Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009


Toque

(para pachelly jamacaru)

Toc, toc
Onomatopéia de batida na porta
Toc,
Transtorno obsessivo compulsivo
Toque
Uma música que fale de amor eterno
toque
pra saber se o filho demora a chegar
toque
com a ponta dos dedos o bico do peito
toque-se
no prazer solitário de se conhecer
toque
pra saber se frio ou quente
toque
pra saber se bicho ou gente
simplesmente
toque

Mensagem para Ângela Lôbo do amigo secreto




Boa noite Ângela,
Estou trocendo pra que chegue logo o dia da nossa revelação.
Abraços!



Mensagem para Walda Arraes do amigo secreto



Walda,


Desejo a Você e sua Familia ,Um Feliz Natal e Um Ano Novo Cheio de Paz ,Amor, Felicidades , e Muita Saúde !Ah... Um Dinheirinho a Mais, Não Faz Mal a Ninguem,hein????

Eu

Pranto Calmo

Chora linda,
Chora calma e leve,
Como a libélula que levita sobre
As águas calmas do lago.
Porque todo mundo tem que ter
Este ombro amigo-eterno para
Aparar os prantos do mundo inteiro
Que se fazem em corredeiras
Abaixo das máscaras felizes
Infelizes somos todos nós
Nesse ar pós-moderno, que nos sufoca
Há tanto tempo.
Chora linda,
Chora que a água leve
Do teu pranto, lava este teu olhar
Sofrido e sacrossanto,
Nessa valsa que só dança você e eu.

Foto: Mafalda Reis

Meias & Cuecas

Pois é, amigos, se restou ainda uma quotinha de indignação por aí, guardem com muito carinho. Não vai faltar oportunidade de usá-la. Agora mesmo estourou mais um escândalo: a distribuição de dinheiro, arrecadado pelo comércio de licitações, em Brasília, por José Roberto Arruda, Paulo Octávio e seus asseclas do Democratas e quadrilhas outras afins. Desta vez, nem o galho de arruda pode nos socorrer. As imagens colhidas pela Polícia Federal parecem irrefutáveis, mas claro, fazem-se necessárias outras provas: a venérea pode ter sido contraída na bacia sanitária mal higienizada. Permitam-me, mais uma vez ,refletir sobre assunto tão repetitivo no noticiário nacional.
Primeiro, acredito que a atividade política está intimamente ligada à corrupção, ao favorecimento, ao compadrio, ao tráfico de influências. E isto não só no Brasil. Há apenas países em que o controle é mais rigoroso. Não existe uma linha divisória clara entre a política partidária e a contravenção. Entre nós, esta realidade é visível em todas as esferas da nação, uma simples gestão de uma associação comunitária, dificilmente será aprovada por uma auditoria minimamente séria. Não há eleição sem caixa 2, sem entrada de dinheiro sujo, sem negociação de cargos, de licitações, sem a semeadura inevitável do nepotismo. A política tem uma ética própria que hoje deixaria Maquiavel próximo ao processo de canonização. A bandalheira independe de desenvolvimento econômico, de forma de governo, de sigla partidária. A diferença básica está apenas onde a grana será depositada : na cueca ou na meia. A meu ver, o único filtro para a mamata desenfreada encontra-se no amadurecimento político do povo. Basta que o corrupto seja eliminado sumariamente pela cimitarra do voto para as coisas começarem a entrar nos eixos. Vejam a realidade brasileira: Arruda e Paulo Octávio já possuíam uma folha corrida péssima, que os tinha levado à renúncia temendo o impeachment, mas mesmo assim foram reeleitos pela população sem nenhuma dificuldade.
Querem ver outra curiosidade? Sete pedidos de Impeachment de Arruda até hoje já haviam sido protocolados no STF. Os partidos que davam apoio ao governo dele e se beneficiavam, rapidamente saltaram do barco: dizem que os ratos são os primeiros a perceberem o rombo no casco. O pedido da Bancada Evangélica, então, me pareceu interessantíssimo. O motivo não se ateve ao fragrante ilícito filmado e registrado continuadamente pelas câmeras, mas a uma outra causa bem insólita. Em um dos vídeos, após pôr a mão na bufunfa, a quadrilha fez uma corrente de oração, agradecendo ao Criador, pelo dinheirinho farto e fácil. Terá sido porque estes fragrantes já aconteceram também com alguns pastores e tudo, assim, torna-se perfeitamente normal? Ou porque não recolheram o dízimo da dinheirama? A CNBB também, em nota, se mostrou indignada com o uso de preces em momento tão pouco especial. Lá vou eu meter meu bedelho e enfiar uma outra reflexão, goela abaixo.
Ora, a oração feita pelos ladrões, agradecendo pelo furto aos céus, a meu ver, é perfeitamente cabível. Nossa relação antiética não é apenas com o profano, ela se estende a todas as nossas atividades humanas, inclusive ao nosso relacionamento com o sagrado. Vejam as promessas que fazemos aos santos. A maior parte das vezes, propomos uma espécie de escambo: se passar no concurso, meu São Sebastião ( claro que prejudicando vários outros que não tiveram a intercessão divina) eu dou duas sacas de feijão para a igreja. A mocinha amarra a imagem de Santo Antonio de cabeça para baixo, em um copo de água, e promete só libertá-lo se conseguir um marido. Ou seja, seqüestra e tortura o santo para conseguir seu intento. A mulher que todo ano faz a procissão de São José, em Março, em ano de seca, aproxima-se da imagem e ameaça: --- Se esse ano não chover, tu num vai ter procissão , não, viu ! Conheci uma senhora que praticava abortos, mas não os fazia nos domingos, por conta de uma promessa que tinha feito com Nossa Senhora do Carmo. O comerciante comete todas as falcatruas imagináveis, mas todos os anos ajuda na Festa da Padroeira e isso, por se só, o faz puro e imaculado. Todos essas condutas trazem embutidas uma ética bastante particular, condutas aparentemente cristãs, mas francamente pagãs na sua essência.
Arruda e Paulo Octávio não são muito diferentes da imagem de cada um de nós refletida no espelho. Quantos de nós não encheriam as meias, da mesma maneira, se tivéssemos a oportunidade ? O crime maior não terá sido terem filmado aquilo que todos nós já sabíamos? O mundo só vai mudar quando a indignação de cada um de nós se estabelecer na urna e não nas conversas de bar, entre um e outro scotch. E quando o preço da ilegalidade passar a ser pago na prisão e não nos templos, em módicos dízimos mensais.

J. Flávio Vieira

O livro do Cariricaturas - Lançamento no seu primeiro aniversário !







Caros amigos do Cariricaturas


O Cariricaturas precisa se eternizar, marcado ficar ser lembrado,.

Temos então uma proposta fantástica para nossos colaboradores:

O lançamento em Julho (dia 23, a confirmar) de um livro escrito por muitas mãos: uma antologia com nossos escritores e artistas.

Precisamos urgentemente, até dia 05 de janeiro de 2010, da confirmação dos nossos escritores - Aqueles que quiserem colaborar, pois como toda publicação, será Necessário Cobrir um ônus para as despesas.

Portanto, leiam os detalhes entrem e no nosso clima:

Serão:

• 4 por escritor textos (máximo de 8 páginas).
• Os textos Serão escolhidos pelos Próprios Escritores;
• um contingente será de 200,00 por escritor
• O pagamento pode ser feito em 4 x 50,00
• os livros um serão vendidos 15,00
• Cada colaborador ganhará 20 livros.
• o dinheiro que sobrar da edição será aplicado na festa de lançamento que PODERÁ ser realizada no Crato Tênis Clube ou sem ICC e / ou como reserva para futura edição.

- O livro será dedicado aos mestres de todos os tempos, representados por Dr. José Newton Alves de Sousa.

- Haverá um concurso de fotos para capa da Elaboração, tipo votação.
- O título provisório é: "Cariricaturados, em prosas e versos"
- Edição: Emerson Monteiro

-Já estão confirmadas as 17 primeiras adesões:
. Claude Bloc
. Magali Figueirêdo
. Carlos Esmeraldo
. Maria Amélia de Castro
. Ana Cecília Bastos
. Assis Lima
. Socorro Moreira
. Stela Siebra de Brito
. Dedê Cariri
. João Marni
. Rejane Gonçalves
. Rosa Guerrera
. Heladio Teles Duarte
. Edilma Rocha
. Emerson Monteiro
. José Flávio Vieira
.João Nicodemos

Lembrem-se: o fechamento das adesões será em 5.01.2010.
O envio dos textos será até 31.01.2010.

Na sequência informaremos s condições de pagamento, e oportunamente faremos, como Devidas pestações de conta.

Aguardamos pronunciamento dos demais colaboradores do Cariricaturas, bem como sugestões.
Claude Bloc e Socorro Moreira

Micaelson Lacerda (Banda Sétimo Selo) no programa Cariri Encantado desta sexta

O programa Cariri Encantado desta sexta-feira, dia 4, trará uma entrevista com o cantor e compositor Micaelson Lacerda, líder da banda Sétimo Selo. Além da entrevista, o programa veiculará algumas músicas do recente disco lançado pela banda cratense, integrada, além de Micaelson (voz e teclados), por Luís Carlos Saraiva (guitarra), Marciel Lacerda (Baixo) e Tiago Bantim (Bateria).

O Programa Cariri Encantado acontece todas as sextas-feiras, das 14 às 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri AM 1020. O programa também é transmitido via internet no seguinte endereço: cratinho.blogspot.com.

A apresentação é de Luiz Carlos Salatiel e Carlos Rafael Dias.

Apoio do Centro Cultural BNB Cariri.

Se ligue!

Pierre-Auguste Renoir - GALERIA

Auto Retrato Renoir, Pierre-Auguste (1897)
Técnica: Óleo sobre tela Dimensões (em cm): 41 x 33 Local de exposição: Instituto de Arte Sterling & Francine Clark, EUA


"Le Moulin de la Galette" (1876) - óleo sobre tela - Museu d'Orsay, Paris.


As Meninas ( "Rosa e Azul " ) Óleo sobre tela (1881)


Mulher com um gato -1875. Óleo sobre tela . The National Gallery of Art, Washington, DC, USA.


Jovens ao Piano. 1892. Óleo sobre tela . Dimensões em cm 116x 90 Musée d'Orsay, Paris, França

Jovem penteando os cabelos . 1894. Óleo sobre tela – Coleção Privada

Leitura 1875-1876. Óleo sobre tela . Musée d'Orsay, Paris, France.


Dança no Bougival (Suzanne Valadon e Paul Lhote). 1883. Óleo sobre tela. Museum of Fine Arts, Boston, MA, USA.

Imagens

http://www.tonecas.com/discovery.by/galerias_pintores/galeria_renoir/galeria_renoir.htm

http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/galeria/renoir/3

Para Vera Barbosa uma mensagem do amigo secreto


Jura secreta 89 - Artur Gomes-


a face oculta da maçã
duas partes que se abrem pêssego
campo de girassóis teus pêlos
alvoroçados sob o sol de Amsterdã
enquanto isso em teus mamilos penso
o que ainda não comi desta maçã

Artur Gomes
http://youtube.com/fulinaima
juras secretas – leia mais aqui
http://poeticasfulinaimicas.blogspot.com

Receita de arroz com pequi



Ingredientes


1/4 de xícara de chá de óleo
6 pequis lavados

2 dentes de alho espremidos

1 cebola grande picada

2 xícaras de chá de arroz

4 xícaras de chá de água quente

Sal a gosto

Pimenta de cheiro ou malagueta a gosto

Coentro ,cebolinha picada a gosto



Modo de Preparo

Retire os caroços da casca. Coloque-os no óleo ou gordura fria .Acrescente o alho e a cebola e deixe refogar em fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau para não grudar na panela, e respingue um pouco de água quando for necessário .
Quando o pequi já estiver macio e a água secado, acrescente o arroz e deixe fritar um pouco .
Junte a água e o sal .
Quando o arroz estiver quase pronto, coloque a pimenta de cheiro ou malagueta a gosto
Na hora de servir, polvilhe o arroz com coentro e cebolinha e um pouco de pimenta .
Acompanha qualquer tipo de carne .

É tempo de pequi !

"Abundante na Floresta Nacional do Araripe, o pequi (fruto do pequizeiro) possui um aroma que o transforma em condimento no preparo de diversos pratos típicos do Cariri, como o baião-de-dois. O pequi possui uma grande quantidade de óleo insaturado, que não faz mal ao organismo nem provoca aumento no colesterol. Sem falar que é também rico em vitaminas A, C e E, em sais minerais (fósforo, potássio e magnésio) e em carotenóides, que evitam a formação de radicais livres no corpo e previnem tumores e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Vendedores de pequi já começam a expor seus produtos nas feiras do Cariri. " (Tasso Araújo)
* Desde ontem, voltei a almoçar arroz com pequi. É gosto de festa , prazer !
Não quero ensinar Padre Nosso a vigário. Uma receita de arroz com pequi para o povo do Crato, nem tem graça ! Mas alguns dos nossos leitores e colaboradores desconhecem o prazer que é roer um caroço de pequi. E agora chegou a época. Os do Arisco, os mais gostosos, já chegaram !
O cheiro pode ser discutível... Mas eu adoro ! ( socorro moreira)

A lenda do pequi




Tainá-racan tinha os olhos cor de noite estrelada. Seus cabelos desciam pelas espáduas com um tufo de seda negra e luzidia. O andar era elegante, cadenciado, macio como o de uma deusa passeando, flor entre flores, no seio da mata. Maluá botou os olhos em Tainá-racan e o coração saltou, louco e fogoso, no peito do jovem e formoso guerreiro. "Ela é mesmo linda como a estrela da manhã. Quero-a para minha esposa. Hei de amá-la enquanto durar a minha vida!"

Doce foi o encontro e, juntos e casados, a vida dos dois era bela e alegre com o ipê florido. De madrugada, Maulá saía para a caça e para a pesca, enquanto a esposa tecia os colares, as esteiras, moqueava o peixe, preparando o calugi para ofertar ao amado, quando ele chegasse com o cesto às costas, carregado de peixe e frutas, as mais viçosas, para oferecer-lhe.

O tempo foi passando, passando. No enlevo do amor, eles não perceberam quantas vezes a lua viajou pela arcada azul do céu, quantas vezes o sol veio e se escondeu na sua casa do horizonte. Floriram os ipês. Caíram as flores. Amareleceram as folhas, que o vento levava em loucas revoadas pelos campos. Os vermelhos cajus arcavam de fartura e beleza os galhos dos cajueiros. As castanhas escondiam-se no seio da terra boa. Rebentavam-se em brotos, e novos cajueiros despontavam. As cigarras enchiam as matas com sua forte sinfonia e sua vida evolava-se, aos poucos, em cada nota de seu canto. Nascimentos, mortes, transformações e os dias andando, andando.

Após três anos de casamento, numa noite bonita, em que o rio era um calmo dorso de prata à luz do luar e os bichos noturnos cantavam fundas tristezas e medos, Maluá encostou a cabeça no peito de Tainá-racan e apertou-a com ternura. No olhar de ambos, há muito, havia uma sombra. Nenhum deles tinha a coragem de falar. Uma palavra de mágoa, temiam, poderia quebrar o encanto de seu amor. A beleza da noite estremecia o coração sensível de Tainá-racan. Ela ajuntou a alma dos lábios e perguntou com voz trêmula, em sussurro:

-Estás triste, amado meu? Nem é preciso que respondas. Há tempo vejo uma sombra nos teus olhos.

-Sim, respondeu o valente guerreiro. Tu sabes que eu estou triste e tu também estás. A dor é a mesma.

-Onde está nosso filho que Cananxiué não quer mandar?

-Sim, onde está nosso filho?...

Maluá alisou com carinho o ventre da formosa esposa. "E o nosso filho não vem", murmurou. Dois pequeninos rios de lágrimas deslizaram pelas faces coradas de Tainá-racan. Um vento forte perpassou pela floresta. Uma nuvem escura cobriu a lua, que não mais tornava de prata as águas mansas do rio. Trovões reboaram ao longe. Maluá envolveu Tainá-racan nos braços e amou-a. "Nosso filho virá, sim. Cananxiué no-lo mandará".

Quando os ipês voltaram a florir, no ano seguinte, numa madrugada alegre, nasceu Uadi, o Arco-Íris. Era lindo, gordinho, tinha os olhos cor de noite estrelada como os da mãe e era forte como o pai. Mas, havia nele algo diferente, algo que espantou o pai, a mãe, a tribo inteira: Uadi tinha os cabelos dourados como as flores do ipê. Maluá recebeu o nascimento do filho como um presente de Cananxiué. Seu coração, contudo, estremeceu com a singularidade dele. Começou a espalhar pelo tribo a lenda de que o menino era filho de Cananxiué. O menino crescia cheio de encanto, alegria e de uma inteligência incomum. Fascinava a mãe, o pai, a aldeia, a tribo toda. Com rapidez incrível aprendeu o nome das coisas e dos bichos. Sabia cantar as baladas tristes e alegres que a mãe ensinava. Era a alegria e a festa da mãe, do pai, da tribo.

Um dia, Maluá, com outros guerreiros, foi chamado para a luta. Os olhos pretos de Tainá-racan encheram-se de lágrimas. O rostinho vivo de Uadi se ensombreceu. À despedida, seus bracinhos agarram-se ao pescoço do pai e ele falou: "Papai, vou-me embora para a noite, depois, chegarei à casa de Tainá-racan, a mãe, lá no céu". E seu dedinho róseo apontou o horizonte. O corpo de bronze do guerreiro se estremeceu. Seus lábios moveram-se, mas as palavras teimavam em não sair. Ele apertou, com força, o menino nos braços e, por fim, falou: "Que é isso, filhinho, tu não vais para lugar nenhum, nenhum deus te arrancará de mim. A tua casa é a casa de tua mãe, Tainá-racan, aqui na terra, e a de seu pai. Se for preciso, não partirei para a guerra. Ficarei contigo".

Nesse momento, Cananxuié, o senhor de todas as matas, de todos os animais, de todos os montes, de todos os valores, de todas as águas e de todas as flores, desceu do céu sob a forma de Andrerura, a arara vermelha, e gritou um grito forte: "Vim buscar meu filho!" Agarrou-o e levou-o pelos ares. Tainá-racan e Maluá caíram de joelhos. O guerreiro abriu os braços gritando: "O filho é nosso, sua casa é a de sua mãe, Tainá-racan, aqui na terra! Devolve meu filho, a Cananxiué! O grito de Maluá ecoou pela mata, ferindo de dor o silêncio. O peito do guerreiro palpitava de sofrimento como uma montanha ferida pelo terremoto. O velho chefe guerreiro aproximou-se dele, bateu-lhe no ombro e bradou: "Teus companheiros já partem. Maior que tua dor é tua honra de guerreiro e a glória de nossa tribo! Vai, meu filho, Cananxiué buscou o que é dele. Muitos outros filhos ele te dará. Tainá-racan é jovem. Tu és jovem. Vai, guerreiro, não deixa a dor matar sua coragem!"

Maluá partiu. Tainá-racan encostou a fronte na terra, onde pouco antes pisavam os pezinhos encantados de Uadi. Chorou. Chorou. Chorou três dias e três noites. Então, Cananxiué se apiedou dela. Baixou à terra e disse: "Das tuas lágrimas nascerá uma planta que se transformará numa árvore copada. Ela dará flores cheirosas que os veados, as capivaras e os lobos virão comer nas noites de luar. Depois, nascerão frutos. Dentro da casca verde, os frutos serão dourados como os cabelos de Uadi. Mas a semente será cheia de espinhos, como os espinhos da dor de teu coração de mãe. Seu aroma será tão tentador e inesquecível que aquele que provar do fruto e gostar, amá-lo-á para jamais o esquecer. Como também amará a terra que o produziu. Todos os anos, encherei, generosamente, sua copa de frutos, que os galhos se curvarão com a fartura. Ele se espalhará pelos campos, irá para a mesa dos pobres e dos ricos Quem estiver longe e não puder comê-lo sentirá uma saudade doida de seu aroma. Nenhum sabor o substituirá. Ele há de dourar todos os alimentos com que se misturar e, na mesa em que estiver, seu odor predominará sobre todos. Ele há de dourar também os licores, para a alegria da alma".

Tainá-racan ergue o olhar, aquele olhar onde brilhou a primeira estrela da consolação. E perguntou ao deus:

-Como se chamará, Cananxiué, esse fruto, cujo coração são os espinhos de minha dor, cuja cor são os cabelos de ouro de Uadi e cujo aroma é inesquecível como o cheiro dessa mata, onde brinquei com meu filhinho?

-Chamar-se-á Tamauó, pequi, minha filha. Quero ver-te alegre de novo, pois te darei muitos filhos, fortes e sadios como Maluá. E teu marido voltará cheio de glória da batalha, pois muitos séculos se passarão até que nasça um guerreiro tão destemido e tão honrado! Ele comerá deste fruto e gostará dele por toda a vida!"

Tainá-racan sorriu. E o pequizeiro começou a brotar.




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*(In Os Frutos Dourados do Pequizeiro, Marieta Teles Machado, Editora UCG, 1986)
Fotomontagem: Paulo J.S.
Altiplano.com.br (Goiânia, Goiás, Brasil, 2001)

"Tem mais samba" para João Nicodemos- Do amigo secreto.

Jean - Luc Godard




Godard iniciou sua carreira com um cinema de vanguarda, com temas polêmicos que trataram dos dilemas e perplexidades do século 20. Criado na Suíça, seu pai era médico e sua mãe era filha de um banqueiro. Jean-Luc Godard estudou etnologia na Sorbonne, em Paris.

A partir de 1952, começou a trabalhar, escrevendo crítica de cinema nas páginas de La Gazette du Cinema e Cahiers du Cinéma. Fez uma série de curta-metragens, alguns deles supervisados por François Truffaut.

Seu primeiro longa metragem, "Acossado" (1959), foi ponto de referência na cinematografia francesa, com um relato anti-heróico que rompia com muitas convenções. Audacioso, o cineasta adotou inovações narrativas e filmou com a câmera na mão, rompendo regras até então invioláveis.

Esse filme foi um dos primeiros da Nouvelle Vague, movimento que se propunha a valorizar a direção, reabilitando o chamado filme de autor. Os companheiros de Godard na Nouvelle Vague foram Rivette, Truffaut, Chabrol e Rohmer.

Godard filmou, entre outros, "Uma Mulher é uma Mulher" (1961), "Viver a vida" (1962), "Tempo de Guerra" (1963), "O Desprezo" (1963, com Brigitte Bardot), "Uma Mulher Casada, (1964), "Pierrot le Fou" (1965), "Alphaville" (1965), "O Demônio das 11 Horas" (1965), "Duas ou Três Coisas que Eu Sei Dela" (1966), "A Chinesa" (1967), "Weekend à Francesa" (1968).

Os filmes realizados durante os anos 1960 e 1970 revelam a influência dos ideais contra a Guerra do Vietnã e o movimento estudantil de maio de 1968. Godard criou o grupo de cinema "Dziga Vertov", em homenagem ao cineasta russo, e voltou-se ainda mais para o cinema político.
"Pravda" (1969) tratou da invasão soviética da Tchecoslovaquia; "Vento do Oriente" (1969), teve o roteiro do líder estudantil Daniel Cohn-Bendit; e "Até a vitória" (1970) enfocou a guerrilha palestina.

Sua obra mostra a evolução de um estilo pessoal que mesclava a ficção com partes quase documentais, ou comentários do autor. Na maioria, eram protagonizados por Anna Karina (sua esposa entre 1961 e 1967), que foi a primeira de uma série de atrizes que revelou, como Anne Wiazemsky (sua esposa de 1967 a 1979), Maruschka Detmers, Myriem Roussel e Juliette Binoche.

Depois de uma breve passagem pelo cinema comercial com "Tout Va Bien" (1972), o cineasta passou a trabalhar com televisão e vídeo. Retornou ao cinema em 1980, com "Salve-se Quem Puder - A Vida", mantendo seu espírito crítico e inovador em "Passion" (1982) e outras produções. Em 1983, "Prénom" ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza. Em 1990, Godard rodou "Nouvelle Vague", filme dedicado a esse movimento cinematográfico.

"Je Vous Salue, Marie" (1984), uma visão modernizada da Virgem Maria, provocou polêmica em vários países e foi o último filme proibido no Brasil, em 1986.


uoleducação

Auguste Renoir



"A dor passa, mas a beleza permanece", disse Renoir, um dos maiores pintores impressionistas, mestre em fixar em suas telas a luz, o brilho e a beleza das coisas.

Pierre-Auguste Renoir nasceu em família modesta -o pai era alfaiate. Em 1845, a família mudou-se para Paris, mas retornaria para Limoges três anos depois.

Em 1855, Renoir, com o intuito de adquirir um ofício, foi aprender decoração de porcelana e trabalhar no próprio ateliê onde estudava. Três anos depois, começou a pintar estampas em tecidos.

Em 1862, mudou-se para Paris e foi admitido na École des Beaux-Arts. Passou a visitar regularmente o Museu do Louvre e começou a estagiar no ateliê do pintor suíço Charles Gleyre.

Em 1866, inscreveu seu quadro "A Hospedaria da Mãe Anthony" no Salão Oficial das Artes, mas foi rejeitado. Dois anos depois, o salão aceitou a tela "Lise". Mesmo assim, o impressionismo -o novo estilo que Renoir adotara- ainda não era uma forma de arte aceita pela crítica. Por isso, Renoir e seus companheiros planejaram organizar uma exposição de arte impressionista.

Mas, em 1870, com a invasão prussiana da França, Renoir foi convocado, participando da guerra como soldado.

Em 1874, Renoir e outros artistas (como Manet, Degas e Pissarro) enfim organizaram a exposição dos impressionistas.

Ela se realizou no estúdio do famoso fotógrafo Nadar. Embora rejeitada pelos críticos, a exposição se repetiria em 1876, 1877 e 1879.

Durante esses anos, Renoir foi ficando famoso. Em 1880, casou com sua modelo Aline Charigot (eles teriam dois filhos, Pierre e Jean). No ano seguinte, pintou "Rosa e Azul", o célebre "quadro das duas meninas" que hoje está no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Em 1882, viajou para a Itália para estudar.

Em 1892, obteve reconhecimento oficial para a pintura impressionista: um quadro seu foi adquirido pelo governo francês.

Num acidente de bicicleta, em 1897, quebrou o braço. Dois anos depois, foi acometido de reumatismo, passando a ter problemas de mobilidade.

Em 1904, quando já era admirado em toda a Europa, organizou-se uma grande retrospectiva de sua obra. No ano seguinte, Renoir mudou-se para Cagnes, em busca de clima mais saudável.
Oito anos depois, as dificuldades de saúde o obrigaram a pintar sentado e amarrar os pincéis aos dedos.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914), teve seus dois filhos convocados (eles seriam feridos). Durante a guerra, também perdeu a esposa, Aline.

Em 1919, Renoir finalmente viu suas obras serem aceitas no Louvre. Em dezembro daquele ano, morreu em sua casa de Cagnes, aos 78 anos.

uoleducação

Aconteceu em 2 de Dezembro ... - por Norma Hauer



Os principais partidos criados (União Democrática Nacional (UDN), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Socialista(PSB) e Partido Social Democrático(PSD) lançaram seus candidatos. Também o Partido Comunista Brasileiro(PCB) teve seu candidato.
Foram candidatos: pela UDN o Brigadeiro Eduardo Gomes
Pelo PSD e o PTB o General Eurico Gaspar Dutra
Pelo PCB foi lançado o engenheiro Yeddo Fiuza.

As eleições secretas deram ao povo o direto de votar em quem quisesse. No interior, como a oligarquia ainda predominava, alguns trabalhadores tinham medo de votar em quem não fosse indicado por seus patrões (ainda hoje isso ocorre), mas de qualquer forma as eleições, pela primeira vez, foram livres e secretas.

Luiz Carlos Prestes, recém-libertado da prisão fez um comício em favor de Yeddo Fiuza, que levou muita gente às ruas.
Os demais partidos tiveram toda liberdade de fazer comícios em prol de seus candidatos.

Os jornais e rádios conheceram o que não conheciam:direito total à liberdade de expressão.
Havia um jornal ("O Radical") no qual um jornalista de nome Hugo Borghi,"derrubou" o brigadeiro, informando aos "trabalhadores do Brasil" que Eduardo Gomes era contra os "marmiteiros" (aquele trabalhador que trazia sua marmita de casa).
"Arrasou" o Brigadeiro.
Carlos Lacerda, que estava ficando conhecido, dizia que Yeddo Fiuza, que fôra Prefeito de Petrópolis tirara de circulação o transporte do povo:o bonde.

Getúlio e Prestes candidataram-se a senadores em todo o Brasil (o que foi permitido naquelas eleições). Venceram em vários estados, mas ambos escolheram o Distrito Federal. Getúlio quase não compareceu e Prestes, dois anos depois, foi "cassado" com todos os políticos eleitos pelo PCB, que mais uma vez foi colocado na clandestinidade.

Getúlio, lá do Sul disse: "Votem em Dutra" e Dutra foi eleito. Na realidade foi o primeiro Presidente verdadeiramente eleito no Brasil, em uma eleição livre na qual o povo participou.

Por isso, 2 DE DEZEMBRO DE 1945 foi o marco da Democracia no Brasil.
Noma Hauer

Lado a lado - por Rosa Guerrera


Ando lado a lado com a tua presença!
Não importa onde estejas...
É curioso e estranho o nosso amor.
Caminhamos numa caravana transitória
E somos nômades de nós mesmos.
Falo e muitas vezes não escutas.
Noutros momentos ouço tuas palavras e não as entendo...
E mesmo assim continuamos lado a lado...
No deserto, na chuva, no poema, na paixão
Até na solidão!
E assim terminamos sempre
depois de cada adeus,
naquela vontade louca de nos encontrarmos de novo
em algum lugar que não foi marcado ...


(Rosa Guerrera)

COMPOSITORES DO BRASIL - O Dia Nacional do Samba


"Não chore ainda não que eu tenho a impressão que o samba vem aí"...

Por Zé Nilton


Ontem, comemorou-se, em todo o Brasil, o Dia Nacional do Samba. Claro que não houve nenhum evento oficial, com palanque, discursos, fogos e samba, muito samba. Mas, nalgum lugar desse grande país, naqueles redutos em que a Música Popular Brasileira é vivenciada e respeitada, claro que a turma lembrou e sambou, e sambou pra valer.
Alguns canais de televisão comerciais e não comerciais até que prestaram homenagens a esse dia. Saiu na Globo, e parece que isto é muito. Nas rádios daqui, nada. Lá pelo sudeste o Dia do Samba é mais lembrado.

Na crônica da MPB há quem aceite e quem não aceite esta data como o marco comemorativo do mais predileto dos ritmos brasileiros. Uns apontam outros eventos importantes que deveriam marcar este dia, como a data de nascimento de Tia Ciata, uma destacada baiana do Rio, cuja casa se tornou um ponto de referência dos adeptos do partido alto e do samba rasgado. Diz-se até que fora ali que classificaram o ritmo como samba. Outros, por seu turno, querem crer que seria mais representativo para a comemoração o dia 16 de dezembro, quando em 1916, Donga (Ernesto dos Santos), registra, como de sua autoria, na Biblioteca Nacional, a música “Pelo Telefone”, lançada em 1917, marcando o primeiro samba gravado no Brasil. Por fim, ainda há na crônica musical do Brasil quem defenda a data de 12 de agosto, de 1928, quando Ismael Silva e os Bambas do Estácio fundaram a primeira escola de samba, a “Deixa Falar”, hoje, a Escola de Samba do Estácio. Mas o Dia do Samba, foi constituído pela Câmara de Vereadores de Salvador, em 1940, como parte das solenidades em torno da visita do compositor Ary Barroso, no dia 02 de dezembro, que nunca havia estado na Bahia. Era uma forma de retribuição ao autor pelo samba “ Na baixa do sapateiro”.

E continuam as divergências. Quanto ao Samba como termo e como ritmo, pelo menos há três versões. Dar-se notícia do termo e, claro, se há o nome é porque existe o ritmo, entre os Indios Tapuias do alto sertão nordestino – os Cariris. No livro “Arte e Gramática da Lingua Brasílica da Naçam Kiriri, de autoria do padre Luis Vincêncio Mamiani, editado em Lisboa, em 1699, falava-se o termo sâmbá como expressão significativa de uma certa dança. Já Luís da Câmara Cascudo assegura que samba vem de semba, umbigo, no idioma africano angolês.

Há uma versão um tanto curiosa, por que hilária, sobre a origem do Samba. Francisco Guimarães (1875-1947), o velho “Vagalume”, misto de capitão da Guarda Nacional, repórter do JB e cronista carnavalesco, escreveu no seu livro “Roda de Samba”, reeditado pela FUNARTE em 1978, que a origem do samba foi mesmo na Bahia, e vem de duas palavras africanas: SAM - que quer dizer PAGUE e BA - que quer dizer RECEBA. Conta uma estória comprida, que vou tentar resumir.

Diz que havia, na Bahia, uma família de escravos. No tempo da alforria, houve um desentendimento do pai com um dos filhos. Este foi para o Norte e o pai ficou, conseguiu a “liberdade” e até enricou. O filho volta com muito dinheiro e tenta pedir perdão ao pai. Este não o quer perdoar. Então, o “conselho de anciãos”, chamado de “conclave” se reune e tenta convencer o pai a aceitar o filho pródigo. Quando o filho se aproxima do pai, pedindo-lhe perdão e oferecendo-lhe uma grande quantidade de dinheiro, como pagamento pelo seu imperdoável ato, o pai, mesmo assim, não o quer receber. Daí, a turma do conclave, que está em volta dos dois, achando que o pai não estava correto, divide-se em dois grupos, e começa a bater no chão com os pés, e com as mão, as palavras:

- SAM ! ... ( pague)
- BA ! ... (receba)

As pessoas presentes começara a repetir:

SAM! BA!

O autor termina sua estória dizendo: “Em seguida, pela pacificação da família, que era muito conceituada, todos cantaram e dançaram repetindo sempre: SAM! BA!
E aí está a origem do Samba”.

No Prograqma COMPOSITORES DO BRASIL, vamos homenagear o Samba, com as seguintes músicas:

Pelo telefone), de Donga e Mauro de Almeida
Samba da Bênção, de Baden Power / Vinícus de Morais, com Vinícius de Moraes
Samba Aristocrático, José Dilermano / Moreira da Silva, com Moreira da Silva
Saudade do Samba, de Fernando Lobo/ Paulo Soledade, com Mário Reis
Samba da MinhaTerra, Dorival Caymmi, com João Gilberto
Argumento, de Paulinho da Viola, com Paulinho da Viola
Pra que Discutir com Madame?, Janete de Almeida, com Rosa Passos
A Voz do Morro – eu sou o samba – de Zé Keti, com Luiz Melodia
Tem Mais Samba, Chico Buarque, com Chico Buarque
E Lá Vou Eu, João Nogueira, com João Nogueira
Apoteose ao Samba, de Silas de Oliveira / Mano Décio da Viola, com Paulinho da Viola.

Quem ouvir, verá!

Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas as quintas de 14 às 15 horas

A poesia de João Nicodemos



da fruta madura
com gosto colhida
na boca perdura
0 sabor da mordida
serena, sonora
sem pressa ou demora
assim quero a vida

por Nicodemos
foto de Teresa Abath

À toa ... - por Socorro Moreira


Não tire seu sorriso
Não saia do caminho
Não fuja pra valer
Brincar é coisa séria
Difícil é esquecer!
-------------------
Quem provoca,
Tem coringa na manga ?
Tem manga no pé,
do pomar de novembro.
E tem pano pras mangas?
Com vestido decotado,
O sol castiga ...
E ninguém é santo!
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Pelos vales secos,
a Terra em cio,
aguarda um rio
que nunca veio!
-----------------
A solidão
nos leva a qualquer pão:
de queijo, de gente ...
Solidão no olhar
Perdido no mar.
Solidão Humana,
Deus preenche !
----------------------

Construímos tantos corpos de papel
Pichamos muros
Pintamos telas no céu ,
descobrimos mapas de labirintos
Nossa floresta era imensa
Nos perdemos no caminho ...
Catando flores,
destruindo ninhos.
Olhei demais pro céu ...
Pensando que você
fosse um passarinho!
---------------------------

Alminha branca,
que tudo enxerga
numa tela de paz
Se todos te entendessem,
O mundo seria branco
cercado de azul
por todos os lados!

A foto é o poema - por Heládio Teles Duarte

Deixem um verso !

estratégia - Colaboração de Jair Rolim





"Um senhor com a idade bastante avançada vivia sozinho em Minnesota. Certo dia ele queria virar a terra de seu jardim para plantar flores, mas era um trabalho muito pesado para ele.
Seu único filho, que o ajudava nesta tarefa, estava na prisão. O homem então escreveu a seguinte carta ao filho: 'Querido Filho, estou triste, pois não vou poder plantar meu jardim este ano.
Detesto não poder fazê-lo, porque sua mãe sempre adorava as flores, esta é a época do plantio.
Mas eu estou velho demais para cavar a terra. Se você estivesse aqui, eu não teria esse problema, mas sei que você não pode me ajudar, pois estás na prisão. Com amor, Seu pai.'
Pouco depois, o pai recebeu o seguinte telegrama:
'PELO AMOR DE DEUS, pai, não escave o jardim! Foi lá que eu escondi os corpos' .
Como as correspondências eram monitoradas na prisão...
Às quatro da manhã do dia seguinte, uma dúzia de Agentes do FBI e Policiais apareceram, e cavaram o jardim inteiro, sem encontrar nenhum corpo. Confuso, o velho escreveu uma carta para o filho contando o que acontecera.
Esta foi a resposta:
'Pode plantar seu jardim agora, pai. Isso é o máximo que eu posso fazer no momento.'
Estratégia é tudo!!!
Nada como uma boa estratégia para conseguir coisas que parecem impossíveis.
Assim, é importante repensar sobre as pequenas coisas, que muitas vezes nós mesmos colocamos como obstáculos em nossas vidas. 'Ter problemas na vida é inevitável, ser derrotado por eles é opcional ."

Nadando em águas claras – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Numa noite úmida de fevereiro, sentindo-me inadaptado à cidade grande e seus inúmeros rostos estranhos, vi-me, como que de repente, envolvido por uma onda acolhedora que me lançou no meio de um mar de águas mornas, claras e aconchegantes. Meu corpo flutuava livremente, sem necessidade de nenhum esforço para me manter na superfície daquela água deliciosa. Ao meu lado, uma multidão de rostos desconhecidos também flutuava. O sentimento de cada um daqueles banhistas parecia fundir-se ao meu, num processo de unificação sobrenatural. Inexplicável descrever com precisão a emoção que sentíamos. Um bem estar invadia nossas almas e, aquele prazer inesquecível, que toda criança experimenta num banho de piscina, era comum a todos os companheiros daquele inacreditável passeio aquático. Um velhinho simpático se aproximou de mim sorrindo. Então comentei com ele:
– Que banho maravilhoso! Sinto-me outro homem. – Ele então me perguntou:
– Você não sabe onde está?
– Não. – Respondi. E enquanto a brisa nos transportava suavemente para a praia, ele me disse:
– Você morreu. Estamos na vida eterna.
– Que bom! – Exclamei com alegria. – Agora vou rever meu pai e minha mãe que estão aqui. – Ao que fui imediatamente contrariado pelo bom velhinho:
– Já faz mais de dez mil anos que estou aqui e ainda não encontrei nenhum conhecido.
– Também pudera. Há dez mil anos, a população do mundo não era nem duzentos mil habitantes. Agora não, eu conheci muito mais gente que já morreu que o senhor. – Disse-lhe eu todo convencido, enquanto sem que nos déssemos conta, estávamos na praia. Era uma estreita faixa de terra espremida entre aquele lago mágico e um alto que nos lembrava o morro do nosso Seminário. Na encosta dessa pequena elevação uma multidão incalculável se espremia olhado para o topo da montanha. De repente vi duas mocinhas conhecidas lá do Crato, que estudavam em João Pessoa e haviam morrido num desabamento da casa em que moravam, numa noite de grande chuva. E disse para o meu amigo:
– Está vendo? Já encontrei duas conhecidas. Aquelas duas moças são lá do Crato. – disse-lhe em tom de vitória. Ele retrucou imediatamente:
– Aquelas duas moças têm dois mil anos que morreram. Elas viveram na época de Cristo. Não podem ser do Crato, porque essa cidade ainda não existia. – Completou o amigo. Em seguida ele acrescentou:
– É hora de Jesus chegar.
Aquele velhinho transpirava bondade por todos os poros e me transmitia uma segurança e bem estar nunca d’antes experimentado. Ajeitei-me nas pontas dos pés para poder melhor visualizar o Mestre, ansiosamente esperado. O meu bom companheiro explicava que todos os dias, àquela mesma hora, o Senhor vinha nos visitar. De repente um forte clarão surgiu por trás de uma nuvem e a multidão toda se agitava. Jesus estava chegando! À medida que Jesus se aproximava do morro, um vento forte balançava nossos cabelos e refrescava o forte calor daquela noite. O clarão aumentava de intensidade fechando nossos olhos automaticamente. Fiz um esforço enorme para abrir meus olhos. Precisava ver Jesus. Naquele exato momento, a luz fluorescente do banheiro fora acesa e o tiquetaque do despertador me lembrava um novo dia de muito trabalho.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo