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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Benedito Lacerda e Pixinguinha por Norma Hauer

ELES PARTIRAM QUASE NA MESMA DATA
Os anos foram diferentes, mas dois músicos que gravaram juntos, se apresentavam juntos, fizeram arranjos juntos, partiram quase na mesma data, embora em anos diferentes : BENEDITO LACERDA e PIXINGUINHA.

Benedito Lacerda faleceu em 16 de fevereiro de 1958 aos 55 anos e Pixinguinha no dia 17 de fevereiro de 1973, em pleno carnaval, aos 75 anos. Ambos, além de músicos, foram compositores de renome.

De Pixinguinha, citando “Carinhoso” já se tem uma demonstração de seu talento; “Rosa”, então nem se fala: é uma das mais bonitas canções de nosso cancioneiro. Além, disso, tivemos “Lamento”, “Naquele Tempo”; Mais Três Dias”; “Volta para Casa”..., estes gravados com o conjunto que ele formou com Benedito Lacerda, ele no saxofone e Benedito na flauta.
Suas primeiras gravações, em 1918, foram “Rosa” e “Sofres, Porque Queres” .
Com o nome de “Oito Batutas” formou um grupo que se apresentou na Europa logo depois da 1ª guerra, sendo o primeiro grupo de brasileiros a visitar aquele continente. Ali, dentre outros “choros” ( sua especialidade) lançou “Carinhoso”.

Em 1938 a atriz Heloisa Helena solicitou a Pixinguinha que fizesse uma letra para “Carinhoso”, a fim de ela a apresentar em um espetáculo de nome “Joujoux e Balangandãs” no Theatro Municipal. Por não ser letrista, Pixinguinha chamou Braguinha (que ainda se apresentava como “João de Barro” (nome que adotou quando fez parte do “Bando de Tangarás”) para compor a letra de “Carinhoso”.
Orlando Silva, o primeiro a gravar “Carinhoso” contava uma história diferente. Afirmava que foi a pedido dele que Braguinha, autorizado por Pixinguinha, compôs a letra de “Carinhoso”.
A verdade, jamais se saberá.
Quanto a “Rosa” o caso é diferente. Orlando queria gravá-la, mas não tinha letra. Pixinguinha solicitou a um amigo de nome Octavio de Souza, que trabalhava nas oficinas da Central, no Engenho de Dentro (onde hoje é o Engenhão) que fizesse uma letra para “Rosa” e este compôs uma das mais belas letras de nossa música popular. Como não se tratava de um nome conhecido, Pixinguinha não o fez constar da primeira gravação de “Rosa”. Durante anos, desconhecia-se o autor da letra de “Rosa”. Foi Paulo Tapajós, grande pesquisador de nossa música, que o “descobriu”, “apertando” Pixinguinha quando este prestou depoimento no Museu da Imagem e do Som. Pixinguinha disse que Octavio de Souza já havia falecido e não deixara herdeiros.

BENEDITO LACERDA, ao lado de Aldo Cabral, compôs a música da quarta-feira de cinzas: “Carnaval da Minha Vida”.

“Quarta-feira de cinzas amanhece,
Na cidade há um silêncio que parece
Que o próprio mundo se despovoou...
Um toque de clarim, além distante
Vai levando consigo agonizante
O som do carnaval que já passou...”

Gravada por Francisco Alves, que também gravou, de Benedito Lacerda e David Nasser, a marchinha “Confete”, sucesso do carnaval de 1952, último na vida do cantor.

“Confete, pedacinho colorido de saudade
Ai, ai, ai, ai...
Ao te ver na fantasia que usei,
Confete,confesso que chorei...”

Com Jorge Faraj, Benedito Lacerda compôs “É Quase a Felicidade” e “... E a Saudade Ficou”, gravadas por Carlos Galhardo em sua passagem pela gravadora “Odeon”.

Muito ainda se poderia falar sobre esses dois vultos de nossa música, mas este resumo dá uma idéia do talento de ambos.
Norma

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