Deste velho poeta
terás apenas uma alma
nunca contente
confidente das nuvens
e das sombras do cotidiano.
Meu voo é raso,
minhas asas simples:
não ultrapasso a janela do banheiro
sem arranhões nos ombros.
Trago um sinal acima do lábio direito
e um par de olhos mais loucos que tristes.
Deste velho poeta
terás apenas um corpo febril
carne pronta ao abate
dos sonhos.
Meu contentamento
sempre solitário:
tremo, cãibras
limpo as cerâmicas
do quarto
com a toalha
de enxugar os pés.
Deste velho poeta
terás apenas a solidão
de filhos órfãos e marginais.
2 comentários:
Meu coração vibra diferente
entre laços desfeitos
anos a fio
preciso de confidente
que lave minha alma
sofrida das marcas
de um passado
tenho que seguir adiante
mesmo ariscando
um perigo qualquer
Meus olhos molham a blusa
e enxugo rapidamente
o respingar das dores
preciso de companhia
de alegria de criança
do calor de reviver
meus sonhos novamente
Do poeta
as plantinhas da varanda
sem esquecer a tartaruguinha
que segura feliz
a porta sempre aberta.
Edilma,
renovo o que já te falei:
és uma joia.
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