Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dia das Crianças - Por Isabela Pinheio Torres


Dia das Crianças, que alegria
É uma folia.
O presente, não vamos esquecer
O dia das crianças está prá acontecer.
O sol cantava e sorria
Que alegria
Esse é meu dia.

Não vou esquecer
O que vai acontecer
O que será que ela vai querer?
A melodia vai querer aparecer
Pois as crianças ela queria ver.

Cada presente é uma criança
Todo dia com aquela esperança
E ai, como a gente vai viver
Sem aquela criança
Atrapalhando a lembrança?

Criança precisa de amor
Vai eu e você, aproveitando o fervor
A criança não vive sem um adulto
Pois ela vai querer ver, querer conhecer.


* Isabela( 8 anos de idade) é neta do meu amigo-irmão Joaquim Pinheiro. Por considerá-la uma sobrinha neta , exultei de alegria e corujice, quando tive acesso ao seu poema.
.
Belinha, quando eu tinha a sua idade , não sabia fazer poesia como você, mas já gostava de registrar meus pensamentos.
.
Que todos os lápis e papeis tenham um bom destino na sua mão infantil.
Menina esperta , seus versos foram pródigos de alegria!
>
Abraços nos avós Joaquim e Raquel.
Tia Socorro pede autorização para compartilhar com os amigos do Cariricaturas , o primeiro dos seus poemas, sabendo que muitos desses virão na sequência... Quem descobre a poesia , dela não se afasta em vida, mesmo ,e principalmente, depois que cresce.
.
Um beijo , e seja bem vinda, minha poetisa , na roda dos poetas, e dos amantes da poesia !
.
Socorro Moreira

Rio de Janeiro e Sempre - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando o Rio gritou pela sua escolha, era a escolha de um canto permanente. De uma cidade sem igual. Como os sonhadores que navegam em Atenas, as emoções que se elevam nas sete Colinas de Roma. Apenas um traço e toda humanidade sabe que se trata do Rio de Janeiro.

Em sua homenagem três vidas na cidade.

Rua Constante Ramos, em Copacabana, junto ao paredão do Morro dos Cabritos. As árvores tomaram a vitamina dos arranha-céus e buscam a luz como se rivalizassem com eles. São tão altas, que meu olhar lá de baixo imagina o universo fantástico daquelas brechas entre galhos e folhas perto da morada do sol. Era uma tarde urbana, de gentes em todos os quadrantes, carros em filas atrasadas, buzinas como se solicitassem aos santos do candomblé que a corrida se iniciasse.

Foi quando um homem alto, negro, ereto, muito elegante se aproximou. Aproximou-se dos latões de lixo e começou o trabalho de escolha. Mas não buscava papelões, latas ou garrafas. Fazia escolhas de coisas que já foram úteis para as famílias de classe média e agora se viam a caminho do lixão de Jardim Gramacho. Era um catacador sem igual e perguntei ao porteiro o que buscava.
- Coisas que depois vende nas calçadas de Caxias. Leva tudo que ainda possa ter algum tipo de recuperação. Outro dia ele pegou uns três pares velhos de sandálias japonesas e me disse que venderia cada um a dois reais.

Na mesma rua. Um senhor baixo, caucasiano, dos cabelos já totalmente esbranquiçados. De vez em quando o encontro sentado em algum batente de uma das portarias do edifício lendo um livro. Literatura de um modo geral. Já dediquei meu livro Paracuru a ele.

É cearense, da classe média, da família Lima Verde, fez segundo grau e viveu em Fortaleza uma vida confortável, inclusive tendo estudado em colégio interno. Veio para o Rio logo após o golpe de 64 e até hoje vive nas ruas, fazendo biscates, é pintor, de vez em quando toma um porre fenomenal e dá muito trabalho.

Com frequência um porteiro deixa que viva num canto qualquer da garagem dos prédios, mas ele tem o costume de brigar com seus acolhedores. De qualquer modo faz a sua higiene aqui e acolá por cortesia dos porteiros e vigias. Atualmente mora num carro velho abandonado junto ao Morro dos Cabritos, bem no fundo da rua.

Desço do metrô na estação de Botafogo e pego um táxi. Um homem que me parecia ainda jovem, negro, alto e de óculos era o motorista. Comento que o dia havia mudado, no início da tarde estava nublado e naquele instante o céu abrira. Ele diz que não sabia. Estava dormindo durante a tarde. Perguntei se ele trabalhava à noite.

Disse que não. Que já trabalhara muito na vida e que agora quando o sono chegava ia dormir. Depois retornava ao trabalho. Agora cuidava mais do corpo do que do consumo material. Levou-me a especular com a idade dele. Como política de boa vizinhança, embora com razão, pois seu aspecto era jovem, especulei algo como trinta e cinco anos. Ele corrigiu: quarenta e nove anos.

Continuou já entrando em minha rua falando da sua rotina de tarefas e de descansos. Um descanso agora bem cedido, aceito e vangloriado. Considerou que precisava deitar e dormir. Agora não mais se matava no trabalho, mas gostava muito de namorar e isso consumia as energias dele. Eis por que precisava descansar.

Paguei a corrida com nós dois concluindo que tudo se justificava pelas mulheres.

Nossa Senhora do Rosário - Por: Socorro Moreira


"Senhora do Rosário, de Caravaggio.Nossa Senhora do Rosário (ou Nossa Senhora do Santo Rosário ou Nossa Senhora do Santíssimo Rosário) é o título recebido pela aparição mariana a São Domingos de Gusmão em 1208 na igreja de Prouille, em que Maria dá o rosário a ele.

Em agradecimento pela vitória da Batalha de Muret, Simon de Montfort construiu o primeiro santuário dedicado a Nossa Senhora da Vitória. Em 1572 Papa Pio V instituiu "Nossa Senhora da Vitória" como uma festa litúrgica para comemorar a vitória da Batalha de Lepanto. A vitória foi atribuída a Nossa Senhora por ter sido feita uma procissão do rosário naquele dia na Praça de São Pedro, em Roma, para o sucesso da missão da Liga Santa contra os turcos otomanos no oeste da Europa. Em 1573, Papa Gregório XIII mudou o título da comemoração para "Festa do Santo Rosário" e esta festa foi estendida pelo Papa Clemente XII à Igreja Universal. Após as reformas do Concílio Vaticano Segundo a festa foi renomeada para Nossa Senhora do Rosário. A festa tem a classificação litúrgica de memória universal e é comemorada dia 7 de outubro, aniversário da batalha.

María del Rosário é um nome feminino comum em espanhol, além de Rosario poder ser usado como nome masculino também, principalmente em italiano. "
.
*Minha avó Donana rezava o rosário o dia todo. Nem sei quantos , mas rezava ! O terço da minha mãe eu já considerava comprido demais...mas rezava ! Minhas rezas sempre quiseram ser curtas, mas eu rezo !
O mês de Outubro é o mês do rosário ( 3 terços).Quem sabe , um dia, eu tenha disposição para completar esse número de contas, em "Ave Maria".
Amanhã é o dia de Nossa Sra. do Rosário. Dia em que Dona Edístia Abath , exerce a sua devoção anual, presenteando os fieis com terços , na missa da Sé .
Hoje ele esteve comigo, e eu tive o prazer de abraçar a fé e delicadeza, no seu corpo de mulher perfumada de graças. Abracei Dona Edístia por você, minha amiga Teresa.
Junto com Dona Edístia outros rostos queridos me ocorrem : Valdenora ( minha mãe), Dona Almina e Dona Anilda, Tia Auri, Dona Marineida, Francisquinha Vilar, Dona Ruth ,Bernadete Cabral, e as tantas mulheres piedosas e belas , que me fazem lembrar Nossa Senhora.

Apraz

Então dobrarei gentilmente a colcha.
O lençol branco posto sobre o travesseiro.
Duas palmadinhas.

Um olhar resignado às paredes.
Nenhum inseto.

As sandálias observadas
se as correias para cima.

Cada qual solícita
no seu canto
debaixo da cama.

Juro que ninguém acordará para lhes enfiar os pés.
Juro que as sandálias do poeta terá enfim descanso.

Então é hora de deitar-se,
abrir bem os olhos

até que o sono profundo
de quem vaga no Purgatório
eternize-se num sopro.

Bolas de sabão
espocadas no braço.

Minha terra tem abraço...

... onde o coração vai se aninhar.

O Cariricaturas é a porta que se abre para uma rua de puro afeto. Passei por essa rua, como se fosse minha - e era! Lembranças, histórias, caminhos, em tudo a gente se reconhece, conferindo selos e destinos.

Foi muito bom esse encontro, lá na praça e além das estações.

Socorro, Nilo, Rosineide, Liduína, Zélia, Márcia e Teresa: muito obrigada! E até a próxima!

Bolo de limão - Colaboração de Fátima Figueiredo


Massa do bolo:
.
1 massa para bolo de limão
1 gelatina de limão
1 copo de iorgute natural integral
a mesma medida do copo de óleo
4 ovos
1 colher de chá de fermento em pó

Cobertura:
1 limão
1 leite condensado
.
Modo de Preparo
A receita é muito simples . Liquidificar todos os ingredientes por 3 min, e levar ao forno.

Cobertura : bater no liquidificador o
suco do limão e o leite condensado durante 1 min.
Fiz o teste. É delicioso !
Socorro Moreira

Meu "tongue twister" é mais modesto, Claude.

When a twister a-twisting will twist him a twist,
For the twisting of his twist, he three twines doth intwist;
But if one of the twines of the twist do untwist,
The twine that untwisteth untwisteth the twist.

Untwirling the twine that untwisteth between,
He twirls, with his twister, the two in a twine;
Then twice having twisted the twines of the twine,
He twitcheth the twice he had twined in twain.

The twain that in twining before in the twine,
As twines were intwisted he now doth untwine;
Twist the twain inter-twisting a twine more between,
He, twirling his twister, makes a twist of the twine.

Good Luck in your tries!

Comunicado Vila das Artes


III CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA

A Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), convida o poder público e a sociedade civil para mais um debate preparatório da III Conferência Municipal de Cultura, quando o Plano de Ação das Cidades Históricas para Fortaleza (PAC das cidades históricas) será submetido à consulta pública. A oficina de trabalho acontece nesta quarta-feira, dia 7 de outubro, no Clube dos Diretores Lojistas (CDL), situado à rua 25 de março, 882 - Centro, das 9h ao meio-dia.

O Plano de Ação das Cidades Históricas para Fortaleza (PAC das cidades históricas) é um instrumento de planejamento integrado para a gestão do patrimônio cultural com enfoque territorial. O documento visa elaborar uma política nacional para o patrimônio cultural, partindo do princípio que o patrimônio cultural é elemento estratégico para o desenvolvimento social. Também vem nortear investimentos na área. Fortaleza irá elencar as prioridades do município para captar recursos municipais, estaduais e federais nos próximos quatro anos, com o objetivo de recuperar e requalificar os patrimônios históricos e culturais da Cidade.

Demanda do Sistema Nacional de Patrimônio Cultural, o PAC das Cidades Históricas é realizado pelo Governo Federal, através do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) e do Ministério da Cultura (MinC). Assinado o Protocolo de Cooperação com o Governo Federal, a Prefeitura Municipal de Fortaleza tem até o dia 2 de novembro de 2009 como prazo para apresentar a sua proposta de plano, daí a importância da participação popular.


Mil Palavras - Fábio Brüggemann




Apesar da frase feita avisar que uma imagem vale por mil palavras, as duas linguagens são tão distintas, que uma não substituirá a outra, tanto em seu significante (o óbvio) quanto no seu significado.

Para a sustentação da tese de que uma imagem vale por mil palavras é preciso usar de palavra. De que maneira, com imagem, conseguiríamos?

Mesmo que alguém, ao mostrar uma imagem, implicitamente queria dizer que não necessita de palavras, ela ainda terá tanta conotação, que será bem difícil o receptor da mensagem entender o que ela queria ou quis dizer.

Por que necessitamos tanto reter uma imagem num papel, numa tela, na parede da casa? Mesmo antes da invenção da fotografia, desde os primeiros rabiscos pré-históricos, sempre houve gente querendo “fixar” a realidade de algum modo. Mas a realidade é “infixável”, porque a própria fixidez é momentânea, disse Octávio Paz.

Talvez seja por isto que a arte (principalmente esta que quer ser fixada, a imagem), tenha tanta importância no imaginário coletivo.

Ela não é vida, mas é um sinal dela, evidência, pegada, vestígio de que existiu alguma coisa, um objeto, uma pessoa, uma montanha ou uma araucária e, o mais importante, o de que alguém idealizou e deu forma àquele objeto a que chamamos imagem.

Ela é tão complexa que mesmo “fixa” podemos ver seu movimento.O que nos leva a desejar o que não nos pertence? Por que quero saber o que não está impresso na fotografia?

As frases das meninas correndo numa hora feliz, o banco de ferro onde o casal sentou em Barcelona na foto de Robert Capa, a blusa de lã listrada na única fotografia tirada naquela sacada, o rosto escondido atrás dos braços e o pescoço visto de lado e mal iluminado.

O que pensava?

O que sentia enquanto sorria para a fotografia?

Por que parece tão múltipla e tão inexistente ao mesmo tempo?

A vida é assim mesmo, como disse Roland Barthes, feita a golpes de pequenas solidões.

Talvez por isso eu carregue esta impressão (em ambos os sentidos) de que me restou apenas uma fotografia.

Quem sabe nela resida este vestígio de mil palavras que um dia significaram “sim”, mas que a imagem hoje insiste em me dizer “não”.


Fábio Brüggemann

Francoise Hardy



Só - Edgar Allan Poe




Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.

Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.

Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.

Edgar Allan Poe (Tradução de Oscar Mendes)
Fotoi de Nilo Sérgio monteiro

Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe destacou-se como contista, poeta e crítico literário exigente

Segundo filho de David Poe e Elizabeth Arnold, ambos atores, Edgar Poe ficou órfão ainda criança e foi adotado por um casal rico de Richmond, Virgínia, Jonh Allan e Frances Kelling Allan. Isso lhe permitiu ter uma educação de qualidade, bem como fazer uma longa viagem pela Inglaterra, Escócia e Irlanda com os pais adotivos.

Regressou aos Estados Unidos em 1822 e continuou seus estudos sob a orientação dos melhores professores dessa época. Dois anos depois, entrou para a Universidade de Charlotesville, distinguindo-se tanto pela inteligência quanto pelo temperamento inquieto, que o levou a ser expulso da escola.

A seguir, verificou-se um período ainda pouco esclarecido na vida de Poe, no qual se registram viagens fora dos Estados Unidos. Retornou a seu país em 1829 e manifestou desejo de seguir a carreira militar. Foi admitido na célebre Academia de West Point, mas acabou expulso poucos meses depois por indisciplina.

Com a morte da mãe adotiva, John Allan voltou a casar-se, com uma mulher muito jovem que lhe deu dois filhos. Isso impediu que Poe se tornasse herdeiro da fortuna paterna e ele se afastou da casa do pai adotivo, deixando Richmond. Após um período de relativa dificuldade, conheceu uma certa prosperidade ao vencer simultaneamente os concursos de conto e poesia promovidos pela revista "Southern Literary Messager".

O fundador da publicação, Thomas White, convidou-o a dirigir a revista que rapidamente se impôs ao público. Durante dois anos, Poe esteve a frente do periódico, onde pôde exibir seu talento, que se manifestava num estilo novo, no conto e na poesia, bem como pelos artigos de crítica literária que revelavam seu rigor e sensibilidade estética.

Escritor bem-sucedido, Poe casou-se com Virginia Clemm. Entretanto, ao fim de dois anos, White cortou relações com o escritor, que já desenvolvera a doença do alcoolismo. Poe passou a produzir como "free-lancer", em grande quantidade, mas sem ganhar o suficiente para manter uma vida digna e saudável, o que o levou a afundar-se ainda mais na bebida.

A morte de sua mulher agravou o problema. O escritor passou a suicidar-se aos poucos, bebendo cada vez mais e já sofrendo os primeiros ataques de delirium tremens. Numa viagem a Nova York, para tratar de negócios, parou em Baltimore e hospedou-se numa taberna onde se distraiu durante horas bebendo com amigos. Era a noite de 6 de outubro de 1849. O escritor morreu na madrugada do dia 7, aos 40 anos.

Hoje Poe é um escritor estudado e cultuado em todo o Ocidente. Entre suas obras destacam-se: The Raven (O Corvo, poesia, 1845), Annabel Lee (poesia, 1849) e o volume Histórias Extraordinárias (1837), onde aparecem seus contos mais conhecidos, como "A Queda da Casa dos Usher", "O Gato Preto", "O Barril de Amontillado", "Manuscrito encontrado numa Garrafa", entre outros, considerados obras-primas do terror.

Uol.Educação

Poema do amor oculto.

São nos olhos pousados sobre seu corpo
como o sol que pousa sobre a terra,
Que perco meus raios sobre tí
Como as folhas correntes nos ares do outono
Como as pedras dolentes nos rios, nas águas de uma tarde qualquer...
Que assim surjo para tí e tu somes no vazio do espaço
É assim que corro como Apolo, pelos céus, que roubo as asas de Ícaro e grito teu nome do alto da torre de babel
Do alto de todos os píncaros.
E assim correm meus dias vendo as flores nascerem como você. Ver cada pétala invadir-se de cor como você que infesta de vida ao chegar...
E assim vejo as ervas daninhas olharem o viço das flores aspirando matar...
E eis que as lágrimas caídas do rachar do céu não somente inspiram os crimes das ervas,
Não inspiram somente o bradar de trovões.
Agoam sim seu corpo e a água toma-se em veios, suas veias, nutre-as e assim torna novamente a seu viço impecável, o seu exalar letárgico de perfumes e seus olhos castanhos a furar-me a alma.
É assim que também sangro e me faço etéreo, agora não mais para buscar-te...
Torno-me híbrido, um tiro de festim, a perfurar-lhe o peito e em você me misturar.

Foto: Carlos Silleiro

"Quando eu tinha 16 anos ..." - Foto do acervo de Magali Esmeraldo


Sou mais Maradona ...- Por Everardo Norões


Não entendo de futebol, mas gosto dos comentários de Ralf Carvalho. Digo-me que se os críticos escrevessem sobre literatura como ele fala de futebol nossa vida literária teria outro encanto. Não entendo de futebol, mas não gosto de Pelé: prefiro Maradona. Ao lado dele, Dunga parece um gerente de banco; do mesmo jeito que Pelé sugere um executivo a fazer o marketing de si mesmo. Se futebol é paixão, nada melhor do que o tango para traduzi-la
em passes de beleza e desespero. Que importa se Maradona transmite a desgraça e rói as unhas nos cantos do gramado? É assim que ele vai se tornando personagem de tragédia, como o foi Garrincha, certamente o mais brasileiro de todos os jogadores. Não entendo de futebol, mas prefiro o futebol arte àquele pensado pelos Franz Beckenbauer, jogado como partidas virtuais, arquiteturas de gráficos e cronômetros. Quando vi Maradona no seu desespero, veio-me a imagem fugaz de um touro se arremessando contra as traves, um bólido azul-celeste dominando a geométrica verdura, onde só ele parecia ter o domínio e a maestria. Maradona é a tragédia do Che gravada no braço; Pelé, o Brasil do “ame-o ou deixe-o” dos anos 70. Mesmo torcendo pelo Brasil, sou mais Maradona...

Everardo Norões

Pensamento para o Dia 06/10/2009


“Você não necessita ir a parte alguma para procurar Deus. A Divindade está dentro de você. Assim como existem vários membros no corpo que são mantidos vivos por um único coração, o mesmo Deus é a força-vital para todos os seres. O universo inteiro é o reflexo do Ser Supremo. A visão (Dhrishti) determina sua percepção da Criação (Shrishti). Quando você olha o mundo através de lentes coloridas, você verá tudo com a cor das lentes que estiver usando. Você deveria considerar o que quer que aconteça como um presente de Deus. Amor é Deus. Viva em Amor. Essa é a maneira adequada de adorar Deus.”
Sathya Sai Baba

Jugo - Por Ana Cecília S.Bastos


Obedecer à doce tirania da palavra


Anular censura, momento, lugar


Deixar no papel o verso líquido,


esse pálido espelho da alma.


Enquanto deixo-me estar,


impressionada pela cor da palavra


"pálida".

Ana Cecília

Projeto "Água pra que te quero"! - Nívia Uchôa


Feliz Aniversário, Nilo Sérgio ! Hoje a festa é sua.

Navega no teu sonho
Imergindo, emergindo
Leve como os pensamentos
Oráculos de felicidade

Abraços dos amigos do Cariricaturas.
.

"A hora do encontro é também despedida "...Por: Socorro Moreira

O abraço de Liduína é representativo !


Belas , quase gêmeas.

Ana Cecília, Nilo e Zé Flávio Barreto.

Teresa, Ana Cecília e Socorro; Zélia, Rosineide, Nilo e Márcia Barreto.
Impossível reproduzir todas as falas , que sabiam lembrar , na expressão do olhar e sorriso.
O Cariricaturas depois que nasceu não para de encontrar, e viver de alegrias !
As meninas deixaram saudades ( Teresa, Márcia e Ana Cecília).
-Não se esqueçam de voltar!

A morte do rio - Por Roberto Jamacaru


Nascendo na fenda da chapada, o veio embrião de um grande rio, eu vi.
No cristalino morno de suas águas, refletindo-me para vida, eu me vi.

Desvirginando seu leito pedregoso, agora já riacho, eu o vi.
Matando minha sede em suas águas oxigenadas, sobrevivendo eu me vi.

Em bulício alegre com o seu primeiro afluente, eu o vi.
Encantado com a melodiosidade desses rumorejos, eu me vi.

Cercado de arbustos, mangues e matas ribeirais, eu o vi.
Feito um pássaro, descansando à sobra de todas elas, eu me vi.

Como fonte de vida, alimentando plantas e animais, eu o vi.
Como homem, interagido no seu eco-sistema, feliz, eu me vi.

Caindo aos borbotões pelas gargantas e penhascos, o agora um senhor rio, eu o vi.
Resvalado pelo frescor de suas espumas, respingos e gotículas, eu me vi.

Adornado de nevoeiros, espectros e arco-íris, em queda no desfiladeiro, eu o vi.
Feito uma arte úmida, pincelado nessas aquarelas, eu me vi.

Volumoso e soberano flume, agora quase oceano, eu o vi.
Nadando em seus poços, remansos e correntes, eu, homem-alevino, me vi.

Sob a ameaça do entulho fétido metropolitano, moribundo, o rio eu vi.
Na alquimia dos esgotos, vômitos e excrementos, em óbito, eu me vi.

Findos, em meios às putrefarias marítimas e humanas, o sol nos viu.
Pelos vales e montanhas, nem risos e nem burburinhos, enigmáticos, mais se ouviu.
.
Texto por Roberto Jamacaru
.