Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

RECADINHO DO CORAÇÃO....

KISS ME QUICK

(Elvis Presley)

Zélia Gattai



Zélia Gattai (1916 - 2008) foi uma escritora e fotógrafa brasileira, tendo também sido expoente da militância política durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinqüenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste.

Poucos escritores começam a escrever aos 63 anos, mas foi o que ocorreu a Zélia Gattai, esposa de Jorge Amado, que estreou em 1979 com o livro ‘Anarquistas, Graças a Deus’. Nele, ela narra a saga de sua família de imigrantes italianos chegados a São Paulo no início do século. A descrição do dia-a-dia de uma cidade em constante crescimento é o pano de fundo de uma narrativa que privilegia a viva memória pessoal à dos arquivos, propiciando um relato simples e saboroso tanto de acontecimentos cotidianos quanto daqueles repletos de riquíssimo conteúdo histórico.


Uma bela avó.


É assim que podemos dizer de Zélia Gattai. Mulher guerreira, inteligente, meiga, educada, refinada, cheirosa, amada amante…


Zélia Gattai era uma bela e linda avó de todos os grapiúnas das margens do Rio Cachoeira. Era o exemplo de mulher tipo superação. Ela tinha uma delicadeza real em gestos populares. Sabia falar sempre sorrindo e tinha nos seus atos, os calores mornos das mães.

Era a mulher do nosso admirador ilustre, o escritor Jorge Amado dos Ilhéus, bebedor de água de coco em Banco da Vitória e entusiasta das nossas paisagens.

"Continuo achando graça nas coisas, gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores".

Zélia Gattai

Zélia Gattai




Zélia Gattai Amado (São Paulo, 2 de julho de 1916 — Salvador, 17 de maio de 2008) foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinqüenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste.



Wikipédia

Hermann Hesse


Hermann Hesse (Calw, 2 de julho de 1877 — Montagnola, 9 de agosto de 1962) foi um escritor alemão, que em 1923 naturalizou-se suíço.

Nascido no seio de uma família muito religiosa, filho de pais missionários protestantes (pietistas, como é típico da Suábia) que tinham pregado o cristianismo na Índia. Estudou no seminário de Maulbronn, mas não seguiu a carreira de pastor como era da vontade de seus pais. Tendo recusado a religião, ainda adolescente, rompeu com a família e emigrou para a Suíça em 1912, trabalhando como livreiro e operário. Acumula então sólida cultura autodidata e resolve dedicar-se à literatura.

Travou contato com a espiritualidade oriental a partir de uma viagem à índia em 1911 e com a psicanálise por meio de um discípulo de Carl Gustav Jung, em decorrência de uma crise emocional causada pela eclosão da Primeira Guerra Mundial. Estas duas influências seriam decisivas no posterior desenvolvimento da obra de Hesse.

Procurou construir sua própria filosofia, a partir de sua revolta pessoal (Peter Camenzind, 1904) e de sua interpretação pessoal das correntes filosóficas do Oriente (Sidarta), e em especial em O Lobo da Estepe (1927), que é também uma crítica contra o militarismo e o revanchismo vigente na sua terra natal depois da Primeira Guerra Mundial. Esta postura corajosa o fez bastante popular na Alemanha do pós-guerra, depois da desnazificação.

Em 1946 recebeu o Prêmio Goethe e, passados alguns meses, o Nobel de Literatura.

wikipédia


Ernest Miller Hemingway (Oak Park, 21 de Julho 1899 — Ketchum, 2 de Julho 1961) foi um escritor norte-americano que perdeu o pai Gustavo Manders e seu apelido era milernest.

Trabalhou como correspondente de guerra em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola e a experiência inspirou uma de suas maiores obras, Por Quem os Sinos Dobram. Ao fim da Segunda Guerra Mundial se instalou em Cuba.

Una

Bem que o Conselheiro já nos havia antecipado: o Sertão vai virá mar ! Quem se deteve nas imagens dos noticiários televisivos da semana passada, descobriu que o visionário barbudo de Canudos tinha lá suas razões. Uma chuva inusitada banhou as cabeceiras do Rio Una, no Agreste pernambucano, e o fez inundar as cidades de Barreiros, Palmares, Cortês. Cortando como uma artéria pulsante o Agreste, de Oeste a Leste, deitando suas águas em São José da Coroa Grande, já na fronteira com Alagoas, o Una destruiu praticamente as cidades por onde passou. As imagens que se viram, pareciam arrancadas do Haiti, após o terremoto devastador. Quase uma centena de mortos e desaparecidos. Pessoas desesperadas, que já tinham tão pouco na vida, se punham a observar, sem planos, a terra dizimada, como Noé diante do dilúvio.
Este texto sai em meio à calamidade, arrancado da lama como um caranguejo. Talvez porque, como caririenses, sentimo-nos também pernambucanos e, depois, porque o Una, na sua fúria, atingiu uma cidadezinha que tem uma ligação umbilical com o Cariri : Água Preta, cujo nome talvez tenha sido profeticamente depreendido das barrentas águas do Rio Una. A cidadezinha ,hoje de pouco mais de trinta mil habitantes, até o final do Século XIX ,era mero distrito de Rio Formoso. A vila tem lá seu lado épico, foi o último reduto da Revolução Praeira e lá o Capitão Pedro Ivo se refugiou, após a derrota no Recife, e manteve uma guerrilha, até ser vencido definitivamente em 1848.
O que nos liga diretamente à Água Preta, no entanto, é um outro fato. Ali, na zona rural, nasceu em 1877, uma figura exponencial da história caririense : Manuel Soriano de Albuquerque. Brotou naquele oco de mundo, aquele que viria ser uma das figuras mais notáveis da intelectualidade nordestina. Soriano fez seus estudos preliminares em Olinda e Recife e ,em 1899, ali terminou o curso de direito. Fizera-se., então, tribuno respeitado e assíduo colaborador na imprensa pernambucana. Foi nesta época que os ágeis dedos do destino teceram os fios que atariam Soriano ao Crato. Ele se tornou amigo de um outro Manuel: o Belém de Figueiredo, filho do famoso Coronel Belém. Este precisava, justamente, de um substituto para o juiz Holanda Cavalcante. Sob a influência do amigo, Soriano foi nomeado, pelo Presidente Nogueira Acioly , juiz substituto desta cidade, aqui aportando, significativamente em janeiro de 1900, na aurora do novo Século.
O Crato nunca mais seria o mesmo. Soriano de Albuquerque , acostumado às noites recifenses, revolveu o município de seu mofo. Criou ,aqui , um dos Grupos seminais do Teatro Cearense ; “ Os Romeiros do Porvir”, onde foi dramaturgo, cenógrafo, diretor e ator. Nele estava inserida toda a intelectualidade cratense: Luiz Gonzaga, nosso primeiro fotógrafo e o introdutor dos primeiros rudimentos de cinema na região; Fantina Aires a primeira dama do teatro caririense; Miguel Lima Verde, um dos primeiros médicos do estado. Soriano fundou ainda o Colégio Leão XIII e os jornais : A Semana, A Cidade do Crato , Jornal do Cariri, Correio do Cariri, O Sul do Ceará e ainda a revista : Coração do Ceará, Em setembro de 1902, transferiu-se para Barbalha por conta das brigas políticas envolvendo os Coronéis Belém e Antonio Luiz. Para lá levou o Colégio Leão XIII e ali fundou a Sociedade Instrutiva José Marrocos e continuou seus trabalhos de dramaturgia. Em 1905 transferiu-se, definitivamente para Fortaleza, onde dirigiu uma das Seções da Revista do Ceará . Reiniciou, então, seus afazeres na área jurídica, tornando-se professor e fundador da Faculdade de Letras( 1913). Atuou prolificamente como crítico literário, ensaísta, jornalista, poeta, jurisconsulto, com um prestígio enorme em todo Nordeste. Não bastasse isso, Soriano mergulhou pioneiramente, numa nova área do conhecimento: A Sociologia, sendo o fundador da Revista Brasileira de Sociologia e um dos primeiros cientistas brasileiros a se dedicar à nova Ciência. Em 1912 foi eleito membro do Instituto do Ceará. Numa manhã de setembro de 1941, Soriano alçou vôo, placidamente, da sua cadeira de balanço. Tinha sessenta e quatro anos e vivia humildemente, plantara o seu tesouro à distância das traças e dos cupins: mais de 92 obras dos mais variados tons.
Soriano de Albuquerque era filho adotivo do Cariri. Casara com uma cratense, D. Júlia Milfont de Amorim, quando ela tinha apenas treze anos. Quem sabe terá sido a Chapada do Araripe a sua última visão no seu vôo de Ícaro? Se o Rio Una revolveu toda Água Preta nos dias atuais, nosso teatrólogo sacudiu, com força igual, todos os alicerces da nossa terra, num movimento sísmico diverso. Ao contrário do Una, empreendeu um hercúleo processo de construção e ergueu as sólidas paredes da nossa identidade cultural . Numa estranha geografia, o manso Rio Grangeiro tornou-se afluente do turbulento Rio Una.

J. Flávio Vieira

Por tua linda cabeleira - José do Vale Pinheiro Feitosa

Os cabelos se tornaram objeto de desejo da indústria cosmética. Não por acaso. Isso vem de muito tempo. Em todos os povos, todas as culturas e civilizações os cabelos foram objeto de adoração e mitificação. Parte da transcendência do corpo como símbolo ocorre com os penteados, com os cortes a darem outra mensagem. Distinta a que uma determinada cultura se acostumara e agora pode se encontrar diante do inusitado só de um corte diferente do que esperava.

As Copas do Mundo se tornaram um centro destas diferenças. Desde Ronaldo com aquele corte a Príncipe Danilo na copa de 2002, até as inúmeras e coloridas desta atual copa africana. O que não se dizer dos desfiles fashion, das propagandas de shampoo, especialmente quando o objeto do desejo é sexual e ocorre nas volumosas cabeleiras femininas.

Não existe nada mais sedutor, mais universal no símbolo do desejo pela mulher do que seus cabelos e isso não é uma tara pessoal. Os Muçulmanos inteiros pensam assim, têm de cobrir as madeixas mundanas destes seres que desviam as almas maometanas da concentração em Deus.

Em Pernambuco, nos arredores de Recife, diz Câmara Cascudo, havia um “assassino, chefe de malta, ladrão, tornado famoso pela sua coragem e destemor. Forte, bonito, com uma extensa cabeleira que lhe deu o apelido, José Gomes, filho de Joaquim Gomes, com o pai e em companhia do mameluco Teodósio, espalhou o terror durante anos e anos, despovoando zonas inteiras e constituindo um pavor coletivo. Cantava-se, como ainda hoje, duzentos anos depois: “Fecha a porta, gente./ Cabeleira vem ai!/ Matando mulheres,/ Meninos também...”. E, para contrariar a assertiva do parágrafo anterior, se tratando de espécime masculino. Franklin Távora fez da vida deste homem um romance: O Cabeleira.

Quem não lembra daqueles cachinhos encastelados em metal, normalmente ouro, a servir de berloques para os pais daquela criança que um dia os perdera no primeiro corte. E as forças dos cabelos de Sansão a explicar a traição e a sedução? A clássica história de George Sand decepando sua linda cabeleira e a enviando a Musset como oferta de sua devoção sexual?

Nada mais trágico do que aparar rente uma linda cabeleira. Quem se esqueceu da atriz argentina, Irma Alvarez, nas páginas da Revista o Cruzeiro, em 1961, rapando a cabeça para estrelar no filme inacabado de Ruy Guerra: O Cavalo de Oxumaré? Do meu coração sangrando, eu lembro, quando Socorro, uma linda menina da Batateira, deixou rentes os cabelos que era uma majestosa e dourada cabeleira a balançar minhas fantasias universais.

Os cabelos são tão fundamentais que se tornam pagas de promessas aos santos. Na bruxaria, voltem no tempo muito mais do que estava, os cabelos eram peças chaves: segundo Câmara Cascudo pela lei da contigüidade simpática. (contigüidade simpática – bem resumido – se refere à similaridade entre a pessoa e os seus cabelos, pois em magia a contigüidade ocorre por similaridade entre as partes e o todo e esta só se transmite por simpatia através de infusões, toques etc. Segundo Claude Levy Strauss: Nos ritos de enfeitiçamento praticados sobre um fio de cabelo, este é o traço de união entre a destruição figurada e a vítima da destruição.). Em bruxaria, mais uma vez Câmara Cascudo, “os da cabeça enlouquecem ou matam. Os da partes pudendas anulam a virilidade.”

Sabem aquela trunfa do Elvis Presley que tanto “modernizou” a vida do pós-guerra? Era a velha expressão simbólica do arrojo pessoal e do destemor, assim como os longos e cacheados cabelos dos nossos lampiões do árido sertão. E, recordem, a filmografia mostrou isso à exaustão, uma referência o filme Cinco Mulheres Marcadas, de 1960, com Silvana Mangano, Jeanne Moreau, Vera Miles, entre outras atrizes, com as cabeças rapadas por terem sido amantes de militares alemães durante a ocupação da França na segunda guerra mundial. Isso era uma prática na península ibérica, rapar a cabeleira das mulheres como pena e pertencia ao Código Visigótico (portanto antes da dominação árabe).

Isso se aplicava aos homens rebeldes, quando os vassalos se insurgiam contra os senhores feudais, ou por falsidade ou covardia. Então, no feudalismo, os homens também eram descalvados e expulsos em grande humilhação. Até que os cabelos cresciam novamente e quem tivesse juízo aprendia um novo método de contrariar a ordem emanada pelos senhores ou perdiam o juízo e se sujeitavam com a cabeleira cheia de piolhos.

E existiam, como outra modalidade de pena, tendo os cabelos como fonte, a tosquia. O cabelo aparado dos recrutas não tem outro sentido do que a sujeição à cadeia de comando que lhes chega aos ouvidos com as diatribes de cabos e sargentos. Em religião, assim como os militares, a prática da tosquia e rapinagem é ampla e mundial, inclusive nas religiões orientais como no budismo.

Os cabelos de Socorro, soltos no panorama do canavial da Batateira era o que ocorria com as jovens, já o da minha avó, viúva, elam longos, mas rigorosamente presos em coque. E quando as minhas duas avós se deslocavam até a Missa, iam, igualmente, com as cabeleiras cobertas e com vestidos de tons escuros.

E, finalmente, à beira do rio Batateira, sereno e de águas translúcidas, a correr como meu sangue de adolescente fervente, via as mulheres lavando roupas e seduzindo minha alma enquanto ensaboavam as longas madeixas. E quando todos imaginam que eram fantasias apenas minha, elas diziam que os fios soltos que desciam com as águas se transformavam em cobras. Eu bem sei o que sentia.

Camarão à termidor




Ingredientes:
1 kg de carne de camarão
3 gemas de ovo
150 gr de queijo prato ralado
1 lata de creme de leite
1 vidro de champignon
Azeite
Tomate
Pimentão
Cebola
Cheiro-verde
2 1/2 xícaras de leite
3 colheres, das de sopa, de farinha de trigo
1 colher, das de sopa, cheia de manteiga
Pimenta-do-Reino em pó e Sal (a gosto)

Modo de Preparo:
Colocar a carne do camarão de molho com limão. Fazer um refogado com o camarão, azeite, tomate, pimentão, cebola e cheiro verde.
Enquanto cozinha, fazer um creme com o leite, a farinha de trigo e com a manteiga. Colocar a pimenta-do-reino em pó e provar o sal. Depois de engrossar, abaixe o fogo e deixe cozinhar durante 5 minutos. Retire do fogo e quando estiver morno coloque as gemas, o queijo prato ralado, o creme de leite e o champignon. Arrume num pirex untado o camarão, jogar o creme por cima, polvilhar com o queijo ralado. Leve ao forno para gratinar.

“Dizem que um homem...” - Postagem: José Nilton Mariano Saraiva

Aos "chorões" (e choronas) do Cariricaturas:

"Não acreditei quando vi você me dizendo adeus
Eu jamais pensei tanta ingratidão ver nos olhos seus
QUANDO O HOMEM FAZ
DO AMOR DE UMA MULHER
RAZÃO DA SUA VIDA
DE TUDO ELE É CAPAZ
PRÁ NÃO SOFRER JAMAIS
A DOR DA DESPEDIDA
Fica mais comigo, tente uma vez mais
Pensa no que fomos a algum tempo atrás
Eu ainda sou aquele mesmo estranho
Que ao te conhecer te amou demais
Dizem que um homem não deve chorar
Por uma mulher que não soube amar
Mas como eu não pude conter o meu pranto
Fechei os meus olhos, me pus a chorar..."

(Canção interpretada por Roberto Carlos)
Arco-íris
- Claude Bloc -



Tuas cores se derramam em minhas lembranças

em meus cabelos e ventas

soprando o arco-íris

pra dentro dos meus sonhos.

Tuas cores são tormentas viciantes

no meu olhar bicolor

brilho inclemente

onde me deleito sofregamente

ardentemente...

Claude Bloc

Um dia de partir - Emerson Monteiro

Em um sonho recente, me vi menino outra vez. Menino bem à época quando parti com minha família do sítio onde nascera, em Lavras da Mangabeira, e viemos viver na cidade, em Crato, na região do Cariri cearense. Sei explicar pouco daquilo tudo, via, no entanto, sacudido de emoções e movimento, a hora da mudança; caminhão, jipe, malas, cacarecos espalhados pela calçada, na casa que meu pai construíra próxima da capelinha do sítio, em colina que divisava lá longe a bagaceira do engenho, a casa grande em que moravam meus avós paternos, uma represa do açude velho e o engenho. Logo embaixo passava, e fazia curva, a estrada principal que levava aos outros sítios mais acima, Grossos, Caraíbas, Santa Catarina, outros mais.
Via-me entre tantas esperas de desconhecido como nunca antes. Eu, menino dos matos, de poucos carros, multidão nenhuma, ignorante de gelo, calçamento. O que sabia de pessoas aglomeradas coubera no terreiro da casa grande na noite em que minha avó promovera uma quermesse de leilão para arrecadar recursos e restaurar a capela. Muitas prendas foram postas numa mesa grande e chegou gente de tudo quanto foi canto, dos lugares em volta. Daí, arriscar sair para mais longe, de onde meu pai voltava todo final de semana e preparara as coisas a fim de irmos morar, seria tarefa das maiores, na cabeça de uma criança de quatro anos.
Mas não me consultaram se queria largar para trás vacas, bezerros, ovelhas, jumentos, galinhas, pássaros, brisa gostosa das paredes de açude, as nuvens, a máquina de costura de minha mãe a cantar que eu observava nas manhãs da varanda, as raposas que meu pai pegava nas armadilhas deixadas no quintal da casa em incursões perversas ao poleiro das galinhas. A casa que só tinha de cimento queimado alguns cômodos, enquanto os demais eram de tijolo rústico, quase chão batido, em que mijávamos na absoluta naturalidade pelo fundo da rede, nas noites frias do sertão.
Fui sendo arrastado naquela voragem esquisita. Minha mãe chorava inconsolavelmente; meu pai preocupado, no meio do povo, a dar ordens na arrumação dos trens; os outros irmãos, Everardo, Lydia, os mais velhos, e Sônia, a mais nova, se perdiam com facilidade em meio àquilo tudo de partida sem esperança de um dia retornar a não nas férias do meio do ano, que aos poucos foram perdendo a graças, na concorrência dos novos apegos da cidade, colégios, amigos, namoradas, filmes, revistas, sorvetes, chocolates, pão do reino, essas bugigangas embusteiras dos mundos industrializados.
Saía de jeito esquizofrênico, forçando a originalidade das coisas no coração da gente, sem ser perguntado se desejava ir, levado para fora do universo inocente onde fora posto também sem ser perguntado. Lembro de poucos detalhes daquela peça rigorosa pregada pelo destino. Uns pedaços de memória afloraram nessa hora de sonho, contudo em algum lugar habita ainda um forte sentimento de saudade particular de mim mesmo, bicho assustado de saudade encolhido no lugar misterioso do qual, vez em quando, resolve sair para pregar das suas e enfiar de com raiva as unhas nos molhes abandonados do tempo, nessas avenidas longas do inconsciente.

Pensamento para o Dia 30/06/2010


“Tudo neste mundo é efêmero, transitório; isso está aqui hoje, mas pode não estar amanhã. Então, se você deseja algo, busque o Senhor, que não tem declínio. Em vez disso, se você deseja descendência, riqueza e todos os confortos, você passará por enorme sofrimento quando for chamado a deixar tudo e partir. Nesse momento, você lamentará: ‘Ah, terei eu amado com tanta força para chorar tão alto?’ Nesta vida transitória, alegria e dor são também forçosamente transitórios. Não há nada aqui apto a ser adorado como eterno. Então, imergir nessa busca pelo evanescente e esquecer o Supremo e Eterno é realmente impróprio do homem.”
Sathya Sai Baba

Olhar de avó - por Ana Cecília S.Bastos


E por que esse retorno aflito

de terra e lugar ?


Não suporto essa agonia do presente.


Esse vazio, essa dor,

essa posse absoluta do efêmero.


Antes absoluto

esse desejo de raízes ...

Estrada, carro de boi,

pés descalços,

vozes,

tardes.


Antes fora eu reencontrada

nesse olhar de avó

que é lembrança tão doce.

Por Ernesto

1º de Julho de 1944

Tem início da Conferência de Bretton Woods, na cidade de New Hampshire (EUA). Um dos principais resultados desse encontro foi a criação do Fundo Monetário Internacional ( socorro! ).

Em 1944, a Segunda Guerra já caminhava para o fim e os países ocidentais preocupavam-se com as crises econômicas e as disputas entre nações pela soberania do comércio, fatos que levaram o mundo a duas grandes guerras.

A preocupação principal desse encontro era alcançar uma nova recomposição das relações de comércio no planeta, organizar os diversos câmbios, corrigir as distorções entre as várias moedas que circulam no planeta. E, além disso, era preciso criar um sistema que estabelecesse esta paridade das moedas. É estipulado, então, o “padrão ouro”.

O que é o “padrão ouro”? Até então, os países eram obrigados a manter em seus cofres uma quantidade em ouro que servisse de lastro para as suas moedas. A moeda de um país valia tanto quanto a quantidade de ouro que houvesse em seus cofres. Isto é, deveriam ter uma quantidade de ouro guardado correspondente ao total de dinheiro que emitisse. Com a adoção do “padrão ouro” isto não era mais necessário, pois o dólar estadunidense passava a ser a moeda mundial e todos os países teriam suas moedas atreladas a ele. Apenas o governo dos EUA passava a ter o compromisso de manter o lastro do dólar, em ouro. Vale destacar, ainda, que uma onça de ouro equivalia a 35 dólares. Mais tarde, em 1971, o governo dos EUA (Richard Nixon) acabou com este acordo em uma decisão unilateral. Isto causou uma tremenda crise internacional. 08:21 (1½ horas atrás) Ernesto
Mas só a criação do tal “padrão ouro” não seria suficiente para os problemas da época e foram criados outros mecanismos de regulação do mercado:

a - FMI (Fundo Monetário Internacional) - tem como principal finalidade estabilizar as moedas dos países para promover o crescimento do comércio internacional. Para receber essa ajuda do FMI, os países chamados “em desenvolvimento" devem se comprometer com uma receita econômica: redução dos gastos públicos, aumento dos impostos para crescer a arrecadação, equilíbrio dos balanços de paga¬mentos e uma política salarial severa para reduzir o consumo interno.

b - GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) - era o órgão da ONU que regulava e comandava 80% do comércio internacional. Através dele eram estabelecidos preços e tarifas dos produtos a serem comprados ou vendidos pelos países. (No inicio de 1994, 123 nações presentes ao Encontro de Marrakesh assinaram um protocolo transformando o GATT em um novo organismo com inicio de atividades em 01 de janeiro de 1995. O novo órgão, Organização Mundial do Comércio - OMC, passou então a coordenar negócios que atingem a cifra de US$ 13 trilhões).

c - BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) - mais conhecido como Banco Mundial, executa os projetos desenvolvidos para cada país através de empréstimos para empresas estatais e/ou privadas. Faz empréstimos com 5 anos de carência e prazo de até 15 anos, com taxas de juros de mercado. Seu Conselho Diretor (um presidente, um vice e 22 diretores) é integrado por cinco representantes dos maiores países acionistas e dezesseis eleitos pelos demais. Tem 156 países integrantes e sede em Washington.
d - UNCTAD (Conferência das Nações Unidas Sobre Comércio e Desenvolvimento) - é o principal órgão para assessoramento da Assembléia Geral da ONU. Sua tarefa é coordenar as questões ligadas à cooperação econômica internacional e promover ajustamentos nas estruturas produtivas dos países para expandir os mercados. É integrado por 186 países, com sede cm Genebra (Suíça).

Na prática, a Conferência de Breton Wood terminou em 1946, quando todos estes organismos se tornaram operacionais e estáveis.
Ernesto

Bom dia, Cariricaturas !

E Julho chegou , trazendo   festas e surpresas.Será um mês ligeiro : Copa, Expo, festa do Cariricaturas.( do dia 22/ 24).
Que Deus abençoe todos os dias ,deste mês ameno, com todas as alegrias que desejamos !

Informe aos  nossos colaboradores e leitores :
Restam 30 mesas pra festa  do dia 23 !
Reservas  através dos telefones: 35232867/88089685 ( Socorro Moreira)

Divulguem, compareçam ! A FESTA É NOSSA !

BISAFLOR CONTA HISTÓRIAS

A HISTÓRIA DO ÍNDIO QUE VIROU SOL

Antigamente, muito antigamente, no tempo em que vivia entre os Tucuna, o Sol era um moço forte e muito bonito.
Quando acontecia na aldeia a festa de Moça-Nova, o rapaz ajudava sua velha tia no preparo da tinta de urucu. Ia à mata e trazia uma madeira muito vermelha, chamada Muirapiranga. Cortava a lenha para o fogo onde a velha fervia o urucu para pintar os Tucuna.
A tia do moço era uma mulher muito mal humorada; estava sempre resmungando, reclamando e mandando que ele fosse buscar mais lenha.
Um dia o Sol trouxe muita muirapiranga. A velha tia resmungava insatisfeita e o jovem índio resolveu que acabaria com toda aquela trabalheira de uma vez por todas.
Olhou para o fogo que ardia soltando longe suas faíscas. Olhou para o urucu borbulhante, vermelho, quente. Desejou beber aquele líquido e pediu permissão à tia que consentiu, assim dizendo, muito zangada:
- Bebe! Bebe tudo e logo!
A velha tia achava, e desejava mesmo, que seu sobrinho morresse.
Mas, à medida que ia bebendo a tintura quente, o rapaz ia ficando cada vez mais vermelho, tal qual o urucu e a madeira muirapiranga. Depois, subindo para o céu, intrometeu-se entre as nuvens.
E desde então, passou a esquentar e a iluminar o mundo.

A Herança

Teria agora um momento e tanto
para escrever versos apaixonados.

Meus ombros dormentes.
O intestino triste.

Teria neste instante a cumplicidade
da madrugada e o silêncio dos vizinhos.

Poderia dizer "boa noite, amor."
Somente.

Sem conhecer teu rosto.
Se os olhos verdes
ou negros.

Se existe abismo
para procurar orquídeas.

Febre por morder tua orelha
tenho muita e incessante.

O delírio da alma
iniciaria pela carne.

Mas por infortúnio
e dádiva

tenho neste exato momento
apenas fome: de pão
e de um copo de leite.