Na década de 50 , os carros de passeio , como o de Pedro Maia eram raros... Predominavam caminhões , mistos , jeepes , camionetas , cavalos , carrinhos de mão , bicicletas , patinetes , velocípedes , uma ou outra lambreta .
Na minha rua, morava um rapaz que tinha uma lambreta , e resolveu , um belo dia , transformá-la num automóvel. Usou seus conhecimentos de mecânica e funilaria , e fez a engenhoca ! Sucatas , madeiras , pneus , transformaram a sua lambreta (que deveria servir para encantar brotinhos ), num esquisito conversível .
Produto terminado , quis experimentá-lo ! Passeou devagar , nas ruas do centro , acordando e chamando todo mundo pras calçadas com o barulho do motor , e o som da buzina . As calçadas ficaram apinhadas de gente : velhos , senhoras e senhores , jovens e crianças , enfermos e paralíticos .
Sentindo a dificuldade de locomoção do veículo , uma voz gritou em toda altura :
"Vai ...Com jeito vai !" Lembrando uma marcha de carnaval do Braguinha , que estava em voga .
Pronto , o apelido pegou , no Pardal do Crato .
Quando passava , o carro gritava ... "Ô abre alas , que eu quero passar "( de Chiquinha Gonzaga), e o povo cratense , em uníssono , respodia : Vai , com jeito vai ...
Um dia a casa caiu . Morreu " Com Jeito Vai " , numa virada de carro.
Uma morte que nunca esqueci .
Fiquei triste , nos meus 5 anos.
Acabara o carnaval fora de época ...
Marcha fúnebre , o fim da comédia !
por Socorro Moreira
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