Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 17 de abril de 2010

Enquanto escuto o barulho da chuva ...- por Socorro Moreira

Chove
Estive entre o PC e a varanda.
Na cabeça uma preocupação
No peito uma ardência ...
Tenho pensado em mamãe.
Já tentei rezar as orações que ela me ensinou.
Lembrei todas as suas fases de vida
Suas dores e alegrias...
É tão viva a sua presença !
E é com essa mulher que eu entendo
todos os dias da minha vida.
Fui a baunilha do seu bolo...
"O avental todo sujo de ovo... "
Como começar tudo de novo ?
De onde viemos?
-É pra lá que a gente vai,
do jeito que imaginamos.
Meu céu é boêmio.
O dela é sagrado...
Como nos cruzaremos?
Pro amor,
deixo o encargo !

Correio Musical


Onde Andarás

Composição: Ferreira Gullar / Caetano Veloso

Onde andarás nessa tarde vazia
Tão clara e sem fim
Enquanto o mar
Bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema
Te esqueces de mim?
Enquanto o mar
Bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema
Te esqueces
Eu sei meu endereço
Apagaste do teu coração
A cigarra do apartamento
O chão de cimento
Existem em vão
Não serve pra nada
A escada, o elevador
Já não serve pra nada
Janela, cortina amarela
Perdi meu amor
E é por isso que eu saio
Pra rua, sem saber pra quê
Na esperança talvez de que o acaso
o mero descaso, me leve a você..

Canção das Mulheres- Lya Luft- Colaboração de Cristina Diôgo




Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco — em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.
Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”
Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais um?”
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa — uma mulher.

tela : Ana _Kaminski

Monteiro Lobato




José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté, 18 de abril de 1882 – São Paulo, 4 de julho de 1948 foi um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX. Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel("Contos da Carochinha") da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo, bem como divertido, de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária. A outra metade, consistindo de inúmeros e deliciosos contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, um livro sobre a importância do petróleo e do ferro e um único romance, O Presidente Negro, o qual não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças.

Nelson Gonçalves




Nelson nasceu Antonio Gonçalves, em 01 de junho de 1919, na cidade de Santana do Livramento, RS. Seus pais, imigrantes Portugueses, tinham acabado de chegar ao Brasil pelo Rio de Janeiro, indo então para o Rio Grande do Sul. Quanto Tonico fez seis dias de vida mudaram-se para São Paulo, estabelecendo-se no Brás.

Pouco chegado ao trabalho, seu Manuel, o pai de Tonico, tocava violino em feiras-livres se fingindo de cego para arrecadar alguns trocados, enquanto o filho, com 6 anos de idade cantava empoleirado em cima de um caixote.

Gago, o garoto ganhou logo o apelido de Metralha, pois falava cuspindo as palavras como uma metralhadora. Durante esse tempo foi jornaleiro, engraxate, mecânico, polidor e tamanqueiro. E é com o apelido de Metralha que muda-se para Taubaté e se torna boxeur. Com 17 anos recebe a faixa de Campeão Paulista dos Meio-Médios, após vencer 24 lutadores por nocaute e ter perdido apenas duas vezes, por pontos. Foi então estudar canto acadêmico por seis anos com o maestro Bellardi, que lhe explicou que não era gago, era taquilárico (do grego takimós: respiração curta, acelerada). E foi o maestro que lhe aconselhou a ser cantor popular.

Como Antonio não era um nome sonoro, os amigos do Brás lhe sugeriram Nelson, mais melodioso. Fez um teste e foi reprovado - na hora de cantar a voz não saia, e Nelson emudeceu. Na semana seguinte nova tentativa, dessa vez um sucesso, cantando a mesma música que tentara na semana anterior, Chora Cavaquinho, de Dunga. Contratado pela PRA-5 casa-se com Dona Elvira Molla, com quem tem dois filhos. Com a guerra, a rádio promove cortes em massa, e Nelson perde o emprego, indo trabalhar como garçom.

Decide tentar a sorte no Rio de Janeiro, onde é reprovado sucessivamente em diversos programas, inclusive por Ary Barroso, que o aconselha a voltar para São Paulo e para a vida de garçom. Arrasado, ele volta a São Paulo, onde consegue um convite para gravar uma valsa de Orlando Monella e Oswaldo França, Se Edu Pudesse um Dia. Com a prova da gravação volta até o Rio e mostra o trabalho na RCA Victor. Foi contratado.

Daí para o estouro foi um minuto - o que custou foi para ganhar dinheiro, mas finalmente ele consegue, em 43 um emprego como crooner do Cassino do Copacabana Palece Hotel, após o estrondoso sucesso de Renúncia, de Roberto Martins e Mário Rossi.

O sucesso só aumentou, separado, casou-se em 1952 com Lourdinha Bittencourt, a segunda substituta de Dalva de Oliveira no Trio de Ouro. E é nesse mesmo ano que conhece seu maior parceiro: Adelino Moreira. De 1958 a 1966 inicia-se seu declínio pelas drogas - cheirava cocaína todos os dias. Em 1959 Lourdinha o abandona - em seguida ele é preso por porte de drogas. Casa-se em 65 com Dona Maria Luiza da Silva Ramos, na época sua secretária, e com a ajuda dela decide abandonar as drogas e retornar a sua carreira. Sem gravar desde 1968, finalmente a RCA o chama para gravar um disco em 1971. Daí pra frente Nelson foi juntando seus pedaços, se reestruturando, retomando o respeito de seu público. Nos anos 80 gravou com a nova geração da MPB e nos anos 90 com diversos grandes nomes do rock nacional. Morreu em 18 de abril de 1998.
Fonte: Stella Miranda, no encarte de Nelson Gonçalves, o Mito [3 Cds] - BMG-Ariola

Pedro Camargo Mariano




Pedro Costa Camargo Mariano (São Paulo, 18 de abril de 1975) é um cantor brasileiro, filho da cantora Elis Regina e do pianista César Camargo Mariano e irmão da cantora Maria Rita e do produtor João Marcello Bôscoli.

Segundo filho de Elis Regina e o primeiro dela com César Camargo Mariano, Pedro Mariano tentou seguir a carreira de arquiteto, mas acabou optando pela carreira que sua mãe havia previsto desde cedo para ele: a de cantor. Começou cantando em shows de escola e gravando jingles. Chegou a ganhar um prêmio de revelação em um FestValda.

Em 2008 gravou participação no DVD do projeto "Um Barzinho,um Violão- Novela 70" com a música "Beijo Partido" de Toninho Horta.

Em 2009 começa a excursionar com a turnê de seu disco "Incondicional" e lança seu próprio selo: "Nau". Esse disco é uma retomada de seu projeto de 2004 e inclui a faixa "A Medida da Paixão".


wikipédia

Por Norma Hauer

DE LANTERNA NA MÃO
Foi no dia 15 de abril de 1915 que ele nasceu aqui no Rio de Janeiro, recebendo o nome de Gilberto Alves Martins, mas ficou conhecido apenas como GILBERTO ALVES.
Foi cantor e radialista, sendo seu último trabalho realizado na Rádio Globo onde, primeiro com programa de reminiscências, depois com carnaval “enfeitava” as noites cariocas.
Cedo saiu de casa à procura de emprego, tendo exercido algumas profissões modestas, até que o destino o colocou frente a Jacó do Bandolim.

Depois se relacionou com Silvio Caldas, sendo que Almirante foi quem o incentivou a cantar, a gravar e a atuar no rádio.
Começou na Rádio Clube do Brasil, cantando ainda em outras emissoras cariocas, ficando por mais tempo na Tupi.

Nunca foi contratado pela Rádio Nacional.

Sua primeira gravação foi de um samba de Ataúlfo Alves ,de nome "Mulher,Toma Juízo", que não fez muito sucesso, mas abriu-lhe as portas para a vida artística.

Somente quando gravou de Roberto Martins e Mário Rossi a valsa “Trá-lá-lá...conheceu seu primeiro sucesso.

Depois gravou com vários outros compositores, tendo conhecido sucessos com"Natureza Bela"(de Felisberto Martins) que se transformou em enredo de uma Escola de Samba, na época em que as escolas desfilavam apenas na Praça 11.

Depois vieram, "Pombo Correio";"Adeus";"Duas Sombras";"Rosa Maria","De Lanterna na Mão"; "Um Sonho Para Dois"....

No carnaval obteve grande sucesso com “Cecíia.

Faleceu no interior de São Paulo em 4 de abril de 1992, sem completar 77 anos.
Mais um falecido em seu inferno zodiacal.

ELA TAMBÉM MERECE
Ela nasceu no dia 15 de abril de 1917, em Curitiba, Paraná. Estaria completando 93 anos, mas partiu há 8, com 85 .

Desde menina fazia seus poemas, mas nunca chegou a ser um nome conhecido, muito embora publicasse três livros de poesia e três romances. Teve alguma divulgação no rádio, nos anos 80-90 e nada mais.

Neste dia em que, sob o primeiro signo do zodíaco , completaria 93 anos, quero deixar registrado um belo poema dos muitos que ela nos deixou, publicados ou inéditos.

Eis:
SILÊNCIO

Silêncio, terrível, das matas queimadas !...
Silêncio das aves
chorando caladas.
silêncio-triteza,
chorando calado...
a morte das onças, araras roubadas
os micos ausentes, os bosques secando
Ausência de FIM,
Ausência do NADA
Ausência do NUNCA
Silêncio da ausência.

O homem que é fera,
A fera maior que as feras bravias!...
Bravias, mas puras
Bravias, mas castas
Coragem .bravia
A força bravia da mãe Natureza.

Os rios secando, o gado morrendo
E mangues findando, florestas tombando
Eo vão Pantanal!...Molhando, deserto,
sem mil jacarés.

Um dia terrível
Será o silêncio
Na vã Criação.

Este poema consta do livro "LUZ E SOMBRA" , da poetisa ISIS HAUER, minha irmã.

Norma

final de tarde

Cansado para me manter atento.
O crânio uma bola de ferro.
Os olhos dormentes.

Nestas horas o demônio
sorrateiro acende
a tocha

e sussurra aos ouvidos:
"siga-me, tenho doces e licores..."

Exausto por demais para dar atenção
aos meus ridículos transes.

Mente separada do corpo.
Mente na xícara suja.

O corpo apenas coça a micose.
Em paz com seu prazer humano.

Quem foi Maria Madalena?

Por Gonzalo Aranda Pérez - Professor de Antigo Testamento da Universidade de Navarra.
***************
Para ler melhor o texto
Gnosticismo designa o movimento histórico e religioso cristão que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose (palavra grega que significa conhecimento), com influências do neoplatonismo e dos pitagóricos. Este movimento revindicava a posse de conhecimentos secretos (a "gnose apócrifa", em grego) que, segundo eles, os tornava diferentes dos cristãos alheios a este conhecimento. Originou-se provavelmente na Ásia menor, e tem como base as filosofias pagãs, que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. O gnosticismo combinava alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas, como os mistérios de Elêusis, com as doutrinas do Cristianismo. Em seu sentido mais abrangente, o Gnosticismo significa "a crença na Salvação pelo Conhecimento".
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Das mulheres que aparecem nos Evangelhos, a que tem maior relevo, depois da Mãe de Jesus, é Maria madalena. Certamente porque ocupava um lugar de destaque nas memórias que se transmitiam sobre a vida de Jesus. Antes de mais nada, é apresentada como testemunha importante da morte e ressurreição do Senhor. Em Mateus, Marcos e Lucas, sempre é mencionada como a primeira de um grupo de mulheres que contemplaram de longe a crucifixão (Mc 15, 40-41), foram para onde Jesus estava sepultado (Mc 15, 47) e, segundo São Mateus, permaneceram sentadas em frente ao sepulcro (MT 27, 61). Conta-se também que no domingo de madrugada, Maria Madalena e outras mulheres voltaram novamente a ungir o corpo com aromas que haviam comprado (Mc 16, 1-7) e que lá receberam de um anjo a notícia da ressurreição e a tarefa de comunicá-la aos discípulos. São Lucas, e somente ele, dá, além disso, a informação de que muitas mulheres que haviam sido libertas de doenças e de espíritos imundos seguiam a Jesus na Galiléia e o serviam com os seus bens, entre elas Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios (Lc 8, 2-3; Mc 16,9).
São João narra as coisas de outra forma. A Madalena aparece ao pé da cruz e é mencionada em último lugar, após a Mãe de Jesus, sua irmã e Maria, mulher de Cleófas (Jo 19, 25). Em seguida conta que no domingo, quando ainda era noite, foi ao sepulcro e ao ver a pedra retirada, correu para contar a Pedro e ao discípulo amado, pensando que alguém levara o corpo (Jo 20, 1-2). Em seguida, lemos que estava chorando junto ao sepulcro e, na continuação, vem a cena na qual Jesus aparece ressuscitado, encarregando-a de levar aos discípulos a mensagem de que subia para o Pai (Jo 20, 11-18). Em São João, a figura de Maria Madalena está repleta de simbolismo e representa a Igreja que busca e encontra o seu Mestre ressuscitado, e pode proclamar “vi o Senhor”.

Três mulheresDos relatos evangélicos, não se deduz que Maria Madalena seja a pecadora que segundo Lucas 7, 36-39 ungiu Jesus e secou seus pés que molhara com suas lágrimas. Esta identificação se propagou na Igreja latina em fins do século IV com São Gregório Magno. Foi resultado de um processo de interpretação dos Evangelhos no qual não falta lógica, mas que, certamente, não se impõe. A partir do ano 200, alguns Santos Padres e escritores eclesiásticos, de Alexandria e do norte da África (por exemplo, Clemente de Alexandria e, mais tarde, santo Ambrósio de Milão e Santo Agostinho) identificaram como uma só mulher as três que aparecem nos Evangelhos ungindo a Jesus: Maria Betânia, irmão de Lázaro (Jo 12, 1-8), outra cujo nome não é dito (MT 26, 6-13); Mc 14, 3-9) e a mulher pecadora de quem fala Lucas 7, 36-50. O passo seguinte foi a identificação com Maria Madalena.
Desta maneira, colocava-se em harmonia os diferentes relatos evangélicos e as coisas eram simplificadas. Com tal identificação, não se manchava sua imagem, mas inclusive a deixava exaltada: também São Pedro negara o Mestre e São Paulo fora perseguidor dos cristãos, e muitos grandes santos foram grandes pecadores antes de sua conversão.Outros escritores, sobretudo no Oriente, mantiveram a diferenciação entre as três (por exemplo, Santo Éfren e São João Crisóstomo).

Receptora de revelações secretas Da figura de Maria Madalena que aparece nos Evangelhos canônicos deriva a utilização que se faz dela em outros escritos mais ou menos posteriores para apresentar revelações secretas sobre Jesus. Trata-se de obras cujos ensinamentos divergem da tradição apostólica recolhida no Novo Testamento e que pertencem a algumas correntes gnósticas que surgiram nos séculos II e III. Ainda que por vezes essas obras foram transmitidas com o título de “evangelho”, na verdade não pertencem a este gênero literário, já que nem contêm relatos sobre a vida de Jesus, nem seus autores estão interessados neles. Os discípulos aparecem apenas como os que perguntam e como os destinatários de revelações feitas após a ressurreição. Portanto, não surpreende que Maria Madalena fosse um dos personagens preferidos por tais escritos enquanto receptora da revelação secreta, já que o Senhor apareceu a ela após a Ressurreição. Normalmente, não é chamada de Maria Madalena, como acontece nos evangelhos, mas é nomeada apenas como Mariam, Mariamne ou Mariham. Isto é um indicativo de que sua identidade pessoal não tem, de certo forma, muito relevo: o que importa é o que ela representa como gnóstica.
Mariam é praticamente a única mulher que, ao lado dos apóstolos, ouve as revelações secretas de Jesus. Desta forma a vemos no “Evangelho de Tomás”, no “Diálogo do Salvador”, no “Pistis Sofia” e em outras obras fazendo perguntas ao Salvador, por vezes mais do que qualquer um dos apóstolos.
No “Evangelho de Maria”, no qual somente ela é a destinatária da revelação feita por Jesus ao ascender ao céu, diz-se que até mesmo Simão Pedro reconhece em dado momento que o Senhor lhe falou e dá razão a ela: porque a amou mais do que a outras mulheres.
Este recurso a Mariam era uma forma de justificar as doutrinas apelando para essas revelações.

Escritos gnósticos x Ensinamento apostólico Outra característica que aparece em destaque nos escritos gnósticos é a oposição que os apóstolos demonstram em relação a Mariam, especialmente Simão Pedro. Isso reflete a consideração negativa que alguns gnósticos tinham do feminino, ao mesmo tempo que admitem a condição de discípula de Mariam. No final do “Evangelho de Maria, é narrado que Pedro e André recriminam Maria dizendo que ela inventou a revelação que acaba de contar a eles; mas Levi acusa Pedro de agir assim por ciúmes. Estes dados podem ser interpretados como reflexo de uma polêmica da Igreja contra a liderança espiritual da mulher que defendiam alguns grupos que produziram estas obras. Mas também podem ser entendidas como uma forma de ressaltar, dentro destes grupos, que a doutrina apostólica transmitida em nome de Pedro ou de outros apóstolos, estava em contradição com a que eles expunham em nome de Mariam.Mariam também aparece como modelo de gnóstico, especialmente no “Evangelho de Felipe”. Este escrito contém uma série bastante desordenada de ensinamentos do Senhor em forma de reflexões espirituais de certa extensão. Apesar da dificuldade de ver neste escrito um sistema coerente, o seu ponto de partida parece ser a doutrina de que o gnóstico alcança sua perfeição pela união de sua parte feminina, ou seja, sua alma, e a parte masculina, ou seja, seu anjo, proveniente do Pleroma ou mundo celeste.
Lendas que exaltam sua figura
Nestas representações, Mariam é o modelo do gnóstico precisamente por ser figura feminina. Em uma ocasião em que Madalena é mencionada com este nome, é para fzer notar que é “Mariam”, assim como a mãe de Jesus e sua irmã. Dá a impressão que o nome Mariam se transforma em símbolo de seguimento de Cristo e união com ele. Nesse sentido se fala de Mariam como a que alcançou a perfeição gnóstica.
Para expressá-la, é dito em outro lugar que o Senhor a beijou (se esta é a tradução correta de um verbo “aspazein”, que por si significa “saudar”) muitas vezes. Antes se falou do “beijo” como “meio pelo qual o perfeito concebe e dá à luz”, quer dizer, engendra a si mesmo como gnóstico dentro do grupo; por isso, é dito, “beijamo-nos uns aos outros”. Parece que este “beijo”- transposição, sem dúvida, do “beijo santo” de que fala São Paulo (ROM 16, 16; 1Cor 16, 20;etc.) – poderia formar parte de um sacramento mais elevado do que o batismo e até mesmo da Eucaristia, chamado nesse evangelho, por analogia à união matrimonial, “a câmara nupcial”.
Por tudo isso, entender essa passagem como um testemunho histórico de uma relação sexual entre Jesus e Maria Madalena, como foi feito, seria uma leitura simplista deste evangelho, ao que parece, do início do século III e cujo tom geral é precisamente o distanciamento da relação sexual. De fato, nenhum estudioso sério entende os fatos desta forma.
Bem distante das correntes gnósticas, desaparecidas no século IV, entre os fiéis católicos foram criadas lendas dirigidas a exaltar a figura de Madalena. Na Igreja grega, contava-se que, após a ressurreição, foi para Éfeso com a Santíssima Virgem e São João e que morreu ali, sendo depois levadas suas relíquias para Constantinopla. Na França, em meados do século XI surgiu a lenda, enriquecida com muitos detalhes, de que Madalena, Lázaro e alguns outros foram à Marseille e evangelizaram a Provença, e que ela teria morrido em Aix e que suas relíquias foram finalmente levadas a Vézelay.
Imagem: Georges de La Tour
Fonte: http://www.arvo.net/documento.asp?doc=01030481d
Tradução: Eduardo Gama

Luzes da mesma luz - Eduardo Gudin

Nós
Almas tão irmãs
Gêmeas na paixão
Corpos que se dão
Em busca de prazer
Deve ser
O destino que cruzou
Os nossos instintos pra fazer
De tantos carinhos o porquê
Da vida em comum

Nós
Pétalas sem flor
Pérolas de um mar
Que ninguém nadou
Nos cabe navegar
Mergulhar
Descobrir o que é que há

No fundo mais fundo em nosso ser
Se quem naufragou no bem querer
Pode se salvar
Pra onde irá?
Que barcos virão pra resgatar
Os sobreviventes da ilusão
No meio do mar da solidão?
Melhor nem pensar

Cá estamos nós
Amor faça jus
A quem ama em paz
Luzes da mesma luz

Amor e perseguição

Martha Medeiros
"As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas”. Norman Mailer. Copiem. Decorem. Aprendam.

Temos a mania de achar que amor é algo que se busca. Buscamos o amor em bares, buscamos o amor na interner, buscamos o amor na parada de ônibus. Como num jogo de esconde-esconde, procuramos pelo amor que está oculto dentro das boates, nas salas de aula, nas platéias dos teatros. Ele certamente está por ali, você quase pode sentir o seu cheiro, precisa apenas descobri-lo e agarrá-lo o mais rápido possível, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade.

Amor não é medicamento. Se você está deprimido, histérico ou ansioso demais, o amor não se aproximará, e, caso o faça vai frustrar suas expectativas, porque o amor quer ser recebido com saúde e leveza,ele não suporta a idéia de ser ingerido de quatro em quatro horas, como antibiótico para combater as bactérias da solidão e da falta de auto-estima. Você já ouviu muitas vezes alguém dizer: “Quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o amor apareceu”. Claro, o amor não é bobo, quer ser bem tratado, por isso escolhe as pessoas que, antes de tudo, tratam bem de si mesmas.

“As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas”. Norman Mailer. Divulguem. Repitam. Convençam-se.

O amor, ao contrário do que se pensa, não tem que vir antes de tudo: antes de estabilizar a carreira profissional, antes de viajar pelo mundo, de curtir a vida. Ele não é uma garantia de que, a partir do seu surgimento, tudo o mais dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para o sucesso nos outros setores quando, na verdade, o amor espera primeiro você ser feliz para só então surgir diante de você sem máscaras e sem fantasia. É esta a condição. É pegar ou largar.

Para quem acha que isso é chantagem, arrisco sair em defesa do amor: ser feliz é uma exigência razoável e não é tarefa tão complicada. Felizes aqueles que aprendem a administrar seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros e muito menos com príncipes encantados. O amor é o prêmio para quem relaxa.

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"Amor, faça jus: a quem ama em paz, luzes da mesma luz." (Eduardo Gudin)

Pensamento para o Dia 17 de Abril/10.Liduina Vilar.

René Char disse: "Se você pode vivenciar em profundidade um momento, é capaz de descobrir a eternidade". Cada momento é uma oportunidade de fazermos as pazes com o mundo, de tornarmos a paz e a felicidade possíveis. O mundo necessita da nossa felicidade. A prática de vivermos com atenção plena pode ser descrita como a prática da felicidade, do amor. A capacidade de sermos felizes, de estarmos amando, é o que temos que cultivar. A compreensão é o próprio fundamento do amor.

Estado financia “marketing cultural” das grandes empresas


Em nome dos incentivos fiscais, a direita brasileira ganha muito dinheiro e ainda "seleciona" as atividades culturais do seu interesse; o Estado paga a conta. (Revista Caros Amigos, por Julio Delmanto, Abril 2010)

Brasil adere à economia da cultura

A administração da Cultura no país ainda segue os modelos erguidos por Gustavo Capanema e Mário de Andrade. Ao contrário de França, EUA e Inglaterra, país não definiu prioridades para a Cultura e tenta estabelecer limites entre Estado e mercado. (Folha de S. Paulo)

O boletim eletrônico semanal do Blog da Reforma da Lei Rouanet é editado pela Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura.

Não Diga Não - Tito Madi

Pensamensagem.


O que o homem uniu, Deus não separe!

Seu Tito e Amanda - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Todos os porteiros, faxineiros e vigias noturnos - as pessoas mais permanentes do trecho da Constante Ramos, perto do Morro dos Cabritos, em Copacabana, - os conhecia. Ele e sua cadela Amanda. Seu Tito e Amanda.

Nós, os transeuntes costumeiros, também conheciam os dois. Amanda era Dálmata, elegante, tinha um porte destacado entre todos, mas um olhar com que os sofredores tomam conhecimento do mundo imediatamente à sua volta. Ela era epiléptica e por isso mesmo os cuidados especiais de Seu Tito.

Ele descia para passear com ela, com frequência se deixava ficar no trecho do final da rua, sem saída, apenas com carros estacionados. Entre uma e outra brecha, passava com Amanda pela coleira, com toda a paciência do universo. Tão atento a ela quanto a nós que, todos os dias, os via a seu passeio.

A conjunção mais feliz que existia em Copacabana, o riso doce de seu Tito e a alegria ponderada de Amanda. Um riso feito, especialmente, para o rosto com que grandes sambas canções foram encantados em sua voz. Amanda puxando-o para o traçado da vida, com seus imponderáveis e os chistes da rotina diária.

Seu Tito se aproximava tão logo chegávamos à rua. Vinha com seu riso quase pedindo desculpa por puxar um assunto. Via meus filhos cresceram naquele pedaço. Passava com Amanda para outra conversa e seguia. Seu Tito poderia falar horas de Amanda. Seu fluir na vida como se fosse uma aventura intensa e plena de acontecimentos.

Ali seu Tito, diferentemente do palco, era um astro no fulgor de todos os matizes da orquestra. Ora no fosso em que a orquestra fica e noutra em um assento qualquer da platéia. Seu Tito, como nós, tanto faz que chova lá fora, que a noite esteja tão fria e a saudade enjoada que não vai embora, não nos esqueça dele e Amanda.

Hoje seu Tito mudou para a Rua 5 de Julho, um quarteirão apenas, mas nunca mais o vimos. Nós, os restantes, aqueles permanentes na rua, têm notícias dele. Amanda morreu. Mas seu Tito Madi, ainda vive no seu novo endereço, e legou alguns versos ecoando em nossas lembranças: Rio Grande do Sul. Vou me embora sem amor. Vou me embora do Rio Grande. Vou tão só com minha dor.

DIVULGAÇÃO DE EVENTO.




Programação

Painel 1 - MERCADO

Exportação de Música Brasileira

David McLoughlin (SP) – Gerente do Programa de Exportação de Música Brasileira executado pela BM&A (Brasil Música e Artes)


Mesa 1 – ASSOCIATIVISMO

Como pensar um novo mercado a partir do associativismo

Pablo Capilé (MT) – Membro do Espaço CUBO (MT), fundador do Circuito Fora do Eixo, Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) e Casas Associadas.
Rafael Bandeira (CE) – Empresário do setor da música é proprietário do Hey Ho Rock Bar casa de show de Fortaleza, produtor de eventos, diretor da Associação Brasileira das Casas de Show e Casas Associadas de Fortaleza, membro da Rede Ceará de Música.


Painel 2 – CASES SEBRAE

Apresentação dos cases Brazil Central Music e Música do Espírito Santo

Décio Coutinho (GO) – Gestor de Projetos de Cultura e Artesanato do Sebrae Goiás
Roberto Maciel (ES) – Gestor do Projeto de Cultura do Sebrae Espírito Santo


Mesa 2 – PRODUÇÃO CULTURAL

Evolução e Profissionalização da Produção na Música Independente

Talles Lopes (MG) – Membro do Coletivo Goma de Uberlândia (MG), do Circuito Fora do Eixo Minas, Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) e Casas Associadas, produtor de eventos culturais como o Festival de Música Independente Jambolada
Ivan Ferraro (CE) – Vice-Presidente da Associação dos Produtores de Disco do Ceará e diretor da Feira da Música de Fortaleza



Édio Callou (ADM 4899)

SEBRAE/CE

Escritório Regional do Cariri

Tel: (88) 3523.2025

Fax: (88) 3523.4455

Minha picoense querida : Dona Valda !

Ela me embalava cantando o Hino do Piauí,
e como se não bastasse chamava o boi do Piauí,
quando eu custava a dormir.
Essa mulher tão bela, que encantou meu pai,
falava-me das carnaúbas, das tempestades no céu,
dos conflitos na terra , dos galopes nas estradas,
dos caminhões rumo ao Crato...

Foi minha professora primária
Foi mestra por toda vida
Pregou-me a pacência
Esclareceu coisas em mim
Algumas mal resolvidas !

Ensinou-me a cozinhar
Ajudou-me com meus filhos
Cuidou das minhas tristezas
e vibrou com as alegrias
Foi cumplice dos meus amores
Foi sogra de muitos deles,
e sofreu nos desencontros...

Eu sai dela, e ela entrou em mim.
TER mãe é melhor do quer SER mãe. O TER ajuda na compreensão do SER.

Meu coração está em paz. Minha mãe dormiu e acordou bem. Estamos tranquilos.

Hai Kai - Por Rogério Silva


Quero teu
amor
urgente!
Me salivando
as curvas
me cravando
os dentes!

AS LAVADEIRAS - por José Newton Alves de Sousa


Eram três lavadeiras.
Pela estrada vinham vindo.
Serra longe, muralha cinza,
onde reside o silêncio,
primavera dos galhos submissos.

As lavadeiras, olhos pobrezinhos,
já retornam ao casal.
Nos seus passos, vela a angústia;
nos seus lábios, a tristeza.
A saudade as conduz por companheiras.

Um certo Padre Gomes - por Everardo Norões

Dez horas da manhã.
Na sala de aula, duas altas janelas cortam
o claro dos céus em pedaços.
O professor profere a chamada.
O verbo é ‘proferir’; ele nunca chama: ordena.
Ele é padre, mas nada tem a ver com seus pares.
Basta ver o corte da batina, a faixa à cintura
que mais parece um obi de samurai.
Postura de quem está sempre à espreita,
aguarda o ataque.
Pronuncia os nomes, não os repete; olha a cara de cada um,
baixa a vista para o livro de anotações, escreve.
O que contam esses registros?
Depois, se não aprova o nominado,
ele o dispensa antes do início da classe.


(Comenta-se que presa à faixa não há uma katana,
o sabre japonês, mas um Smith&Wesson .38 duplo.
Única concessão que faz ao império do Tio Sam.)



Assim fala a fotografia:
cinzento é o ginásio na sua arquitetura cansativamente simétrica,
corredores de piso de mosaico, campainha para retinir recreios,
sanitários malcheirosos a lançarem seus eflúvios
sobre o amplo pátio.
O pátio:
um quadrado de terra vermelha,
onde nenhuma grama cresce, como no chão de Átila.
Às 5h30 da manhã, e durante uma hora a fio,
os alunos, na aula de educação física, aqui são tratados
como cabos de guerra pelo sargento do Tiro.
A cor da argila designa o bairro do Barro Vermelho,
lugar onde foi fuzilado Pinto Madeira, pertinho daqui.
Ainda se busca a mancha de sangue, o buraco da bala,
o sopro da última palavra.
Inútil:
tudo aqui foi destruído:
a rua de azulejos portugueses,
a calçada dos morféticos,
o piano que ressoava na rua
as lembranças de Branca Bilhar.


(A cidade conspurca com crueldade seus espectros.)



Ao lado do retângulo vermelho, a dita sala, igual a vinte outras,
com seus trinta alunos sentados em carteiras de madeira de lei.
Numa delas, as duas iniciais de um nome;
em outra, um signo-salomão, uma meia-lua ou um ferro de gado.
Nada de sugestões pornográficas ou insinuações subversivas.
Ninguém se iluda:
neste reduto da diocese não apenas se aprendem
as matérias do currículo:
aqui também se é iniciado no exercício da delação.


A aula começa.
O professor comenta a diferença entre os homens do interior
e os que ficaram pelos litorais,
a arranharem a terra como caranguejos,
dixit Frei Vicente do Salvador, ou Vicente Rodrigues Palha,
nome laico do jesuíta baiano que descreveu a vida na Colônia.
A linha de pensamento do mestre se insinua
pelos meandros do rio São Francisco.
É regida pelas observações do mais brilhante historiador
de seu tempo, Capistrano de Abreu, ateu e, para seu desgosto,
pai de uma freira que se refugiou no claustro
e fez voto de silêncio.



O curso do pensamento do professor acompanha
o do Grande Rio, desemboca no Riacho da Brígida.
Busca um Ulisses,
entre preadores de índios da Missão do Miranda, ex-Itaytera.
Um Ulisses capaz de conservar engastado o rochedo
sob os pés da Virgem da Penha,
para impedir que a Serpente não o rompa
e sejamos arrastados pela Grande Água.
Na brecha dos mitos, ele, o padre, professor, pesquisador,
vasculha nomes carreados de Sergipe, Pernambuco, Bahia,
catapultados pela Casa da Torre,
perdidos nos brejos, ribanceiras, serranias.
Onde estará nossa Ítaca?



(Como discernir na partitura do tempo o que se tornou usura da história?
Todo texto é ficção, dizem.
Nenhuma sessão da memória se repete com a fidelidade do cinema.
Apenas o cenário pode permanecer imutável.
Remontagens arqueológicas sedimentam nossos delírios e
as ruínas refeitas guardam detritos que suscitam apontamentos bizarros,
registros em cadernos esquecidos.
Pois a história, escreve José Honório Rodrigues, “não é só fato:
é também emoção, o sentimento, o pensamento dos que viveram
– a parte mais difícil dos negócios humanos”.)



Voltemos ao Padre, seu outro lado,
seu silêncio martirizado no quarto de estudos,
onde dormir é privilégio.
Aí doma seus fantasmas, suas letras.
Não tem com quem conversar, aprofundar argumentos,
buscar o verme que contamina o miolo de seu fruto,
o fruto vermelho da História.
Busca nos alfarrábios, cruza garatujas de batistérios.
E sempre Nascimento e Morte de permeio,
desmontados em árvores desenhadas em páginas coladas,
para chegar ao mais idiota descendente
de um coronel qualquer da Guarda Nacional.



O Álbvm do Seminário do Crato, de 1925
– álbvm com ‘v’, para imitar o latim da Santa Igreja –,
registra o aluno na página 202; o clérigo, na 207.
A fotografia da página 189, carcomida pela traça, revela:
batina, barrete, mas sem a capa romana
que o acompanharia durante tantos anos,
tremulante e negra sob o sol dos Cariris.
Pois assim reza o artigo 12
do capítulo III do Regulamento do Seminário Maior:
“Uma modéstia sem afetação e um porte digno
resaltem do seu todo, mormente nos actos religiosos
e quando estiverem recebendo instrucção” (sic).



É necessário lupa para recompor feições e formas.
Segundo da segunda fila, da direita para a esquerda.
A cabeça encoberta inclinada à direita;
deixa-se ver o relógio de algibeira,
quem sabe um Patek Philippe.
O rosto é magro; o nariz, aquilino, mouro;
as orelhas não se deixam passar despercebidas.
Não mira a objetiva do fotógrafo.
É uma visão para o largo,
um ar que o distingue da bonomia do grupo.
Tem um ar triste, inquieto.
Escreverá mais tarde:



“A zona é percorrida por rios secos e serranias de altura medíocre,
de platôs e faldas férteis, abrindo-se em depressões
vulgarmente conhecidas por boqueirões.
Florestas e serras de altura de mil metros, mais ou menos,
e as margens de rios, águas em lagoas, olhos d’água e cacimbas,
barreiros salgados, forragens substanciosas,
campos mimosos e agrestes ao lado de catingas,
carrascais e ilhas de cacto,
eis outra face da fisionomia natural da terra,
tudo conforme acentuou Capistrano de Abreu”.



Sempre Capistrano, o grande Mestre.
E, já assimilada, a leitura de Euclides.


Um homem sozinho atravessa a cidade:
batina negra, capa romana, faixa à cintura.
Segue o trajeto que vai da igreja da Sé ao Ginásio.
Quantas vezes terá feito esse percurso?
Saúda Tandô, sentado no meio-fio da praça.
“Em que pensa esse padre, com jeito de homem”,
se pergunta o anão?
Aqui tudo é vigiado.
A cada janela há um olho à espreita.
O padre caminha sem prestar atenção a quem passa,
nem atentar para quem se furta por detrás das gelosias.
Anda rápido para dar tempo à chamada do refeitório e,
logo depois, recomeçar reflexões e leituras.
Abrirá a porta de vidro da estante de cedro
com a chave escondida dentro do sapato, enrolada na meia.
Lembrança do regulamento, de quando era regente:
“Só poderão fazer leituras extra-programma mediante prévia
autorização do Padre Prefeito” (sic).
(As duas maiúsculas encerram o assunto.)


Equivoca-se quem pensa que sua busca tem como finalidade
cruzar ramos de famílias, desvendar mancebias,
revestir de letras de nobreza alguns filhos da terra.
Sua história tem dupla leitura:
de um lado, parece agradar a quem procura na veia
mínima gota de sangue caramuru.
Mas a outra vertente é a que mais lhe importa:
seguir os rastros do autor
de Caminhos do povoamento,
contrapor aos heróis oficiais de guerras subalternas
a saga dos anônimos.
Ou seja: catar os detritos da história,
cônscio de que o passado nunca fica para trás:
continua a vicejar entre os vivos,
como as bactérias nos corpos em putrefação.



Em 9 de janeiro de 1941, Padre Gomes,
nos Cariris, longe de tudo, ensina, pesquisa, escreve,
elabora e medita, sozinho.
Nesse mesmo dia,
sob a França ocupada e 5 dias
após a morte de Henri Bergson,
Paul Valéry pronuncia na Academia Francesa
o belíssimo elogio fúnebre ao filósofo,
de uma simplicidade que surpreende quem está familiarizado
com a escrita carregada de erudição e de refinamento do poeta.
Diz da alta figura de homem pensante que foi Bergson,
talvez um dos últimos, segundo Valéry, que teriam exclusivamente
e profundamente pensado, num mundo
em que se pensa cada vez menos:
“enquanto a miséria, as angústias, as limitações de toda espécie
deprimem ou desencorajam os empreendimentos do espírito”.
Observações sobre um homem pensante:
aplicam-se perfeitamente ao padre de Brejo Santo.


Passa o Padre Gomes e Tandô, o anão, se pergunta:
“Em que diabo está pensando esse homem?”
Somente hoje é possível compreender
o porquê daqueles passos apressados,
daquela inquietação permanente,
de sua genialidade e equívocos.



A fotografia:
não é mais necessário lupa para recompor as feições.
Não mira a objetiva do fotógrafo.
É uma visão para o largo,
um ar que o distingue do resto.
Tem um ar triste, inquieto.
Pensa num mundo mais largo, sem cadeias,
distante do jugo das genealogias,
longe de um sol que é o mesmo sol de todos os dias,
segundo Machado de Assis,
onde nada existe que seja novo,
onde tudo cansa, tudo exaure...


por Everardo Norões

Michael Buble - Everything HQ

VI, OUVI E GOSTEI...
(Palavras boas de ouvir)



Everything
Michael Bublé

You're a falling star, you're the get away car
You're the line in the sand when I go too far
You're the swimming pool on an August day
And you're the perfect thing to say

And you play it coy, but it's kind cute
Ah, when you smile at me you know exactly what you do
Baby, don't pretend that you don't know it's true
Cause you can see it when I look at you

And in this crazy life, and through these crazy times
It's you, it's you, you make me sing
You're every line, you're every word, you're everything

You're a carousel, you're a wishing well
And you light me up, when you ring my bell
You're a mystery, you're from outerspace
You're every minute of my everyday

And I can't believe, uh that I'm your man
And I get to kiss you baby just because I can
Whatever comes our way, ah we'll see it through
And you know that's what our love can do

And in this crazy life, and through these crazy times
It's you, it's you, you make me sing
You're every line, you're every word, you're everything

So la la la la la la la
So la la la la la la la

And in this crazy life and through these crazy times
It's you, it's you, you make me sing
You're every line, you're every word, you're everything
You're every song, and I sing along
Cause you're my everything


Tradução:

TUDO (Everything)

Você é uma estrela cadente
Você é o carro em fuga
Você é a linha na areia
Quando eu vou longe demais
Você é a piscina
Num dia de agosto
E você é a coisa perfeita para se dizer
E você banca a desinteressada, mas isso é uma graça
Oh, quando você sorri para mim, você sabe exatamente o que faz
Querida, não finja que você não sabe que é verdade
Porque você pode ver quando eu olho para você

E nessa vida louca
E por esses tempos malucos
É você
É você
Você me faz cantar
Você é cada frase
Você é cada palavra
Você é tudo

Você é um carrossel
Você é um poço dos desejos
E você me ilumina
Quando lembro de você
Você é um mistério
Você é do espaço sideral
Você é cada minuto de cada dia meu

E eu não posso acreditar que sou seu homem
E eu te beijo porque eu posso
O que quer que fique no nosso caminho
Nós enfrentaremos
E você sabe que é isso que nosso amor pode fazer

E nessa vida louca
E por esses tempos malucos
É você
É você
Você me faz cantar
Você é cada frase
Você é cada palavra
Você é tudo

e então...lalala...lalala
tão lalala...lalala

E nessa vida louca
E por esses tempos malucos
É você
É você
Você me faz cantar
Você é cada frase
Você é cada palavra
Você é tudo

Você é toda canção
E eu canto junto
Porque você é meu tudo

Nair Bello Sousa Francisco (São Paulo, 28 de abril de 1931 — São Paulo, 17 de abril de 2007) foi uma atriz e humorista brasileira. Sua carreira, que foi marcada pelo humor ao interpretar seus personagens, não se limitou ao trabalho de locutora e atriz no rádio e televisão.

How Can You Mend a Broken Heart (1971) - Bee Gees

Ouça e dance...

(Socorro, escute esta)



How Can You Mend a Broken Heart

I can think of younger days when living for my life
Was everything a man could want to do
I could never see tomorrow, but I was never told about the sorrow

And how can you mend a broken heart?
How can you stop the rain from falling down?
How can you stop the sun from shining?
What makes the world go round?
How can you mend a this broken man?
How can a loser ever win?
Please help me mend my broken heart and let me live again

I can still feel the breeze that rustles through the trees
And misty memories of days gone by
We could never see tomorrow, no one said a word about the sorrow

And how can you mend a broken heart?
How can you stop the rain from falling down?
How can you stop the sun from shining?
What makes the world go round?
How can you mend this broken man?
How can a loser ever win?
Please help me mend my broken heart and let me live again


Letra com tradução

HOW CAN YOU MEND A BROKEN HEART

( Como você pode refazer um coração partido )

BEE GEES - 1975

(+ Andy Gibb + , Barry Gibb & Maurice Gibb)

I CAN THINK OF YOUNGER DAYS

Eu relembro os dias de jovem

WHEN LIVING FOR MY LIFE

Quando viver a minha vida

WAS EVERYTHING A MAN COULD WANT TO DO

Era tudo o que um homem podia querer fazer

I COULD NEVER SEE TOMORROW

Eu nunca pude ver o amanhã

FOR I WAS NEVER TOLD ABOUT THE SORROW

Pois eu nunca fui avisado sobre o sofrimento

HOW CAN YOU MEND A BROKEN HEART ?

Como você pode refazer um coração partido ?

HOW CAN YOU STOP THE RAIN FROM FALLING DOWN ?

Como você pode fazer a chuva parar de cair ?

HOW CAN YOU STOP THE SUN FROM SHINING ?

Como você pode fazer o sol parar de brilhar ?

WHAT MAKE THE WORLD GO ROUND

Ou, o que faz o mundo girar

HOW CAN YOU MEND THIS BROKEN MAN ?

Como você pode refazer esse homem ferido ?

HOW CAN A LOSER EVER WIN ?

Como pode um derrotado um dia vencer ?

PLEASE HELP MEND, MY BROKEN HEART

Por favor, ajude-me a refazer meu coração partido

AND LET ME LIVE AGAIN

E deixe-me viver novamente

I CAN STILL FEEL THE BREASE

Eu ainda posso sentir a brisa

THAT BRUSHES THROUGH THE TREES

Que sopra entre as árvores

AND MISS THE MEMORIES OF THE DAYS GONE BY

E sentir falta das lembranças de dias passados

WE COULD NEVER SEE TOMORROW

Nós nunca pudemos ver o amanhã

NO ONE SAID A WORD ABOUT THE SORROW

Ninguém disse uma palavra, sobre o sofrimento