"Para escrever
uma boa letra,
a gente tem
que ser, em
primeiro lugar,
anarfabeto..."
Adoniran Barbosa
uma boa letra,
a gente tem
que ser, em
primeiro lugar,
anarfabeto..."
Adoniran Barbosa
Marcílio Godoi
Não se sabe ao certo como definir João Rubinato: artista, sambista, humorista, cronista, paulista. Aqui, nesta revista, a pista: Adoniran Barbosa é também admirável linguista. Evidentemente, não o emérito em linguística, mas o linguagista, o cultor da fala das ruas, do bairro, da cidade, do estado, deste nosso país de imigrantes. Seu samba fez mágica. Uniu africanos, no ritmo, e italianos, no linguajar, para estabelecer de vez "din-din-donde" habita o imaginário vocabular brasileiro: na realidade de nossos portões, nossos bares, nossas praças.
Como a Iracema de seu samba, Adoniran "travessou contramão" e, então, o preconceito dos comandos paragramaticais, "tauba de tiro ao árvaro", teve nele sua redenção. Convenhamos, não é pouca coisa tratar com tanta graça e sem "réiva" nossa autoestima. Na procura por alguém que chegasse perto de sua originalidade sociolinguística, fiquemo dando vorta em vorta da lâmpida, ou seja, fumo e não encontremo ninguém.
Arquiteto e jornalista, autor do Pequeno Dicionário Ilustrado de Palavras Invenetas (Sagui, 2007) www.memoeditorial.com.br
Publicado em: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12020
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