Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 10 de agosto de 2010

PARA UM POETA - Por Edilma Saraiva Rocha

Eu e tu
dois amigos distantes e perto.
Pétalas fortes e endurecidas pela vida
suaves, coloridas.
Embriagadas por lágrimas de chuva fina
e continuam a brilhar
no simples lugar do pensar.
Por entre caminhos dificeis e
misteriosos,
uma formiguinha qualquer
vagueia sem pressa de chegar.

Afetos-cristais

- Claude Bloc -

Às vezes posso parecer piegas quando me expresso, mas não posso calar-me simplesmente por essa razão. Sobretudo porque quero falar desses sentimentos que em muitas oportunidades nos desintegram, nos partem, nos decompõem em moléculas, em cacos, ou então nos exaltam, nos engrandecem e nos revigoram. É este o fenômeno tão contraditório que faz parte do fuso de nossa vida. É este o paradoxo que rege nossa trajetória.

Por isso, muitas e muitas vezes a vida nos passa tão corrida que nem percebemos como andamos tratando os nossos amores, nossos amigos, nossos familiares. Nos fechamos numa concha, na nossa dor ou na nossa euforia e esquecemos de olhar para os lados, para além de nós mesmos.

Para mim as pessoas queridas são como peças raras: são frágeis e caras e de tão frágeis não devemos apertá-las demais, nem as deixar frouxas nas mãos.

O amor e os afetos são, portanto, como cristais. É preciso tomar cuidado pra não trincá-los, nem parti-los, pois o coração é como uma caixa em que vamos guardando pessoas importantes, aquelas que fazem diferença e que só acrescentam o que há de bom na nossa vida... Muitas vezes nem sabemos carregar essa caixa no nosso dia-a-dia. Sentimos-nos acuados, sentidos, ou permitimos que a incompreensão se avolume e nos cegue. Mas o segredo para nos sentirmos felizes é carregar essa caixa com delicadeza e, ao mesmo tempo, com firmeza, para que nossos cristais não se espalhem, não se quebrem, nem se percam pelo caminho.

São esses os cristais que carregamos: amigos, amores, família. Minha caixa está abarrotada deles e, por essa razão, vou segurando tudo aqui, perto do peito. E sigo pisando firme, olhando pra frente, cuidando para não tropeçar... Carregar pessoas queridas é responsabilidade grande. Não se pode lidar com elas de qualquer jeito. E se no trajeto precisarmos pousar a caixa, é importante escolher um lugar seguro, mas de fácil acesso, para nunca perdê-la de vista. Desta forma, o cristal não se quebra, nem fica esquecido.

Cristais podem durar para sempre, afetos também... Só precisamos é aprender a carregá-los...

Show produzido por Elmano Rodrigues Pinheiro

Último show do Jackson do Pandeiro

*Fotos enviadas pelo Elmano Rodrigues Pinheiro

“Quando contratei o Jackson para fazer esse show em Brasília, nunca poderia imaginar que seria a sua despedida dos palcos e da vida. Com a minha máquina fotográfica registrei esse momento, que será de suma importância para deixar marcado, a sua ultima imagem com vida para a sua biografia.

Veja no livro Jackson do Pandeiro, O rei do ritmo, de Fernando Moura e Antônio Vicente, da Editora 34, páginas 371 a 380, os detalhes desse final, de um dos maiores ícones da música popular brasileira.”

Elmano Rodrigues

Viver bem e de maneira simples é possível - Por José de Arimatéa dos Santos

Depois de um dia de trabalho chego em casa pensando só em ligar a televisão para relaxar e passar o tempo. Quem sabe ver um filme. Assim que adentrei em casa mudei todo esse projeto. Pensei: Ah! Vou escutar música. Principalmente grandes músicas e cantores que a um bom tempo não escuto. Veio na cabeça logo de primeira Paulo Diniz e comecei a me deliciar com "Pingos de amor", "Piri piri" e "Um chope pra distrair" entre outras músicas desse grande cantor. Apartir de Paulo Diniz, escutei 14 Bis, Beto Guedes, Waldik Soriano e Maysa.Geralmente escuto música após o almoço para aquela relaxante e tão necessária cochilada. Muitas das vezes o stress dessa vida tão agitada não deixa o corpo adormecer um pouco por alguns minutos. Mas tudo bem. Só em escutar alguns clássicos ou não da música nacional e internacional já me dão o ânimo para o trabalho da tarde. Esse é um hábito antigo da minha parte. Antes escutava o radinho deitado e bem relaxado com a grande variedade de estilos que o rádio tocava. Além de ficar bem informado com as notícias da hora do almoço.São nesses momentos que chego a conclusão o quanto a vida é simples e o ser humano é que complica. Mais ainda hoje que as coisas acontecem velozmente e fica cada vez mais difícil acompanhar tudo isso. Parece que estamos numa corrida de Fórmula 1 ou Fórmula Indy. A toda hora correndo para ver se damos conta de tanto trabalho ou compromissos e esquecemos de viver momentos simplórios como o contato com a natureza e o relacionamento ao vivo e a cores com os nossos semelhantes. Só sei que a vida deve ser vivida intensamente. O dia tem 24 horas e se programarmos bem nossas atividades e compromissos dar para encaixar tudo. Trabalhar, escutar nossas músicas prediletas, regar as plantas, cuidar de nossos animais de estimação e conviver com os nossos amigos e familiares. Viver a vida bem e de maneira simples é possível!
Texto e foto: José de Arimatéa dos Santos

Lembrar Recife é viver em pleno Carnaval !

Vida itinerante de uma bancária - (III) - por Socorro Moreira




Dezembro de 1975

Enquanto alugo um cantinho, e trago os meninos, Teresa Patrício me acolhe, na república de estudantes do Crato, situada na Rua Conde da Boa Vista. A proposta era ficar o mínimo de tempo possível.
Encontrei uma turma que estudava, e nos finais de semana frequentava os barzinhos do Espinheiro. Encantei-me com a música ao vivo, da melhor qualidade, coisa que no Crato, ainda não existia..
Manhã de segunda-feira, eu conheci a Ag. aonde eu trabalharia. Alonso Regis trabalhava no Funci e deu-me o primeiro atendimento. Depois correu a agência por todos os setores, apresentando-me ao pessoal. Fui lotada no setor de cobrança, e minha vizinha de mesa era Rejane Gonçalves. Os anjos divinos estavam do meu lado. Conhecer Rejane foi a melhor coisa que me aconteceu em Recife. Um pouco tímida, mas de olhar arguto e sábio, ela me observava... Estranhava, sobretudo as minhas meias finas. “Vixe Maria, essa mulher é dondoca demais!”. Por generosidade começou a me emprestar seus livros, passar dicas de filmes e discos...E, num momento preciso, até cedeu-me um lugar no Ap. que dividia com mais duas colegas e amigas: Lúcia e Graça. Pois não é que foi Rejane que me apresentou a Salatiel Alencar?

O tempo na Dantas Barreto foi restrito. A informatização convidou-nos a aprender a digitar, e eu comecei a trabalhar na Ag.Centro, nos serviços da congênere.
Lá vivi momentos especiais. passei no concurso interno para nível superior, fiz  grandes amizades.
A hora do almoço enchia de idéias e bons papos, o nosso prato. Alonso falava em Ufologia, Rogério em MPB, Severino contava com bom humor, causos da vida.
Fui me sociabilizando, entrando na vida, me liberando!
Claro que recebi ajuda. Fiz terapia em grupo com Grace, que me valeu por todo o futuro “que vivi., e vivo”! .
Mas é difícil não ter coração bobo, antes dos 25 anos. Apaixonei-me, e voltei a sonhar com um amor para sempre.
Quem teria coragem de assumir uma mulher com três filhos pequenos? Difícil!
E, quando descobri que a chance de um amor perfeito inexistia, fiquei tão triste em Recife que, impetuosamente, pedi transferência para Fortaleza. Pensava: sou cearense do Crato...Lá fico mais próxima das minhas raízes. Ledo engano. O cratense é antes de tudo um pernambucano! Bebemos nas águas do Beberibe as nossas poesias, músicas, cultura.
A mudança para Fortaleza, que julguei necessária, rasgou meu coração. Deixava amigos com Seu Amaro e Dona Iranete, Zilda, Mary, Giovane, Rejane, Graça, Lúcia, Alonso, Juarez, Bosco Cardoso.E agora?
Meu desligamento estava marcado, e assim foi feito.
Naquele dia em que peguei o avião, almocei no “Buraco de Otília”, em companhia de um colega, que surpreendido com a minha decisão, me dizia: “louquinha, desista!”
Mas eu segui em frente. Acreditei que o destino traça o nosso rumo, e a gente pensa que decide, o que se quer no mundo...
55 minutos de voo, e aterrissei no Aeroporto Pinto Martins. Deixava as minhas pontes, o meu sorvete no Zecas, as rodas de samba no Cancela, o sonho de fazer uma nova faculdade, os amigos do coração, com a responsabilidade de ser feliz e criar três meninos.
Mas Fortaleza fica para um  próximo capítulo!
A saudade de Recife, resiste !

Por Ana Cecília S.Bastos



Por vezes acontece de serem as mesmas as palavras,
no espaço sideral e dentro de nós -
seres que somos,
estes,
feitos de matéria estelar.

Mariscos - por Everardo Norões



o mar possui,
por engano,
feito de cor e de pena,
um alfabeto estranho.
Às vezes escreve cartas.
Se as leio,
me condena.
Náufrago de mar secreto,
( sem maré baixa ou navio)
sou o mau destinatário:
pois nem mesmo em mim
me aceito,
ou fio.


Antônio Gonçalves Dias (Caxias, 10 de agosto de 1823 — Guimarães, 3 de novembro de 1864) foi um poeta e teatrólogo brasileiro.

Devaneando.Liduina Belchior.

Hoje queria fazer diferente:
Ficar pequenininha
para entrar na sua cabeça,
observar seus neurônios,
A comunicação entre eles(sinapses)
ir até o tálamo e verificar
suas emoções e sentimentos,
Descobrir o que pensa,
O que deseja,
Qual sua missão diária,
Quantos gritos de "ais" ou
ou nenhum você daria hoje,
Gostaria de "viajar" em seu
cérebro para observar cada riso,
cada alegria, cada estação...
Seria ótimo (dentro do cérebro),
Descobrir seu grau de loucura,
pois todos nós a possuimos em níveis
idiossincráticos; Mas possuimos.
Eu iria vibrar,pois poderia comparar
com a minha, e mediria esta tal sanidade
mental.A insanidade viaja perto de nós
em questão de segundos.
O óbvio seria não nos tornarmos lunáticos.

Nos bastidores .... Vivendo & (Re)vivendo


Vivendo

Hoje: Caminhei,
Pensei,
duvidei,
vivi,
Missão diária cumprida.


Texto original postado por Liduina Belchior em 09/08/2010

***
Nos bastidores

Claude Bloc disse...

Hoje sofri,
quebrou-se o cristal
arrastei-me pela casa
em vão,
andei,
juntando os caquinhos
missão comprida.

Daniel Boris (Jacques) disse...
Hoje reencontrei amigos
vivi o ontem
sonhei com o amnhã
agarrei-me com o hoje
a lua fez a sua curva
hora de dormir
missão comprida


Vida itinerante de uma bancária (II) - por Socorro Moreira



Dezembro de 1974.

 Banco do Brasil em Crato, me espera. Rostos conhecidos me recebem: Iolanda, Ana Lúcia Brito, Rosário, Joanita, José Erlânio, Manoel Borges, Edgar da Matta, João Batista, Josimar Leonel, Ronald Albuquerque, Alonso Gomes, etc.
Seu Edgar foi meu primeiro chefe, no SETIN (serviços internos).
A gente ganhava 15 salários por ano, assistência de saúde das melhores, e tínhamos um padrão de vida razoável... Alguns consideravam o melhor emprego público do Brasil. Dava pra comprar a crédito todos os móveis da casa, viajar nas férias, e comprar roupas bonitas. Sabíamos que todo dia 20, o salário entraria  na conta.
Foi um tempo sobrecarregdo, porque eu voltei a ensinar, no período da tarde, e no período noturno, além de cuidar da família.. Era uma correria só, do Banco para os diversos estabelecimentos de ensino. A maquiagem derretia, porque eu não tinha carro, nem existiam os moto-taxis.
Participei como diretora social da AABB, e promovemos algumas boas festas.
Por razões particulares, um ano depois, solicitei minha transferência para o Recife, e, de casamento findo, com três filhos pequenos, peguei o ônibus do destino.A dor da saudade,  no coração... Mas a vida nova precisava ser iniciada, num novo cenário: sem Chapada do Araripe, sem amigos de infância, sem alunos, sem parentes... Cara e coragem, e uma vontade imensa de viver, e de existir por mim mesma.
E foi com essa disposição, que trabalhei, no meu primeiro dia, na Ag. Do Banco do Brasil da Dantas Barreto, em Recife.
Metropolitana Santo Antonio, registro, e deixo para um próximo capítulo.

Tiago Araripe

Recordações  do futuro



Álbum de Família

Tiago Araripe e Tom Zé juntos em 1974: parceria e amizade de três décadas



O cearense Tiago Araripe resgata aqui os tempos em que foi ter com o mestre Tom Zé que o recebeu em sua imensa generosidade

Tiago Araripe
Especial para O POVO

Quando saí de Recife para tentar a sorte como cantor e compositor em São Paulo, deixando pela metade o curso de Arquitetura e um emprego de copy-desk no Diário de Pernambuco, só tinha um objetivo cem por cento definido: estudar na escola de música de Tom Zé. A fixação tinha seus motivos. Tom Zé era, como 30 anos depois continua sendo para muitos, uma referência de inventividade musical. Suas entrevistas que acompanhei pela televisão me indicavam um criativo invulgar, sempre capaz de lançar um olhar novo sobre os mais diversos assuntos da vida e da cultura do país.

Cheguei a São Paulo no início de 1973, trazendo na bagagem algumas composições tão estranhas quanto imaturas, feitas no eixo Crato-Recife por onde eu me movimentava. Não por acaso, o primeiro show a que assisti na grande metrópole foi o de Tom Zé e Grupo Capote, no auditório do Masp. Depois um vizinho pianista me forneceu o telefone do cantor e marcamos o primeiro encontro. De antemão soube que a escola de música já não existia. Mas fui em frente. Na longa conversa que tivemos no estúdio do maestro tropicalista Rogério Duprat, no bairro do Bixiga, entremeada pela apresentação ao violão de meu precário repertório, Tom Zé se mostrou um ouvinte atento e respeitoso. O contato, que durou toda uma tarde, teve desdobramento inesperado: trabalhamos juntos durante um ano, fazendo apresentações nas quais eu tinha espaço para mostrar algumas de minhas músicas.

A princípio, reunimos um time de músicos amadores, universitários de uma forma ou de outra atraídos pelo trabalho do baiano de Irará. (Alguns deles se profissionalizaram e chegaram a dar boas contribuições ao que se configuraria mais tarde como a Vanguarda Paulistana.) Ensaiávamos no apartamento de Tom Zé nas Perdizes, provavelmente no mesmo edifício onde mora até hoje e do qual é jardineiro oficial. Na mesma vizinhança habitavam os articuladores do movimento concretista: Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos. Cheguei a participar de alguns encontros de Tom Zé com esses poetas de campos e espaços. Muitos deles no bar Cristal, regados a chopp e Steinhager. Não raro surgiam intersecções musicais interessantes, como a audição da obra do músico austríaco Anton Webern, promovida e comentada por Augusto de Campos, no apartamento deste, com a presença de Tom Zé e do poeta Régis Bonvicino. Ou as cinco letras que Décio pediu a Tom Zé para musicar e este me repassou: um desafio, pois eram extensas e sugeriam tudo menos versos de canção popular. Mesmo assim, a partir delas consegui fazer duas composições: ''Teu coração bate, o meu apanha'', lado B do compacto simples Tom Zé e Tiago Araripe, lançado pela Continental em 1974, e ''Drácula'', que interpretei no Festival Abertura da Globo no ano seguinte. Ambas são tangos, gênero no qual até então eu não me aventurara, definidos pela crítica especializada da época como uma vertente nova, não enquadrada nem no tango tradicional nem no tango jazzístico de Piazzola. Aprovado pelo novo parceiro, ganhei depois uma letra específica (e curiosíssima) das mãos do próprio Décio, transformada numa espécie de rumba: ''Hipopopótamo'' (sic).

Voltando ao fio da meada. Nos ensaios com os universitários, trabalhando a partir da sonoridade acústica de violões, era interessante observar a capacidade de Tom Zé de extrair o melhor dos músicos incipientes que éramos. Valia-se dos seus conhecimentos de música erudita (chegou a estudar cello e ter aulas com Smetak, quando morava em Salvador) e sua intuição de artista inquieto, sempre em busca do inusitado, para nos ensinar. Lembro de um arranjo que ele criou para ser executado por mim numa harmônica de boca, mostrando-me como tocar sem me atrapalhar com o manejo da clave. Assim a gaita incorporou-se aos shows, que fazíamos em diversos espaços da capital e do interior paulistano. E olha que nunca fui tocador de gaita.

Em determinada altura do campeonato, sugeri a ele que deveríamos modernizar o show, dando-lhe uma característica pop. Algo que fizesse jus ao disco Todos os olhos (sim, aquele da foto polêmica), recém-lançado. Ele aceitou de pronto, e convidei alguns amigos, nordestinos e músicos, constituindo assim o que viria a ser o embrião do grupo Papa Poluição, que integrei entre 1975 e 1980.

A derradeira apresentação que fizemos juntos foi num evento sobre cultura baiana no Anhembi, do qual participou também Walter Smetak. No seu show, Tom Zé entrava todo paramentado de artista pop, com uma máscara aplicada sobre o rosto que o deixava transfigurado. Aos poucos ele ia tirando o disfarce, arrancando nariz, orelhas etc. Se queria impacto, conseguiu.

O registro do trabalho que fizemos juntos foi o compacto gravado no mesmo estúdio, de apenas dois canais, onde nos conhecemos: de um lado ''Conto de fraldas'', de Tom Zé, e do outro ''Teu coração bate, o meu apanha''. Queríamos uma sonoridade diferente para o disco, e convidamos um músico na época bem cotado nos estúdios, mas completamente desconhecido do grande público: Guilherme Arantes. Foi quem fez os arranjos, pilotou os sintetizadores e participou do coro.

Tom Zé tinha uma maneira peculiar de viver a cidade de São Paulo. Acompanhá-lo dirigindo no trânsito caótico era muito interessante. Ele sabia de todos os fluxos e contrafluxos, de todos os meandros do tráfego, como um pescador conhece as oscilações das marés. O que não quer dizer que sua convivência com a cidade fosse tranqüila. Não o era em absoluto. Que o digam algumas de suas músicas, como ''Botaram tanto lixo, botaram tanta fumaça''.

Fazia anos que não o via e nos encontramos na pré-estréia do filme The Doors, à qual ele foi por insistência da esposa Neusa. Tinha voltado há pouco de Nova York onde tivera o primeiro contato pessoal com David Byrne. Assistimos ao filme juntos e perguntei-lhe como estava a cena musical novaiorquina. Ingenuamente, imaginava que me contaria novidades quentíssimas. No entanto, ele me respondeu que não sabia: ficara o tempo todo dentro do hotel.

Esse é o Tom Zé que conheci. Um ser híbrido, meio Irará meio futurismo universal. Durante o longo período em que ficamos sem nos ver, tive um sonho premonitório que contei a Neusa numa fila de cinema. Nele, Tom Zé obtinha finalmente amplo reconhecimento. Isso foi antes de o mundo lhe abrir as portas, a partir do convite de David Byrne. Que bom que se tornou real.

Tiago Araripe é compositor e publicitário
tararipe@click21.com.br

Xico Bizerra recebe titulo de cidadão recifense - Por A. Morais


Recebemos do colega aposentado, Xico Bizerra, o seguinte convite: "Por iniciativa do povo recifense, representado pela unanimidade dos vereadores da Cidade, receberei, com muito orgulho, o título de Cidadão do Recife. Gostaria muito de compartilhar dessa alegria com você, no dia 20 de Agosto, na Câmara de Vereadores do Recife, às 10 horas da manhã."
“Proposta do Vereador Josenildo Sinesio aprovada por unanimidade pelos Edis Recifenses, Requerimento 1731, Decreto Legislativo 09/2010. Sessão Solene a ser realizada em 20.08.2010, as 10 horas, Câmara Municipal do Recife”. Francisco José Bizerra de Carvalho, conhecido por Xico Bizerra, trabalhou por 28 anos como Analista do Banco Central. Aposentado desde 2005, se dedica à música nordestina, sendo autor de 8 CDs do seu projeto Cultural FORROBOXOTE. Hoje, é reconhecido como grande compositor e poeta, autor de mais de 400 canções, sendo, inclusive, o autor mais gravado na Região nos últimos 5 anos. Xico Bizerra tem suas canções interpretadas por mais de 200 cantores e cantoras por todo o Brasil; dentre eles, Dominguinhos, Elba Ramalho, Quinteto Violado, Amelinha, Xangai, Maciel Melo e Santanna. Sua música SE TU QUISER, lançada em 2002, já conta com 107 gravações por artistas distintos.

O nosso homenageado de hoje é Tiago Araripe ! Feliz Aniversário, menino !

Para Karimai - por Renato Dantas




E as cores explodiram por todo tempo e lugares.
A vida se vestiu de luz,
a Rua do Horto fez reverência,
os anjos riram ao abrir o portal da dimensão maior.
Ele adentrou!
Seus passáros, seus rios, seus tons
se fizeram cenário.
Ele sentiu-se em casa
E espalhou carinho nos mundos.
Seus quadros, aqui, sorriram.

Juazeiro do Norte - Pedras de Fogo, 31 de julho de 2010
Renato Dantas

Yesterday when I was young - Elton John & Charles Aznavour


Yesterday when I was young


Written by: Charles Aznavour

Yesterday when I was young
The taste of life was sweet as rain upon my tongue
I teased at life as if it were a foolish game
The way the evening breeze may tease a candle flame
The thousand dreams I dreamed, the splendid things I planned
I always built, alas, on weak and shifting sand
I lived by night and shunned the naked light of day
And only now I see how the years ran away


Yesterday when I was young
So many drinking songs were waiting to be sung
So many wayward pleasures lay in store for me
And so much pain my dazzled eyes refused to see
I ran so fast that time and youth at last ran out
I never stopped to think what life was all about
And every conversation I can now recall
Concerned itself with me, and nothing else at all

Yesterday the moon was blue
And every crazy day brought something new to do
I used my magic age as if it were a wand
And never saw the waste and emptiness beyond
The game of love I played with arrogance and pride
And every flame I lit too quickly, quickly died
The friends I made all seemed somehow to drift away
And only I am left on stage to end the play
There are so many songs in me that won't be sung
I feel the bitter taste of tears upon my tongue
The time has come for me to pay for yesterday when I was young.

My love for you - com Johnny Mathis

That's for you...

Tender is the night - com Johnny Mathis


Promessa
- Claude Bloc -


Uma promessa
arde secreta
qual lamparina
clareando a noite...
Alegria oculta
água e cristal.
Poesia
Em meio ao vendaval.