Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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terça-feira, 30 de agosto de 2011

COCO PARA MESTRE ALDENIR - por Ulisses Germano

Mestre Aldenir completou 77 anos de idade no dia 20 de agosto. Com mais de meio século brincando de reisado, é considerado por estudiosos como Rosemberg Cariri e Antônio de Nóbrega como uma das personalidade mais autênticas do folclore nacional.

 *****

Mestre Aldenir

Ninguém pode confundir
É o Mestre da Cultura
Que nasceu no Cariri

Desde menino
No tempo da lamparina
Trabalhava no engenho
Calejando as suas mãos

Quis o destino
Que o reisado o encontrasse
Pra daí nascer o enlace
Do folclore e o coração

Mestre Aldenir
Ninguém pode confundir
É o Mestre da Cultura
Que nasceu no Cariri

Quem o conhece
Sabe bem da sua glória
No Crato fez sua história
Espalhou muita emoção

Agora vive
Consagrado e bem amado
Respeitado e admirado
Sendo a própria tradição


Mestre Aldenir
Ninguém pode confundir
É o Mestre da Cultura
Que nasceu no Cariri


Sua amizade
Para mim é um tesouro
Vale mais que todo ouro
Ninguém pode nem medir

Quando ele brinca
De espada sai faísca
É assim que ele arrisca
Sua vida sem sentir

Mestre Aldenir
Ninguém pode confundir
É o Mestre da Cultura
Que nasceu no Cariri

A companheira
Que tanto o admira
É a musa que o inspira
Se chama Mestra Isabé

Ela é a prova
Do amor que vence tudo
Seu espelho é o escudo
Firme e forte de mulher

Mestre Aldenir
Ninguém pode confundir
É o Mestre da Cultura
Que nasceu no Cariri

Eu me dispeço
Desejando que ele viva
Juntinho da sua diva
Muitos anos bem feliz

É que prossiga
Ensinando humildemente
A alegria pra essa gente
Como ele sempre quiz


POR DENTRO DA OPUS DEI

OPUS DEI: O EXERCITO DO PAPA
TEXTO DE: Mariana Sgarioni e Mauricio Manuel

MORTIFICAÇÃO CORPORAL
Imagine sua mente sendo monitorada 24 horas por dia. Você está num lugar onde não é permitido ver televisão ou ir ao cinema. Até o jornal chega editado às suas mãos. Ninguém pode ter amigos do lado de fora e o contato com a família é restrito.
Pelo menos duas horas por dia, você tem de amarrar um cilício na coxa – espécie de instrumento de tortura com pontas metálicas que machucam a pele. Quanto maior for o seu desconforto, melhor: isso significa que a instituição está exercendo mais controle sobre você. Se doer demais, tudo bem, você poderá trocar de coxa na próxima vez. O importante é que a experiência não passe em branco. Tem de machucar, deixar marcas. Caso contrário, não “faz efeito”.
Castidade
Se tudo isso já parece um pesadelo, saiba que ainda não acabou. Uma vez por semana, você terá também de golpear suas nádegas ou suas costas com um chicote. E ainda passará pelo que é chamado de “sinceridade selvagem”: contar aos seus superiores cada pensamento que passa pela sua cabeça, principalmente aqueles segredos mais íntimos, sobre os quais não se comenta nem no banheiro, de porta fechada e luz apagada. Se você não revelar tudo, mas tudinho mesmo, estará mantendo um “segredo com Satanás”.
As situações descritas acima não ocorrem nos porões de uma ditadura ou no ritual de alguma seita satânica, muito pelo contrário. Elas são rotina nas residências do “OPUS DEI”, onde vivem os chamados numerários – membros da organização religiosa que fazem voto de castidade e estão ali por opção, para “santificar” o mundo
Como dizia Josemaría Escrivá, fundador do grupo: “Seja santo. Santifique-se em seu trabalho. E santifique os outros com seu trabalho”.
Quem defende a instituição religiosa das acusações de ultraconservadora, totalitária e conspiradora garante que não há nada de errado com suas tradições, muito menos de secreto ou misterioso nas ações de seus integrantes. “Para quem conhece e vivencia o OPUS DEI, acima da pirotecnia fica a verdade: ele é uma entidade da IGREJA CATÓLICA (...) cuja única finalidade é procurar o ideal da vida e de serviço cristão no meio do mundo, mediante a santificação do trabalho profissional, da família e dos deveres cotidianos”, afirma o jurista Ives Gandra Martins, num artigo publicado pelo jornal Folha de S.Paulo em 2005

JOSEMARÍA ESCRIVÁ
O fundador que virou santo.
Fundador do OPUS DEI, o sacerdote espanhol – falecido em 1975 – hoje é santo. Nascido no ano de 1902, Escrivá teria resolvido dedicar sua vida ao sacerdócio quando, no rigor do inverno europeu, viu um padre caminhando descalço sobre a neve. Segundo a história oficial, o jovem sentiu-se compelido a seguir o exemplo e também oferecer-se a Deus.
Escrivá afirmava ter tido uma visão depois de ordenado, aos 26 anos: homens e mulheres realizando a “Obra de Deus” e mudando os rumos da história. Assim ele teria tido a idéia de criar o OPUS DEI. Depois de fundar a ordem em Madri, no ano de 1928, saiu arrebanhando seguidores. Mas logo esbarraria na Guerra Civil Espanhola, em 1936. Escrivá abandonou a cidade e interrompeu a expansão do Opus, retomando-a só em 1939, com o fim da guerra e a manutenção do ditador Francisco Franco no poder.
POLÊMICO
• Virou santo em tempo recorde, em 2002 (só 27 anos depois de sua morte). Segundo seus críticos, era simpático ao regime totalitário de Franco.
• Foi confessor de Franco e de vários ministros durante a ditadura espanhola.
DISCIPLINA
Chicotadas nas próprias costas é uma das modalidades de autoflagelo à qual os seguidores do Opus Dei recorrem pelo menos uma vez por semana. A pequena corda com nós usada para isso, conhecida como “disciplina”, geralmente não deixa marcas.
NA CARNE
O cilício tem pontas de ferro que penetram na carne. Para a maioria dos numerários, esse tipo de penitência física é uma prática corriqueira: eles passam pelo menos duas horas por dia com esse instrumento de tortura amarrado perto da virilha.
LIVROS PROIBIDOS
O Opus Dei tenta controlar o que seus seguidores lêem. A ordem classifica obras literárias numa escala que vai de 1 a 6: no primeiro nível estão os livros permitidos a todos e no último, os totalmente proibidos. Conheça alguns deles:
• O Capital, Karl Marx
• Além do Bem e do Mal, Nietzsche
• Cândido, Voltaire
• O Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago
• O Diário de um Mago, Paulo Coelho
• Presente de um Poeta, Pablo Neruda
• Ulisses, James Joyce
• Madame Bovary, Gustav Flaubert
• Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust
A CRUZ E O MUNDO
No símbolo oficial do OPUS DEI, o círculo representa o mundo e a cruz é a marca do cristianismo inserida nele. Trata-se de uma representação do sonho que Escrivá teria tido aos 26 anos de idade: a “Obra de Deus” alcançando cada canto do planeta, pelas mãos de seus seguidores.
JAVIER ECHEVARRÍA
O atual mandachuva.
Este homem é o atual prelado do OPUS DEI – cargo máximo do grupo, vitalício – e não responde a mais ninguém além do papa. Espanhol, nascido em 1932, formou-se advogado, especializando-se em direito civil e direito canônico. Entrou para a organização em 1948, com apenas 16 anos, mas só foi ordenado sacerdote em 1955. Dom Javier, como é chamado, foi secretário de Josemaría Escrivá durante 22 anos. É uma das pessoas que mais conheceu o fundador da organização religiosa na intimidade.
Ao assumir o comando em 1994, nomeado prelado pelo papa João Paulo 2º, Echevarría tornou-se o 3º prelado da ordem desde a sua fundação, em 1928. Ele substituiu Alvaro del Portillo, sucessor direto de Escrivá. Dom Javier é conhecido por viajar o mundo inteiro para divulgar a “Obra” e abrir portas para o diálogo entre crenças e culturas distintas.
MISTERIOSO
• Integra a congregação que controla processos de canonização desde 1981.
• É chanceler da Universidade de Navarra e de outras instituições de ensino.
• Ao contrário de Escrivá, prefere manter sua biografia cercada de mistério.
FONTE: REVISTA SUPER INTERESSANTE
NOVEBRO DE 2008
EDITORA ABRIL

São Josemaría Escrivá e o Brasil – por monsenhor Pedro Barreto Celestino (*)



"O Brasil é um continente!". Foram precisamente essas as primeiras palavras de carinho para com o nosso país que ouvi de São Josemaría Escrivá, quando o conheci, em meados de outubro de 1965. Depois, nos dois anos e meio em que vivi perto dele, em Roma, em muitas ocasiões escutei de novo essa afirmação ou outras semelhantes, que manifestavam o interesse e a medida das suas esperanças com relação ao Brasil.

Atrevo-me a dizer que o que à primeira vista fascinou a monsenhor Escrivá no Brasil foi ver a convivência fraterna de pessoas de procedências tão diversas. "O Brasil! A primeira coisa que vi foi uma mãe grande, formosa, fecunda, terna, que abre os braços a todos, sem distinção de línguas, de raças, de nações, e a todos chama filhos", disse. "Grande coisa é o Brasil! Depois vi que vos tratais de uma maneira fraterna, e emocionei-me."

São Josemaría Escrivá esteve 17 dias no Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro no início da noite de 22 de maio de 1974 e daqui foi para São Paulo, que era, na altura, a única cidade onde o Opus Dei desenvolvia atividades estáveis. Naqueles dias, reuniu-se com muitos milhares de pessoas, em grupos numerosos ou reduzidos. Com os ouvidos bem atentos, escutou suas perguntas e conheceu episódios que lhe queriam contar.

Surpreendeu-nos a acuidade com que captou os traços mestres do caráter do país. "Tendes que fazer sobrenaturalmente o que fazeis naturalmente; e, depois, levar esses afãs de caridade, de fraternidade e de compreensão, de amor, de espírito cristão, a todos os povos da terra. Entendo que o brasileiro é e será um povo missionário, um grande povo de Deus, e que as grandezas do Senhor, as sabereis vós cantar em toda a terra."

Acho que, em 1974, os próprios brasileiros tínhamos só uma ideia bem limitada dessas possibilidades. Sabíamos, naturalmente, que o Brasil limita-se com 10 países e que não tem disputas de fronteiras; já era conhecida a habilidade de alguns diplomatas brasileiros nos organismos internacionais. Mas a penetração internacional do Brasil ainda era muito pequena. Os jornais não falavam de homens de negócios daqui que ocupassem cargos de relevo em firmas internacionais, e os jogadores de futebol no exterior ainda se contavam com os dedos das mãos. A ajuda que os brésilieurs tinham prestado na cristianização da África francesa parecia um fato histórico isolado, e não nos passava pela cabeça que, na estratégia de Deus, o Brasil estivesse chamado a ocupar um papel importante na difusão das verdades do Evangelho fora das suas fronteiras.

Naqueles dias luminosos do outono de 1974, o fundador do Opus Dei viu com clareza tantos valores positivos que fazem parte do modo de ser e da cultura dos brasileiros. "Há muito trabalho que fazer. Há muitas almas boas no Brasil. E vós tendes no coração o fogo de Deus, aquele que Jesus veio trazer a terra. É preciso pegá-lo aos outros corações. Tendes simpatia e bondade, capacidade humana e sobrenatural para fazê-lo."

Contudo, nada mais equivocado do que pensar que a visão de São Josemaría Escrivá a respeito do Brasil foi de deslumbramento ingênuo. Junto com as coisas boas, percebeu também com agudeza as deficiências e as necessidades. Só que não as viu com o espírito crítico de um observador alheio: viu-as com olhos fraternos, paternos, de sacerdote. Num daqueles dias comentou: "No Brasil, nós os católicos temos muito que fazer, porque se vê gente necessitada das coisas mais elementares: de instrução religiosa e também de elementos de cultura comuns. Temos de promovê-los de tal maneira que não fique ninguém sem trabalho; que não exista um ancião que se preocupe por estar mal assistido; que nenhum doente se veja abandonado; que não haja ninguém com fome e sede de justiça, e não possa saciá-la." Dá segurança pensar que um santo do céu sofreu ao perceber essas deficiências e sonhou com a solução delas.

O bem-aventurado João Paulo II, na sua segunda viagem ao Brasil, disse numa homilia em Cuiabá: "O Brasil precisa de santos, de muitos santos". Embora não tenha nascido aqui, podemos dizer que São Josemaría Escrivá é muito nosso, tem muito a ver com o Brasil.

(*) Monsenhor Pedro Barreto Celestino, nasceu em Juazeiro do Norte. É Doutor em Ciências da Educação (1967) e em Direito Canônico (1970) pela Universidade de Navarra (Espanha). Ordenado sacerdote em 1971, trabalhou até 1990 em São Paulo, como capelão universitário. Atualmente é vigário da Delegação da Prelazia do Opus Dei no Rio de Janeiro.