Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Por Socorro Moreira


Meu olhar é sedento

Estou à mercê dos ventos ,

sem proventos.

Em todas as minhas encarnações

trabalhei os números...

Quero a redenção

Haverá tempo ?

Quem sabe eu furo o ciclo?

Pego carona na cauda dos poetas ,

e vou parar no céu que imagino :

Poesia , música, e um cineminha !

Fotos de Samuel Gregório - Samuk


Retalhos

Talvez a gengiva inflamada
por sobra de versos.

Haveria de ter escrito poemas
e não perdido os sentidos
depois do último trago
e da última baforada.

Recomeça o silêncio
dentro de uma mente
que é toda balbúrdia.

O coração é uma eterna delicadeza
de vasos dilatados (decerto todos
inflamados e tenros ao primeiro golpe
do bisturi ou da pena).

Alma, oh alma
não espremas tantas nuvens
não queimes tantos cílios:

basta de chuva
nos meus olhos.

Prefiro os sapinhos
da minha língua
a este dolorido vazio
de não morder nunca
braço de ninguém.

Francisco Alves



Francisco de Morais Alves (Rio de Janeiro, 19 de agosto de 1898 — Pindamonhangaba, 27 de setembro de 1952) foi um dos mais populares cantores do Brasil.

Começou sua carreira em 1918 e seu primeiro sucesso foi a marcha carnavalesca O Pé de Anjo, do compositor Sinhô. Devido a sua voz firme e potente, era conhecido como o 'Rei da Voz. Compôs com Orestes Barbosa algumas obras-primas da canção brasileira: "Meu Companheiro", A Mulher que Ficou na Taça", "Dona da Minha Vontade", "Por Teu Amor".

Morreu carbonizado por ocasião de uma colisão entre seu automóvel e um caminhão, que imprudentemente entrou na contramão, na Via Dutra, em Pindamonhangaba, na divisa com Taubaté, estado de São Paulo, quando voltava ao Rio de Janeiro.

wikipédia

Coco Chanel

Gabrielle Bonheur Chanel, (Saumur, 19 de agosto de 1883 - Paris, 10 de janeiro de 1971), mais conhecida como Coco Chanel, foi uma importante estilista francesa e uma mulher à frente do seu tempo. As suas criações até hoje ditam e influenciam a moda mundial. É a fundadora da empresa de vestuário Chanel S.A.

Relacionamentos - Rubem Alves




Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os relacionamentos são de dois tipos: há os do tipo 'tênis' e há os do tipo 'frescobol'. Os relacionamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico: para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: 'Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?

Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.' Scherazade sabia disso. Sabia que os relacionamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente.

Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: 'Eu te amo...'. Barthes advertia: 'Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada.
É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: 'Erótica é a alma'.

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada - palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é jogar pra sempre... E, o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado.

Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos. A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá. Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.

O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor. Ninguém ganha, para que os dois ganhem. E se deseja, então, que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim.
Rubem Alves

COMPOSITORES DO BRASIL


“todo quadro negro
É todo negro, é todo negro
E eu escrevo seu nome nele
Só pra demonstrar o meu apego.
Anamaeu”...


JORGE MAUTNER

Por Zé Nilton

Tomei conhecimento de Jorge Mautner, já em estado de consagração, nos anos opacos e cinzentos da repressão militar, quando assistia, assombrado, num cantinho, um show do compositor Jads Macalé, na Concha Acústica da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, talvez aí pelos anos de 1973 ou 1974.

Com muita presença de palco Macalé cantava a música “Cantareira”, de Gordurinha , cujo refrão diz:

“Só vendo mesmo como é que dói
Sou vendo mesmo como é que dói
Trabalhar em Madureira, viajar de Cantareira
E morar em Niterói”...

Macalé, fazendo trejeitos para o conjunto baixar o som comandava paulatinamente um fade-out, e deu início à capela e à exaustão a repetição do refrão “só vendo mesmo... E o acompanhamento musical foi caíndo numa melopéia, dando a deixa para a fala do grande Macalé.

Lá pelas tantas, incontinente, ajoelhou-se no palco, bem juntinho da turba universitária, e com as mãos postas e o olhar para os céus, recitou os versos, cadenciadamente, vociferando para quem vive o dia-a-dia aquela situação de explorado um inesperado: “puta que o pariu”! A platéia foi ao delírio naqueles idos de todas as censuras.

E gritou: Salve Jorge Mautner!

A platéia aplaudiu demais, mas eu não detectei o exclamado entre a multidão.
Só muito depois vim a conhecer aquela figura meio estranha meu doidão meio intelectual meio escritor meio síntese de uma geração prenhe de criatividade e de vanguardismo, justamente no lugar errado, no tempo errado e onde deu tudo errado para as cabeças fora do lugar.

Hoje, vendo a figura madura de Mautner ainda em franca presença no cenário da MPB, reconheço o todo da força que ele representou para a cultura brasileira.

No Compositores do Brasil desta quinta feira vai dá Jorge Mautner, um maldito entre os benditos, sujeito coerente e dono de uma musicalidade agradabilíssima, empunhando seu violino para qualquer marcação, feito rebequeiro nordestino .

Marginal nunca foi Jorge Mautner. Marginais foram todos que não o compreenderam no seu tempo. Pensando bem, não sei por que chamam de marginal a geraldos uranos divergentes dos “padrões normais” do tempo. Pois é este mesmo tempo que vai dizer, lá na frente, o quanto se cultivou caretice. Se liga, bicho !

Vamos falar do homem, da obra e do tempo de Jorge Mautner, enquanto ouviremos:
BEM TE VIU, com Jorge Mautner

SAMBA DOS ANIMAIS, de Jorge Mautner com Lulu Santos
SAMBA JAMBO, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina com Jorge Mautner
TODO ERRADO (não peço desculpas), de Jorge Mauter com Jorge Mautner e Caetano Veloso
ENCANTADOR DE SERPENTES, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
ORQUÍDEA NEGRA, de Jorge Mauter com Jorge Mautner e Zé Ramalho
CACHORRO LOUCO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
BOLINHAS DE GUDE, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
SOM DO MEU VIOLINO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
RAINHA DO EGITO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
MARACATU ATÔMICO, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina com Gilbetro Gil
QUERO SER LOCOMOTIVA, de Jorge Mautner com Wanderléa

Quem ouvir verá!

COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri- 1020 –
www.radioeducadoradocariri.com (acesse no www.blogdocrato.com)
Todas as quintas-feiras, de 14 as 15 horas
Pesquisa, Produção e Apresentação de Zé Nilton



Eunuco

Deste velho poeta
terás apenas uma alma
nunca contente
confidente das nuvens
e das sombras do cotidiano.

Meu voo é raso,
minhas asas simples:
não ultrapasso a janela do banheiro
sem arranhões nos ombros.

Trago um sinal acima do lábio direito
e um par de olhos mais loucos que tristes.

Deste velho poeta
terás apenas um corpo febril
carne pronta ao abate
dos sonhos.

Meu contentamento
sempre solitário:
tremo, cãibras
limpo as cerâmicas
do quarto
com a toalha
de enxugar os pés.

Deste velho poeta
terás apenas a solidão
de filhos órfãos e marginais.

A força do querer - Emerson Monteiro

Nas situações diversas em que a vida se mostra, perguntas saltam à nossa frente, pedindo interpretação das origens dos acontecimentos. Por mais grossos sejam os cadernos usados, sobram detalhes do lado de fora para exame posterior. De tudo por tudo querem as pessoas saber os motivos. Mas a correria diária segue no embalo constante, quase sem deixar espaço na busca dos mistérios.
Presos na dúvida materialista, muitos rejeitam as religiões, conformados aos prazeres imediatos. Farinha pouca, meu pirão primeiro, diz o povo. Na incerteza do futuro, derrubam árvores para comer uma única safra.
Por isso, vícios arregimentam força, pela imprevidência das pessoas quanto ao futuro. O incerto pelo duvidoso. Na juventude, esse velho costume sujeita um tanto de dependentes, pois eles dão preferência aos gozos da carne, invés do planejamento de futuro harmonioso. Quando ainda têm oportunidade, lá adiante se lamentam: Soubesse eu o que sei agora...
Vencer aos instintos nocivos salvaria o bem que nos espera nas possibilidades promissoras. Será reunir forças suficientes e conter os impulsos, para usufruir de novas ofertas. Quantos presidiários vivem arrependidos por perder o autocontrole em horas críticas. Atendem impulso destrutivo e destroem a liberdade, laçados nas malhas do remorso cruel.
Daí o conceito de que vitorioso não é quem vence os outros. Vencer a si mesmo eis na verdade o que conta. Evitar a derrota, ser conquistador dos instintos da perversidade, dos vícios, da vaidade humana.
Quem consegue elaborar outro roteiro na vida, submeter o erro e reconstruir as chances de obter a paz da consciência, receberá à vitória, além de demonstrar pelo exemplo o que outros necessitam.
Independente, no entanto, dessas aspirações comunitárias, valerá a satisfação pessoal de reverter vida trágica e descobrir caminhos de alegria e realizações interiores.
Para os místicos, Deus é isto, a vida que pulsa nas veias, no tempo e na luz perfeita do Universo. Está no amor entre as criaturas. No bem que produz em prol dos menos favorecidos. Nas forças da Natureza. No gosto de viver com ânimo forte, saúde física e mental, resultado de dedicação aos fatores da virtude. E a força do querer fala disto com bravura no coração dos heróis da espiritualidade.

INDIFERENTE - de José Alves Figueiredo

Dedico este texto de José Alves Figueiredo
aos amigos Magali e Carlos Eduardo


Essa que tem no olhar a luz da estrela
Que brilha lá na cúpula infinita,
Essa mulher franzina e tão bonita
Que de verbena toda se constela.

Essa que quando canta a voz imita,
De um rouxinol a cantilena bela,
Que faz minh'alma estremecer ao vê-la
Como o galerno à frágil margarita,

Sem ter ouvidos para o meu tormento,
Passa sorrindo, fria, indiferente,
Esquecida de um velho juramento...

Tento evitá-la - finjo aborrecê-la
Porém mais sinto essa paixão fremente,
Mais sinto procurá-la e mais querê-la !


Fonte: Livro: Versos Diversos
Crato - 1978

PERSEGUIÇÃO

PEDRO ESMERALDO
Isto é a pura verdade! O Crato vem sendo sumariamente perseguido por malfeitores que permanecem sob a sombra do governador e dizem ainda que não há jeito para solucionar esse problema. Essa medida éestarrecedora, já que o cratense anda apavorado. Argumentam que os políticos desta terra que se acomodam, cruzam os braços, não se esforçam para solucionar o problema e ainda dizem amém, porque não tem representação política em Brasília.

É claro que o principal mentor dessas medidas discordantes é o nosso governador, visto que faz vista grossa e aceita com passividade as injunções malditas da vizinha cidade que anda atormentando, deixando-nos cabisbaixo, sem tomar decisões e nem saber apelar com sinceridade a fim de sairmos desse impasse.

Agora mesmo, estamos acompanhando com tristeza o fechamento doSESI. Consideramos essa medida como sendo um jogo sujo, visto que esseprédio foi construído a rigor, com muito esmero, dando condições para ser umsetor de lazer e do ensino regional, pois os homens do passado tiveram aincumbência de dar ao Crato esse melhoramento. Uma equipe de malfeitores/beneficiados pelo governador, troca de posição, preferindo dar vez àpermanência do SESI de Juazeiro, cujo prédio foi construído com molde simples para satisfazer os anseios do povo daquela cidade. Consideramos essa medida absolutista, preferenciada, simplesmente para denegrir a cidade do Crato.

Também deixamos nosso protesto e reclamamos das medidas arbritarias do pessoal do IBGE que quer dilacerar o Crato, tomando terras para beneficiar a cidade de Barbalha, pois um cidadão proveniente do Cariri Oeste, acoplado aos políticos de Juazeiro, vem nos provocar sem mais nem menos a fim de nos prejudicar para satisfazer aos anseios desses políticos maldosos, gananciosos que só almejam o crescimento de Juazeiro do Norte.

Um cidadão desconexo vem nos atormentar, proveniente do Cariri Oeste, querendo mostrar qualidade que não possui. Seria melhor que esse homem nos deixe, pois o Crato tem repugnância de suas medidas falaciosas.

Ocorre que esses homens têm o prazer de torturar e levar avante a sua campanha mal cheirosa buscando voto nesta cidade pedindo harmonia, dizendo que ama o Crato.

Nos dias de hoje, tomamos conhecimento de uma conversa que nos deixou atormentados. Trata-se de quererem privatizar a SAAEC. Não sabemos se isto é verdade, mas tomamos conhecimento de pessoas que trabalham naquele órgão público.

Relembramos bem que não desejamos ver o fim do Crato, mas, se isso acontecer, colocaremos uma placa com o seguinte dizeres: aqui restam as ruínas do Crato, alvissareira, perseguida pelos políticas da cidade vizinha e dos chefões da capital do estado. Devemos ter oposição, não intriga, mas o que estão fazendo conosco vamos partir para a intriga.

Crato -CE, 17 de Agosto de 2010.

Para reflexão



"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." - Fernando Sabino

"Todo equívoco humano é satirizável. Enquanto houver ser humano com suas carências, inseguranças e dúvidas, haverá sátira." - Ziraldo

"As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?" - Mahatma Gandhi

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando... E termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?" - Charles Chaplin

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade." - Fernando Pessoa

"Um covarde é incapaz de exibir amor; amor é a prerrogativa do bravo". - Mahatma Gandhi

"Um dia, após termos dominado os ventos, as ondas, as marés e a gravidade . . . nós nos ligaremos . . . às energias do amor. Então, pela segunda vez na história do mundo, os humanos descobrirão o fogo." - Teilhard De Chardin

Federico Garcia Lorca


Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 — Granada, 19 de agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola devido ao seus alinhamentos políticos com a República Espanhola e por ser abertamente homossexual.


Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.

Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).

Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.

Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas idéias socialistas e, com fortes tendências homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.

Intimidado, Lorca retornou para Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que tornou-se célebre) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".

Assim, num dia de agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade [3]. A caneta se calava, mas a Poesia nascia para a eternidade - e o crime teve repercussão em todo o mundo, despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta. Foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.

Assim como muitos artistas - e a obra Guernica, de Pablo Picasso -, durante o longo regime ditatorial do Generalíssimo Franco, suas obras foram consideradas clandestinas na Espanha.

Com o fim do regime, e a volta do país à democracia, finalmente sua terra natal veio a render-lhe homenagens, sendo hoje considerado o maior autor espanhol desde Miguel de Cervantes. Lorca tornou-se o mais notável numa constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como "geração de 27", alinhando-se entre os maiores poetas do século XX. Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande dramaturgo.
wikipédia

A poesia de Marcos Leonel

Dos grifos

Assinalar como inconfundível
A trapaça da presença camuflada
Das gruas ante o pulo dos desesperados

Assinalar como irrefutável
A carcaça da ausência alimentícia
Do microondas bipolar posto na sucata

Assinalar como imensurável
A velha rua que sobrevive ao eterno
Apenas com verdades banais

Assinalar como praticável
Tudo aquilo que se destitui facilmente
Das qualidades essenciais

Assinalar como insuportável
A falta de subversão na resistência
E no formol da organização cultural

Não esquecer jamais
Que a verdade é a maior entre
As maiores sabotagens da ciência


Por Marcos Leonel

Esse cara é demais !- Lupeu Lacerda!


sei da cor do silencio das palavras
de pedra, de couro esticado de lagartos ao sol
sei da inexistencia dos sons
melodramáticos, ecos mortos,
asas de um anjo tão real quanto.
sei de cor a palavra que diz do silencio
do martelo quebrando a pedra
a mão faca arrancando a pele, da alma
do lagarto rei
os sons, quebram os sons
regurgitam gritos
e seguem em direção ao matadouro.

Por Lupeu Lacerda


Lumiar
Beto Guedes
Composição: Beto Guedes / Ronaldo Bastos

Anda, vem jantar,
Vem comer, vem beber, farrear
Até chegar Lumiar
E depois deitar no sereno
Só pra poder dormir e sonhar
Pra passar a noite
Caçando sapo, contando caso
De como deve ser Lumiar

Acordar, Lumiar, sem chorar,
Sem falar, sem quer
Acordar em lumiar
Levantar e fazer café
Só pra sair caçar e pescar
E passar o dia
Moendo cana, caçando lua
Clarear de vez Lumiar

Amor, Lumiar,
Pra viver, pra gostar,
Pra chover, pra tratar de vadiar
Descansar os olhos, olhar e ver e respirar
Só pra não ver o tempo passar
Pra passar o tempo
Até chover, até lembrar
De como deve ser Lumiar

Anda, vem cantar,
Vem dormir, vem sonhar, pra viver
Até chegar em Lumiar

Estender o sol na varanda até queimar
Só pra não ter mais nada a perder
Pra perder o medo, mudar de céu, mudar de ar
Clarear de vez Lumiar

Honoré de Balsac


Honoré de Balzac (Tours, no departamento francês de Indre-et-Loire, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um romancista francês. Em 1849, com a saúde debilitada, viajou à Polônia para visitar Eveline Hanska, rica dama polaca com quem se correspondeu mais de 15 anos. Em 1850, três meses antes da morte de Balzac, eles casaram-se.

Sérgio Cardoso


Sérgio Fonseca de Mattos Cardoso mais conhecido como Sérgio Cardoso (Belém, 15 de março de 1925 — São Paulo, 18 de agosto de 1972), foi um ator brasileiro.

Formou-se em Direito no Rio de Janeiro e sonhava com o Itamarati, queria ser diplomata. Despertou para o teatro ao conhecer o Teatro Universitário do Rio de Janeiro e sua estréia foi no papel título de Hamlet de Shakespeare. O sucesso foi tão grande que ele desistiu de tudo e se decidiu pela carreira de ator. Foi para o Teatro Brasileiro de Comédia de São Paulo. Fez peças importantes, como: Entre Quatro Paredes; A Ópera dos Três Vinténs; Do Mundo Nada se Leva; Seis Personagens à Procura de um Autor; Convite ao Baile; A Falecida; A Raposa e as Uvas e A Ceia dos Cardeais.

Em 1949 fundou sua própria companhia teatral, o Teatro dos Doze em sociedade com a atriz Nydia Lícia com que foi casado por muitos anos e teve uma filha, Silvia.

Na TV Tupi, Sérgio Cardoso fez várias telenovelas de sucesso: O Sorriso de Helena ; O Cara Suja; O Preço de uma Vida; O Anjo e o Vagabundo; Somos Todos Irmãos e Antônio Maria. Essa última, escrita por Geraldo Vietri, que fez ao lado de Aracy Balabanian, foi seu maior sucesso na TV. Em 1968, realizou O Santo Mestiço, novela sobre a vida de São Mantinho de Porres.

Em 1969 ele foi para a TV Globo, onde fez: A Cabana do Pai Tomás; Pigmaleão 70; A Próxima Atração e O Primeiro Amor. Foi este seu último trabalho e o ator faleceu vitimado por um ataque cataléptico, que deixa o corpo da pessoa portadora como se a mesma estivesse morta. Ele teve que ser substituído por Leonardo Villar, um de seus melhores amigos, já que a telenovela ainda tinha vários capítulos para serem gravados e ele fazia o principal papel.

Mais de vinte mil pessoas acompanharam o enterro do ator em São Paulo. Onde ele formou sua Companhia de Teatro, no bairro da Bela Vista, hoje existe o Teatro Sérgio Cardoso.

Após sua morte houve rumores que o ator havia sido enterrado vivo, fato que é verídico, mas foi negado posteriormente por parentes e amigos. Quando desenterrado, estaria virado de bruços com o rosto desfigurado. Desconfia-se que se estrangulou ao saber que ainda vivia. A sua roupa encontrava-se rasgada após apenas uma semana de enterro, alguns cabelos tinham sido arrancados e sua face estava boquiaberta de pânico. Só que isso foi posteriormente desmentido.
wikipédia


Olá prezad@s,

Em anexo um portfólio dos principais cursos e oficinas oferecidos por mim atualmente.
Por gentileza ajudem a divulgar. Estou aberto a propostas de parceria.

Grato pela atenção.
Abraços. Pax et bonum.


Joelmir Pinho
www.institutofocus.com
www.joelmirpinho.wordpress.com
joelmirpinho@hotmail.com (msn)
Twitter: @joelmirpinho

Vida itinerante de uma bancária (XIV)- por Socorro Moreira

Friburgo- Berço da colonização alemã
Hotel de Dona Mariquinha
Teleférico- Friburgo-Rj
São Pedro da Serra
Maio de 1992

Olhei meu apartamento  pela última vez, e deixe-o vazio para ser alugado por uma imobiliária. O caminhão seguiu por terra com a minha mudança, e eu me adiantei pelos ares, em companhia de André, meu filho caçula, vestibulando.
Chegamos no Rio, e fomos direto pra rodoviária. Menos de 3 horas de viagem. A cidade estava gelada , naquele mês de maio. Pedimos ao taxista que nos levasse a um hotelzinho bom e barato.Estávamos no Centro da cidade, perto do Banco do Brasil, no hotel e restaurante de Dona Mariquinha. No dia seguinte fiquei sabendo que lá era servida , a melhor comida caseira da cidade. Inesquecível. Os garçons passavam a bandeja, a toda hora , com pratos diferentes , e a gente podia se servir do que quisesse, à vontade. Adorava principalmente, os pastéis de entrada.Depois vinham as saladas, o feijão preto, a carne assada, a farofinha com bacon, os ovos estrelados, o arroz soltinho . Tudo fumegando, tudo no ponto, tudo deliciosamente servido. A sobremesa era morango com uma cascata de chantily , feitta  com creme de leite fresco. Um sabor nada comparável ao creme de leite das latas.
A Agência era moderna e linda. A cidade , que eu já conhecia, quando morei em Macaé, me parecia  um recanto europeu. Floriculturas , cafés, docerias, lojas que vendiam queijos finos, licores e amanteigados.
Enquanto procurava  casa para alugar  ia descobrindo os segredos da cidade. Ela tinha qualquer coisa de mística, de búdica. O Pico da Caledônia, se mostrava, exuberante ! Disseram-me que lá existia um mosteiro budista, pouco frequentado, mas  interessante pra gente experienciar  a meditação em silêncio. 
E, na sequência, tudo que era alternativo foi se apresentando: centro de danças sagradas, acupuntura, I Ching, Curso de Astrologia e Taro, cozinha macrobiótica, grupo de ufologia, medicina natural, etc e tal.
Parece que Deus sabia que eu precisava de toda serenidade do mundo  para encarar o clima competitivo do Banco.Minha função de Gerex havia sido concorrida por milhares de pessoas.A interrogação era grande : "como conseguiu ser nomeada para cá?"
A resposta estava na boca da Direção Geral. Era a minha compensação por uma  possível injustiça , no passado recente, na Bahia.
Lotaram-me  no atendimento. Mesa redonda  e cadeiras para negociações com os clientes. Nos primeiros dias, senti que a minha bodega  estava vazia. Precisava fazer algo, produzir, mexer com as estruturas de base. O atendimento aos aposentados era um tanto marginalizado. As filas eram imensas, e o povo da terceira idade, sofrido. Propus comandar aquele setor, que não era ansiado pelos outros gerentes. Transformei o andar , noutro Banco. Humanizei-o com o maior dos meus carinhos. Servia , nos dias de pagamento, café, chá, chocolate quente; biscoitos, e distribuía chocolates, nas datas especiais. Acho que acabei incomodando, bastante. Foi a minha experiência funcional mais árdua, e ao mesmo tempo ,  a mais gratificante. Culminei-a, pedindo destituição da comissão, por livre e espontânea vontade, desejando reunir-me aos filhos, na cidade de Campina Grande-Pb. Claro ,que fui considerada uma louca.!A coragem de perder uma situação de prestígio  não é fácil para qualquer um. Eu já havia compreendido, claramente, que o bom da vida é SER ... ESTAR  é passageiro demais, para que a gente possa nele se fiar.

Mas até completar meus dois anos, vivi muita coisa boa !
A natureza em Friburgo é prodigiosa. Só comparável ao nosso pé de serra.
Muitos shows, muita gente de fora com figurinhas para trocar, e a gastronomia especialíssima !
Os bosques de orquídeas  eram nativos. Águas correntes , clima ameno, recantos paradisíacos !
Meu companheiro que tocava violão chegou pouco depois. Não sentindo clima de boemia , despediu-se em seguida. Eu aproveitei para um tempo de serenar o coração e a alma. Mas, vez por outra, dava uma passada no bar "Edoardo", onde as pessoas curtiam um Happy Hour. Aí era papo , que não acabava. Gente escolarizada,  sensível... Nada  a ver com o grupo bancário, onde também existiam pessoas afáveis.
Um dia, o Apto  em que morávamos  teve, literalmente, o teto desmoronado.André conseguiu alugar por amizade  uma casa belíssima, onde ficamos até o nosso último dia em Friburgo. Foi massa !

Afora  o diferente , ainda lembro com saudades das Escolas de Samba, na época do Carnaval. Sem os deslumbres do Rio, claro, mas com a essência  no pé, e na alma. Cheguei a participar de uma delas , com grande entusiasmo. Na realidade eu vivia meu lado profano e sagrado, em perfeita harmonia... Se isso é possível !

Fomos visitados por todos amigos e familiares. Friburgo, encantava !
Passei inúmeros finais de semana  no Rio, em Lumiar, e em São Pedro da Serra, sem contar com outros lugares, nas proximidades. 
Foi sem dúvidas uma experiência rica , e no fundo feliz, morar  em Friburgo. 
Mas, com notas da responsabilidade materna, Campina Grande me esperava... E fui ! 

Era Agosto de 1994


Pérolas nos bastidores... A propósito do texto "Perdas ou Ganhos?"



Ana (Ballet de Palavras) disse...

Claude,
Texto belíssimo de caracteres multifacetados e, perfumados, seus.

Felicito-a Claude.

Perdas e Ganhos?! Reversos da vida ... Eu, Claude?! Deixei o olhar de menina inocente mas obtive o olhar de mulher confiante... perdi a capacidade de olhar mas adquiri a competência de observar … perdi o riso fácil mas ganhei a gargalhada delicada... perdi o rosto juvenil no entanto adquiri um rostinho notável de ruginhas que recordam-me o prazer da vivência passada …

Perdi amores, ganhei outros … Perdi a vivência de pessoas queridas e, ganhei lembranças dóceis e, inesquecíveis … Perdi sonhos e, realizei novos … Perdi a insipiência e, conquistei a sapiência na forma como observo, sinto e, reajo perante a vida …

Não quero nunca Claude perder a capacidade de sonhar, continuar a acreditar que é possível a paz, que as crianças são seres delicados, frágeis e, delicados cristais … que a velhice é um reflexo de um aprendizado da vida … não quero perder a capacidade de me emocionar, quero manter a essência que sou mesmo que me faça lacrimejar ou sorrir porque a vida é um enorme palco de emoções e, privar dela é a maior das comoções.

Um dia aprazível Claude são os desejos de mim para si.

Ana

Cascais - Portugal

Organizar A Vida.



Vamos arrumar nossas gavetas, nosso guarda-roupa, escrivaninha, mágoas que nos adoece, rancor que tumoriza; raiva e muitos outros sentimentos que que não são úteis.
Comecemos consertando nossa casa interior.

Todavia,do lado de fora, podemos arrancar o mato da grama, dos canteiros, dos jarros... Isto nos fará bem.Gostar e olhar para as formigas, por que não? o Pe Antonio Vieira"num" chamava o jumento de irmão?

Podemos "ecologizar" nosso pensar, nosso coração, nossa alma. Devemos experienciar e vivenciar o novo em qualquer época, pode ser até em agosto, por exemplo. Renovar é um processo contínuo.Acontece ás vezes, de conseguirmos sair de uma fase terminal, quer seja biológica, ecológica ou fenomenológica, para uma vida absolutamente recém instaurada.Adoro a lenda da Fênix: que morre e renasce das cinzas.

Sobre o amor e o namorar, podemos namorar todos e tudo: as idéias, os conceitos, os valores, o mundo,os bichinhos, e amar os amigos...Amigo é bicho bom! Corre prá gente de braços abertos, calçando os sapatos muitas vezes ás pressas, quando necessitam chegar urgente.E ai, nós seres humanos, passamos a ter todo conforto e carinho necessários e de graça "thurma"! Eles possuem a faculdade de fazer secar nossas lágrimas. E o melhor nos fazem rir e gargalhar também.

A vida está aqui na nossa frente, de lado, dentro de nós. Vamos curtir, vamos amar, vamos ser alegres, simplesmente por existir e sermos cidadãos deste belo Planeta Terra.

Salada de Couve-Flor


Ingredientes

1 pé de couve-flor cozida
2 colheres de sopa de cebola raladas
1 dente de alho amassado
2 colheres de sopa de suco de limão
quanto baste de sal
quanto baste de orégano
quanto baste de manjericão

Modo de preparo
Pique a couve-flor. Em uma travessa coloque todos os ingredientes e misture levemente. Leve à geladeira. Sirva a salada gelada.

Por Rachel de Queiroz


Crônica nº. 1

Rachel de Queiroz


Tanto neste nosso jogo de ler e escrever, leitor amigo, como em qualquer outro jogo, o melhor é sempre obedecer às regras. Comecemos portanto obedecendo às da cortesia, que são as primeiras, e nos apresentemos um ao outro. Imagine que pretendendo ser permanente a página que hoje se inaugura, nem eu nem você, — os responsáveis por ela, — nos conhecermos direito. É que os diretores de revista, quando organizam as suas seções, fazem como os chefes de casa real arrumando os casamentos dinásticos: tratam noivado e celebram matrimônio à revelia dos interessados, que só se vão defrontar cara a cara na hora decisiva do "enfim sós”.

Cá estamos também os dois no nosso "enfim sós" — e ambos, como é natural, meio desajeitados, meio carecidos de assunto: Comecemos pois a falar de você, que é tema mais interessante do que eu. Confesso-lhe, leitor que diante da entidade coletiva que você é, o meu primeiro sentimento foi de susto —, sim, susto ante as suas proporções quase imensuráveis. Disseram-me que o leitor de O CRUZEIRO representa pelo barato mais de cem mil leitores, uma vez que a revista põe semanalmente na rua a bagatela de 100.000 exemplares.

Sinto muito, mas francamente lhe devo declarar que não estou de modo nenhum habituada a auditórios de cem mil. Até hoje tenho sido apenas uma autora de romances de modesta tiragem; é verdade que venho há anos freqüentando a minha página de jornal; mas você sabe o que é jornal: metade do público que o compra só lê os telegramas e as notícias de crimes e a outra lê rigorosamente os anúncios. O recheio literário fica em geral piedosamente inédito. E agora, de repente, me atiram pelo Brasil afora em número de 100.000! Não se admire portanto se eu me sinto por ora meio “gôche”.

Dizem-me, também que você costuma dar sua preferência a gravuras com garotas bonitas a contos de amor, a coisas leves e sentimentais. Como, então, se isso não é mentira, conseguirei atrair o seu interesse? Pouco sei falar em coisas delicadas, em coisas amáveis. Sou uma mulher rústica,muito pegada à terra, muito perto dos bichos, dos negros, dos caboclos, das coisas elementares do chão e do céu. Se você entender de sociologia, dirá que sou uma mulher telúrica; mas não creio que entenda. E assim não resta sequer a compensação de me classificar com uma palavra bem soante.

Nasci longe e vivo aqui no Rio, mais ou menos como num exílio. Me consolo um pouco pensando que você, sendo no mínimo cem mil, anda espalhado pelo Brasil todo e há de muitas vezes estar perto de onde estou longe; e o que para mim será saudosa lembrança, é para você o pão de cada dia. Seus olhos muitas vezes ambicionarão isto que me deprime, — paisagem demais, montanha demais, panorama, panorama, panorama. Tem dia em que eu dava dez anos de vida por um pedacinho bem árido de caatinga, um riacho seco, um marmeleiral ralo, uma vereda pedregosa, sem nada de arvoredo luxuriante, nem lindos recantos de mar, nem casinhas pitorescas, sem nada deste insolente e barato cenário tropical. Vivo aqui abafada , enjoada de esplendor, gemendo sob a eterna, a humilhante sensação de que estou servindo sem querer como figurante de um filme colorido. Até me admira todo o mundo do Rio de Janeiro não ser obrigado a andar de “sarong”. Mas, cala-te boca; para que fui lembrar? Capaz de amanhã sair uma lei dando essa ordem.

Apesar entretanto de todas essas dificuldades, tenho a esperança de que nos entenderemos. Voltando à comparação dos casamentos de príncipe, o fato é que as mais das vezes davam certo. Não viu o do nosso Pedro II com a sua Teresa Cristina? Ele quase chorou de raiva quando deu de si casado com aquele rosto sem beleza, com aquela perna claudicante; porém com o tempo se acostumaram, se amaram, foram felizes, e ela ganhou o nome de Mãe dos Brasileiros. Assim há de ser conosco, que eu, se não claudico no andar, claudico na gramática e em outras artes exigentes. Mas sou uma senhora amorável, tal como a finada imperatriz, e de alma muito maternal. A política é que às vezes me azeda mas, segundo o trato feito, não discorreremos aqui de política. Em tudo o mais sempre me revelo uma alma lírica, cheia de boa vontade; eu sou triste um dia ou outro, não sou mal humorada nunca. E tenho sempre casos para contar, caos de minha terra, desta ilha onde moro; mentiras, recordações, mexericos, que talvez divirtam seus tédios.

Você irá desculpando as faltas, que eu por meu lado irei tentando me adaptar aos seus gostos. Quem sabe se apesar de todas as diferenças alegadas temos uma porção de coisas em comum?

Vez por outra hei de lhe desagradar, haveremos de divergir; ninguém é perfeito neste mundo e não sou eu que vá encobrir meus senões. Tenho as minhas opiniões obstinadas — você tem pelo menos cem mil opiniões diferentes — há, pois, muito pé para discordância.

Mas quando isso suceder, seja franco, conte tudo quanto lhe pesa. Ponha o amor próprio de lado, que lhe prometo também não fazer praça do meu. Lembre-se de que há um terreno de pacificação, um recurso extremo, a que sempre poderemos recorrer: fazemos uma trégua no desentendimento, procurando esquecer quem dos dois tinha ou não tinha razão; damos o braço e saímos andando por este mundo, olhando tudo que há nele de bonito ou de comovente: os casais de namorados nos bancos de jardim, o garotinho cacheado que faz bolos na areia da praia, a luz da rua refletida nas águas da baía, ou simplesmente o brilho solitário da estrela da manhã.

Depois disso, não precisaremos sequer de fazer as pazes; nos seus cem mil variadíssimos corações, como no meu coração único só haverá espaço para amizade e silêncio.

Há anos sei que é infalível o resultado da estrela da manhã.


Esta é primeira crônica escrita por Rachel de Queiroz para a coluna “Ultima Página” na revista “O Cruzeiro”, em 01/12/1945. A escritora, que iniciou assinando “Raquel de Queiroz”, permaneceu na revista quase até suas portas serem fechadas. Esta preciosidade faz parte dos “Arquivos Implacáveis” de João Antônio Bührer, gentilmente enviada ao Releituras.

Rachel de Queiroz: sua vida e sua obra estão em "Biografias".


ESSA MÚSICA VAI PARA SOCORRO

Querida amiga,
para acompanhar suas memórias de bancária por esse Brasil afora, vai aí uma música especial para o tema. Tô acompanhado os relatos... e fico sempre pensando: "e depois dessa cidade, meu Deus, pra onde será que ela vai?" Ainda bem que sei o final, senão morreria de ansiedade.
Stela



O Sesc de Juazeiro, convida ! ( extra oficial)

Acontecerá, nos próximos  dias , 31 de Agosto, 1 e 2 de Setembro, o Circuito da Leitura, promovido anualmente,  pelo Sesc Juazeiro do Norte. O Cariricaturas  está inserido na programação, pelo gentil convite  de Paulo Damasceno (Coordenador) ,e o  estímulo da  Bibliotecária Deusimária.
Alem das oficinas de contação de histórias, incentivo à leitura, criação poética, etc, privilegiando autores cearenses,personificados  pela escritora Rachel de Queiroz,   acontecerá o relançamento do livro "Cariricaturas em prosa e verso".
Estejam  prontos para  esse momento, dia 1.09.2010. às 18 h, no Sesc Juazeiro do Norte, os amigos escritores ,que participaram do livro. 
O convite estende-se  aos nossos leitores e colaboradores !

Quem estiver distante, aproxime-se !

Importante poder contar com a presença de todos !

Rilke Rainer Maria


Do eco sem fim de tua dor
nasce o Verbo, aflora o espinho
de uma morte a recender suave rosal.
Vieste ao mundo para orquestrar
a fúria de um Deus selvagem.
Nasceste para pacificar a violência
de um silêncio indomável.
Do escombro de cada momento
eriges o teu rosto, o teu louvor,
suavizando na angústia extrema
a violência das feras famintas.
Em cada instante escreves
a fatalidade de um anjo áspero,
o fascínio de um peregrino
a caminhar pela luz de um poema
em que tudo é santificado.
Às margens do Adriático
uma epifania conclama-te
no existir fulminante,
na loucura dos profetas,
na morte jamais desfeita em cinzas.
E tudo em nós ressuscita o intacto
silêncio das sinfonias, tudo em nós
louva a sagração do vinho,
quando nos findamos
no pólen dos teus dons.

De Isabel Virgínia, o café - por Everardo Norões

talvez apenas um café
um pires de doce de leite
ou simplesmente o repouso
do discurso na xícara
sabor que adormece o vencido
talvezn o linho a clarear a sala
na afasia dos espelhos
ou o verso a caber na terrina
seu perfume
talvez à soleira da porta
barulho de passos
a consumir o nome
nas exéquias do possuído
talvez nada apenas isso
um pires de doce de leite
a pequena xícara de café
bálsamo
a ressuscitar a cidade
com todos os seus mortos

Da beleza de Deus - por Ana Cecília S.Bastos( uma poetisa em oração)

Olhos alados.
Palavras sem trégua.
Mas não escrevo, poeswia distante.
Meu manuscrito circulando.
Leitores reticentes.
Dentro de mim o dragão, olhos alados.

Sou um continente e seus rios que correm,mansos
e em fúria.
Sou as palavras desatadas qualdo algo me des-
perta, algo
gratuito e fortuito disperso
em algum atalho,
ou sem caminhos.

Apenas um caminho, e eu distante.
Rios fluem mansamente,
Persisto no erro, furiosamente.
Rios fluem, e sou eu.

Perco a palavra e o destino.
Só o amor de Deus me salva,
a mim,
que não fiz por merecer.
Perdas ou ganhos?

- Claude Bloc -


Não dá pra parar de pensar, não dá... Sim, porque nesta vida sempre temos que passar por perdas e/ou ganhos. E... quando ganhamos alguma coisa, de certa maneira perdemos outra, talvez até e simplesmente para aprender a viver ou a perder o que deixamos para trás por opção, ou mesmo as coisas que nos foram tiradas pela própria vida.

Pois bem, eu, como cada um de nós, perdi com o tempo um pouco da paciência que eu tinha, um pouco da pureza, da inocência, deixei para trás a infância, meus sábados e domingos, a vontade de brincar, de ir jogar peteca numa rua do Pimenta. Perdi coisas supérfluas e coisas importantes, pessoas que eu amo. Também perdi o riso fácil, a coragem de sair de casa descabelada, enfim, perdi muito tempo. Algumas vezes perdi a piada, a graça, algumas oportunidades, amores, beijos...

E o que eu ganhei? Tantas e tantas coisas!! Ganhei amigos, um pouco de idade, alguns quilinhos, óculos, responsabilidade, coragem, beijos, amor, abraços, sorrisos sinceros, liberdade, lágrimas de alegria e de tristeza. Ganhei um pouco de vaidade e de tempo. Já ganhei até muitos elogios, uma flor, sonhos... muitos sonhos.

Só não quero perder jamais o brilho nos olhos, a alegria de viver, a verdade, a paz de espírito, amigos, a confiança nas pessoas, a esperança, a dignidade, valores, personalidade, família. Não posso perder minha essência...
Claude Bloc