Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A LIBERDADE NO VOO DO SER



As sociedade modernas se apresentam como o modelo de liberdade e evolução. Os países ditos democráticos se dizem livres para planejarem, organizarem e executarem o plano diretor de seus projetos sociais, políticos e econômicos. Vivemos num mundo veloz, acelerado e desordenado. A cada dia que passa sabemos menos o que acontece a nossa volta. São tantas as mudanças nas decisões distantes que não sabemos que próximas decisões de fato devemos tomar hoje – e o que vai nos afetar amanhã quando acordarmos. A parte se perde num todo veloz, dinâmico e em transformação.

O dia de amanhã é uma incógnita que temos que contar na equação do tempo linear. O ontem já se foi agora e o amanhã é aqui sem percebermos o sentido de sua orientação. A terra gira sob o seu próprio eixo invisível: o homem gira em torno de sua capacidade de percepção indefinida. Tudo gira e tudo vibra num encadeamento sem fim. O sentido de valor final se confunde e nos confunde na grande maré de ondas de trabalho, produção e consumo utilitário. Acordamos com as buzinas dos carros e vamos dormir com a sensação de que o amanhã não será nada diferente e assim nada mudará de fato - já não ouvimos mais os grilos da noite estrelada! Então, nos questionamos: será que podemos mudar o eixo do tempo, das realizações e valores materiais – podemos voltar no tempo? Uma nostalgia bate em nossos corações.

Em princípio desejamos romper com o antigo para construirmos o novo. Mas, logo somos assaltados por impulsos de acomodação e nos sentimos presos à cultura como a raíz da árvore nas entranhas da terra; como a mosca que cada vez mais se enrosca na teia da aranha. Somos seres da terra e dela precisamos para sobreviver. O céu nos convida para a beleza do infinito desconhecido. Saimos com naves inteligentes pelo cosmo para sondar a vida além dessa vida terrena. Será que existe um mundo melhor do que esse? Se existe aonde encontrá-lo? Em que direção no infinito devemos buscar? A busca humana não tem fim. O que queremos descobrir: novas terras, novos espaços, novas fronteiras, novas verdades? O que precisamos de fato reconhecer? Já não basta sermos dotados de inteligência e sensibilidade? O que queremos acrescentar ao nosso modo de ver e ser?

Um vazio bate em nosso ser, um buraco negro se abre em nosso peito: a perspectiva da morte certa – que acontecerá um dia infalivelmente! Nos sentimos sós; nos sentimos uma pequena partícula numa dança de átomos na construção quântica da vida invisível. A posição e a certeza da velocidade de nossa trajetória errante nos são proibidas: uma ou outra. Conhecemos aquilo que queremos conhecer; vemos aquilo que queremos ver; descobrimos aquilo que queremos descobrir – com a ilusão de que tudo o que vemos é real. A realidade não nos é dada, mas permitida escolher entre várias possibilidades aparentes. O que escolhermos, seremos provavelmente: para o nosso bem ou para o nosso mal. Não existe padrão, não existe modelo, não existe fórmula, não existe mapa que mostre o verdadeiro caminho da iluminação da consciência – só incerteza e aprendizado nas várias quedas da alma!

Então, caímos em si: Não existe vida sem liberdade! Não existe igualdade sem unidade; não existe verdade sem a visão da totalidade! Ó natureza criadora porque somos criaturas tão complexas e indeterminantes! Enraizar a vida na terra material ou transcender numa “morte” (metanóia) da consciência em direção ao céu imaterial e sagrado? Então, vem a luta, o conflito e a crise interior: Quem somos nós? Quem sou eu?. E na crise o risco e a oportunidade de se reconhecer como parte fundamental de uma verdade e um propósito cósmico universal do Amor Incondicional!

A vida não é uma noite tenebrosa, mas um novo amanhecer e renascer de verdades e conhecimentos (“conaissance”) jamais ditas ou reveladas. É preciso voar mais Alto – em direção ao infinito - e lutar menos contra inimigos “visíveis”, para assim poder ver mais longe e compreender de fato o mistério da crise desse mundo e do ser.




Pois, segundo Richard BACH:

"Você conhece o provérbio, que é bem verdade: "Vê mais longe a gaivota que voa mais alto". As gaivotas que você deixou estão no solo, gritando e lutando umas com as outras. Estão a mil e quinhentos quilômetros do paraíso, e você diz que lhes quer mostrar o paraíso, de onde estão! Fernão, elas nem vêem a própria ponta das asas!" (Fernão Capelo Gaivota, p.101-102).

Então, só me resta - Graças a Deus! - falar, escrever, “voar” e ser quem sou: humano e cósmico!









PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE MUSAS.

“A mesma praça os mesmo bancos , as mesmas flores , o mesmo jardim...”

O MADRIGAL FOI, E CONTINUARÁ SENDO PARA CADA UM DE NÓS UM CELEIRO DE BELAS RECORDAÇÕES. UM FASCÍNIO. ASSIM COMO O COLÉGIO DIOCESANO, O MONSENHOR MONTENGRO NOS SEUS QUASE UM METRO E NOVENTA DE ALTURA NAQUELA BATINA PRETA.SEU ROSTO GRAVE NOS INCUTIA RESPEITO E ADMIRAÇÃO, EMBORA FOSSEMOS COMO ELE CHAMAVA: “ZIZINHOS DANADOS”.
MEIO DIA, SOL A PINO. ALMOÇO RÁPIDO PARA NÃO PERDER O “ENSAIO”. RECLAMAÇÕES DE MINHA MÃE: “COME DEVAGAR NILO SÉRGIO, VAI FAZER MAL, PRA QUE ESSA PRESSA”? AS MÃES NÃO SABIAM QUE O ENSAIO ERA O MELHOR DA FESTA! SUBÍAMOS OS DEGRAUS ATÉ O TEATRO DO COLÉGIO E ENTÃO O PAPO E AS BRINCADEIRAS CORIAM SOLTO ATÉ QUE D. BERNADETE BATIA COM A PONTEIRA NA CADEIRA E O FOGO BAIXAVA. TINHA INÍCIO OS TRABALHOS DE APRENDIZADO DE NOVAS CANÇÕES OU PREPARAÇÃO DE REPERTÓRIO PARA APRESENTAÇÃO MARCADA.

MAS HAVIA TAMBÉM MAGIA NO AR, MESMO COM A IMENSA AMIZADE E COMPANHEIRISMO NÃO DEIXOU DE HAVER O DESPERTAR DE PAIXÕES E NAMOROS, POUCOS, MAS HOUVE. A DISCRETA CONVERGÊNCIA DE OLHARES FURTIVOS E ROSTOS RUBORIZADOS. “FLERTES” , NA GÍRIA DA ÉPOCA COM PROMESSA IMPLÍCITA DE CONTINUAÇÃO NO DOMINGO, NOS VOLTEIOS DA PRAÇA SIQUEIRA CAMPOS? QUEM DUVIDAVA?

MAS A FRATERNIDADE MASCULINA ESCOLHIA TAMBÉM SUAS “MUSAS”. HOUVE UNÂNIMIDADE NA ESCOLHA: ANA MARIA XENOFONTE, MARIA LUIZA TORRES (BALÚ), ALTINA SIEBRA E ROSINEIDE ESMERALDO, SEM DEMÉRITO PARA AS DEMAIS MENINAS QUE NA VERDADE ERAM TODAS GRACIOSAS.
A MINHA MUSA PREFERIDA ERA ROSINEIDE. LINDA, DE UMA MEIGUICE ÍMPAR, UMA DOÇURA NO FALAR, UM SORRISO MAIS BONITO QUE O DA MONALISSA (DE MICHELANGELO) E UMA TIMIDEZ QUE ERA UM CHARME. E PRA ARRASAR OS CORAÇÕES QUANDO SORRIA SEUS OLHOS SUMIAM NUMA LINHA EM MEIO AO RUBOR DA FACE. AS CONVERSAS COM AS MENINAS ERAM INVARIAVELMENTE BRINCADEIRAS, FOFOCAS, FILMES EM CARTAZ, TERTÚLIA NA CASA DE QUEM?

O “REENCONTRO DO MADRIGAL” TROUXE DE VOLTA AS NOSSAS MUSAS. E PRINCIPALMENTE, PARA MIM, A ALEGRIA DE REVER NEIDE. REVELOU-SE UMA MULHER MADURA, ESPECIAL E DIFERENCIADA. DE UMA BONDADE DE CORAÇÃO E DE ALMA QUE ENTERNECE. UMA MÃE DEDICADA, AFETUOSA. AMADA E QUERIDA POR TODOS. SOLÍCITA COM OS AMIGOS E COMO ELA MESMA DIZ: ACORDO SEMPRE DE BOM HUMOR! SUA ALEGRIA É CONTAGIANTE. COMEÇAMOS A NOS CORRESPONDER POR E-MAIL QUANDO PROGRAMAMOS O ENCONTRO. O MSN AGILIZOU OS BATE-PAPOS QUE SE TORNARAM MAIS ASSÍDUOS A RECORDAR OS BONS MOMENTOS E ATUALIZANDO AS INFORMAÇÕES DE NOSSAS VIDAS E CAMINHOS PERCORRIDOS.

O REECONTRO FOI DE PURA ALEGRIA E ENCANTAMENTO. UMA COMPROVAÇÃO DE QUE SOMOS UMA SEMENTE QUE VINGOU EM PROFUNDAS RAÍZES DE AFETO E FRUTOS DE AMIZADE PERENE.
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Agradecimento pelo Convite


Olá, Amigos,

Gostaria de Agradecer ao Carlos Rafael, e a quem mais foi o(s) responsável (is) pelo convite feito hoje a mim para paticipar do Blog Cariricaturas. É com muito prazer que aqui chego. Espero poder contribuir para esse Blog Artístico e Cultural da região, da melhor forma possível dentro do seu estilo, e claro, dentro das minhas parcas limitações literárias. Aproveito para parabenizar o esforço e a dedicação de pessoas como Socorro Moreira e Claude Bloc, principalmente, no sentido de construir esse espaço, que é bastante aprazível e calmo. Que continue assim. Também disponibilizo e ofereço o código da Rádio Chapada do Araripe como presente, caso o Carlos Rafael queira incorporar ao Blog, como meio de integração de todos os espaços do Cariri, especialmente, quando estou alterando a sua programação, gravando novos programas e incluindo novos artistas de toda a região do Cariri. O Código-fonte pode ser encontrado no site da estação:
http://radiochapadadoararipe.blogspot.com/

Ou posso enviar por e-mail para alguém, para o Carlos Rafael, ou pode ser ainda copiado e colado lá do CaririCult para cá, ou de inúmeras outras formas. Estou à disposição, e mais uma vez, muito obrigado pelo convite.

Abraços a todos,

Dihelson Mendonça

Gripe Suína - José Saramago


"Não sei nada do assunto e a experiência directa de haver convivido com porcos na infância e na adolescência não me serve de nada. Aquilo era mais uma família híbrida de humanos e animais que outra coisa. Mas leio com atenção os jornais, ouço e vejo as reportagens da rádio e da televisão, e, graças a alguma leitura providencial que me tem ajudado a compreender melhor os bastidores das causas primeiras da anunciada pandemia, talvez possa trazer aqui algum dado que esclareça por sua vez o leitor.

Há muito tempo que os especialistas em virologia estão convencidos de que o sistema de agricultura intensiva da China meridional foi o principal vector da mutação gripal: tanto da "deriva" estacional como do episódico "intercâmbio" genómico.

Há já seis anos que a revista Science publicava um artigo importante em que mostrava que, depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte havia dado um salto evolutivo vertiginoso. A industrialização, por grandes empresas, da produção pecuária rompeu o que até então tinha sido o monopólio natural da China na evolução da gripe. Nas últimas décadas, o sector pecuário transformou-se em algo que se parece mais à indústria petroquímica que à bucólica quinta familiar que os livros de texto na escola se comprazem em descrever...

Em 1966, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de suínos distribuídos por um milhão de granjas. Actualmente, 65 milhões de porcos concentram-se em 65.000 instalações. Isso significou passar das antigas pocilgas aos ciclópicos infernos fecais de hoje, nos quais, entre o esterco e sob um calor sufocante, prontos para intercambiar agente patogênicos à velocidade do raio, se amontoam dezenas de milhões de animais com mais do que debilitados sistemas imunitários.

Não será, certamente, a única causa, mas não poderá ser ignorada. Voltarei ao assunto.

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Continuemos. No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um relatório sobre a "produção animal em granjas industriais, onde se chamava a atenção para o grave perigo de que a contínua circulação de vírus, característica das enormes varas ou rebanhos, aumentasse as possibilidades de aparecimento de novos vírus por processos de mutação ou de recombinação que poderiam gerar vírus mais eficientes na transmissão entre humanos". A comissão alertou também para o facto de que o uso promíscuo de antibióticos nas fábricas porcinas - mais barato que em ambientes humanos - estava proporcionando o auge de infecções estafilocócicas resistentes, ao mesmo tempo em que as descargas residuais geravam manifestações de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou milhares de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).

Qualquer melhoria na ecologia deste novo agente patogênico teria que enfrentar-se ao monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e ganadeiros, como Smithfield Farms (suíno e vacum) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática das suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas umas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento dos investigadores que cooperaram com a comissão. Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas.

Assim como o gigante avícola Charoen Pokphand, radicado em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre o seu papel na propagação da gripe aviária no Sudeste asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do surto da gripe suína esbarre contra a pétrea muralha da indústria do porco. Isso não quer dizer que não venha a encontrar-se nunca um dedo acusador: já corre na imprensa mexicana o rumor de um epicentro da gripe situado numa gigantesca filial de Smithfield no estado de Veracruz. Mas o mais importante é o bosque, não as árvores: a fracassada estratégia antipandêmica da Organização Mundial de Saúde, o progressivo deterioramento da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industralizada e ecologicamente sem discernimento.

Como se observa, os contágios são muito mais complicados que entrar um vírus presumivelmente mortal nos pulmões de um cidadão apanhado na teia dos interesses materiais e da falta de escrúpulos das grandes empresas. Tudo está contagiando tudo. A primeira morte, há longo tempo, foi a da honradez. Mas poderá, realmente, pedir-se honradez a uma transnacional? Quem nos acode? "

José Saramago

POEMA DE AMOR DE UM POETA FRIO




Antonio Sávio

Eu que da placenta das quimeras
Arranquei meu sonho mais realista
E de lá, feito um pássaro ligeiro
Saiu você, nívea feito à nuvem,
Púrpura feito o entardecer,
Quente, de olhos negros
Feitos meus pensamentos mais tenebrosos

Nasce do pântano das minhas dores
Do balsamo das minhas ilusões
Dos delírios das minhas chagas
Achas neste pântano de fuligens
Uma alma tristonha, mas um coração em flores

Achas um rosto trigueiro e frio
Mas que não reflete em sua tez
A altivez do meu próprio brio
Pois amor surge em mim como bálsamo,
Uma gota de cada vez.

Poema de Antonio Sávio
Publicado em
poesiaquemdiria.blogspot.com

A “Baixa da Égua” – por Carlos Eduardo Esmeraldo

Era o pior palavrão que eu conhecia até os meus nove anos de idade. A qualquer aborrecimento, não media palavras e mandava todo o mundo ir conhecer esse terrível lugar: “a baixa da égua.” A minha mãe ralhava comigo sempre que eu pronunciava esse horrível nome. Pronto, era o suficiente para que eu entendesse que realmente era um palavrão tão feio, de modo que, a quem eu dirigisse tamanha ofensa era realmente digno dela.
Corria o ano de 1954, eleições municipais em Crato. Como sempre acontecia nessas oportunidades, a disputa era bi polarizada entre o Dr. Ossian Araripe, candidato a prefeito pela a UDN, partido ao qual meu pai militava e Sr. Pedro Felício Cavalcante pelo PSD. Não acompanhava os comícios, mas torcia pela vitória do Doutor Ossian para prefeito do Crato e do candidato e depois governador do Estado, Paulo Sarasate, a quem fiz questão de conhecer pessoalmente.
Naquela eleição, Tália Márcia, uma prima dos meus pais, que eu não conhecia ainda, era uma das mais aguerridas “cabo eleitoral” do Sr. Pedro Felício. E por causa de uma visita dela à nossa casa em pleno período eleitoral, correu um boato pela cidade de que o meu pai havia “virado”, isto é, mudado de partido em plena campanha política. Por isso, numa noite em que eu estava sozinho em casa, um carro buzinou insistentemente defronte do nosso portão. Fui atender e nele havia duas senhoras, que me perguntaram: “Tália Márcia está aí? Nós queremos falar com ela.” Respondi que não havia nenhuma Tália Márcia, somente eu estava em casa. Elas puseram o carro em movimento e desapareceram. Não menos de dez minutos depois voltaram com a mesma pergunta. Dava-lhe a mesma resposta. Teve uma terceira e quarta vez e eu já estava perdendo a paciência, quando nominei para ela os nomes de todas as minhas irmãs e das demais pessoas da casa e que, portanto, não havia nenhuma Tália Márcia. Na última vez, não medi esforços, enchi os pulmões e respondi bem alto: “Vão para a baixa da égua!” Naquela noite fui dormir tranqüilo e aliviado. No dia seguinte, ao despertar, meu pai veio ao meu encontro com um bonito cinturão. Pensei que fosse um presente que ele iria me dar, quando ouvi sua voz em tom muito grave dizer: “você chamou dona Nair, esposa do Dr. Décio Teles Cartaxo, o prefeito e dona Maria do Céu, a mulher do nosso futuro prefeito de “filhas de uma égua!” E o cinto bateu forte no meu corpinho ainda franzino. Algum vizinho um tanto quanto surdo, dizendo-se muito divertido, contou a história ao meu pai, trocando os nomes por outro que não era do meu unitário repertório de palavrões.
Depois me contaram que a “Baixa da Égua” é um lugar do município do Crato, existente por trás do Serra onde está a estátua do padre Cícero. Claro que jamais fiz questão de conhecer tal lugar, de modo que se existe ou não, ainda hoje me trás más recordações.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

MADRIGAL INTERCOLEGIAL DO CRATO, O REENCONTRO ...E O ENCANTO



Decorria o ano de 1960. O Monsenhor Francisco de Holanda Montenegro, inspirado-se nos Madrigais que Santo André criara na Itália em honra de Nossa Senhora, (Mater - Mãe, derivando daí o termo MADRIGAL) que reunia jovens cantores Católicos para levarem o canto religioso próprio da época às praças e Igrejas. Como havia introduzido a disciplina de introdução à música no Colégio Diocesano do Crato, convidou a Profa. Bernadete Cabral para criar um Madrigal. Tradicionalmente o Colégio só abrigava o gênero masculino, então a Profa. Bernadete expôs a Monsenhor a necessidade de vozes femininas e foi então que as "meninas" dos Colégios Santa Teresa, Dom Bosco, Madre Ana Couto e Estadual foram convidadas fizeram teste e ingressaram no nicho masculino do tradicional e inesquecível colégio. Nascia então um grupo musical que aos poucos foi ganhando estrutura e coesão musical. Disciplinado e revelador de talentos sob o seguro comando técnico e o profundo conhecimento da regência e o encantador sorriso de D. Bernadete. Fundamentou-se também um dos elos mais fortes de amizade que já tive noticias em um grupo musical. Unia e continua nos unindo um profundo respeito, carinho, proteção e eternos laços de amizade fraternal nos momentos do convívio dos ensaios e viagens. Esta alegria que atravessaria décadas foram certamente embalados por algumas histórias de amor inesquecíveis. O Madrigal logo iniciou sua brilhante trajetória, sendo convidado para recitais em inúmeras ocasiões festivas e solenes no Crato e a partir daí foi ampliando sua área de atuação para todo o Cariri. Suas apresentações causavam sensações de puro deleite. Novos membros chegavam para teste, outros partiam mas o grupo totalizou 47 membros no auge de sua fama. Fama esta que nos levou a apresentações em Fortaleza no Conservatório Alberto Nepomuceno, TV Ceará e Reitoria da UFC, entre outras. Contudo, a mais expressiva notoriedade alcançou quando fomos convidados para um show na reunião de premiação dos Municípios Modelos do Brasil. Nesta ocasião a cidade do Crato foi laureada como Município Modelo do Ceará. Nosso recital deu-se no magnífico e decantado Teatro Santa Isabel. Recordo-me de termos sido aplaudidos de pé pela platéia que lotou aquela casa. Fato pitoresco: as "meninas do Madrigal" concederam incansáveis pedidos de autógrafos e fotos. Apresentamo-nos também na TV Jornal do Commércio do Recife e durante uma semana permanecemos em terra pernambucanas atendendo outros compromissos musicais. O nosso repertório incluía clássicos do cancioneiro popular nordestino, nacional e internacional. Mas o tempo foi passando e chegou o momento de partirmos para nos prepararmos para o vestibular concluído o segundo grau. Alguns colegas ficaram no Crato, nós partimos com destino a Salvador, Recife e terras mais distantes, poucos para Fortaleza. Mas a amizade e a fraternidade permaneceram nos encontros das férias de julho que coincidiam com a Exposição. E foi assim que no ano passado, durante o período da agora denominada EXPOCRATO, em conversa com amigos do Madrigal tomou corpo a idéia de um “Reencontro” para prestarmos uma homenagem ao Monsenhor Montenegro, à Maestrina D. Bernadete, ao Colégio Diocesano e à nossa cidade querida. Durante um ano procuramos localizar os amigos dispersos. Com recursos próprios nos lançamos ao desafio. Pretendíamos realizar um encontro fechado, mas um fato mudou o rumo do projeto. É que o Dr. Haroldo Maximo, nosso querido amigo e colega de ginasial, recebe a merecida homenagem da Magistratura e é empossado Desembargador. Em conversa com o Prefeito do Crato, Dr. Samuel Araripe o faz ciente de nosso encontro e o Prefeito entra em contato comigo em ligação telefônica para o Recife e me diz que o Madrigal Intercolegial do Crato era um ícone cultural da cidade e os homenageados figuras de ponta e proa dessa cultura. Cresce então de simples homenagem para uma apresentação pública no Teatro Municipal com o apoio técnico e financeiro da Prefeitura através da Secretaria de Cultura do Município. Reunimos o grupo no dia 12 de julho e iniciamos os ensaios no dia 13 totalizando apenas quatro ensaios efetivos sob a regência da Maestrina Divani Cabral. O recital aconteceu no dia 17 de julho de 2009 às 20:00h. Contrariando todas as expectativas negativas, por ser uma noite de sexta feira, a EXPOCRATO acontecendo e vários eventos na cidade, com divulgação boca a boca levar ao teatro um público de 400 pessoas. Uma eletrizante energia aleatória tomou conta do ambiente e sob exaustivos aplausos apresentamos 10 músicas do nosso repertório de sucessos. Não somos modestos, de maneira alguma. Nessa noite Humberto Cabral anuncia a abertura dos festejos do cinqüentenário do MADRIGAL que acontecerá em julho de 2010. Já iniciamos os preparativos. Queremos registrar nosso profundo agradecimento a Maestrina DIVANI CABRAL e a toda a família que com seu entusiasmo não mediu esforços em nos apoiar. Extendemos esta homenagem a todos os amigos que de alguma forma nos prestou o apoio para o êxito do evento. Não citarei nomes para não ser traído pela memória e cometer injustiça. Agradecemos ao Sr. Prefeito Municipal e à Secretária Danielle Esmeraldo pelo decisivo apoio. Sintam-se abraçados e continuadamente amados. Aos meus colegas dessa FRATERNIDADE resta-me dizer apenas: AMIGOS PARA SEMPRE! NOS VEREMOS EM BREVE. Madrigal Intercolegial do Crato, 1960-2009.


Texto de Nilo Sérgio

Happy Feed - Sessão VIII- Por Zélia Moreira

O gênero animação trouxe para o cinema verdadeiras obras de arte.
Com as novas tecnologias o computador tem feito algumas maravilhas, (nada comparado no entanto ao fascínio e destreza produzidas pelos pincéis das mãos hábeis de antigamente).
Digo isso pra falar de um desenho recente e que mais uma vez o destaque é a música. A trilha sonora é muito boa . O destaque será para My Way( na voz de Robim William ), numa versão bem moderna, caliente, e mesmo assim toca fundo a sensibilidade do telespectador.
O filme que falo é Happy Feed. Animação gerada por computador, lançado em 2006 pela Warner Bros.
Foi produzido em Sidney, dirigido por George Miller.
Tem entre seus dubladores na versão original, inglês, encontramos atores consagrados do cinema como:Robin William e Nicole Kidman.
Na versão brasileira, Daniel de Oliveira e Sidney Magal entre tantos outros , emprestaram suas vozes aos personagens.
No ano de 2007, Happy Feed, recebeu o Oscar na categoria animação.
O roteiro conta a história da Nação dos pinguins imperador que moram na Antártica, cujas vidas se resumem a cantar. Isto causa grande preocupação a Mano, diferente de todos os pinguins ele não sabe cantar e sim sapatear, para o espanto de todos, inclusive para seu pai, Memphis, que diz :"isso não é coisa de pinguins".
O filme é desenrolado num clima de muita música e passos de sapateado. Quem não viu ainda, este sim, certamente já está disponível em todas as locadoras e nas Lojas Americanas(rsrs), por um preço bem acessível.
Podem apostar , é diversão garantida para crianças e adultos.
Como não poderia falta...deixo por aqui a cena embalada por My Way.
Vamos ver?





Zélia Moreira

Pachelly Jamacaru - Chuva e sol

O Boi brincado no Crato do final do século XIX


No Crato do final do século XIX, o Auto do Boi, também conhecido noutras partes por Bumba-Meu-Boi, foi uma função da cultura popular feita para o deleite de todos, incluindo as chamadas “boas famílias” da sociedade local.

Segundo Paulo Elpídio Menezes (1), além do boi, havia outros personagens coadjuvantes. Seu depoimento é rico em detalhes e, por isso mesmo, belo no estilo.

Depois dos setenta anos, comecei a lembrar-me de tudo que vi e ouvi, quando menino. Agora é o boi, a burrinha, o caga-pra-ti, o babau e os dois vaqueiros (os caretas), o dono do boi e o tocador de harmônica que, muito embora o seu instrumento não desse os tons menores, mexia com a alma da gente, mais do que os acordeões atuais. É o boi que dançava nas frentes das casas de família, durante o mês de Natal que, com tanta rapidez, passava para os meninos.

“O boi era contratado por dez mil réis, para as oito horas da noite, enquanto a meninada estava acordada. Toda a vizinhança era convidada para assistir ao divertimento a que se dava tanto valor. A animação não se descreve. O boi trazia um grande acompanhamento. O grupo de que se compunha estacionava a certa distância. As calçadas se enchiam de cadeiras. O da harmônica, na frente. Os vaqueiros, encaretados, avançavam e, com voz gutural, rouca e escatarroada, perguntavam por meu amo. Referiam-se ao dono da casa, a quem eles queriam vender um boi.

“Realizado o entendimento, voltavam os vaqueiros trazendo a burrinha. Com ela entravam pela abertura do círculo que fazia o povo. O ‘ cabra’ executava, com perícia, uma espécie de rancheira, tocada pela harmônica, montada num cavalo de pau, coberto com u’a manta e com rédeas retesadas. Ligeiramente olhando, dava a impressão de um centauro. Sacudia aos assistentes um lenço branco, que lhe era devolvido com um ou dois dobrões (2)

“Retirada a burrinha, diziam pilhérias engraçadas e diligenciavam abrir mais a roda dos assistentes, ameaçando a molequeira, com seus jucás de relho nas pontas.

“Traziam depois o caga-pra-ti: um homem, com uma roda na cabeça, envolvida em um pano branco que descia até a cintura, onde se prendia a uma saia rendada e aberta por um balão amplo.

“Girava ao som de um pinicado da harmônica, dando pulinhos em meio do baião, dançando com agilidade e perícia. Ainda apresentavam a Ema, não mencionada em começo. Dava uma entrada solene, com passos cadenciados, ao som de uma música apropriada a seu andar pachola. Ao recolher o elegante pernalta, já se ouvia o aboiar dos vaqueiros. Momentos de grande ansiedade... O boi entraria em cena. Arcos de cipó grosso ornavam o esqueleto do animal. A cabeça e o rabo, entanto, pertenciam, realmente, à ossada de algum bovino, comido pelos urubus. Um lençol, comprido e largo, encobria o ‘cabra’ que, dentro, curvado, executava todos os ricochetes exigidos ao rei do brinquedo.

“No começo, ao soar de uma valsa branda e plangente, o boi rendia homenagem ao dono da casa e à sua família, baixando a cabeça, em mesuras respeitosas. Depois, a todos que o rodeavam. No entanto, aos poucos ia embravecendo, chegando a dar nos caretas, espalhando a multidão, ameaçada de levar chifrada.

“Tal atitude induzia os vaqueiros a abatê-lo com forte pancada no cachaço. Após a violência, os matadores sentiam-se triste, arrependidos do ato praticado. Para ressuscitá-lo o único clister... Chega, então, a hora da meninada correr. Porque eles constituíam a droga receitada para levantar o morto, dar-lhe novamente vida. A molequeira fugia em debandada. Mas nem todos escapavam. E os alcançados eram metido no cu do boi (3), fato que constituía uma desfeita. O último a aparecer era o babau, atrevido e deslavado. Uma queixada de cavalo, com uma corda para lhe dar movimento. Corria atrás do povo. Queria morder todo mundo. Batia o chocalho no rabo de palha de carnaúba. O desempenho dessa missão era confiada a um cabra forte e bem exercitado em corridas de cavalo-de-pau. Assim terminava essa função, que tanto empolgava naquela época.”
____
(1) O Crato do meu tempo, Fortaleza, 1960.
(2) Nota de Paulo Elpídio: “Moeda de cobre do valor de 40 réis”.
(3) Nota de Paulo Elpídio: “Durante muito tempo, a expressão cêdebê significava confusão, arruaça, baderna e parece originar-se da cena que se descreve acima".

FLORESTA DO ARARIPE, uma paixão! Por Pachelly Jamacaru





Fotos: Pachelly Jamacaru

Porque devemos convergir e integrar com AMOR


Dedico esta reflexão a todos que estão na busca de agregar idéias sobre a condição humana no mundo contemporâneo, através de uma perspectiva holística, cujos saberes oriundos da filosofia, ciência e espiritualidade nunca são divergentes; pelo contrário exige-nos uma postura convergente àquilo que nos move ao conhecimento do homem e das coisas.

Acredito que quanto mais profundos estivermos em nossas buscas de respostas do poder da consciência, da multidimensionalidade da vida e da origem do universo melhor será para alcançarmos níveis de entendimento de quem somos nós e qual o propósito que precisaremos dar as nossas consciências e energias objetivas e sutis para se cumprir o projeto de realização holística, feliz, transcendente, consciente e Amorosa.

"Trata-se do sentido da unidade das coisas: homem e natureza, consciência e matéria, interioridade e exterioridade, sujeito e objeto; em suma, a percepção de que tudo isso pode ser reconciliado. Na verdade, nunca aceitei sua separatividade, e minha vida - particular e profissional - foi dedicada a explorar sua unidade numa odisseia espiritual". Renée Weber

PORTANTO, CONVERGIR E INTEGRAR TUDO - TUDO MESMO! NAS TRÊS DIMENSÕES:ESPIRITUAL-SOCIAL-INDIVIDUAL

O cientista (psicólogo e reitor da Universidade Holística - UNIPAZ) PIERRE WEIL (1989) aponta os seguintes elementos para a falta de convergência e integração da consciência humana em geral: "A filosofia afastou-se da tradição, a ciência abandonou a filosofia; nesse movimento, a sabedoria dissociou-se do amor e a razão deixou a sabedoria, divorciando-se do coração que ela já não escuta. A ciência tornou-se tecnologia fria, sem nenhuma ética. É essa a mentalidade que rege nossas escolas e universidades"(p.35).

"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo" Albert Einstein.



“O homem é um ponto [ou foco] de luz divina, envolto por numerosos envoltórios, como uma luz escondida numa lanterna. Esta lanterna pode ser fechada e escura, ou aberta e irradiante. Tanto pode ser uma luz brilhante diante dos olhos dos homens, como uma coisa oculta, sem utilidade para os demais”. (Alice Bailey)

Reflexo - (INDRISO) - Por Claude Bloc

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Reflexo

Sinto-me solta, num poema, em pleno verso
Como uma folha que no ar enfim se solta
Sinto o mundo girando à minha volta...
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Sinto-me luz em meio à escuridão
Transversalmente na noite escondida
Um raio apenas, faísca irrefletida


Sinto-me em paz, reflexo e sorriso
.
Sinto-me solta, num poema, em pleno verso...


Como todos sabem, um soneto é composto de duas estrofes de quatro linhas e duas de três linhas. Entretanto, as possibilidades construtivas que ele oferece não terminam nele mesmo. Dele se originou o Indriso, que nada mais é do que um poema que é composto de dois tercetos e duas estrofes de verso único – monóstico - (3-3-1-1), que permite um uso livre da rima e o número de sílabas nos seus versos. Os quartetos do soneto passam a ser tercetos no indriso e os tercetos passam a ser estrofes de verso único no segundo.


O primeiro foi desenvolvido em 2001, em Madrid, por Isidro Iturat, espanhol, nascido em Villanueva e la Geltrú, em 1973. Além de escritor, ele também é professor de literatura espanhola. Reside em São Paulo, Brasil, desde o ano de 2005. Estamos então, diante de um padrão novo, dotado de uma musicalidade característica. Ao longo do processo de desenvolvimento dos indrisos, Isidro pediu a opinião de diversos experts literários, que deram diversas opiniões.


Indriso de Claude Bloc

Repentes - Claude, Magali, Carlos, César, Anita e Socorro- Foto de Pachelly Jamacaru



Caros amigos,
Os "repentes" aqui apresentados não têm exclusividade e não são apenas de Magali, Carlos, Socorro e Claude.
Quando fizemos o convite este se propunha a ter a participação de todos numa grande roda de brincadeiras.
Cada um de vocês ainda pode participar postando um comentário com uma trova (partindo do MOTE deixado pelo antecessor) e deixando um mote para o próximo participante.
Consideramos que isto é um bom exercício de criatividade e bom humor. Uma brincadeira que congrega.
Enfim, sintam-se RE-CONVIDADOS. Venham, vejam, sejam trovadores "repentistas".
Brinquem conosco!!


Espetei-me na roseira
Rimando de pé quebrado
Abraço a Socorro Moreira
Vou saindo remendado

Brincadeira já tem hora
Encerrou nossos repentes
Deixamos o campo agora
Para os mais inteligentes

Aceito o desafio
do casal que muito prezo
uns abraços de afeto
e uns beijos eu entrego

Voltem logo, eu vos peço
brincadeira é coisa boa
deixa a vida um pouco à toa
e a gente mais contente

Claude enrolou os motes
com fita e papel de seda
agora perdi a senha
e a cantiga também ...
vamos começar de novo
já que a poesia é de todos
e ninguém é de ninguém

Já está virando moda
pedir desculpa a alguém
Mas isso não me incomoda
passo a lixa e tudo bem.

Do norte do equador
olho pra baixo e vejo amigos
é o pessoal do Crato
e alguém que'u admiro

Esse tal de desafio
é uma coisa complicada
um dia você pode ganhar
no outro levar pancada

Aceitei tal desafio
De minhas duas amigas
Vou puxando esse fio
Não quero fazer intrigas

Admiração por gente
é meu fraco, meu encanto
é cachaça na cabeça
riacho pra todo lado
pirilampos na estrada
e sonhos na madrugada.

Vou chorando de mansinho
A cada anoitecer
Saudade vem de roldão
Amor chega sem doer

Penso que estou no Crato
que me espalho pelo Vale
que devo enxugar a dor
que no meu rosto resvala

Sentir saudade não mata
Faz bem e traz emoção
Pelo menos sei que tenho
muito amor no coração

Quem chegou não foi o frio
nem tão pouco quem tá morto
eu vejo a Ana Cecília
enfeitando nosso espaço

Seja bem vinda, menina
e diga lá pros seus pais
que seus antigos pupilos
atualmente grisalhos
agora brincam e versejam
no blog dos encontrados.

A pedra da Batateira
Também tem a sua história
Se rolar encosta abaixo
Some o Crato da história
e esse povo encantado
preservado na memória.

A pedra tá amarrada
com arame e estacas
pra não ter nenhum perigo
da pedra descer a serra
da serra engolir a terra
e de deixar sem abrigo
o povo todo do Crato.

Por sorte nasci de
Pai nordestino que
Cedo me ensinou
Cantigas da sua Terra
E hoje estou aqui
Pra relembrar a rima
Que o pai pra mim cantava
Desde que eu era menina!

Rainha do jardim é Rosa
que é também moça formosa
Passos , de abril,toda prosa
uma canta, outra perfuma

O Lameiro é bairro fresco
com manga e siriguela
lá morou Dr. Zé Newton
numa casa muio bela
Dona Rute convidava
os alunos do D.Bosco
pra lanchar na casa dela.

Um dia a gente resgata
O que se tem na raíz
Da herança ninguém escapa
É o que o velho ditado diz.

Amizade é conquista
ou um presente natural?
Alguns perdemos de vista
Mas na lembrança é atual!

No meu silêncio eu grito
no teu silêncio eu penso
no meu silêncio bocejo
no teu silêncio eu sinto
nesse entreato,confesso
que no silêncio eu fico.

PRAÇA DA SÉ (próximo mote)