho de 2011
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