Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Não Sejas Poeta

Quando sentares com uma mulher
à mesa de um botequim
não fales sobre estrelas.

Pergunta logo
se a preciosa dama
viu teus tênis
andando sozinhos
até o mictório.

Se houver espanto
por parte da sensível gueixa
diz somente que teus tênis
quando se embriagam
molham os cadarços
e tropeçam.

Sei que é terrível:
nem todas as mulheres
olham para as estrelas
tampouco suportam poesia.

Vai em busca dos teus tênis bêbados.
Dentro de um deles,
a última nota de dez.
Alquimia
- Claude Bloc -

Sou fragmentária
E me aconchego a um sonho alcançado
Porque no mais banal dos dias
na mais trivial das noites
Encontro a saudade
no divagar da lua
na temperatura alta do meu corpo
no abandono que me legaste.

A vida me abrandou,
suavizou-me a alma
soprou-me de novo nas narinas
o ar da inspiração
e a reencontro no trivial a minha essência
nas frases simples elaboradas meio à toa,
no amargo do chocolate transformado em doce,
na alquimia da cozinha,
na eterna releitura dos meus sentimentos
no refazer dos sonhos…

Claude Bloc

Comunicado Vila das Artes


PONTOS DE CORTE E DOCUMENTÁRIO PARA WEB: INSCRIÇÕES ATÉ 12/02
Pontos de Corte
Em 2010, a Vila das Artes – equipamento da Secretaria de Cultura de Fortaleza - vai formar mais agentes culturais para atuar com arte e cinema nas comunidades. As inscrições para a seleção pública da sétima turma do Pontos de Corte – Formação e Apoio a Agentes Culturais Independentes prossegue até 12 de fevereiro de 2010. O curso Pontos de Corte da Vila das Artes teve início em 2007 e desde então já formou diversos coletivos (veja programação abaixo). A formação oferece subsídios para ações culturais comprometidas em olhar criticamente a cidade e o mundo. O curso é sustentado pelo tripé: formação e apoio a agentes culturais independentes; apoio à autonomia e sustentabilidade dos grupos; e apoio à ação cineclubista – o cineclubismo em rede. Além de exibições em vários espaços da cidade alguns grupos multiplicam o conhecimento e estimulam a formação de novos atores sociais para intervir com ações culturais no cotidiano de sua comunidade. O curso é totalmente gratuito e acontece à noite. As oficinas vão desde introdução ao universo do audiovisual, com suas diferentes linguagens ao longo da história a gestão e planejamento de ações culturais.

Serviço: A Vila das Artes recebe inscrições de 11 de janeiro a 12 de fevereiro na Vila das Artes// Informações pelo telefone 3252-1444. Edital e ficha de inscrição no site www.fortaleza.ce.gov.br .


Documentário para Web
A Vila das Artes está com inscrições abertas para a Seleção Pública de duas turmas do Curso de Documentário para Web voltado para grupos atuantes em Fortaleza. O curso, de 450 horas-aula, oferecerá uma formação gratuita em linguagem audiovisual tendo como resultado a produção de documentários para veiculação online.
São oferecidas 80 vagas, distribuídas em duas turmas. Poderão participar da seleção grupos ligados a instituições ou independentes (grupos de teatro, música, dança e outros) formais ou informais.
Cada grupo deverá ser formado por, no mínimo três e no máximo cinco integrantes, que deverão delimitar os espaços e as propostas de atuação conforme o recorte que julgar mais adequado a partir da sua proposta de atuação.
As inscrições são gratuitas e devem ser feitas na sede da Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221 – Centro), entre os dias 11 de janeiro e 12 de fevereiro, das 9h às 20h. A Seleção será feita através da análise dos documentos apresentados e por entrevista com os grupos ou coletivos pré-selecionados. Informações pelo telefone 3252-1444 ou 3105-1404.

Serviço: Edital e ficha de inscrição no site www.fortaleza.ce.gov.br. Inscrições de 11/01 a 12/02/ 2010


FÉRIAS: COLETIVOS FORMADOS PELO PROJETO PONTOS DE CORTE PROMOVEM EXIBIÇÃO DE FILMES EM DIVERSOS BAIRROS
Confira a programação

Cineclube Filosofia
O cineclube foi formado pelo incentivo do coletivo Subvercine e ocupa as sextas de janeiro o auditório da UECE com a mostra Infância. Toda sessão é seguida de debate e reflexões filosóficas.
Próxima atração: 22/01- Os Incompreendidos, de François Truffaut - França - 1959 - 99 min.
16h - Auditório do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, Avenida Luciano Carneiro, 345. Informações: (85) 8819-0362

Cine Paramotoquinha – Paramotoquinha em férias
O cineclube foca atrações para o público infantil, na Associação Comunitária da Serrinha, avenida Dedé Brasil. Contato (85) - 8805-5465
Dias 20 e 27 de janeiro, 19h Atrações Culturais com o grupo Escambo Popular de Rua, de Fortaleza


Cine Serviluz
Todos os sábados a partir das 18h, cinema ao ar livre no bairro Serviluz (Praia do Futuro). Contato pelo telefone (85) 8775-9305. Exibição e debate sobre os filmes Coisa Fina, de Raimundo Cavalcante e Maxwell Ferreira, SOS Cocó, de Camilo Ximenes e Cine Holiúdy - O Astista Contra o Caba do Mal, de Halder Gomes.
Próxima atração: 23/01 - Pracinha da Estiva - Travessa Vicente de Castro, s/n.

Cine Brincadeiras
Praça da Igreja Matriz do Canindezinho, Conjunto São Francisco, 82, Canindezinho // 18h. Exibição de filmes e brincadeiras. Contato (85) 8845-9936.
22/01- Narradores de Javé, de Elianne Caffé- Uma cidade será inundada pelas águas da represa e os moradores tentam evitar recontando a história da cidade de forma cômica.



CINECLUBES EXIBEM FILMES NA VILA DAS ARTES
Ação da Prefeitura de Fortaleza de apoio ao cineclubismo cearense abre o auditório da Vila das Artes todas as segundas para ocupação de um Cineclube de Fortaleza. Sempre a partir das 18h30 tem filmes e debates sobre a produção audiovisual. Os cineclubes foram selecionados a partir de edital público lançado pela Vila das Artes em 2009. Dia 18 o Cine Costa Gavras exibe o suspense “Z”, de Konstantino Costa Gavras, que retrata o caso Lambrakis, o político assassinado na Grécia no início da década dos anos 60. Toda a investigação sobre sua morte foi encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade da polícia e do exército. No dia 28, Western italiano do Cine Subvercine com a Mostra “Poeira, Balas e Espagueti” que apresenta filmes do ator brasileiro Anthony Steffen. Ídolo do cinema europeu, requisitado em diversos western spaghetti, ou bangue bangue à italiana aqui no Brasil, Steffen (ou Antônio Teffé) viveu vários heróis no cinema, como Django, Sabata, Ringo, Garringo, entre outros.

Programação
Horário: 18h:30min
Local: Vila das Artes
Dia 18 – Cine Costas Gavras
“ Z”, de Costa Gavras, Argélia, Suspense, 127 minutos, 1967.
Dia 25 – Cine Subvercine
Mostra “Poeira, Balas e Espagueti”


ENCONTRO DAS ARTES
Equipamento da Prefeitura Municipal de Fortaleza, vinculado à Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), a Vila das Artes é espaço voltado para a formação, pesquisa, produção e difusão em arte. Situado no centro de Fortaleza, reúne em seu espaço as Escolas Públicas de Dança e Audiovisual, o Núcleo de Produção Digital, Biblioteca e Videoteca. Tem como parceiros a Universidade Federal do Ceará, a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, FCPC e a Rede Olhar Brasil. Apoio da Kodak, Quanta e Prodança. Apoio cultural do Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria Estadual da Cultura (Lei nº 13.811) e patrocínio do Banco do Nordeste, Fundo Nacional de Cultura e Lei de Incentivo a Cultural do Ministério da Cultura e Governo Federal. Todas as atividades são gratuitas.
Escola Pública de Dança - (85) 3105-1402
escoladedancadefortaleza@gmail.com
Escola Pública de Audiovisual - (85) 3105-1404
escoladeaudiovisualdefortaleza@gmail.com
Núcleo de Produção Digital (Olhar Brasil) - (85) 3105-1410
npdfortaleza@gmail.com

Conversando com a noite - por Socorro Moreira


Fiz parte da tua dor

Encolhi o corpo

Busquei o sono

e tranquei o sonho.


Compartilhei das tuas lembranbças

Convivi com as tuas sombras

Lamentei tuas perdas

Comovi-me com as tuas saudades.

Entendi o sufoco de um carinho

E se ele escapuliu ,

foi de mansinho ...


Agora é madrugada .

luz acesa

lua escura

e o silêncio da rua

Escuto o meu sussuro

Confesso , que ousei amar.


Armei tenda no minado

vi teus olhos ,

afundados no passado ,

e de lá não sei tirá-los.

Deixo contigo ternura

qualquer coisa ,

me devolva pro luar...!


Flávio Cavalcanti




Flávio Antônio Barbosa Nogueira Cavalcanti (Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1923 — São Paulo, 26 de maio de 1986) foi um jornalista, apresentador de rádio e televisão e compositor brasileiro.

1945 - Estreou como repórter no jornal carioca "A Manhã";
1951 - seu primeiro programa de rádio foi Discos Impossíveis - rádio Tupi;
1952 - assinou contrato com a rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro.
1955 - estréia o programa na TV Rio - Noite de Gala, lançando-o como repórter. Ficou "no ar" até 1966.
1955 - iniciou junto com Jacinto de Thornes, o programa Nós os Gatos.
1957 - foi lançado como apresentador da TV Tupi, do Rio de Janeiro, com o programa Um instante, Maestro !, em que ele quebrava discos após criticá-los. Torna-se famoso pela sua maneira de falar agressiva e de tirar e colocar os óculos.
1963 - Entrevistou o político fluminense Tenório Cavalcanti; e o presidente John F. Kennedy, na Casa Branca nos Estados Unidos;
1965 - lançado na TV Excelsior, o programa com o primeiro júri;
1966 - foram lançados dois programas A Grande Chance e Sua Majestade é a lei;
1968 - Em Portugal, na cidade de Lisboa foi realizado o programa A Grande Chance;
1970 - exibido aos domingos pela TV Tupi,do Rio de Janeiro, estréia o Programa Flávio Cavalcanti. Suspenso pela ditadura militar, porque Flávio protegia a atriz Leila Diniz, que tinha concedido uma entrevista ao jornal O Pasquim.
1976 - Foi reeditado o programa Um instante, maestro !, pela TVS - Canal 11 - Rio de Janeiro. Em 1978 voltou a fazer o programa de TV, na TV Tupi, no Rio.
1977 - contratado pela Rádio Mulher, de São Paulo.
1982 - TV Bandeirantes (Band), fez o programa Boa Noite, Brasil !
1983 - no SBT de São Paulo, apresentou o Programa Flávio Cavalcanti
1986 - programa Flávio Cavalcanti, último apresentado pelo apresentador.
Duas polêmicas públicas famosas, uma com o compositor Almirante e a outra com Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Petra. Grandes artistas passaram pelo seu júri famoso: jornalista Sérgio Bittencourt (filho de Jacob do Bandolim), Nelson Motta, Leila Diniz, Mister Eco, José Messias, Maestro Cipó, Oswaldo Sargentelli, Marisa Urban, Erlon Chaves, Márcia de Windsor, Carlos Renato e muitos outros.

"Os nossos comerciais, por favor !"

Composições
Mancha de Baton - gravada pelo conjunto musical e vocal Os Cariocas - 1951
Manias - (parceria feita com seu irmão Celso), gravada pela cantora Dolores Duran - 1952
Isso deu samba - gravada pela cantora Maysa
Curiosidades
Dois episódios de sua vida aparecem em filmes brasileiros: a briga com o político fluminense Tenório Cavalcanti (O Homem da Capa Preta, 1986); e a ajuda que deu a atriz Leila Diniz, quando esta estava sendo perseguida pelas forças de repressão da ditadura militar (Leila Diniz, 1987).

Na cidade serrana de Petrópolis, RJ, há uma rua com o seu nome.

Em 1983, quando a banda Kiss veio ao Brasil, Flavio Cavalcanti divulgou em seu programa que os integrantes da banda matavam animais no palco e prometeu que os norte-americanos nunca se apresentariam no Brasil. Falhou duplamente, pois além de ter divulgado um boato como se fosse notícia, não conseguiu impedir que o Kiss se apresentasse, registrando o maior público de sua carreira.

Livros sobre a sua vida: Meu Flávio, escrito por sua mulher Belinha Cavalcanti e Um Instante Maestro da Jornalista Léa Penteado.

Referências
Flávio Cavalcanti no Dicionário Cravo Albin
Flávio Cavalcanti no Museu da TV

Sonhos em branco e negro - por Socorro Moreira




Sonhar-te ...
És o sonho de tantas,
que te sonhar,
nem importa tanto
nem mais , nem menos.
Soprar-te ,
só de vez em quando ...
pra longe da terra
pra longe do mar
pra longe de mim
Querer-te
Não muito,
e de vez em quando.
É minha sina ,
voar como a minha saia
ora branca, ora negra ,
ora cinza!
É isso , e nisso ...
Vivo assim pairando
É isso que falo , canto
Ora voz e alma
Tudo em branco
Ora tudo negro
como um manto.

Chuva na flor - por Socorro Moreira


Chove ,
e a gente não sabe ,
se é outono ou inverno ...
ou se é o verão que chora !
Parece que o mundo e a natureza
se esfregam , se lavam, se ensaboam
Tudo tem movimento ,
barulhos e cheiros .
Depois da chuva ,
menino levado
cortas os rabichos dos vaga-lumes
E eles nem acendem, nem apagam.
Da flor
pinga uma gota de chuva
E a gota contém o mar
E o mar afoga a minha dor .
A chuva passou .
Um cometa passa,
me agarro na sua cauda, e vou ...
Promessas me puxam,mas eu volto ,
quando mais um verso ,
sair do meu forno
esquentado de amor.

Caymmi por Paulo César Pinheiro




Caymmi é um criador abençoado
Navegador das aguas da canção
Compositor do mar predestinado
Seu violão tem cordas de sargaco
E foi cortado de um pedaço de uma velha embarcação

Caymmi é um deus do mar reencarnado
Por isso que seu canto é uma oração
A quem descobri o sonho se ele é sagrado
O vento que lhe sopra a melodia, a estrela Dalva a
poesia
E a voz é de arrebentação

Caymmi tem espumas no cabelo
E o seu olhar é o sete estrelo que a três filhos já
guiou
Guardião de suas lendas pescador
Pintor do que compoe o cantador

Caymmi é o rei do mar, o soberano
O cavaleiro do oceano
Yemanjá quem coroou

De todas as marés sabe o segredo
É o canoeiro de São Pedro
O Obá mais velho de Xangô.

- Paulo Cesar Pinheiro -



_______________________________________________________

Clube do Cariri - por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes




No início da década de 40, a elite cratense se reunia no Clube do Cariri, na Senador Pompeu. Vale lembrar que o Crato Tênis Clube ainda não havia sido fundado. Em determinado dia houve evento foi tão importante que um fotógrafo foi chamado para deixar a reunião registrada. Quanto ao motivo em si, há controversia. Uns dizem que foi a despedida do Dr. Dilermando, um médico de Minas, que morou algum tempo em nossa cidade e fez boas amizades na sociedade cratense. A segunda versão, diz que foi a primeira visita de Nélson Gonçalves ao Crato. O fato é que lá estiveram Zeco Esmeraldo, César Pinheiro Teles (meu pai), Aldegundes Gomes de Matos, Denizard Macedo, Plínio Bezerra Norões, Vicente Tavares Leite, D. Chiquinha Macedo (mãe do brigadeiro José Macedo), D. Laura Gomes de Matos, Guiomar Belém, Ferrer Bezerra, Juvêncio Gonçalves, Joaquim Pinheiro Teles, Neusa Siqueira, Plínio Cavalcante, Zacarias Esmeraldo, Nanu Maia, Isaura Parente, Tony Belém...

Apesar de não ser da nossa época, será que vocês identificariam mais alguém?


Joaquim Pinheiro

55 anos depois ... por Joaquim Pinheiro




"Hoje estou assim. Mas veja como era quando lhe conheci. " (Joaquim Pinheiro)




Eu tenho a graça de possuir amigos antigos e novos , verdadeiros !
Joaquim é um dos primeiros. Somos quase da mesma idade , e a partir dos primeiros anos de curso primário tornamos-nos colegas até o segundo grau. Depois desse tempo a vida nos separou , e assim aconteceu, realidades solitárias. Nos últimos anos nos reencontramos e resgatamos não somente o coleguismo , mas a mais linda forma de irmandade: a amizade !
Nem sei bem quando , mas meu olhar infantil enxergou Joaquim , desde os meus mais ternos anos. Já disse, e hoje repito , ele foi meu primeiro amor platônico. Veio a saber depois de quase 50 anos. Justo quando a minha timidez caducou , e ousei contar-lhe o meu segredo mais calado - aquele que a gente não fala nem pra si mesma , pra que não fique incrustado. Se eu tinha 4 anos, aos 5 anos o esqueci , e a partir de então , sempre fomos colegas de sala , cúmplices dos mesmos exercícios, testes, aprendizagens e dificuldades.
Hoje , ainda não envelhecidos, mexemos nos nossos álbuns de família, e catamos antigos registros, que despertam na memória tantas histórias.


Um abraço grande, meu doce amigo de infância !


Socorro Moreira

Distâncias encurtadas...

Dias atrás quando em viagem de visita aos filhos Marcela e Tiago que residem em San Francisco na Califórnia e em Edmonton na província de Alberta no Canadá, traçava um paralelo das distâncias que nos separa. Paradoxalmente como possa parecer, quando em 1975 eu fiz a opção de vir tentar "a sorte" aqui no Rio Grande do Sul depois de uma temporada de dez meses em Crato trabalhando com o meu primo Raimundo Bezerra na sua Casa de Saúde, eu me dei conta de que a distância que me separava dos meus pais em Fortaleza era muito "maior" do que a que hoje me separa de meus filhos. Essa sensação de proximidade nos é dada por essa grande conquista da humanidade que foi a "web".
Esse espaço virtual aproximou as pessoas, a instantaneidade do contato é fabulosa. Agora mesmo nesse instante se o desejar tenho a imagem do meu filho lá no Canadá na tela do computador e posso ver e falar com ele.
Por outro lado, o uso da Internet ganhou uma dimensão muito grande e pode também se transformar no instrumento de separação das pessoas. Lembro-me que quando trabalhei no Ministério da Saúde em Brasília muitos passaram a se comunicar pelo computador mesmo estando no mesmo recinto. Achava aquilo o fim da picada. Era e-mail pra cá, e-mail para lá e ninguem se falava, até que resolvi dar um basta naquilo. Coordenava dois projetos de modernização de Hospitais no Brasil e passei simplesmente a desconhecer a comunicação de minha equipe feita pelo computador. Um dia, como eles não tinham respostas aos seus e-mail fui indagado por uma das colegas: - Mourão a sua intranet está com problema? - Não! - E por que você não responde aos nossos e-mail?- E-mail de vocês? Aqui da sala?! Se vamos ficar trocando e-mail aqui na sala quando é que vamos falar sobre o nosso trabalho?
Ficaram se olhando uns para os outros, como a dizer, esse cara é louco...
Anos mais tarde, li um artigo que abordava essa questão e fiquei reconfortado pela atitude que tomei lá no Ministério. O artigo chama-se "Encontro, identidade e diferença", da filosofa Márcia Tiburi, publicado no livro Filosofia em comum, página 160 que eu aqui reproduzo no Cariricaturas.

Marcelo Mourão

Encontro, Identidade e diferença. Por Márcia Tiburi.

Hoje, com o advento da Internet e com o aspecto interativo do hipertexto, a filosofia pode realizar uma conjugação rápida entre seus aspectos principais: a elaboração do texto que carrega pensamentos e a construção do debate público por meio do encontro. A construção de chats, fóruns e blogs em que a discussão sobre todo e qualquer tema se apresenta de modo refletido, demonstra tanto a democratização do saber e da dúvida quanto a coragem de conhecer que lhe é imanente, facilitada pela técnica neste momento específico de sua evolução. A democratização diz respeito a uma abertura de gestos que escapam do controle das instituições e dos poderes estabelecidos. Democracia é ruptura com a denominação. A filosofia é, ela mesma, uma atividade democrática: a partilha do saber e, para dizer uma palavra que devemos gravar: encontro.

Todavia, é imprescindível que o promissor avanço da Internet como tecnologia de aproximação e encontro seja sempre visto de um lugar crítico. A Internet, com toda a promessa de relação que nos anuncia, pode nos enganar. O encontro no espaço virtual não substitui nem supera o encontro concreto, ainda que elimine distâncias, não elimina todas as existentes.

A maior verdade que a Internet põe em cena é a de que toda relação envolve também ausência. Ou seja, toda ligação também se situa a partir de seu impedimento. Só existe relação entre pessoas justamente porque a relação não esta dada, todo encontro envolve movimento de um em direção ao outro ou para que uma ponte se construa entre eles.

A construção da distância é algo que precisamos compreender. A distância é o nome próprio da separação, ou seja, da não-relação. Para pensar é preciso entender as relações entre as coisas, mas também a ausência de relação que preside, e mesmo possibilita, as relações. A aproximação é o primeiro momento da relação. Não há relação sem aproximação, nem distância sem separação. Mas, ao mesmo tempo, tudo isso se confunde. A essa “confusão elucidativa” chamamos de dialética: dia-legéin: troca de razões de pensamentos, de linguagem, mas também pensar individualmente levando em conta o que se sabe a partir de outro e a própria ignorância. A relação é a dialética entre aproximação e separação, não é absoluta identidade, nem absoluta diferença – se quisermos usar termos com os quais nos habituamos a pensar a filosofia.

A identidade implica a possibilidade de chegar muito perto das coisas: o sonho de tocar nas coisas que existem com os conceitos e as palavras que o revestem. O único modo de compreender a identidade é levando em conta a diferença, pois esta controla o impulso da identidade de ser absoluta. A distância pode ser interpretada como aquele vão que há entre as palavras e as coisas, entre os pensamentos e a realidade. Tal “vão” é um oco, um buraco, um abismo, sem o qual não compreenderíamos a particularidade das coisas, por isso ela é gnosiologicamente – ou seja, do ponto de vista do conhecimento – necessário. Necessário não porque precisamos dele ou o desejamos, mas porque ele está sempre ali, como algo inexorável. Sem ele, sem esta distância assim declarada, não somos capazes de estabelecer nenhum conhecimento. O conhecimento não é nunca chapado, fechado, plano. Isso deve nos fazer pensar que o conhecimento nasce sempre, obviamente, de sua falta.

Sem identidade que é reproduzida nas conexões entre as coisas, não haveria conhecimento. O pensamento é o que produziu a conexão, é o que leva ao conhecimento. A identidade providencia a possibilidade de falar das coisas: com ela podemos fazer conexões e estabelecer conjuntos, somas, totalidades. Mas a identidade é sempre secundária, ela se sobrepõe às particularidades. Entre as particularidades existe um abismo, o oco fundamental que impede o fechamento de sistemas do saber. A separação e a distância, assim como a aproximação e a identidade, são categorias também éticas, pois garantem a significação da relação entre seres humanos, que é o que se precisa conhecer para entender as ações.

Lavagem do Bonfim - Salvador-Bahia

A Festa do Bonfim
Lavagem mantém a tradição desde a sua inauguração em 1754.


Maior festa popular de Salvador, que antecede o Carnaval, a lavagem é realizada sempre na segunda quinta feira depois do Dia de Reis.

A lavagem começa bem cedo com um toque de alvorada, quando os participantes se concentram
em frente à Igreja de Nossa Sra da Conceição da Praia no bairro do Comércio.

O cortejo abre a festa com mais de 500 baianas vestidas de branco, ( cor de Oxalá, divindade do Candomblé ), acompanhado por devotos,moradores e turistas, percorrendo um trajeto de 8 quilômetros indo até a Colina Sagrada, onde está situada a Igreja. Neste local, as baianas lavam e enxugam as escadarias e o adro, cantando louvores a Oxalá e o Hino do Senhor do Bonfim.


Origem do Culto

Durante uma tempestade, o navio do capitão de Mar e Guerra, Teodósio Rodrigues de Faria ficou sem rumo e ele rogou ao Senhor do Bonfim que o salvasse. Em pagamento à graça alcançada, encomendou uma imagem do santo em cedro, medindo 1,06 m de altura, cópia do crucificado da Igreja de Setúbal.

Em 1745, teve início a construção de uma capela na colina de Monte Serrat.Nove anos depois foi inaugurada a Igreja do Senhor do Bonfim.Em 1804, o capitão conseguiu do Papa Pio VII, a instituição da devoção ao Senhor do Bonfim, no segundo domingo após a Festa de Reis.

Trazida pelo oficial Teodósio Rodrigues de Faria, em 1754, a imagem de Cristo foi trazida da Igreja da Penha ao templo construído especialmente no Bairro do Bonfim, seguida de um grande cortejo. O hábito de lavar e enxugar as suas escadarias surgiu por causa de uma ordem dos integrantes da Irmandade da Igreja do Bonfim, que ordenava os escravos a fazerem uma grande faxina no templo, preparando-o para os festejos solenes do segundo domingo, após o Dia de Reis.

Fonte: Google Imagem
http://gentilezas.multiply.com/photos/album/33/Lavagem_das_escadarias_da_Igreja_do_Bonfim


Youtube - Hino do Senhor do Bonfim nas vozes de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa e Os Mutantes









Dois mundos - por Socorro Moreira

Abrem-se cortinas
Dois mundos avizinham-se
Em cada um
a procura da paz,
no sorriso.
E as almas separadas,
se consomem na saudade ...

Fome do inusitado
Fios não ligam
nós que a vida desata !

Márcia Denser


“De óculos ficava com um ar depravado, exatamente ao contrário do que deveria, evidenciando uns lábios sensuais, uns olhos oblíquos, os cabelos em estudado desalinho. Nascida em 1955, Júlia Zemmel era judia, refinada, escritora e ainda uma bela mulher, principalmente com aquelas lentes claras, transparentes, aliás os homens adoram isso: sempre preferem as vesgas“.

Vacilo

Queres as minhas vísceras de poeta?
Toma.

Os meus olhos de bruxo?
Engole.

Meu jeans surrado não te ofereço.
Fiz doação a Pandora.

Meu velho jeans era um homem de tardia reflexão.
Definhou-se em seus próprios rasgões
dentro do cesto de roupas sujas.

A Abóbora - colaboração de Ismênia Maia



A Abóbora
Um segredinho revelado

Alguns anos atrás, um meu ex-professor me mostrou uma análise de sangue; o que eu vi me deixou impressionado. Os cinco principais parâmetros do sangue, ou seja: uréia, colesterol, glicemia, lipídeos e triglicerídeos apresentavam valores que, em muito excediam os níveis permitidos.

Comentei que a pessoa com aqueles índices já deveria estar morta ou, se estava viva, isto seria apenas por teimosia. O professor, então, mostrou o nome do paciente que, até então, tinha sido ocultado pela sua mão. O paciente era ele mesmo!

Fiquei estupefato! E comentei: "Mas como? E o que você fez?". Com um sorriso, ele me apresentou a folha de uma outra análise, dizendo: "Agora, olhe esta, compare os valores dos parâmetros e veja as datas".

Foi o que eu fiz. Os valores dos parâmetros estavam nitidamente dentro das faixas recomendadas, o sangue estava perfeito, impecável, mas a surpresa aumentou, quando olhei as datas; a diferença era de apenas um mês (entre as duas análises da mesma pessoa)!

Perguntei: "Como conseguiu isso? Isso é, literalmente, um milagre!" Calmamente, ele respondeu que o milagre se deveu a seu médico, que lhe sugeriu um tratamento obtido de outro médico amigo. Este tratamento foi utilizado por mim mesmo, várias vezes, com impressionantes resultados. Aproximadamente, uma vez por ano, faço análise de meu sangue e, se algum dos parâmetros estiver apresentando tendência ao desarranjo, volto imediatamente a repetir esse processo. Sugiro que você o experimente.

Aqui está o SEGREDO: Semanalmente, por 4 semanas, compre, na feira ou em supermercado, pedaços de abóbora. Não deve ser a abóbora moranga e sim a abóbora grande, que costuma ser usada para fazer doce. Diariamente, tire 100 gramas da casca da abóbora, coloque os pedaços no liquidificador, junto com água (SÓ ÁGUA!), e bata bem, fazendo uma vitamina de abóbora com água. Tome essa vitamina em jejum, 15 a 20 minutos antes do desjejum (café da manhã). Faça isso durante um mês, toda vez que o seu sangue precisar ser corrigido. Poderá controlar o resultado, fazendo uma análise antes e outra depois do tratamento com a abóbora. De acordo com o médico, não há qualquer contra-indicaçã o, por tratar-se apenas de um vegetal natural e água (não se usa açucar!).

O professor, excelente engenheiro químico, estudou a abóbora para saber qual ou quais ingredientes ativos ela contém e concluiu, pelo menos parcialmente, que nela está presente um solvente do colesterol de baixo peso molecular : o colesterol mais nocivo e perigoso - LDL .

Durante a primeira semana, a urina apresenta grande quantidade de colesterol LDL (de baixo peso molecular), o que se traduz em limpeza das artérias, inclusive as cerebrais, incrementando, assim, a memória da pessoa.

Há apenas um inconveniente: o sabor da abóbora crua não é muito agradável! Nada mais.

Porém, há um detalhe importante: nem a abóbora, nem a água poderão ir para a geladeira, porque a refrigeração destrói os ingredientes ativos da vitamina. Esta é a razão de ter que comprar, semanalmente, a abóbora, pois, fora da geladeira, ela se estraga rapidamente.

Referência:
Salvatore de Salvo e Mara Teresa de Salvo, Novos Segredos da Boa Saúde, Editado pela Biblioteca 24x7 [ www.biblioteca24x7. com.br ], São Paulo-SP, novembro 2008.

Coração grávido- por Socorro Moreira

Você embucha meu coração de poesia
nas contrações e expulsões
perdem-se os elásticos que o prendiam
Agora ele é lato
Comporta a vida,
e os terrenos da eternidade !

Queimando versos por Socorro Moreira

Silêncio é linguagem
que a tagarelice estuda
Sou verde na impaciência
Longe de ser aquilo que aspiro
Nem sempre tenho o discernimento
Inacabada ...Persisto !

Tua ordem de calma
é imperativa
Cada um se acha,
naquilo que acredita.
Enquanto ando
minha alma alcança
enfim ...O fio da meada !
-----------------------

Quero ser água
na fonte do desejo
Molhar teu coração
torná-lo verde
me deixar conduzir pelos ventos
deslizar entre pedras e seixos ,
até o mar sem fim.

Que importa a beira da estrada?
sei o camainho da gruta
quando a chuva chega
Faço fogueira dos medos, e adormeço
nas palhas que restarem.
------------------------------------
Tem um poste de luz que incomoda
Tem silêncio que não ilumina
Tem ausência que grita na distãncia
Tem vontade férrea
presa na lembrança
Existem voos sem destinos
mas sempre retornam
ao ponto da saudade
que não sai do canto.

Bar da Noite- Bidu Reis e Haroldo Barbosa

bar da Noite
Nora Ney


Garçom, apague esta luz
Que eu quero ficar sozinha
Garçom, me deixe comigo
Que a mágoa que eu tenho é minha
Quantos estão pelas mesas
Bebendo tristezas
Querendo ocultar
O que se afoga no copo
Renasce na alma
Desponta no olhar
Garçom, se o telefone bater
E se for pra mim
Garçom, repita pra ele
Que eu sou mais feliz assim
Você sabe bem que é mentira
Mentira noturna de bar
Bar, tristonho sindicato
De sócios da mesma dor
Bar que é o refúgio barato
Dos fracassados do amor

Mesa de Bar

Mesa de Bar
Alcione


Mesa de bar
É lugar para tudo que é papo da vida rolar
Do futebol, até a danada da tal da inflação
É coração, fantasia e realidade
É um ideal paraíso adonde nós fica a vontade

Mesa de bar
É cerveja suada matando a pau o calor
Vamos cantar aquela cantiga que fala da luta e do amor
Mas antes brindar em homenagem
Aqueles que já não vem mais
Saúde pra gente, moçada, que a gente merece demais
Em torno de um copo a gente inventa um mundo melhor
A dona birita levanta a moral de quem está na pior
A água da mágoa se enxuga no pano daquela toalha
Pra acabar com a tristeza
Esse remédio não falha
Na mesa de um bar todo mundo é sempre o maior
Todo mundo derrama as tintas da sua alegria
Copos batendo na festa da rapazeada
Se bem que a gente não esquece que a barriga anda meio vazia
É que mesa de bar é onde se toma um porre de liberdade
Companheiros em pleno exercício de democracia
Mesa de bar é onde se toma um porre de liberdade
E companheiros em pleno exercício de democracia

Fotógrafo Ambulante - por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes



No início dos anos 40, um fotógrafo ambulante, chamado Sorriso, utilizando equipamento conhecido como "lambe-lambe", andava pelas ruas do Crato oferecendo seus serviços aos moradores. Minha mãe (Almina Arraes) e Tia Violeta, foram fotografadas por ele. Mamãe guardou a foto. Apesar da pouca sofisticação da "máquina", o registro permanece. Veja a foto.

PENSAMENTOS ... NUMA MESA DE BAR por ROSA GUERRERA

As vezes fico pensando e refletindo , que não há nada em seu devido lugar nesse mundinho chamado Terra.
O céu é longe ! A espera cansativa !
A dor próxima ! A lágrima vizinha !
E a alegria passageira ...
Homens e mulheres se acotovelam buscando sonhos nas mesas de bares , e findam vazios diante de copos repletos de bebidas ... Parece existir uma espécie de solidão dialogada dentro de cada um ., numa busca eterna de amor, de dividir sentimentos, tentativa continua de ressucitar alguma coisa que morreu.
Sorrisos se confundem, mãos se entrelaçam, bocas se unem e corações continuam sozinhos .
De repente algum conhecido se aproxima de mim e pergunta : " Tudo bem"?
E eu respondo com um sorriso brejeiro : " Tudo ótimo " !
O coração gargalha no meu peito !
Disfarço , acendo um cigarro , olho ao redor ... e as coisas e as pessoas continuam fora de seus respectivos lugares .

Apagando a ilusão - por Socorro Moreira

A noite de ontem não findou
Trouxe comigo a tua dor
Invento o esquecimento
Falha, mas um dia pega.
Pego a ilusão ,
e dissolvo em paz.

Nova sorte .
Seguro as cordas
de um coração quieto
Diz que já não sente,
que nunca pensou ...
Cego, sempre amou!

E na tristeza do vazio
a chuva desmancha
as pegadas do caminho,
quando fui ao teu encontro.

Além ...
Uma ternura dirá
que não fomos tanto além
Nos separamos ,
justo no primeiro sinal.

UMA MÚSICA ....por Rosa Guerrera

Uma música distante ! Lembranças talvez.
Momentos que morreram no tempo!
Teu vulto em forma de notas musicais ...

Nem lembro bem quando escutamos juntos
essa mesma melodía .
Lembro apenas que vivemos outrora
os doces acordes dessa música ,
que tão rápida como chegou
fugiu dos nossos ouvidos ,
e com ela alguma coisa de nós.

Hoje volto a escuta-la
e a tua lembrança se faz presente ...

Pouco a pouco a música se distancía
levando na poeira da minha memória
momentos que não chegaram a se concretizar.

A POESIA E A FILOSOFIA DE ÂNGELO MONTEIRO

PARA QUE FOMOS FEITOS

NEM PARA A TERRA NEM PARA O CÉU
FOMOS FEITOS. NEM MESMO PARA SER LEMBRADOS.
NO ENCONTRO ENTRE A LUZ DOS NOSSOS OLHOS
E A IMAGEM DAS COISAS PROVISÓRIAS
CONSISTEM NOSSA NOITE E NOSSO DIA.

NÃO TEM PREÇO E É INÚTIL
AQUILO PELO QUE SUSPIRAMOS.
MAS TAMBÉM É INÚTIL O QUE É PERFEITO
E NÃO TEM PREÇO A SUA PERFEIÇÃO.
POR FIM NÃO TEM PREÇO E É INÚTIL
TUDO QUE NOS PERDE OU QUE NOS SALVA.

FOMOS FEITOS PARA ALÉM DA VIDA
PEQUENA E - PORQUE PEQUENA - ANUNCIADA.
FOMOS FEITOS PARA O CLAMOR DO QUE NÃO SABEMOS.
PARA OUVIR O SOM DAS FLORES - GRAÇAS ÀS ABELHAS-
NO MURMÚRIO E NO ANÚNCIO DO SEU MEL

ÂNGELO MONTEIRO in “OS OLHOS DA VIGÍLIA”

E assim caminha a humanidade.

Percebeu?

..."Deus permitirá que todos os fenômenos naturais, como a fumaça, o granizo, o frio, a água, o fogo, as inundações, os terremotos, o tempo inclemente, desastres terríveis e invernos extremamente frios, acabem pouco a pouco com a Terra; estas coisas de qualquer maneira acontecerão nas proximidades do ano 2000."

(3a. Revelação de Fátima)
Simples, irrecusável, imperativa
- por Claude Bloc -

De repente, a vida havia se tornado simples, irrecusável e imperativa! E eu viajava urgentemente de corpo inteiro, ao interior do meu sonho, como nunca houvera ido antes.

O som da noite marcava o instante em ritmo acelerado; os minutos pareciam fazer jorrar o tempo presente em abundância, mar revolto abrindo mil caminhos num só momento.

E me vinham questionamentos. Perguntas irrespondíveis. Inseguranças. Em que tempo parei de te buscar? Parei deveras? Simplesmente não conseguia mais encontrar tua voz, nem as palavras que eu falava pareciam chegar a ti com a veemência do meu sentimento. Tudo parecia estar guardado, hibernando as lembranças, revivendo-as a cada manhã, adormecendo-as no limiar da saudade.

Com um gesto ansioso, revirei meus cadernos, minhas agendas guardadas num baú. Procurava uma foto, encontrei uma rosa seca que guardei em meus tenros anos, entre as páginas amareladas de um velho diário. Calei as horas apressadas dentro de mim... e me deixei tomar pela apatia dessa noite mal dormida. Quis reler naquele instante os versos ali amarrotados. Bobos, meus versos. Realidade febril retida na memória.

Nada encontrei ali a não ser o amor, este que se apega ao tempo, esse que prossegue queimado as páginas da vida. Este que guardamos nas folhas dos cadernos onde escrevemos a história do tempo. O tempo que somos nós.

Claude Bloc