Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Memória fotográfica - Emerson Monteiro

Escrever como quem copia
As mais estranhas visões
No tamanho dez por quinze
Como as bordas brancas
De uma paisagem qualquer,
De lugares e momentos,
Para, em seguida, escondê-la
Nos trapos escuros da ausência
Com as janelas fechadas da vida.
E esperar espantos no futuro,
Quando vierem tempos novos,
Melhores e mais livres que estes
Que eu agora quero contar.

O CASULO DA VIDA

Ninho de graveteiro
                            



 


O CASULO DA VIDA

As pálpebras caem,
e as palavras, inúteis. 
Os canários já não cantam,
e caem.    
A pedra brilha ao sol,
como uma lápide.
Os teus passos se calam,
no jardim da ausência.

Como decifrar o casulo da vida?
As asas aprendem o desígnio de não voar. 
No entanto, sabemos quem somos.
Sabemos Deus.
Nada nos falta, apesar da humana fraqueza.

A areia tem a forma dos nossos pés.
A justa medida.
O mar nos chama,
e nos ministra lições
de partida: partir é viver.
Não queremos, ainda, o esquecimento.
Nem depois, no espelho de Deus.

Os barcos sofrem na praia, apodrecem,
mas guardam a memória das viagens, do infinito.
Um pouco de terra e escuro, nosso domínio:
que morra e nasça a semente da eternidade.



 

Um sol ainda brilha em nosso caminho

Pedro Esmerado

Estamos respondendo a criticas desagradáveis cometidas por pessoas provocativas o que pensamos em responder com altivez as suas provocações dirigidas completamente para nós porque nos deixaram intrigados pelas suas maldades.

Numa manhã de sol, vibrávamos de alegria quando surgiu um senhor com palavras entorpecentes e que nos deixaram com o coração cheio de mágoas, provocando discórdia inimaginável e ainda amargura incontrolável, tirando-nos da paz de espírito.

Não compreendemos como há mente humana capacitada para causar desgosto incomensurável cheio de ódio e rancor, visando somente prejudicar o bom comportamento dos seus semelhantes.

Lembrando a esses ilustres amigos do peito, avisando-os que aqui estamos de passagem e não venham intrometer-se na seara alheia porque só ao dono compete julgar o seu caráter. Caminhamos numa estrada reta e pedimos a Deus que nos conduza para o lado da bondade e nunca querer tratar o seu semelhante com desdém que nos deixa sempre com o pensamento confuso e desequilibrado emocionalmente.

Aqui, nesta cidade, vez por outra, aparecem umas pessoa metidas a santinhas, dizendo saber de tudo e querendo sempre menosprezar os seus amigos a fim de mostrarem-se que auto-suficientes no seu saber.

Ao mesmo tempo, lembramos aos amigos de verdade que nos aparecem aqui e ali, agravando o ser humano com gestos hostis e que demonstram não nos compreender ao dizerem palavras amigáveis, mas tiram seu tempo para dizer asneiras, com gestos intoleráveis, ofendendo os seus semelhantes sem reparar o mal que lhes faz, com palavras torpes.

Recordamos ainda a esses filósofos: "quem diz o que quer; ouve o que não quer", portanto, devemos tomar cuidado em nunca procurar divulgar os defeitos dos outros, porque quem tem rabo de palha não deve tocar fogo em rabo de ninguém porque senão o seu rabo por trás será queimado; por fim, pedimos a Deus que nos oriente para seguir o caminho da bondade e com segurança democrática trazendo a paz e a liberdade e a livre expressão de pensamento.

Fiquem sabendo, senhores, que para viver numa comuidade de peso, constituída por pessoas provocativas, temos que, em primeiro lugar!, praticar o bom procedimento e o respeito humano, tratando os amigos como pessoas dignas que fazem jus a toda sociedade democrática.

Longe de nós possuirmos esse pensamento ignóbil, cheios de falhas, demonstrando sermos amigos, mas, principalmente, dão os desprezes sem compreensão mutua, e não compreendem que seus caminhos são cobertos de nuvens que impedem de elevar-se e equilibrar-se no meio da sociedade moderna.

Por outro lado, tornamos a repetir que oposição não significa intriga, mas, para nós, oposição é o direito de opor-se aos erros de seus chefes ou de quaisquer pessoas constituídas.

Crato/CE, 29 de Abril de 2011

Professor à moda antiga – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Vida de professor, hoje em dia, não é nada fácil! Já vai longe o tempo em que o professor era respeitado pelos seus alunos, com o mesmo nível de consideração e devoção reservado aos próprios pais. Época em que alunos eram verdadeiros discípulos e o professor, antes de tudo um mestre a dividir o saber com seus pupilos. Hoje não; o pobre do professor além dos baixos salários, carga horária estafante, ainda enfrenta um bando de jovens desinteressados, alunos de cara feia, mal-educados desde o berço, alguns deles drogados, quando não armados até os dentes.

Às vezes, eu imagino o que seria dos pequenos estudantes do Século XXI, se porventura voltassem as normas disciplinares que existiam na época em que a minha mãe estudava nas escolas primárias do Crato. Aí pelos idos de 1910, há um século, portanto, todo dia de sábado havia a sabatina. Nada mais era do que uma argüição oral que o professor, de palmatória em punho, fazia aos alunos sobre todo o conteúdo ministrado durante a semana. Aquele que não soubesse responder, outro aluno era solicitado a passar um quinau, isto é fazer a correção daquilo que o colega não soubera. Se por ventura acertasse a resposta, era autorizado pelo mestre a aplicar certo número de “bolos” na palma da mão do coleguinha relapso. Se errasse, os dois recebiam do próprio professor a merecida sova.

Mas tal sistema disciplinar não era nem de longe, comparado ao que existia na Alemanha de 1785. Famosa pela rigidez de comportamento de seu povo, àquela época, o professor alemão ministrava suas aulas com um comprido e espesso cipó encostado a um canto da parede. Se algum aluno não soubesse a lição ou se comportasse de maneira inadequada era solicitado a retirar a camisa, ajoelhar-se e receber algumas lapadas nas costas.

Certo dia, um professor da cidade de Brunswick, não desejando surrar seus alunos de apenas oito anos, impôs a eles um terrível castigo, em troca de umas boas e merecidas cipoadas. Eles somente seriam liberados da sala de aula, após somarem os cem primeiros números naturais, isto é: um mais dois, mais três, mais quatro, até chegar a cem. Seria uma operação demorada para qualquer adulto, imagine para crianças já sentindo as agruras da fome a lhe roer o diminuto estômago. Menos de cinco minutos depois dessa ordem, um garotinho franzino, levantou-se e disse ao professor: “o resultado é 5050”. “Como você descobriu isso, meu filho?” Aquela criança lhe mostrou uma pequena fórmula que havia descoberto, antes de muitos matemáticos famosos daquela época: a soma dos termos de uma Progressão Aritmética.

Reza a lenda que o professor tirou a camisa, pegou o vergalhão, entregou àquele pequeno aluno, ajoelhou-se e disse para a classe: “Hoje eu estou diante de um gênio! Meu filho tome esta vara e bata nas minhas costas! Bata quantas vezes você quiser!” Não há registro histórico se aquele aluno surrou seu professor, para alegria dos seus coleguinhas. Mas ganhou do diretor da escola, uma bolsa de estudos que lhe possibilitou doutorar-se em Matemática, anos mais tarde.

Ah sim, antes que eu me esqueça! Qual era o nome daquele pequeno gênio? João Frederico Carl Gauss, um dos maiores matemáticos de todos os tempos. Responsável entre tantos feitos, pelo desenvolvimento da “Teoria dos Números”, da demonstração do “Teorema Fundamental da Álgebra”, e da famosa “Curva de Gauss”, para correções de dados estatísticos.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

"Prova provada" - José Nilton Mariano Saraiva

Com convicção, à época, em mais de uma oportunidade afirmamos aqui (e nunca é demais repetir, insistir e persistir), que a criação da tal Região Metropolitana do Cariri não passava de um teatro mambembe, de uma farsa grotesca, de um engodo sem precedentes, porquanto, lá atrás, já houvera sido decidido que Juazeiro do Norte, ao sul, e Sobral, ao norte, seriam os municípios que recepcionariam os principais investimentos do Governo do Estado do Ceará; às pobres e decadentes cidades adjacentes seriam encaminhadas as sobras, os refugos e as migalhas do que sobrar, porquanto meros satélites a vagar na órbita das duas “metrópoles”.
Pois é, não deu outra, pra decepção daqueles que levaram na ironia. Querem um só exemplo, a “prova provada”, a materialização do afirmado ??? Vamos lá: autocraticamente, vapt-vupt, em tempo recorde, sem maiores explicações, delongas ou justificativas, o poder público estadual escolheu a área, adquiriu o terreno, disponibilizou uma grana respeitável, ergueu, equipou e inaugurou um portentoso Hospital, que “batizou” de Regional do Cariri, em ... Juazeiro do Norte (como também já está ultimando a unidade de Sobral).
Como, no entanto, os serviços das duas unidades acima referenciadas (que estão sendo entregues à população) não atingem os municípios localizados na “região central” do Estado (inviabilizando o atendimento às populações respectivas), esse mesmo Governo deverá construir um novo “Hospital Regional” que contemple os diversos municípios que a compõem (a Região Central e o Inhamuns), dentro de uma tal política de interiorização da saúde. Só que aqui, diferentemente do ocorrido lá, a autocracia será deixada de lado e a escolha será um tanto quanto diferente, porquanto mais honesta e democrática: dentre os 20 municípios que formam aquela região (com uma população estimada em 612 mil pessoas), os quatro mais populosos e importantes economicamente (Quixadá, Quixeramobim, Canindé e Boa Viagem, de acordo com o IBGE) foram antecipadamente escolhidos pra se habilitarem a recepcionar a nova unidade de saúde, cuja definição e escolha da localização definitiva deverá ser feita através de uma eleição com os prefeitos e presidentes das Câmaras Municipais dos 20 municípios, na condição de votantes. Assim mesmo, “sem cantar a pedra antes do tempo”. Democraticamente.
A pergunta que se impõe, então, é: por qual razão, na Região do Cariri, não se adotou o mesmo critério, o mesmo modo operandi, a mesma sistemática, qual seja, uma pré-seleção das suas principais cidades (Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Brejo Santo) com a conseqüente e democrática escolha de uma delas, através de votação dos prefeitos e presidentes das Câmaras Municipais dos mais de 30 municípios que a compõem ???
Elementar, meu caro Watson !!!
Falta-nos (ao Crato, especificamente) o “componente político”, poder de barganha, prestígio, competência, parcerias e, principalmente, um mínimo de relacionamento da autoridade municipal com quem tem a caneta à mão (em termos de Estado e União).
Será tão difícil assim, pra quem tem um mínimo de discernimento, enxergar o “óbvio ululante” ???

Medo - Sávio Pinheiro

O medo é um temor que eu temo tanto,
O qual me dá terror quando há tormento,
E usando o meu mais triste sentimento
Conduzo o meu cantar a um triste canto.

Sentindo uma agonia, eu me levanto
Com medo de viver um vão momento,
E vendo o meu pavor soprar ao vento
Eu colho uma aflição da qual me espanto.

Da morte, que é fatal, não sinto medo!
Nem mesmo, ela chegando bem mais cedo,
Pois vejo, o fim da vida, algo banal.

Porém, da dor insana, mais frequente!
Eu sinto um medo forte, internamente,
Um medo quase fora do normal.


Aurora e Crepúsculo - Paulo Viana

O tempo inaugura a primeira solidão
O nó é desfeito
Há uma atmosfera de inocência
De pureza, de bondade
O cenário é divinal
Mas logo se estabelece a segunda solidão
Eis que surge o outro
A inevitável e imprescindível mão que recebe
O inesperado assombro do “não si mesmo”
A poeira do sacrifício, da dor, da vivência
O mundo se disfarça de amor e o sexo de alimento
Não importa nenhuma tragédia freudiana
As forças naturais, viçosas, promissoras aos poucos recuam
Se institui o ódio, pois já não há mais pureza
O amor protege, o alimento excita o animal
O que estava moldado reinventa-se no prazer e na dor
O desejo é maculado, nutrido pelo contato entre a suavidade e a rigidez
Uma vez que o desejo fica no vazio a rejeição o preenche
Feito um punhal impiedoso, o não fere mortalmente o sim da vontade
Mas a força da alma vem de uma incomensurável necessidade
Forjada no ventre sagrado do inexplicável
O caloroso e blindado sim das entranhas
E a estética proteica faz a travessia
Do aconchego natural para as missões perversas
No dia e na noite, no deserto ou na miscelânea de luzes e sons
Hércules, Prometeu, Jasão
Todos os heróis, sob ameaça permanente, se põem de guarda
O outro, com armadilhas, molda a covardia ou o triunfo
Há os que quedam pelo caminho, mas há, também, os que vingam
E o uno se aventura no desafio de mudar e ser sempre o mesmo
Chega, por fim, sua terceira e última solidão

Recebido via e-mail do Paulo Viana
Foto do  Wikimedia Commons
Blog do Sanharol

Uma crônica para o Abriu Por:Manoel Severo


Nossos antigos e novos preconceituosos , literalmente de pernas pro'ar...


Quando uma a pausa na apresentação "Game Off Skate" nos trouxe a inusitada e maravilhosa apresentação do cordel e da poesia popular, fiquei incrivelmente espantado e verdadeiramente encantado! Todas as tribos ali mesmo no anfiteatro do Centro Cultural do Araripe, festejando a verdadeira festa da juventude, meninas e meninos de todas as idades , cores e pensamentos, celebravam a vida, seus sonhos, a esperança. A união perfeita entre todas as manifestações da alma juvenil, a poesia da origem convivendo harmoniosamente com a poesia das ruas, foi uma experiência dificil de esquecer.

Por esse motivo não poderia deixar de trazer aos amigos o meu verdadeiro sentimento com relação a este evento que me toca profundamente que é o "Abriu para Juventude". Uma iniciativa de uma felicidade ímpar; em sua terceira edição, possibilita e provoca um conjunto de percepções e interações poucas vezes vistas, entre o que sente e pensa, o jovem de nossa cidade.

Logo na primeira noite, no Teatro Salviano Arraes Maia, tivemos um debate extremamente qualificado envolvendo a temática principal do evento: "Corpo e Consciência". Por mais de duas horas tivemos representantes de várias juventudes, como também do poder público e da sociedade civil; e aqui destaco, José Flávio, Alexandre Lucas, Diego Cidrim, Cláudio Reis, André Saraiva e Júlio Cesar Filho; pensando e dialogando, sobre este grande desafio que é ser jovem, ter voz, ter vez, corpo e consciencia. Uma das coisas que me chamou a atenção, pois não é comum para homens públicos; foi a presença do prefeito do Crato, Samuel Araripe, durante todo o evento; ouvindo de forma humilde e contribuindo com o debate de forma segura e lúcida, enriquecendo sobre maneira o momento; acabou saindo com o "fechar das luzes".






A presença do Presidente Nacional da CUFA, Preto Zezé e o lançamento do espetacular documentário "Fortaleza Noiada" trouxe um ingrediente forte na direção dos rumos da luta contra as drogas; o Crack preponderantemente já é a maior mazela da sociedade moderna e atua fortemente a partir do universo jovem, apesar de não escolher idade, sexo e condição social. Preto Zezé, do alto de sua experiência de anos lidando com movimentos comuntários e de periferia; trazendo para a vida aqueles já sem esperança; provocou que só haveria luz no fim do túnel se houvesse uma grande união e cruzada de todos para resgatar e proteger nossos jovens desse flagelo.

A dança, a música, a festa, o encontro, a celebração, o corpo e a consciencia; foram presenças marcantes durante as duas noites restantes do Abriu para Juventude. O Centro Cultural do Araripe era o caldeirão central de todo o sentimento, muitas vezes reprimido por boa parte daqueles jovens, e ali, era como coração de mãe: Sempre cabia mais um... e havia espaço para todos, a harmonia era a tônica, a pluralidade a ordem.






Por entre os insides e rimas do Rap e do Break, sob a sinfonia do xaxado e do coco, me parei pensado: "Caramba esse meninos e meninas estão muito a frente de todos nós!" E realmente esse era meu sentimento, como imaginar a convivência inteligente e criativa, com qualidade, entre a cultura Hip Hop e a cultura Popular, nossa, nordestina? Entre o talento e beleza do skate e a magia do cordel? Entre o esporte radical e a arte da contemplação... E foi isso exatamente o que vimos durante os tres dias de Abriu para a Juventude. Luiz Gonzaga, Marinêz, Anicetos e Reizados, cantados e dançados nas ruas, pelas ruas, trazendo uma verdadeira apoteose de sentimentos que nascia do mais sincero sentimento do que podemos chamar de cultura nossa de cada dia.

Uma cena ficou em minha memória: O olhar de um desses anônimos meninos de nosso Crato. Em determinado momento, um garotinho, talvez não tivesse mais que 12 anos, segurando um outro menor pela mão, esse talvez tivesse uns 9 a 10 anos; estavam bem ali, no centro do "caldeirão" das Rffsa, e seus olhos com um brilho sem fim, como querendo sair de órbita, não sabiam por onde começar, diante de tanta festa, luz, cor e harmonia, de um lado um palco com as bandas originalmente feita por jovens, do outro lado todas as emoções do Motocross, do outro a magia do Skate, do outro as batidas fortes e envolventes da música eletrônica e do alto do paredão da escalada, parecia que o Deus da praça, o nosso Cristo Redendor, parecendo uma imagem santa de Grafite, abençoava a todos. Parabens Crato, mas sobretude, parabens juventudes, vocês foram responsáveis por tudo isso.

Obrigado WB por pegar "emprestado" seu olhar a partir de suas fotos.

Manoel Severo

A música e outros sinais - Emerson Monteiro


Quem passa, as pessoas; são elas quem passa no silêncio dessas paragens entranhas da consciência e no terno movimento, a refletir as horas e o seguir do correr inevitável das coisas. Espécie de saudade descomunal acompanha o deslizar da sombra que desce pela infinita ladeira dos instantes em sucessão.
As luzes que circulam em volta dessas poças d´água espalhadas pelo vento encantam canções que insistem tocar as células do esquecimento preguiçoso dentro da alma da gente. Aves, no céu alto, deslizam indiferentes em meio das mesmas marcas de nuvens rápidas que encobrem o céu acinzentado das cerrações nas manhãs, que vestem de fantasmas os dias que se foram através da fatalidade. Tetos de névoa tênue, véus de paisagens desaparecidas, ausentam-se, quando rondaram aqui tão perto, livres, porém, do controle dos nossos sonhos e braços de dominá-los.
Contar quanto andou nesses caminhos interiores ao som das pulsações demoraria igualmente a quantidade do que desfilou nas telas do presente, pois reviver é viver. Algo de constante aos olhos da repetição. Por isso, a diferença significa o tanto proporcional das saudades depositadas nos lixões e museus. Impressões permanecem do intervalo das paredes e das histórias, período exato de servir aos demais seres humanos, pratos da realização dos desejos. Paz, satisfação de viver. Em processo equivalente, uns desprezam as oportunidades para favorecer o esforço de outros que precisam. Reunir as forças suficientes de facilitar a jornada dos que arrastam fardos pesados, próximos, hoje, ontem, amanhã, disposição e trabalho em nome de quem necessita.
Ter medo de abandonar o percorrer dessas horas impacientes que jamais esperam pode pedir a vontade do serviço ao semelhante, única atitude que vence o morrer que o tempo tritura todo momento.
Romanos narravam lenda que falava de Cronos, o deus do tempo. Ele paria e devorava seus próprios filhos. Continua dominando os passos nas histórias das outras civilizações, ente misterioso que lhe toca adiantar os frutos que servem de alimento. Todos sem exceção calcam o cenário aos próprios pés. A música das esferas domina os sentidos, na audição. As cenas em ação, na visão. A mesa, no paladar. O perfume do estrume e das flores, no olfato. E no tocar dos objetos, o tato. E nós, atores principais do processo vida.
Alternativas de juntar num bloco este momento cabem no papel de instrumento de salvação criaturas, quebrar o cristal da inutilidade de olhar indiferente o rio correr sem responder ao que pergunta a música invisível do tempo no seio dos corações.

ENCONTRO DE AMIGOS...

Um brinde aos Bloc-Boris

O local é apenas um pretexto...

A amizade é uma parte da história
 
O amor  fraterno é a graça do momento.

Enviado por e-mail por Dr. Heládio Teles Duarte