Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os "educados"! A caminhada em direção ao abismo.

Ultimamente deram para perguntar-me algumas coisas. Acho graça. Depois que comprei duas camisas novas passaram a dar-me mais atenção. Chego em alguns lugares que até notam minha existência. Também há o fato de engordar seis quilos. Isso muda muito a percepção das pessoas a respeito de você. É como seu eu emergisse da minha magreza sepulcral e acendesse a sua estética de homens romanos. Eu acho graça dessas coisas. Você passa e recebe de súbito o elogio tolo:
- Nossa. Como você está bem. Está mais forte.
A vontade controlada – controlada, por isso que sou um canalha, pois não era para por freios em certas vontades – e imperceptível de dizer-lhes:
- Estou me tornando o mesmo porco que vocês! Vê como me esforço?
Mas não, o canalha aqui ainda tem lá sua educação contaminada pela agradabilidade. É nisso que se resume a nossa educação. A agradabilidade. Você tem que ser sobretudo agradável, não dar vexames, não falar alto, beber moderadamente. Moderadamente uma merda! Que se dane essa educação caduca. Aqui, nesta cidade de pessoas “agradáveis” tudo é feito com esse ar de porcelana chinesa. As meninas são assim, de porcelana com seu ar de complacência com aquela beleza mortal. Haaa como aquela beleza tola judia comigo. Judia porque eu não posso tê-las sem me submeter aqueles trejeitos horríveis. Judia porque ela não vai sair daquele fosso de lama regado a whisky. Onde quer que você vá não tem como não de deparar com essa beleza de porcelana. Mas o mal está aí. Você já viu uma parede branca com manchas de merda? Não lembro que documentário que eu vi em que alguns presos políticos faziam isso. Manchavam as paredes de merda. É assim que vejo as porcelanas. Aquela coisa linda manchada de merda. É a merda da futilidade, da tolice, da ignorância. Ainda tem essa. Você tem que ser um educado calado. É assim que eles me querem, calado, mudo, com aquele ar de lord inglês, a mesma valsa maldita de trejeitos. A educação não está para o encontro do homem, muito menos para a busca da verdade. Está para o ensaio do trejeito hipócrita-social. Haa mas isso é que é ascensão. O budismo é uma tolice, a filosofia é um peido para essa gente! Um peido fedidíssimo! Você tem que ascender, sair do vestíbulo do mal vestido para a glória suprema do bem vestido. Sair da ante-sala do rum para a glória do whisky. Aí sua mãe lhe diz:
- Meu filho, fale baixo. Você me mata de vergonha.
Aí sua professora lhe diz:
- Não fale assim de modo grosseiro. Isso é feio.
A grosseria sua tola! É muitas vezes a única saída para idiotas como vocês serem tocadas! A grosseria é um berrante em sua direção cuspindo estas palavras:- Eu sou o caminho a verdade e vida!
Tolice é achar que essa gente vai entender alguma coisa como essa. Não há a mais remota possibilidade. Mais eu ainda tenho a esperança que a palavra forte como um tapa fará acordar essa gente. Essa gente é que faz esse país, é quem ocupa as colunas sociais, é quem escreve as colunas sociais, é quem tem a obrigação de elogiar um ao outro. Há isso entre eles. A necessidade do elogio mútuo, do tapinha no ombro, do riso falso. Por mim, eu faria uma auditoria do sorriso:
- Explica de onde saiu esse sorriso. O que te toca para você ser agradável assim, risonho assim, gentil assim?
É disso que falo. Meu melhor amigo, quando por vezes falo uma besteira ele me cospe na cara sem rodeios:
- Não é assim seu idiota!
E disso não passa. Não há aí a ofensa, o choro como facilmente você observaria em outros locais. Há a simples necessidade de se fazer entender sem tolher seus sentimentos. Há uma constante nessa gente que é tratar seus sentimentos que muitas vezes são ferozes – lembra do Chico Buarque, muito feliz quando disse: - Que bichos ferozes são seus cabelos que a noite você solta? – regado a essa educação chula! Eis a palavra magna! Chula! Quando vejo essas menininhas saindo de suas escolas, esses rapazes com seus vade mecum debaixo do braço tenho ímpetos de louco. Tem feras dentro de mim que muitas vezes me assuntam. Me vejo colocando-as dentro de um avião e mandando-as para o Zaire, a Zâmbia, Butão, Angola ou seja lá onde for, com passagem só de ida, sem um tostão no bolso. Haa como seria magnífico isso, confessem. Não venham me chamar de recalcado ou psicopata. Me chamem de algo mais nobre, de canalha, de patife por exemplo, mas mesmo assim não abriria mão dessa cena maravilhosa. Os vade mecuns jogados ao chão e o sujeito na situação forçada a extrair de seu cerne um resto de humildade que Deus deu-lhe. Seria sua salvação. Mas não posso fazer isso, nem falar isso eu posso. Eu, acreditem, fui professor de história da arte por três anos. Mas não poderia dizer isso porque isso era uma grosseria. Infelizmente minha educação foi e é feita as avessas. Minha educação é a busca exatamente do contrário, do foco do conflito. Só se acha a solução de certas coisas indo ao cerne do conflito, muitas vezes provocando-o. Eu não gosto dessa arte de: - Vamos evitar... Vamos nada! Não vamos evitar coisa alguma! Ou melhor, vamos evitar essa mania dessa educação comportadinha. Vamos evitar esse ar de complacência de quem entende das coisas.
Aí você observa os pais desse povo. Por incrível que pareça eu só consigo ver um boiadeiro. A nossa elite foi educada por vaqueiros. Não estou aqui depreciando o nobre ofício desse povo sofrido e batalhador, mas é assim que foram, ou fomos educados. Como gado! Os pais pagam caro para seus filhos serem essa lata de merda que são hoje. Eu tenho vergonha, profunda vergonha de ser jovem nos dias de hoje. Que Deus gentilmente apresse meu tempo e me deixe envelhecer logo. Você paga por uma educação que faz sua filha uma tola que passa horas batendo foto para colocar na merda do Orkut. Acho que se tivesse Orkut quando eu tinha doze anos e eu fizesse isso meu avô me surrava. A educação verdadeira não anda de mãos dadas com a futilidade, mas a nossa educação não só anda de mãos dadas com a futilidade como já fez mais coisas. A futilidade é uma regra para você entrar na escola. Ou você é fútil ou não entra. Há – eu juro que vejo isso – na porta de cada escola um sujeito perguntando:
- Você está com ar muito reflexivo. Que seriedade é essa? Sorria.Aí o infeliz que se por acaso estivesse pensando alguma coisa séria é convidado a ficar de quatro e caminhar como as outras cabeças de gado que já estão lá dentro. Você não pode ser assim sério, ou reflexivo. Você tem que ser aquele tolo batendo foto em frente ao espelho. Aí você que é pai ou mãe de um sujeito desses acham que é...: - Normal. É coisa da idade! É, normal mesmo. Anormal seria flagrá-lo refletindo poemas de Augusto dos Anjos sendo educado desse modo. E com mais idade certamente ela vai conseguir vôos mais altos como uma play boy ou coisa do tipo. Veja que ascensão! Sair da escola direto para revistas. Ou passar em um concurso!
- Fulano está bem. É concursado.
Que pode significar também:
- Esse boi tem pasto garantido.
Com pasto garantido a coisa fica realmente mais fácil. Você é um tolo que pode falar também. Porque tolos todos somos. Não vamos discutir o óbvio. Mas nem todo tolo tem voz. Você tem que chegar ao nível dessa gente. Veja que ridículo. Você se esforçar para se submeter a isso. “Estudar” para chegar lá! Lá onde caralho? De que merda é essa que vocês estão falando? No dia que você realmente estudar essas vitórias de selvagens será a última coisa que você vai querer fazer em vida. Mas não!
- Não diga isso. Isso é uma blasfêmia contra nossa sociedade culta que tanto preza para o desenvolvimento da nossa cidade.
Eu não tenho cidade meu caro. Eu tenho o mundo e duas penas magras o bastante para levitar sobre ele, ferindo a terra com meus passos sem temer os calos que certamente virão. Haa, mas essa gente canalha não vão roubar os sóis que me esperam ao longo da estrada. Não mesmo! Vou voltar a usar as velhas camisas antes que me corrompam.

O Perdão – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo.

Quem pratica o perdão tem mais condições de alcançar a paz e a felicidade. As pessoas não são perfeitas e se não soubermos aceitá-las com seus defeitos, não praticaremos o perdão e não aliviaremos o nosso coração do peso da mágoa. O coração de quem perdoa se torna mais leve. No Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, 18, 21-35, quando Pedro pergunta a Jesus se devemos perdoar nosso irmão, até sete vezes, Jesus responde: “não lhe digo até sete vezes, mas até setenta e sete vezes sete.” O número sete na Bíblia significa a plenitude. Portanto, devemos perdoar infinitas vezes.

Depois que respondeu a Pedro, Jesus narrou uma parábola comparando o Reino do Céu com um rei que resolveu acertar a conta com seus empregados. Jesus contou que um servo devia uma quantia de dez mil talentos ao seu rei e não tinha condição de pagar a dívida. Era uma quantia muito grande, pois cada talento equivalia a 34 kg de ouro. O empregado pediu um prazo e implorou compaixão. O rei perdoou sua enorme dívida. Mas esse servo saiu e encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma pequena quantia e exigiu o pagamento, agarrando-o pelo pescoço. Mesmo que o companheiro de servidão lhe implorasse por compaixão, ele o entregou à prisão. O rei sabendo dos atos desse servo zangou-se, pois ele não teve a mesma compaixão com o seu companheiro. Por isso mandou entregá-lo aos torturadores, até que ele pagasse a dívida.

Não podemos comparar as ofensas que cometemos contra Deus àquelas que os outros cometem contra nós. Jesus observou que como o servo que não tinha misericórdia, o Pai não perdoará nossas faltas se não perdoarmos nosso próximo.

Sabemos que o ódio somente prejudica a pessoa que não sabe perdoar. O perdão é também a outra face do amor e o mundo seria muito melhor se todos nós soubéssemos praticar o amor e perdoássemos nosso irmão infinitas vezes.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

"As Quatro Virtudes Cardeais" de Jean-Pierre Auger

Nascido em 1941 em Nice, França, Jean-Pierre Augier, trabalha em Saint-Antoine-de-Siga, berço de sua família (Alpes maritmos).


Quando criança, criava com materiais diversos, interessando-se depois às ferramentas abandonadas e velhas, aprendendo então a soldá-las.
Já expôs em lugares diversos, como Paris, Nova York, Bélgica, Alemanha e Suíça.

Seus trabalhos são sempre pessoas ou animais em movimentos, que ele esculpe no ferro.

Ela é feita de harmonia, equilíbrio, pureza linear e perfeição formal.

Durante o serviço militar na Argélia (1961-1963), esculpiu em madeira as figuras do deserto e criou peças de cerâmica inspiradas em gravuras rupestres.

Ao dar baixa do exército (1964) aprende a soldar e encontra o sucesso inspirando-se nas peças de ferro, às quais passa a dar formas, transformando-as em personagens articulados, aos quais imprime segundo ele mesmo diz, as quatro “virtudes cardeais”: graça, movimento, sensibilidade e humor.

A coleção pessoal de esculturas de Jean-Pierre, nomeado em 2003 Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, está em exposição permanente na Maison du Portal, em Nice no vilarejo de Saint-Antoine-de-Siga, onde o artista nasceu e vive atualmente.



http://pagesperso-orange.fr/jp.augier/Photos_Couleurs_2007/Images/_JPG5859.JPG

http://www.amazoninterart.com/?p=1062




EU E A POESIA

EU E A POESIA ( Rosa Guerrera)

Existiu um tempo em que eu fazia piadas e poesias dos revezes da vida.E sorria de tudo como se na misteriosa partida de xadrez do destino eu pudesse ser sempre a vencedora. E todo mundo sorria comigo! Aquele meu jeito despreocupado de ser, de freqüentar barzinhos, de sair para festinhas carregando um violão, de namoricar meia dúzia de garotos ao mesmo tempo, era um verdadeiro chamariz à alegria. E as músicas saiam soltas numa turminha irresponsável sempre liderada pelo meu sorriso.Lembro que aos sábados ,na varanda da minha casa as festinhas rolavam ao som do violão e dos velhos long plays , entre comes e bebes onde varríamos as madrugadas num patamar de gargalhadas e notas musicais. Outras vezes saiamos juntos e tínhamos como parada obrigatória qualquer local com música ao vivo , onde dançávamos e namorávamos , esquecendo propositadamente os ponteiros do relógio, que marcava rápido o nascer de um novo dia . Naquela época , eu pouco me lixava quando me chamavam de playgirl ou ainda no colégio ser considerada a aluna com piores notas no comportamento.Tudo era tão lindo , tão gostoso de ser vivido.Tudo enfim era poesia !Comprar um vestido novo em “Glorinha boutique”, ir tomar sorvete no “Gemba”, assistir as matinês do cinema São Luiz , namorar na Praça do Paissandu, ou até no escurinho da Rua das Ninfas ..era um mundo de novidades ., Cada coisinha minúscula era apetecida com aquele gostinho de “quero mais”.Naquela época eu jamais iria fazer idéia que o caminhar da vida nos apresenta também estradas tortuosas , desagradáveis e tristes, e a medida que os anos foram passando , o repentino chegou também para mim .( afinal todos nós temos reviravoltas na vida , e eu não fui exceção.).E foram muitas as árvores e as flores do meu jardim que tombaram murchas. Senti que até o meu sorriso insistia em não querer ficar mais no meu rosto.Procurei os velhos companheiros e poucos e raros encontrei. Aprendi a chorar ! E nem um lenço me foi oferecido para enxugar as lágrimas , Só a fiel companheira , a poesia permaneceu comigo.Entendí que precisava continuar o traçado do meu novo caminhar. E dessa vez sozinha , sem barzinhos, sem musicas alegres para cantar .E desde então tatuei na minha alma a sábia frase que conservo até hoje junto a minha cabeceira: A vida é como um jogo de cartas, e é preciso que tenhamos sempre dentro da mente a sapiência de um trunfo, escolhendo melhor os nossos naipes, para que não tenhamos a decepção de sairmos sempre como perdedores.E assim , optei de uma vez por todas pela poesia .

AS ÁRVORES - Por Emerson Monteiro

Limpam o ar.
Sombreiam o dia.
Frutificam.
Alimentam.
Fornecem madeira.
Medicamentos.
Alimentam os animais.
Controlam as águas das chuvas.
Amenizam a temperatura.
Verde é a cor da saúde.
Diminuem a radiação do Sol.
Reúnem os pássaros.
Seres vivos.
Sentem.
Floram.
Falam com o vento.
Falam com a gente.
Arvorejam os dias...
Assim,
Não devorem as árvores,
Meus irmãos!

A CIDADE DOS NOSSOS SONHOS


UM OLHAR SOBRE O CRATO
Fiquei muitos anos afastado da minha terra em um “exílio voluntário” como auto denominei. Mas em nenhum momento alienado dos problemas e do progresso relativo e das noticias sociais dos inúmeros amigos e familiares que ainda permanecem espalhados pelo Crato, Barbalha, Juazeiro, Potengi, Araripe e Campos Sales.
Sou Duarte dessas bandas e Monteiro do Juazeiro do Norte (com raízes em Monteiro da Paraíba de onde vieram meus ancestrais para a terra do meu Padim Ciço).
Eu sou um caririrense apaixonado pela minha terra. Um piquizeiro de primeira linha e com orgulho digo isso. Fui menino da Pedra Lavrada e da Zé Carvalho. Aluno do Grupo Escolar Francisco José de Brito onde aprendi as coisas das letras com minha inesquecível professora Lúcia Brito. Lembro de três colegas dessa época: João Eudes Tavares, Ricardo e Nena. Andei levando palmatória nas aulas de matemática da Professora Adalgisa em aulas de reforço. Se errasse a tabuada o pau comia. Depois fui para o Colégio Diocesano com uma breve passagem pelo Seminário Diocesano São José. Sobre minha turma no Diocesano escrevi sobre todos, do Seminário lembro-me de Tito, Anísio Mota e Gilson dos Anjos de Mauriti. Crato então estava no auge de seu poder econômico, cultural e artístico. Seus Colégios alcançaram renome pela excelência de seus Professores. Essa justa fama atraía alunos de todo o Cariri e estados vizinhos. Uma efervescência cultural e artística dominava o cotidiano da cidade e da região. Movimentos culturais sucediam-se, uma juventude inquieta, inteligente e questionadora tomava sobre si a responsabilidade de colocar brasa no caldeirão cultural. O Cariri foi e é pródigo em gerar filhos ilustres: homens de letras, políticos, empresários, artistas, poetas, pintores, jornalistas, músicos, compositores, abrangendo enfim todas as manifestações dos saberes. Apesar de muitos terem partido e fincado raízes pelo Brasil e exterior, a vida cultural não esvaneceu. Novos talentos surgiram e tocaram a bandeira da divina arte. Mas não é mais o Crato das grandes manifestações culturais predominantes. Intelectuais e artistas ainda temos às mãos cheias. Movimentos interessantes pontuam e dá calor e brilho a cidade. Mas onde estão os núcleos de intelectuais e lideranças questionando sobre o futuro da cidade e da região? Muitos estão espalhados pelos interessantes e importantes Blogs. Mas somente nessa moderna forma de expressão? Queremos discutir o que está acontecendo e que futuro que desejamos para o Crato. As mudanças necessárias. Muito se vem falando sobre a região do Cariri Se quiserem usar um termo econômico moderno vamos colocar REDI. Região de desenvolvimento Integrado, Micro Região do Cariri e muitas outras que os economistas criam ao sabor do momento e de políticas. Ninguém pode reclamar, já temos os “santuários” para as discussões: os núcleos acadêmicos, Faculdades e Universidades regionais. Rádios e Jornais as Televisões, instrumentos que utilizados dentro de uma ética urbana pode levar o conhecimento e ampliar as discussões e avaliar os resultados. Entendo desenvolvimento integrado aquele que não privilegia nenhum núcleo urbano desse conglomerado. É aceitável discutir, devido às características individuais do núcleo urbano quais as suas potencialidades, peculiaridades, estratégias internas e tendências de desenvolvimento devem ser privilegiadas e implementadas. Inadmissível dentro do pensamento regional é por força de GRUPOS POLÍTICOS majoritários em determinada cidade por seus interesses confessos e inconfessos acima da filosofia de desenvolvimento e desnuclear as demais cidades dessa micro região de fomentos, capital, obras, e apoio logístico necessário ao seu desenvolvimento INTEGRADO. Os cidadãos do Crato e demais cidades devem, a meu ver, questionarem-se e juntarem forças no sentido de decidir que tipo de desenvolvimento queremos para nossa cidade e nossas vidas. Quem representa essa nossa vontade?
O Prefeito que elegemos. Ele é o responsável por tornar viável o interesse coletivo, se fez promessas em época eleitoral que trate de cumprir. Apresentou a população um PROJETO DE DESENVOLVIMENTO, UM PLANO DIRETOR? É sua obrigação ética e moral executá-los e prestar contas a população, seus eleitores.
O escudo ético dessa defesa é o LEGISLATIVO, os Vereadores que nós elegemos para essa funcionalidade. A atividade que considero mais importante da categoria é a fiscalização dos atos da edilidade. A elaboração de leis municipais é função inerente e formulada sempre no INTERESSE DA POPULAÇÃO e da URBI. O vereador certamente pertence a um partido, tem suas aptidões e desejos, ideários, mas devem estar conscientes que representam em primeiro lugar aqueles que o colocaram no cargo e a CIDADE que os abriga. Aonde quero chegar com toda essa conversa? Que necessitamos criar um fórum com ampla representatividade de todos os setores para discutirmos os destinos do Crato e posteriormente da região. Não aceitamos como consumatum est o que estamos observando. Não há aqui nenhuma xenofobia ou rivalidade tardia, mesmo porque antecipo, pertenço a uma família com laços em toda a micro região, especiamente Crato e Juazeiro e já vivi o bastante para perceber que desenvolvimento se faz com união e força. Mas fiquem certos de uma coisa, amo minha cidade e envidarei todo esforço visando seu progresso. Não sou candidato a nada. Mas acredito em trsnformações.
Uma região dividida sobre si mesma não subsistirá.

Convite - por Nívia Uchôa

Convidamos você a participar da Conferência Municipal de Cultura de
Juazeiro d Norte-Ce
Dia - 27.10.2009
Local - Teatro Municipal Marquise Branca
Hora - 8h

SECULT Juazeiro do Norte



Poesia da Luz
Fotografia
Nívia Uchôa
(88) 96127485 / 88488094
SECULT - J. do Norte 3571.5933

Vestígio

Ouço as paredes
vestidas em chocolate creme
(desses de café expresso)
sussurrando entre si:
O poeta está descontrolado.

Não sabem elas
que houve um tempo
em que incorporado
da testa luzidia de Picasso
e do hirto bigode de Dali
riscava eu os vestidos
de outras damas.

Se o café frio,
ainda lhes cuspia nas faces.

Então graciosas paredes
do meu novo quarto
ponham-se de joelhos
sobre o milho
e me beijem a testa.

Lembranças de um tempo - Rosa Guerrera

Sou de um tempo em que a gente tinha tempo para tudo . Tinha tempo para passear sem temer dar de caras com um “trombadinha”, de ir a praia sem pensar que poderia acontecer um “arrastão”, de curtir sozinha um bom filme , sem ficar em alerta observando se ao nosso lado não se sentava um maníaco sexual, de namorar no portão sem se preocupar em sofrer um assalto , de curtir um barzinho na orla marítima sem ter a necessidade de ficar tocaiando se alguém não nos leva o carro ,de sair a noite para olhar as vitrines decoradas sem esbarrar com um assaltante , de absorver uma seresta até alta madrugada ...enfim : existiu realmente um tempo em que nem a palavra estresse era nossa conhecida . Hoje a gente já se levanta pensando que tem que caminhar a parada do ônibus e a qualquer momento , um embriagado num volante pode nos atropelar , ou ainda acontecer um desses assaltos violentos dentro do próprio transporte coletivo... Mulher elegante praticamente hoje não vemos nas nossas ruas, porque até a maneira de carregar uma bolsa mudou .Hoje a mulher carrega a bolsa debaixo do braço como fosse um pacote de pão, e o relógio no pulso foi comprado num camelô ( é descartável) , custou apenas 12 reais .Afinal se outro “dono aparecer” o prejuízo é pequeno. Eitha saudades daquele tempinho bom ! Até os namoros traziam na sua pureza toda a poesia da espera do primeiro beijo. Dificilmente se lia uma manchete de um crime hediondo num jornal. Os mais velhos eram respeitados e serviam de exemplos para a então juventude . Hoje os coitados são ridicularizados e chamados de museus ambulantes. E as músicas ? Poxa ... as músicas soavam divinas em frases românticas aos nossos ouvidos , enquanto hoje são as responsáveis pelas labirintites e pelos problemas de audição da nova geração. Também pudera ! O barulho é tão ensurdecedor que numa festinha qualquer , quem tenta manter um dialogo , no dia seguinte está sofrendo de uma estúpida faringite ou laringite .Isso sem falar nas letras das músicas que hoje prestam homenagens as ‘ eguinhas pocotós , as cachaças muié e gaia”. Que nome poderíamos hoje dar a esse tempo que não nos permite mais ter tempo para sonhar , fazer um poema a lua ,voar nas asas do romantismo,escorregar num arco íris, sentir um arrepio na pele com aquele beijo longo e molhado....?
Sinceramente , não sei ! Sei apenas que não posso fugir as inovações da própria vida nem diminuir os meus passos rumo ao futuro , mas de cátedra posso afirmar : “Eu tive o privilégio de conhecer um tempo , onde realmente a gente tinha tempo de sobra para amar e viver muito ... muito mais” !





.
por rosa guerrera

Chora Maria

Chora Maria, chora tuas dores pela estrada
Chora pelo mundo perverso
Chora de verso em verso
Vendo teus sonhos partirem pelo cais

Chora Maria, teus prantos e pesares
Leves flutuam em todos os cantos
Leves levitam, evitam
Teus prantos-orvalhos voarem em umbrais

Chora Maria, teu peito de dores
Já não mais suporta
Teus olhos verdes sem cores
Tuas pernas sem passos estancadas no cais

Chora Maria, com sonhos em mordaça
Com a vista embaçada
Ao que era a pouco luz
E que agora são passos escuros
Nos mais obscuros umbrais.


Foto: Pandora

Presente

No meu aniversário
espero que o Bom Pai
com o poeta seja misericordioso
e me mande uma musa palpável:
carne muita carne nas ancas e nos lábios.

Se ganhar um sorriso
da colega de faculdade -
basta.

Tenho observado
seu penteado novo -
os cabelos mais loiros,
ora lisos, ora ondulados.

Ôpa,
ela quase me viu -
e olha que escorria
do canto da boca
uma gosma de desejo.

Pensando bem,
no meu aniversário
mereço mesmo um babador
de doente mental iluminado.

Ode à Rua da Vala - por Socorro Moreira

Na ponta da rua
Moreirinha é arte!

Minha mãe,
minha avó, minha casa,
meu pé de algaroba
minha catapora...
Tudo para trás!

Casa dos apertos
Redes pelas salas
Um banheiro só
Uma fila grande
Toalha encharcada,
um lençol gigante

Carta e telegrama,
um amor distante,
outros lá na vala.


O mergulho dos carros
A queda dos meninos
Um tiro, um enfarte
uma chuva, um sumiço
Casamentos na sacristia
Fatalidades, mescladas de
Alegrias .

Palacetes, casas conjugadas,
dentro de um só plano.
Cadeiras na calçada
E a gente a passar, a deixar
hora íntima, no ar...

Conversação

Minhas heresias
meus pensamentos tortos
faço deles omelete estragado

lanço-o aos porcos
e me surpreendo com minha alma
abocanhando a lavagem toda e sorrindo.

"Imunda!" Grito.

E a minha humilde alma sussurra:
"Experimenta, poeta."

Meus pensamentos tortos
minhas heresias

por outro olhar suspenso
vejo que também fertilizam
uma solidão bacana,
um festejo.

Sopro - Por Claude Bloc

Um ponto.
Um lugar-comum
O espaço onde (re)pousam
Sentimentos (ra)refeitos...

Um verso (transverso)
Uma rima perfeita
Uma lágrima fúlgida
Um soluço, uma dor

Um passo,
Um compasso
Além daquilo que sentimos

.................. Uma bússola, o sentido
.................. De tudo o que moldamos
.................. Uma estrofe partida
.................. Um sopro de vida.

Texto e foto por Claude Bloc
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Caçarola Italiana

Uma receita antiga e simples de fazer.


Caçarola é um doce que lembra a infância. É engraçado como a comida tem esta característica. Eu sempre relaciono um "prato" com alguém especial. A caçorola faz lembrar a Mamy(minha avó paterna). Ela sempre fazia doces , pudins e bolos. Eu particularmente não adoço muito os pratos que faço, nunca coloco a quantidade exata de açúcar, é uma característica minha, gosto de um amarguinho, mas cada um tem seu gosto e seu jeito de apreciar os sabores da cozinha...
Vamos à receita...

Caçarola Italiana

Duas receitas, dois modos de fazer
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Receita I
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Ingredientes:

- 1 garrafa de leite;
- 500gr de açúcar;
- 250gr de coco ralado;
- 5 colheres (de sopa) de trigo;
- 5 ovos;
- 5 colheres (de sopa) de queijo parmesão ralado.

Modo de preparo:

Bata tudo no liquidificador e coloque para assar em forma caramelizada por 45 minutos.
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Receita II
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Ingredientes:

Seis ovos
½ quilo de açúcar
Três pires rasos de farinha de trigo
Um prato fundo de queijo ralado
Duas colheres de manteiga
Dois copos e ½ de leite

Modo de fazer:


Bate-se o açúcar com a manteiga e os ovos até ficarem brancos.
Misturam-se os outros ingredientes e leva-se a assar em forma bem untada.
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Liszt



Franz Liszt nasceu em Raiding (Hungria) a 22 de outubro de 1811. Menino prodígio como pianista, iniciou os estudos de piano com seu pai. Apresentou-se ao público pela primeira vez, aos nove anos de idade, em Sopron, impressionando de tal forma os presentes, que vários nobres húngaros concordaram em contribuir com fundos para a continuação de seus estudos.
Foi então para Viena (1822), a fim de tomar lições, dando vários concertos públicos, tendo os primeiros sucessos. Recebeu os aplausos de Beethoven, que ficou impressionado com a técnica do jovem pianista em abril de 1823. Aluno de Salieri (composição), e Czerny (piano), radicou-se na França, onde foi impedido de ingressar no conservatório de Paris, por ser estrangeiro. Liszt completou seus estudos em caráter particular, com Reicha e Paer. Em Paris ouviu Paganini, resolvendo tornar-se o ‘Paganini do piano’. Compôs aos quatorze anos de idade, sua primeira ópera, em um ato, Don Sancho.

Amigo de Chopin, Berlioz, Lamartine, Victor Hugo, Georges Sand e Heine, familiarizou-se com o Romantismo. As influências recebidas, iriam traduzir-se na escolha de seus temas literários para grande número de composições (poemas sinfônicos). Adepto do catolicismo democrático de Lamennais, pertencia depois à seita dos saint-simonistas, professando um socialismo religioso.

Tendo deixado de se apresentar em público, para praticar, quando reapareceu em 1832, seu domínio no teclado transformou-o no mais famoso pianista da época. Foi para Suíça, em 1835, com a condessa Marie d’Agoult, com quem vivia em união livre. Ela lhe deu três filhos, entre eles Cosima.

Quando Cosima abandonou o marido, Hans von Bülow, para casar-se com Wagner, desaprovou Liszt este passo. Mais tarde, porém, reconciliou-se com a filha e o novo genro e passou a viver em Bayreuth, onde recebeu admiradores, visitantes e alunos do mundo inteiro, consagrando pianistas novos. Em 1844 separou-se da condessa.

Depois de triunfal carreira de virtuose em todos os grandes centros europeus, renunciou ao piano, tocando daí em diante só para amigos. Foi nomeado diretor de ópera do teatro em Weimar (1848), que por sua atividade se tornou um centro musical. Fez executar obras como Tannhäuser e Lohegrin, de Wagner, Benvenuto Cellini de Berlioz, além de Schubert, Schumann e Weber.

Liszt ligou-se em nova união livre, à princesa Caroline Sayn-Wittgenstein. Entre outras mulheres na vida do pianista, encontram-se a escritora George Sand, Lola Montez e Maria Duplessis. Foi proclamado chefe do movimento musical neo-alemão, fazendo a propaganda da música de Wagner. Abandonou suas funções em Weimar, aborrecido com intrigas contra sua direção.

Separado da princesa por motivos religiosos, Liszt foi para Itália (1858), onde se tornou membro da terceira ordem dos Franciscanos em 1865, sendo chamado, a partir dessa época, Abade Liszt. Em Roma, gozava da proteção do papa Pio IX. Recebeu ordens religiosas, e dedicou-se a obras sacras, como a Missa solene de Gran, para a inauguração da basílica de Gran. Dividindo o seu tempo entre Roma e Budapeste, dedicou-se ao ensino da música; entre seus alunos destacam-se alguns que, mais tarde, tornaram-se músicos famosos como Bizet, Saint-Saëns, Albénis, Rosenthal e outros.

Fez uma visita à Inglaterra, em 1886, mas a viagem esgotou-o. Foi triunfalmente recebido em Budapeste e festejado como compositor nacional da Hungria. Liszt morreu na casa de Wagner, em Bayreuth a 31 de julho de 1886, conseguindo ser o maior pianista do século XIX e talvez de todos os tempos.

Chopin revelou-lhe um novo estilo pianístico, o cromatismo e a flutuação da harmonia. Berlioz, a música programática. E Paganini, o virtuosismo exagerado. É lhe atribuída a criação do gênero denominado poema sinfônico, bem como a inovação consistente em realizar concertos, tendo o piano como único instrumento e, ainda, a fixar o piano, lateralmente, em relação ao público.

Nacionalidade - Liszt era húngaro pelo lugar de nascimento e pela fama das Rapsódias húngaras (19) (1846-1885). Escritas para piano, são obras brilhantes, de alto virtuosismo pianístico. Devem sua imensa popularidade à versão orquestrada: sobretudo a Rapsódia húngara n.º 2 em dó sustenido menor, a Rapsódia húngara n.º 15 em lá menor - Marcha de Rakóczy e a Rapsódia húngara n.º 19 em mi bemol maior - Carnaval em Pest. Com essas obras criou Liszt o nacionalismo musical de sua nação e tornou a música húngara querida no mundo inteiro.

Só no século XX, descobriram Bartók e Kodály que a autêntica música húngara é inteiramente diferente e que Liszt tinha popularizado, por equívoco, a música dos ciganos húngaros. Com esse equívoco combina o fato de que Liszt não sabia a língua húngara: era de ascendência alemã e foi em língua alemã criado. Mas enraizou-se tão totalmente na França que pode ser considerado como francês. Era filho de uma época cosmopolita.

O homem - Liszt era homem de grande generosidade, amigo fiel e apoio eficiente de todos os talentos novos. Tinha ampla cultura literária e filosófica e um desejo nunca plenamente realizado da satisfação religiosa. Sua musicalidade era fenômeno espantoso: sabia de cor O cravo bem temperado. Sobre sua artes de pianista, a posteridade não pode afirmar opinião crítica. Contudo, bastam os elogios entusiasmados de todos os músicos e críticos que o ouviram. Mas Liszt também tinha a ambição de ser um grande compositor. E a esse respeito as opiniões continuam até hoje divididas.

Obras pianísticas - Todos os pianistas gostam dos dois concertos para piano de Liszt: Concerto para piano em mi bemol maior (1849) e Concerto para piano em lá maior (1839): música brilhante e nada superficial. Também são excelentes as peças para piano solo: Anos de viagem (1839), inspiradas por recordações da Itália e Suíça, Harmonias poéticas e religiosas (1848), inspiradas pela poesia de Lamartine, e as Lendas (1863). A grande Sonata para piano em si menor (1853) não é uma sonata em sentido beethoveniano e desagradou a Brahms. Mas tem alto valor musical como rapsódia apaixonada.

Música vocal - Os lieder de Liszt são muito românticos, de um romantismo de salão, já fora de moda. A Missa solene de Gran (1855) e a Missa de coração húngara (1867) são obras pomposas, nada litúrgicas. O oratório A Santa Elisabeth (1862) é prejudicado pelo uso arbitrário de motivos de música húngara, por tratar-se da padroeira da Hungria. O último oratório, Cristo (1866), com texto em latim, é artificialmente arcaizante.

Música de programa - A suprema ambição de Liszt como compositor foi a criação de obras orquestrais com programas literários, superando Berlioz. Só se ouvem hoje nos concertos os poemas sinfônicos O que se ouve na montanha (1848), inspirado por um poema de Hugo, e Os prelúdios (1854), inspirado pela poesia de Lamartine. Mas Mazeppa (1854) e muitos outros poemas sinfônicos são considerados música de mau gosto por alguns críticos. A maior sinfonia de programa do mestre é Fausto (1855), realmente uma obra notável, ao passo que Dante (1856) é menos convincente.

Influência - Nenhuma obra e nenhum estilo de Liszt chegaram a influenciar outros compositores. Mas seu nacionalismo musical desencadeou uma onda de parecidos nacionalismos musicais na Europa inteira: é preciso lembrar o tcheco Smetana e o norueguês Grieg, também os nacionalistas russos Balakirev e Borodin. E essa influência animadora ainda se sente na música programática do finlandês Sibelius.

http://www.classicos.hpg.ig.com.br/liszt.htm


Garimpando versos e prosas. Acatem o Desafio !!!- Foto de Dedê Cariri

Olhe ... Observe... Para onde Vamos?

Coqueiro Velho - por Socorro Moreira

Lembrei a canção que o Orlando Silva gravou. Uni-me ao compositor, e percebi a dor das folhas secas, abatidas pelo vento, envergadas por falta de viço e de vida.
Apenas lá, esperando o açoite dos ventos.
É como uma rosa seca, escondida nos livros do passado... Perdeu o cheiro, mas sabe contar histórias.
É como amores fenecidos, ainda misturados, a tantas coisas vivas, merecem o respeito de ser reintegrados ao útero de uma terra viva.
Que tudo se transforme em pó: as velhas palmeiras, pessoas, coisas... Que possam estrumar novos sentimentos, recriarem-se!
Doeram-me aquelas palmas acanhadas e secas, sem o carinho e a dança do vento. Combinam com o final do dia, entre a rosa e o grafite.
A natureza na ausência do sol enluta-se.A lua, eterna viúva, numa fase de alegria, chega com o seu bando... Bando que pisca, faísca ,e assume seu posto, na festa da boemia.
Choram as flores, seus orvalhos... Nuvens também se dispersam ou se condensam, quando finda o dia.
O tempo esquentou. Troco meu costume, e na seda me aconchego, como num corpo do amante.
Corpos secos, roupas brancas, marfim... Como os velhos coqueiros, que agora vejo, vestidos no terreiro, com a roupa do fim!

Socorro Moreira

Instantes

Agarrada ao microfone
uma vaquinha de pelúcia.

Minto,
de esponja.

Talvez esteja a bater papo
com suas amigas do brejo.

Ouço música no fone de ouvido.
Ultimamente tiro toda cera
dia e noite ouvindo fm.

Já nem trabalho
já nem estudo.

Sequer durmo
sequer sonho.

Fm direto -
mpb da boa

e às vezes internacional romântica
das antigas para comprimir o peito.

Como amo minha solitária alma
como adoro meu corpo agora
secando os pingos do banho.

Quase 44

Estranho quando se aproxima
aquele dia especial em que imaginamos
o verdadeiro milagre: do útero ao Nada.

Esse dia especial
pelo qual tenho santíssima adoração
sempre será um elo com o Supremo Vazio.

Meu romantismo é todo exarcebado:
só saio do quarto no dia 29 de outubro.

Até lá canto e não permito
que meu coração pare
nem que a mente canse.

Mas se houver imprevisto
e meus olhos não acordem

saibam todos então
que ainda canto
no caixão.

E não chorem
que o morto chora.

Respostas ao desafio - Foto de Dedê Cariri


Casa do meu refúgio
Pintá-la, desejo .

Deslocar a cadeira da espera
Substituí-la pela acolhida do abraço
enquanto o café
desprende seu cheiro .
Casa dos barbeiros
alocados em seus buracos
Dos grilos,
nos ensopados do chão .
Da rede na latada detrás
armada em dois pés de algaroba.
Casa de um corredor curto
um fogão de lenha
uma carne de sol na trempe
um crucifixo no leito
e uma goteira
em cima da gente
Quero água na caneca ou
filtrada ,
"na concha das tuas mãos
e absorvida pelas
minhas mãos rendeiras.
Um cacarejo, um trinar,
e um gato de olhos verdes,
a me espiar.
Ainda vou aguar minha roseira
debaixo do pé de maracujá.

Recorto uma janela, nas telhas
e deixo o céu me guardar!


Ah... Esqueci que tem um papagaio,
que chama Maria de querida.
Preciso arrancar
um pé de cansanção
do meu coração !


Socorro Moreira


Uma parede,
uma cadeira
e uma porta que serve de janela.
Não há lugar para mais nada.

O Sol pede passagem.

Lá num canto,
a cadeira preocupada
observa
a porta que se abre
para deixar entrar o Sol.

E agora ?
Terá ela de sair ?

.

Corujinha Baiana

Atrás de uma porta partida ao meio
Num canto da sala, uma cadeira vazia...
Um coração partido de saudades quem sabe!
Por um alguem que jamais sentará nela.

.
Maria Amélia Castro

O simples é muito simples
O fácil é muito fácil
Nesta casa mora a dona
Rainha do meu palácio
Seu trono é de Bodocó
Seu canto, cocoricó
De um galo chamado Inácio.

O humor nos livra do tumor
Avia!!! o arroz queimou

Ulisses Germano

Conheço essa cadeira
couro de bode
na minha infância
sentei tantas vezes
sentei tantas vezes
e aporta continua aberta
esperando o menino voltar
com aquele sorriso
com aquele sorriso
de quem pegou um passarinho
de quem achou um ovo quentinho
mata tua fome, meu filho
é a minha vó me abraçando
com seu hálito de cachimbo
com seu avental ainda úmido

Domingos Barroso

Maioria dos bancários aprova nova proposta da Caixa e encerra greve


A maioria das assembleias dos sindicatos deliberou nesta quarta-feira, 21, pela aceitação da nova proposta da Caixa Econômica Federal e o encerramento da greve nacional dos empregados, deflagrada no dia 24 de setembro. Com isso, os bancários voltam ao trabalho nesta quinta-feira. Somente algumas assembléias decidiram manter o movimento, segundo informações dos sindicatos enviadas para a Contraf-CUT.

A nova proposta apresentada na noite de terça-feira traz avanços importantes para os empregados da Caixa, como a contratação de 5 mil trabalhadores em 2010, contribuindo para a melhoria das condições de trabalho, junto com a criação dos comitês regionais de mediação de conflito no trabalho, vinculados à Comissão de Ética da Caixa, para o combate ao assédio moral.

A Caixa também vai pagar um abono linear de R$ 700 para todos os empregados até o dia 20 de janeiro de 2010. A greve completou 28 dias nesta quarta e paralisou agências nos 26 estados e no Distrito Federal.

BNB: Bancários do Cariri voltam ao trabalho, mas greve continua em outros estados
Os bancários do BNB de Crato e Juazeiro do Norte, a exemplo do restanto do Estado, decidiram retornar ao trabalho, mas não aceitaram a proposta feita pelo banco. Ou seja, o retorno ao trabalho não implica no fim da mobilização para conseguir uma melhor proposta. No entanto, com exceção do Ceará, os outros estados onde o BNB tem agência, a greve continua forte, com participação massiva dos empregados.

Fonte: Contraf/CUT e SEEB Cariri

Identidade(II) - Por Ana Cecília S. Bastos


Somos oceanos nas extremidades.

Contemplo minhas unhas,

conchas do mar.

Ver essas partes de nós que tanto brilham traz uma ilusão

de acabamento e completude.


Somos oceano,

peixe e cautela,

flutuação e peso em luta na água,

correnteza e vida.


Somos ave e liberdade.

E nada quero dizer do amor.


Alheio-me, abstraio-me,

ânsia e vertigem,

sonho de profundidades inauditas,

mergulho sem fim..


Ana Cecília

Os três Patetas - Primeira Formação


Moe Howard

Moe Howard nasceu em 19 de junho de 1897 numa pequena comunidade judaica chamada Bensonhurst nas cercanias do Brooklyn em Nova York; seu verdadeiro nome era Moses Horvitz. Sua mãe se chamava Jennie Horvitz e seu pai, um alfaiate, era Solomon Horvitz. Moe foi o quarto dos cinco irmãos Howard. Dois de seus irmãos atuaram com ele como personagens dos Três Patetas, Jerome (Curly) e Samuel (Shemp). Os outros dois irmãos Jack e Irving nunca entraram para o show business. Moe nunca completou os estudos universitários, sua verdadeira paixão era o teatro.
Em 1909, Moe conseguiu penetrar no mundo e nos bastidores do cinema, como mensageiro dos artistas no Vitagraph Studios no Brooklyn. Sua persistência fez com que logo começasse a atuar em filmes com astros e estrelas da época, tais como John Bunny, Flora Finch, Earle Williams, Herbert Rawlinson e Walter Johnson. Foi no mesmo ano de 1909 que Moe conheceu Ted Healy, tornaram-se amigos íntimos e no verão de 1912 Moe passou a fazer parte da trupe de Annette Kellerman de shows aquáticos de garotas mergulhadoras. Era um trabalho temporário que durava apenas os verões.
Depois de um longo período de separação, Moe se re-encontra com Ted Healy em 1922 e juntamente com seu irmão Shemp, formam uma parceria que salvo alguns intervalos, durou 10 anos.
Em 7 de março de 1925 Moe casa-se com Helen Schonberger que era prima de Harry Houdini o famoso mágico e prestidigitador. Mais um pequeno período afastado do show business e Moe re-ata com Ted Healy, na mesma época em que Larry Fine junta-se ao grupo.
Eles se apresentavam em espetáculos do Vaudeville como os Patetas inclusive em shows como A Night in Venice (Uma noite em Veneza). Ted e seus Patetas fizeram sua primeira aparição na tela dos cinemas na clássica comédia da 20th Century Fox, "Soup to Nuts"em 1930. Este filme foi seguido de uma série de comédias para a Metro Golden Mayer.
Em 1934, Moe, Larry e Curly assinaram contrato com a Columbia Pictures como os Três Patetas (The Three Stooges) para estrelarem os episódios que até hoje ainda podem ser vistos nas TV a cabo.
Em 1958 Joe DeRita se junta a Moe e Larry para substituir Curly Howard que falecera em 1952, eles interpretaram juntos os Três Patetas até que Larry sofresse um ataque cardíaco durante as filmagens de "Kook's Tour" em 1970; depois disso Larry ficou impossibilitado de atuar. Moe e Curly Joe cogitaram o nome de Emil Sitka para substituir Larry, mas os Três Patetas depois disso nunca mais atuaram juntos.
Moe teve dois filhos, Joan e Paul. Moe faleceu em 4 de maio de 1975 aos 78 anos.

Larry Fine

Larry Fine nasceu Louis Fienberg em 5 de outubro de 1902 na zona sul de Philadelphia, Pennsylvania. Seu pai Joseph Fienberg e sua mãe Fanny Lieberman tinham uma relojoaria e joalheria, Larry tinha mais dois irmãos Morris, um jovem irmão Phillip que morreu prematuramente e uma irmã Lila que se tornou professora. Quando criança, Larry teve seu braço esquerdo seriamente queimado por ácido que seu pai usava nos serviços de ourivesaria; Larry recebeu um enxerto de pele em seu braço. Seu médico recomendou que Larry tomasse aulas de violino, como forma de terapia, tocando o instrumento ele conseguiria reforçar a musculatura do membro afetado. Seu aprendizado e domínio do instrumento tornaram-se impressionantes de tal forma que Larry muitas vezes chegou a tocar profissionalmente. Curiosamente, em paralelo com seus recitais de violino em noites do teatro amador, Larry também lutava boxe e chegou a ganhar dinheiro como lutador peso leve. Mais tarde Larry desenvolveu um ato na cena do Vaudeville onde representava um dancarino russo que tocava o violino enquanto dançava, isto foi o que chamou a atenção de Ted Healy.
Quando Shemp decidiu não acompanhar a trupe de Ted, Moe sugeriu que talvez Larry pudesse substituí-lo. Mas, os três chegaram a atuar juntos e sua primeira aparição na Broadway foi em "A Night in Venice". Larry estrelou ainda o primeiro longa metragem dos Patetas, "Soup to Nuts" em 1930 pela 20th Century Fox.
Larry entrou para os Três Patetas com Moe e Curly para filmar os episódios na Columbia Pictures que começaram a ser produzidos em 1934.
Larry e sua esposa Mable, viviam em hotéis, primeiramente no President Hotel em Atlantic City, onde nasceu sua filha Phyllis, depois foram para o Knickerbocker Hotel em Hollywood. Mais tarde Larry comprou uma velha casa em estilo mediterrâneo em Los Feliz nos arredores de Los Angeles. Larry teve mais um filho, Johnny que morreu em um trágico acidente automobilístico em 17 de Novembro de 1961 aos 24 anos, sua esposa morreu em 30 de maio de 1967. Larry teve 5 netos, Christy Lynn Clark, John Fine, Jr., Phyllis Miller, Kris Cutler e Eric Lamond.
Após 1958, Larry, Moe e Curly Joe se apresentaram ao vivo para platéias em todo os Estados Unidos, apareceram em seis longa metragens, diversos shows de televisão e ínúmeras produções até que Larry sofresse um ataque cardíaco durante as filmagens de "Kook's Tour" em 1970. Depois disso Larry nunca mais atuou novamente, vindo a falecer em 24 de janeiro de 1975.


Curly Howard

Jerome Lester Horvitz era o verdadeiro nome de Curly, irmão de Moe e Shemp, nasceu em 22 de outubro de 1903 em Bath Beach, uma estância de veraneio nas cercanias do Brooklyn, era o quinto, e o filho mais novo do casal Jenny e Solomon Horvitz.
Seu interesse pelo show business surgiu quando por diversas vezes assistiu a seus irmãos Moe e Shemp atuarem junto a Ted Healy. Depois da saída de Shemp do grupo de Ted, Moe sugeriu que seu irmão mais novo Jerome seria um ótimo substituto para Shemp, naquela época, Curly era conhecido por Babe.
Quando Babe foi conversar com Ted para se juntar ao grupo, tinha longos cabelos castanhos e usava bigode, para se tornar um Pateta, concordou em raspar o bigode e a cabeça.
Apelidado de Curly, juntou-se ao time e desempenhou papéis no Vaudeville e em curtas para a MGM. Mais tarde em 1934, Curly juntamente com Moe e Larry atuaram em diversos curtas que foram produzidos para a Columbia Pictures.
Depois que o primeiro casamento de Curly foi anulado, ele veio a se casar outras três vezes. Em 7 de junho de 1937 se casou com Elaine Ackerman, e em 1938 teve o sua primeira filha, Marilyn. Curly e Elaine se divorciaram em 11 de julho de 1940. Em 17 de outubro de 1945 Curly casou-se com Marion Buxbaum, depois de três meses de brigas e discussões, Marion e Curly se separaram em 14 de janeiro de 1946 e Curly pede o divórcio. Foi um processo escandaloso e as notícias circulavam pelos jornais locais.
Foi depois desta separação que a saúde de Curly começou a declinar rapidamente, em 6 de maio de 1946, ele sofre um ataque cardíaco durante as filmagens da 97a. comédia do Três Patetas - "Half-Wits'Holiday". Um ano mais tarde Curly casa-se com sua 4a. esposa, Valerie, que cuidou dele até seus últimos dias. Juntos tiveram uma filha Janie, e finalmente em 1949 sua saúde ficou muito abalada, quando sofreu seu segundo enfarto e foi internado no Cedars of Lebanon Hospital em Hollywood, Curly resistiu até 18 de janeiro de 1952, quando faleceu aos 48 anos.
.
* Meu pai vivia desenhando, nas toalhas de mesa da minha mãe as figuras dos Três Patetas, além de outros personagens do cinema, da música e da comunidade.
Nunca gostei muito do humor americano, nem sorria com as chanchadas da Atlântida , mas considero todos, inclusive Os três patetas, figuras que fazem parte da infância de quem nasceu nos anos 50, por exemplo.
Com eles acrescento , na imaginação , uma chuva de boas recordações.


"A Bela da Tarde" - Catherine Deneuve


Sinopse

Esta é a história de Séverine (Catherine Deneuve), jovem, rica, casada com um cirurgião de sucesso e infeliz, que procura um discreto bordel para realizar suas fantasias sexuais e conseguir o prazer que seu marido não consegue lhe dar. Curiosa, Séverine termina acostumando-se a uma vida dupla. Até o aparecimento de Marcel, um delinquante que se enamora da mulher, e complica a cômoda situação da protagonista. O mais popular e também o mais belo filme do mestre do surrealismo. Entretenimento e cultura de alto nível!




Artur Azevedo - "A pele do Lobo"


Sobre a obra

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"Artur de Azevedo mostra em “A pele do lobo” a angústia de Cardoso e sua esposa Amália. O casal tenta há mais de duas horas chegar ao batizado onde serão padrinhos. No entanto, são constantemente impedidos de sair da delegacia, onde Cardoso ocupa o cargo de subdelegado, devido à queixa de roubo de galinhas feita por Apolinário contra o suposto ladrão, Jerônimo, vulgo barriga-cheia".

Contista, poeta, teatrólogo e jornalista. Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís (MA), em 7 de julho de 1855. Filho de David Gonçalves de Azevedo e Emília Amália Pinto de Magalhães. Aos oito anos demonstrou gosto para o teatro e fez adaptações de textos de autores como Joaquim Manuel de Macedo. Pouco depois passou a escrever, ele próprio, suas peças. Muito cedo começou a trabalhar no comércio. Foi empregado na administração provincial e logo após foi demitido por publicar sátiras contra autoridades do governo. Ao mesmo tempo lançou as primeiras comédias nos teatros de São Luís (MA). Com 15 anos escreveu a peça Amor por anexins.

Foi para o Rio de Janeiro no ano de 1873. Empregou-se no Ministério da Agricultura e ensinou Português no Colégio Pinheiro. Mas foi no Jornalismo que se desenvolveu em atividades que o projetaram como um dos maiores contistas e teatrólogos brasileiros. Fundou publicações literárias, como A Gazetinha, Vida Moderna e O Álbum. Colaborou em A Estação, ao lado de Machado de Assis, e no jornal Novidades, junto com Olavo Bilac, Coelho Neto, entre outros. Neste tempo escreveu as peças dramáticas, O Liberato e A Família Salazar, que sofreu censura imperial e foi publicada mais tarde em volume, com o título de O escravocrata. Escreveu mais de quatro mil artigos sobre eventos artísticos, principalmente sobre teatro.

Em 1889, reuniu um volume de contos dedicado a Machado de Assis, seu companheiro na Secretaria da Viação. Em 1894, publicou o segundo livro de histórias curtas, Contos fora de moda, e mais dois volumes, Contos cariocas e Vida alheia. Morreu no Rio de Janeiro em 22 de outubro de 1908.

Obras
A CASADINHA DE FRESCO
A JÓIA
AMOR POR ANEXINS
A PELE DE LOBO
À PORTA DA BOTICA
O LIBERATO
A ALMANJARRA
ENTRE A MISSA E O ALMOÇO
O BARÃO DE PITUAÇU
O ESCRAVOCRATA
O HOMEM
O TROBOFE
VIAGEM AO PARNASO
UMA VÉSPERA DE REIS

Fontes: www.bibvirt.futuro.usp.br

COMPOSITORES DO BRASIL




LUPICÌNIO RODRIGUES

Por Zé Nilton


A música de Lupicinio Rodrigues é autobiográfica. Tudo o que disse em versos e que se encaixava com rara perfeição na música que compunha, ele viveu em carne viva, sem metáforas. Nasceu para música ao abraçar a boêmia; ou o contrário ? Com isto se expôs e se assumiu como um homem fadado a padecer do sentimento da traição, das relações doidas, da culpa, da dor de cotovelo. Quando não retratava os seus padeceres, retratava os dos amigos, vividos sempre nas mesas de bar. Inclusive foi proprietário de muitas casas noturnas na capital gaúcha. Criou vários mundos e por eles circulou com mansidão, cantando versos duros sobre dissabores da vida a dois, os sentimentos e os resssentimentos de muitos, provocados por dilaceradas paixões e por amores não correspondidos.

Diz-se que Lupicínio era uma voz mansa e delicada entoando músicas de fúrias incontidas. A explicação para isto está na suposição de que ele era dois, sempre foi dois, anjo e demônio. Sem a menor culpa, diferençava a boêmia e a vida caseira. De um lado várias mulheres, do outro apenas uma. A questão era não misturar as éticas.

De um lado mulheres más, de preferência. As boazinhas nunca lhe deram dinheiro, só as que o traíram, costumava dizer, pois eram as que viravam música. O outro lado: "As esposas devem se sentir felizes quando os maridos voltam de suas noitadas, porque a volta é a maior prova de amor que um homem pode dar".


Diz-se também que muitas pessoas cometeram suicídio ao ouvir a música “Vingança”, o clássico samba-canção que tem por tema “traição, vingança e culpa”, de sua autoria, que encontrou em Linda Batista sua primeira grande intérprete, tendo gravado a composição em 29 de maio de 1951.

Lupicínio Rodrigues foi o mais lídimo representante do estílo dor de cotovelo. Foi sobretudo um boêmio profissional e, sem nenhuma máscara, mostrou para o mundo que a dor das suas letras, foi muitas vezes, a dor do compositor.

Na última grande entrevista que deu à imprensa, para O Pasquim, em 1973, perguntado sobre o que estava achando do panorama musical brasileiro, Lupicínio saiu-se com uma resposta que diz bem do seu ser: "Não tenho nada com o ambiente musical brasileiro. Não sou músico, não sou compositor, não sou cantor, não sou nada. Eu sou um boêmio".

Vamos falar e tocar no programa de hoje, COMPOSITORES DO BRASIL, algumas de suas músicas:

Felicidade (LR), com o conjunto Quarteto Quitandinha Serenades

Se acaso você chegasse (LR), com Noite Ilustrada

Vingança (LR), Linda Batista

Ela disse-me assim (LR), com Jamelão

Nervos de aço (LR), com Pulinho da Viola

Esses moços, pobres moços ((LR), com Chico Alves

Volta (LR), Fafa de Belém.

Castigo, LR e Alcides Gonçalves, com Lupicínio Rodrigues, gravação de 1953

Meu pecado, de LR e Felisberto Martins, com Moreira da Silva, gravação de 1944

Brasa, de LR e Felisberto Martins, com Orlando Silva, gravação de 1945

Cadeira Vazia, LR e Alcides Gonçalves, com Noite Ilustrada,.

Nunca, de LR , com Zizi Possi.


Quem ouvir, verá !



Informação:

Compositores do Brasil

Sempre às quintas-feiras, às 14 horas

Rádio Educadora do Cariri

Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton

Apoio Cultural: CCBN

Oswald Andrade (1890-1954)


OSWALD DE ANDRADE, poeta, romancista e dramaturgo, nasceu em São Paulo em 11 de janeiro de 1890. Filho de família rica, estuda na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e, em 1912, viaja para à Europa. Em Paris, entra em contato com o Futurismo e com a boemia estudantil. Além das idéias Futuristas, conhece Kamiá, mãe de Nonê, seu primeiro filho, nascido em 1914.

De volta a São Paulo faz jornalismo literário. Em 1917, passa a viver com Maria de Lourdes Olzani (ou Deise), conhece Mário de Andrade e defende a pintora Anita Malfatti de uma crítica devastadora de Monteiro Lobato. Ao lado deles, e de outros intelectuais, organiza a Semana de Arte Moderna de 1922.

Em 1924 publica, pela primeira vez, no jornal "Correio da manhã", na edição de 18 de março de 1924, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil. No ano seguinte, após algumas alterações, o Manifesto abria o seu livro de poesias "Pau-Brasil".

Em 1926, Oswald casa-se com a Tarsila do Amaral e os dois tornam-se o casal mais importante das artes brasileiras. Apelidados carinhosamente por Mário de Andrade como "Tarsiwald", o casal funda, dois anos depois, o Movimento Antropófago e a Revista de Antropofagia, originários do Manifesto Antropófago. A principal proposta desse Movimento era que o Brasil devorasse a cultura estrangeira e criasse uma cultura revolucionária própria.

O ano de 1929 é fundamental na vida do escritor. A crise de 29 abalou as suas finanças, ele rompe com Mário de Andrade, separa-se de Tarsila do Amaral e apaixona-se pela escritora comunista Patrícia Galvão (Pagu). O relacionamento com Patrícia Galvão intensifica sua atividade política e Oswald passa a militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Além disso, o casal funda o jornal "O Homem do Povo", que durou até 1945, quando o autor rompeu com o PCB. Do casamento com Patrícia Galvão, nasceu Rudá, seu segundo filho.

Depois de separar-se de Pagu, casou-se, em 1936, com a poetisa Julieta Bárbara. Em 1944, mais um casamento, agora com Maria Antonieta D'Aikmin, com quem permanece junto até a morte, em 1954.

Nenhum outro escritor do Modernismo ficou mais conhecido pelo espírito irreverente e combativo do que Oswald de Andrade. Sua atuação intelectual é considerada fundamental na cultura brasileira do início do século. A obra literária de Oswald apresenta exemplarmente as características do Modernismo da primeira fase.

A poesia de Oswald é precursora de um movimento que vai marcar a cultura brasileira na década de 60: o Concretismo. Suas idéias, ainda nessa década, reaparecem também no Tropicalismo.

"Memórias sentimentais de João Miramar" chama a atenção pela linguagem e pela montagem inédita. O romance apresenta uma técnica de composição revolucionária, se comparado aos romances tradicionais: são 163 episódios numerados e intitulados, que constituem capítulos-relâmpagos (tudo muito influenciado pela linguagem do cinema) ou, mais precisamente, como se os fragmentos estivessem dispostos num álbum, tal qual fotos que mantêm relação entre si. Cada episódio narra, com ironia e humor, um fragmento da vida de Miramar. "Recorte, colagem, montagem", resume o crítico Décio Pignatari.



fonte : Mundo Cultural

Juca Chaves - A Cúmplice


A Cúmplice
Juca Chaves
Composição: Juca Chaves

.
Eu quero uma mulher
que seja diferente
de todas que eu já tive,
de todas tão iguais
que seja minha amiga,
amante, confidente
a cúmplice de tudo
que eu fizer a mais.
No corpo tenha o Sol
no coração a Lua
a pele cor de sonho
as formas de maçãs
a fina transparência
uma elegância nua
o mágico fascínio
o cheiro das manhãs.
Eu quero uma mulher
de coloridos modos
que morda os lábios sempre
que for me abraçar
no seu falar provoque
o silenciar de todos
e seu silêncio obrigue
a me fazer sonhar
Que saiba receber
que saiba ser bem-vinda
que possa dar jeitinho
a tudo que fizer
que ao sorrir provoque
uma covinha linda
de dia, uma menina
a noite, uma mulher.




A tia high-tech e a corrupção do nível - por José do Vale Pinheiro Feitosa

As tias, Maria e Rosa, foram ao Crato e daí para Fortaleza. Como costumam dizer: respirar o ar com iodo para não ter bócio. Eram vaidosas, lembravam de Valdemar, o grande cratense que fez carreira artística em Fortaleza e que carregava uma enorme massa no pescoço.

Por isso fui visitar Tia Mundinha, ele teve de ficar sozinha cuidando dos afazeres de suas terras. Cheguei ali por volta das 17 horas, aproximei o carro do alpendre e a encontrei, sentada, bordando uma varanda de rede.

A alegria dela ao me ver saltava nos olhos e no seu corpo agitado. Nem me deu tempo de relaxar da viagem e me oferecia refrescos, bolos, água, café, doces, queijos, pão torrado com nata e assim por diante. Não recusei aquele pão torrado no forno a lenha, pleno de nata na superfície, chegando à minha boca com aquela superfície de nata gratinada. Café e os cheiros do sertão.

Após o sabor de ambrosia, a comida dos deuses do Olimpo, daquele pão com nata e café, notei tia Mundinha um tanto preocupada. Pensei em algum problema com empregado da fazenda, algo com os animais ou com o roçado em fase coivara. Mas não era. Tratava-se da velha e necessária pesquisa à internet.

- O problema é o aquecimento global.

- Tia isso vai demorar. Os nossos ossos vão estar brancos de velhos e as mudanças que prometem ainda estarão no começo.

- Meu filho eu já vi muita coisa nesta vida. Não se admire do que pode ocorrer. Já vi muito anúncio de fim de mundo que não ocorreu, mas também já presenciei adivinhação acontecendo.

- Tia aqui é longe. Pode ser que a seca piore. Mas o mar está longe.

- Meu filho não de Tsunami que tenho medo. Não é ciclone, tornado, furacão e tufão. O que mais tenho medo é da corrupção do nível.

Olhei para um lado e outro. Um lapso de silêncio enquanto digeria a frase de Tia Mundinha. Era filosofia ou era confusão de internet? Após esta tergiversação perguntei o que ela queria dizer com “corrupção do nível”.

- Meu filho o nível é muito importante. Ele parece ser um dom de Deus. Nós dizemos: fulano é uma pessoa de bom nível e todo mundo entende. Quando pensamos em Deus estamos viajando num alto nível. Quando dizemos um palavrão estamos em baixo nível.

- E a corrupção? – eu queria a conclusão.

- Corrompeu-se o nível. Não é mais absoluto. O próprio nível pode mudar. Então quando dizem que aqui tem mais de quinhentos metros acima do nível do mar, agora vai mudar.
- Ih! Vai tia?

- Vai meu filho. Vai ser menor: o nível do mar vai subir. Se o próprio nível que mede tudo muda, da altura das serras aos lugares baixos e até as depressões, vai ser outra conversa. E eu que pensava que nós falávamos de coisas que nossa mente dominava. Se muda, nossa mente não domina. Hoje é o nível do mar, amanhã é nível do mar mais alto, de mais alto ainda e onde fica a nossa verdade?

Fiquei olhando para ela sem dizer mais nada. Logo ouvi o vaqueiro encurralando o gado e tinha motivo de ir ver coisas mais absolutas. Como o sol se pondo por trás do morro.