Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Lale Ardersen VIDA Lili Marleen - José do Vale Pinheiro Feitosa



Em 1981 o diretor alemão Rainer Werner Fassbinder ofereceu ao público mundial um dos filmes mais belos daquela década. Trata-se do filme Lili Marlene estrelado por Hanna Schygulla, Giancarlo Giannini e Mel Ferrer. O enredo envolve, uma cantora alemã trabalhando na Suíça, na segunda grande guerra, numa grande paixão por um pianista judeu. O pai dele magnata e envolvido com a fuga de judeus da Alemanha teme a cantora e dar um jeito dela retornar para ao país de origem e não mais ser aceita na Suíça. Sem alternativa ela termina trabalhando como cantora nas cervejarias alemãs até que fortuitamente entra em contato com um produtor musical da máquina de propaganda nazista. Por conta disso termina por gravar uma música de um compositor pouco conhecido e que na primeira guerra compôs a canção Lili Marleen. A canção se referia a duas namoradas que ele teria uma chamada Lili e a outra Marleen.

O disco não teve qualquer repercussão até que numa rádio alemã na Iugoslávia ocupada, na falta de disco, toca aquele. Resultado a música torna-se a maior referência musical nas trincheiras de guerra de todos os exércitos em campanha. A música surpreende pela história banal de amor e pela doçura de sua letra e música. Tudo muito diferente das marchas marciais do Reich. Repito a canção virou um sucesso mundial e até hoje é referência de grande música.

A história é da cantora alemã Lale Andersen que foi alçada ao estrelato sem querer e por acaso. Tinha uma bela voz e tornou-se, ao lado de Marlene Dietrich, em mundos diferentes e por causas distintas, uma forte presença feminina alemã na história da época.

Blaue Nacht Am Hafen - José do Vale Pinheiro Feitosa




Ligue o som e leia o texto


Ouviste Lale Andersen, já?
O "engel der soldaten" nas trincheiras?
A voz escorrendo lenta pela vila à beira Reno,
No vale do Ruhr ou nos vinhedos do Mosela,
Como andorinhas na agulha do campanário?

Macia feito a planície germânica,
Serpenteando amena qual o Elba ao Mar do Norte,
Wesser, Ems, drenando os montes da Turíngia,
E do maciço Renano, em ambas as vertentes,
Como Teutônica, entre o amor e a guerra.

A gaita e violinos no Romance Alemão,
Dos contos em plena Floresta Negra,
O casamento de Hilda, a canção dos nibelungos,
Em golfadas de sangue, Átila guerreiro, o Huno.
Lale Andersen, Tristão e Isolda por Wagner.

Uma estrebaria, a pocilga ou a vacaria leiteira,
A mulher de cabelos de ouro e seu avental,
A bicicleta nas vicinais margeadas de gerânios,
A encosta verde promete os picos dos Alpes,
O cisne escorre ameno como deslizasse o nada.

Azuis puros, suspeitos das revoluções de Niestzsche,
Senso de responsabilidade e apuro técnico,
Povo tão orgulhoso que beira a barbárie,
Entre a razão e Siegfried na caça ao Javali,
Vem Thôrr na roupa precisa do guerreiro.

Entre a guerra e o amor da raça,
Lale Andersen desce o Danúbio,
Na próxima curva, encontra-se Ossian,
A intolerância de um Punk Neonazista,
Mas sobretudo tua voz suave faz-me teu.

Amor e paixão fundem-se no relevo alemão,
Lale Andersen tão tênue que chego a ser dela,
Aprisiona-me na torre de um castelo de fadas,
De uma germânia que vem desde de Tácito,
Pelo versos que não traduzo, mas compreendo: Vielen Dank.
Auf Wiedersehen.

Flores para Magali



Ela faz aniversário amanhã. Quem diria que depois de tantos anos, continuasse na minha vida , presença amiga?!
Desejo-lhe todas as venturas do mundo, neste dia festivo.

Ela não mudou ao longo do tempo, na maneira responsável, doce e séria de encarar a vida.
Deus a recompensou com um grande amor. Amor de muito dezembro por vir.

Feliz aniversário, Magali!

Fim de noite - Por Socorro Moreira

Eu embaço à toa meus óculos.Sou chorona, sem soluços .Choro as minhas saudades, choro a expressão humana, quando ela ocorre. Estou ligada nos homens.
Meu pai dizia que a gente era de uma família de noveleiras.Daquelas que começaram no pé do rádio, leram romances açucarados, e hoje se compensam nas novelas globais. Não deixo de fazer a devoção, mas ocupo o meu ócio desobrigada de muitas rezas.
Ontem e hoje foram dias especiais.
Recebi a visita de Abidoral, seguida de Roberto, Ulisses Germano. Cada um deixou sua réstia de luz.
Visitei Dona Almina, e sai de lá com a alma confortada e entusiasmada pela postura de um ser superior.
“Menina, a gente entrega a Deus. Ele tudo resolve”.
Entreguei minha história de vida aos altos, e senti-me animada a continuar espreitando a madrugada, esperando a chuva cair (dormindo ou acordada), e visitando o Cariricaturas para ler as postagens dos seus autores, e postar a minha cota diária.
Diga-se de passagem, hoje Ele esteve primoroso. A sala ficou cheia de poetas. Alguns que nos deixaram saudosos e voltaram, como um presente antecipado de Natal.
Com uma “cast” que nós temos, pra que moderar comentários?
Emocionei-me com a presença de Elmano, que sempre me faz evocar o Normando. Artista amigo, inesquecível !
O fato é que cantei Noel com muito gosto, e vi o dia findar com muitos gostos !
Esse Blog , independente do silêncio de alguns , e de fatais ou eventuais mudanças , no futuro, merece ter vida longa. Os administradores são os seus colaboradores e leitores. Divulguem as suas idéias, mostrem-nos o que nos falta aprender, acrescentem-nos ! Agradecemos!

Fábulas de Natal 3




            A CASA EM CHAMAS


Encontro a casa em chamas.
Contemplo a fuligem nos lábios da mulher.
As trombetas acordam o oceano.
Quebro os grilhões.

Os meus passos ecoam nas longas escadarias.
O meu cavalo me chama.
O semeador lança a semente na terra arada.
O menino flutua sobre o berço.

O menino é a chave do enigma.
A manhã se levanta com os pássaros.
As árvores cantam.

O universo se prostra.
Ostento o poema com um estigma.
A minha língua sangra.



A FACE DO ENIGMA

O menino voa sobre as ondas.
Traz nos ombros uma pomba branca.
Viemos do mar do esquecimento.
Os anciãos descascavam a espiga da morte.

Os anjos tocavam harpa
Enquanto caminhávamos pelo desfiladeiro.
Não haveríamos de tombar no campo de batalha
Como os grandes blocos de pedra que tombavam do alto.

Avalanches sobre avalanches nos tolhiam o caminho.
A minha casa girava, rodopiava.
A minha casa era um ninho na tempestade.

Estou pronto para o martírio.
Estou pronto para o fim do mundo.
Existo para ver a face do enigma.



AS ASAS DO PÁSSARO

O pássaro bateu as asas até ao sol.
Caíram gotas de sangue em fogo.
Viajo no bojo do ciclone até o trono de Deus.
O céu deságua, inunda o mundo de espumas.

Os anjos perdem as penas.
Eu adoro o piano negro, absoluto.
Um relâmpago ilumina a minha casa.
A âncora reluz sobre o rochedo.

Ouço o silêncio
Límpido como um seio.
O estrangeiro cego apalpa a bruma.

As chagas das suas mãos sangram.
O mar se abre.
O pescador lança as redes.


___________


3 º Domingo do Advento: Alegrai-vos!

O fato de sermos cristãos exige que tenhamos fé e esperança, mas a paciência é necessária para que elas possam dar seus frutos” (São Cipriano). 

__________

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Madame Bovary



"Madame Bovary" (2000 - 150m)

SINOPSE
BELA, APAIXONADA, ESPIRITUOSA... E AUTO-DESTRUITIVA

Aborrecida, frustrada e desesperada por um romance, Emma Bovary anda em busca de paixão...

Emma (Frances O'Connor) é casada com o seguro mas pouco excitante Charles, um Médico de província que fez com que a esposa não se sentisse realizada, levando-a a procurar satisfação pessoal por outros lados. Emma embarca numa série de casos amorosos e, visto este estilo de vida recheado de luxos exige mais dinheiro do que Charles lhe pode providenciar, então começa a endividar-se em demasia a um perverso comerciante local, Lheureux.

Parece que as fantasias de Emma a vão levar à destruição - a não ser que a beleza, a confiança nela própria e a ambição a possam ajudar a sobreviver...

REALIZADOR
Tim Fywell

INTÉRPRETES
Frances O'Connor, Hugh Bonneville, Eileen Atkins, Desmond Barrit, Keith Barron, Adam Cooper, Hugh Dancy.

http://www.dvdpt.com/m/madame_bovary.php

Gustave Flaubert




Gustave Flaubert (Ruão, França, 12 de dezembro de 1821 – Croisset, França, 8 de maio de 1880 ) foi um escritor francês. Prosador importante, Flaubert marcou a literatura francesa pela profundidade de suas análises psicológicas, seu senso de realidade, sua lucidez sobre o comportamento social, e pela força de seu estilo em grandes romances, tais como “Madame Bovary” (1857), “L'Éducation sentimentale” (1869), “Salammbô” (1862) e contos, tal como “Trois contes” (1877).

wikipédia

Paulo Leminski





"moinho de versos

movido a vento
em noites de boemia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia"


"Confira:
tudo que respira
conspira."
Paulo Leminski


Atemporal, por Ana Cecília




ATEMPORAL

O canal aberto para o real em seu âmago é por sobre o universo.
Energias intangíveis, incontáveis.
Espaço bruto, indomado.
Essa coisa ignota busco preservar, alimentar, tornar palavra,
para que dela saia a poesia.
Assim me movo no sonho sem história.
O sonho é sem tempo e é eterno.
É terno, movimento fluido, diáfano, tudo é possível,
tudo é suave.

Nesse espaço-tempo me desfiguro, me reconfiguro,
calada e só,
entre tanto.

Perambulo em espaços secretos povoados de formas, nimbos,
nuvem, ilusão.
Não é preciso chegar.

Tudo isso ressoa em meu silêncio.
Rumor de passos fazendo eco em inéditas ruas.
Ali estou, sem palavras, apenas imagens, reverberantes.
Ali nunca estive, no entanto ali estou,
tudo é possível.

Ecos vestígios, resquícios do que vivi de intenso, imponderável, imenso,
e do que ao mesmo tempo nada é.

Farol a brilhar no escuro – talvez como a luz de uma pequenina estrela, há muito morta mas que ainda agora nos chega, nessas vias em que o sonho faz a curva.

De dentro dessa persistente ferida tento extrair, machucando o nervo
exposto,
um verso.

Consentido (ou Com Sentido) - Aloísio

Consentido (ou Com Sentido)


Quando um par partido,
Vira dois, não é mais um
Em qualquer sentido
Um vindo e outro indo

Se foi um par que acabou
Não fique a se lamentar
Se o tido voltar a ter
Um novo par vai formar

Repartido, não fica assim
Partido em duas vezes,
Mas dividido entre muitos
Curando muitos reveses

Tudo que é repartido
Para muitos é alegria,
É comunhão, não duvide

Naquilo que a gente confia


Aloísio

Versos de Antonio Candeia lembrados pelo poeta Chagas


"Sinto-me vazio
no ar a flutuar
e já não sou quem sou
a mente se une à alma
a calma reflete amor

nos braços da inspiração
a vida transformei
de escravo pra rei
e o samba que criei
tão divino ficou
agora sei quem sou..."


Pedras - Por José de Arimatéa dos Santos

Foto: José de Arimatéa dos Santos

Noel - O poeta de Vila Isabel !

Farofa de Natal





* Ingredientes


* 500 g de farinha de mandioca
* 2 dentes de alho amassados
* 3 colheres de sopa de azeite ou manteiga
* 1 cebola média picada
* 1/2 xícara de azeitonas picadas
* 1 pimentão pequeno picado
* Salsinha e cebolinha a gosto
* damasco
* ameixas
* Modo de Preparo

1. Refogue o alho, a cebola, juntos (em azeite ou manteiga)
2. Em seguida adicione o pimentão e as azeitonas até dourar
3. Vai colocando a farinha e mexendo sem parar, por último o damasco picado, ameixas, a salsinha e a cebolinha

Chacal- viajante de loucos pensamentos

Chacal,
viajante de loucos pensamentos

GILFRANCISCO

"pego a palavra no ar
no pulo raro
vejo aparo burilo
no papel reparo
e sigo compondo o verso"

Chacal

Ricardo de Carvalho Duarte, pseudônimo de Chacal, tido como um dos poetas marginais, encara o fato como algo normal, dada à forma inovadora e agressiva do nascimento de sua poesia no início dos anos 70. Integrante da geração mimeógrafo, seus livros, de mão em mão, rodaram o Brasil. Com seus ingredientes próprios de lirismo e humor, Chacal publicou mais de 13 livros. Carioca de Copacabana (Rio de Janeiro), nasceu em 24 de maio de 1951, filho de Marcial Galdino Duarte e Maria Magdalena de Carvalho Duarte, Chacal tem dois filhos, João Vicente e Júlio Trindade.
Chacal sempre gostou de ler e escrever, mas aos vinte anos descobriu a poesia de Oswald de Andrade e percebeu que gostava realmente de poesia. "Até então, eu achava a poesia uma coisa muito dura, muito fechada e triste. Me refiro a essa poesia que é dada em escola, essa coisa mais parnasiana, que não tinha a ver com meu mundo e minha vida". Com a leitura de Oswald foi incentivado a publicar seu primeiro "Muito Prazer, Ricardo" (1971) livro mimeografado, com 100 cópias. O seguinte foi "Preço da Passagem" (1972), 1000 exemplares, com 34 folhas mimeografadas dentro de um envelope. É desse período a redescoberta da oralidade da poesia, uma forma barata e imediata de apresentação de um texto. Grandes happenings poéticos chamados Artimanhas foram realizados nesse período no Rio de Janeiro e pelo Brasil através do grupo Nuvem Cigana.
Chacal por quase dois anos trabalhou com o Grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, integrado por Evandro Mesquita, Patrícia Travassos, Luiz Fernando Guimarães, Regina Case e outros. Para o grupo escreveu seu primeiro texto teatral, Alguns anos-luz Além, uma parábola sobre o sectarismo, mas acabou sendo montada pelo Lua me dá Colo, grupo dirigido por Ricardo Wadington. Sua passagem pelo Asdrúbal foi muito importante para sua formação poética, viajando por várias cidades do Brasil, inclusive do nordeste, ele observa a linguagem do povo nordestino o que fez ampliar seu horizonte poético.
Reconhecido no universo cultural brasileiro, o poeta Chacal usa a palavra como instrumento verbal para denunciar o cotidiano da barbárie, sempre recorrendo ao humor e à metalinguagem. Em seu processo criativo é raro o poeta trabalhar a palavra, por entender que o poema tem uma estrutura inconsciente. O processo é espontâneo, dentro de uma linha surrealista, desenvolve-se no inconsciente e aflora em sua "anatomia". Cronista, letrista, autor de teatro e, sobretudo, poeta, Chacal caminha pela poesia antropofágica herdade do mestre Oswald de Andrade. "Acho que o poema não tem que ter modelos preestabelecidos. Têm pessoas que só trabalham daquele jeito e são ótimos, têm que ter forma, métrica, aquela grade para se soltar na formalização. Eu acho que o poema sabe de si. Vem de uma forma ou de outra, mas vem".

Papo de Índio

veiu uns ômi de saia preta
cheiu di caxinha e pó branco
qui eles disserum qui chamava açucrí.
aí eles falarum e nós fechamu a cara.
depois eles arrepetirum e nós fechamu o corpo.
aí eles insistirum e nós comemu eles.

Fogo-fátuo

ela é uma mina versátil
o seu mal é ser muito volúvel
apesar do seu jeito volátil
nosso caso anda meio insolúvel

se ela veste seu manto diáfano
sai de noite e só volta de dia
eu escuto os cantores de ébano
e espero ela chegar da orgia

ela pensa que eu sou fogo-fátuo
que me esquenta em banho-maria
se estouro sou pior que o átomo
ainda afogo essa nega na pia

(letra: Chacal - música: Moraes Moreira)

*Jornalista, pesquisador e professor universitário
gilfrancisco.santos@ig.com.br

Bule-Bule

Do acervo fotográfico de Ulisses Germano











Encontro de poetas , músicos , cordelistas e repentistas, na casa do simpático casal : Miguel e Josenir Lacerda.
Na primeira foto: Bule-Bule, Chacal, Ulisses e Josenir.


Aguardando Ulisses para postar comentários explicativos.

Notícias !


Centenário de Noel Rosa é
comemorado com feijoada e música

O Poeta da Vila retratava o Rio do Centro para a zona norte, diz biógrafo
Gabriela Pacheco



Nascido em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, o sambista Noel Rosa completaria cem anos neste sábado (11). Desde o inicio do ano, o compositor e cantor recebe homenagens da cidade sobre a qual tanto gostava de transformar em música. A escola de seu bairro, que conseguiu o quarto lugar no carnaval de 2010 levando a Sapucaí a vida desse carioca, faz neste sábado (11) o “viradão de Noel”, com uma feijoada, a partir das 13h, e shows com a bateria depois das 19h.

Para o músico Martinho da Vila, que escreveu o samba-enredo “Noel a presença do poeta da Vila”, o legado de Noel - além de suas obras - foi ter ajudado o samba a se tornar símbolo do Rio.

–É uma figura imortal, parece que ainda está aqui. Suas composições e melodias são bastante atuais. Noel Rosa inspira poesia no samba.

No entanto, a cidade descrita por Noel é diferente daquela imaginada pela maioria das pessoas quando se menciona o Rio de Janeiro. De acordo com o músico Carlos Didier, que escreveu Noel Rosa, uma biografia , junto com João Máximo, o sambista se concentrava no homem comum, do Centro para a zona norte, em vez de descrever o cenário e o dia a dia das pessoas de Copacabana e Leblon.

- Em vez de falar em tese, por exemplo, de amor, ele ilustrava com a cidade, uma cena em um bar. Era um grande cronista. O Noel viabiliza a crônica em samba. Antes dele, a cidade aparecia apenas em cenas pequenas. Ele era simpático a cidade. Mas ao focar em seu bairro, ele não perde a capacidade de ser universal.

Para o biógrafo, o sambista pegou o espírito da cidade, que seria um humor, que não é uma gargalhada, mas um sorriso. Uma graça com uma ponta de tristeza, uma sátira com uma ponta de filosofia.

O “poeta da Vila” viveu na época da formação do samba genuinamente carioca, interferindo no modelo criado no início dos anos 20. Isso ao lado de Ismael Silva, Cartola, Paulo da Portela, que são considerados os sambistas de raiz.

- A chegada de Noel ajuda a legitimar o samba, porque ele traz uma cultura literária portuguesa e brasileira. A música “Triste cuíca”, por exemplo, é um soneto – tipo de poema- e muitas pessoas nem sabem.

Noel Rosa era um boêmio, que gostava de trocar experiências com outros artistas. Teve aproximadamente 60 parceiros, segundo Didier. O sambista veio de uma família musical. Seu primeiro instrumento foi o bandolim da mãe, em seguida, o violão do pai. Didier conta que, segundo relatos do próprio Noel, ao conseguir a atenção das moças com a música, o sambista aproveitou o talento que tinha.

O “Poeta da Vila” viveu apenas 26 anos, vítima de tuberculose, mas compôs alguns clássicos da música popular brasileira. Destacam-se Com que Roupa?, Fita Amarela, Feitiço da Vila, Onde está a Honestidade? e Filosofia.


Feijoada de Noel
Data e horário: dia 11 de dezembro, a partir das 13h.
Atrações: Jorginho do Império, Andréia Caffé, Ronni do Carmo, Grupo Só Preto, Amigos do Tinga e a Bateria Show da Vila Isabel.
Ingressos: R$ 5; prato de feijoada a R$ 10; e kit (com camiseta, entrada e tíquete de feijoada) a R$ 20.

Tributo a Noel Rosa com Zé Renato e Ensaio Geral
Data e Horário: dia 11, a partir das 19h
Atrações: Tributo a Noel com show de Zé Renato. Logo após, os segmentos (bateria, casal de mestre-sala e porta-bandeira, passistas, baianas e intérpretes) da Unidos de Vila Isabel.
Ingressos: R$ 5

Cariricaturas - Edição Especial - Atentem para o prazo de envio do seu material !




Título e capa em estudo ( aceitamos sugestões)


Prefácio de José Flávio Vieira
Contracapa de José do Vale Feitosa



-Sem ônus para os escritores.
-Número de textos por autor : 2 + release + fotografia
-Reciprocidade : 5 livros para cada autor.

Autores convidados: todos os nossos colaboradores !


-Os textos deverão ser enviados para o e-mail de Stella até ,no máximo,
15 de Dezembro de 2010.

-Fase de revisão : o tempo necessário .

- stelasiebra@yahoo.com.br

Pérola dos bastidores- Por Rose




Recife e Olinda tão lindas
Uma olhando a outra
De frente imponentes

Olinda o que diz:
Recife menina/mulher/feliz
Com tamanha grandeza e leveza
És toda beleza
Por sobre este Rio tão frio e sombrio
Pusestes tuas pontes
Deixando passar
Teus filhos brincantes
Tal qual figurantes nas noites distantes

Recife o que fala:
Olinda menina/dona/senhora
Não te demoras na hora
Pois sobes ladeiras
Ladeiras ensaboadeiras
Por onde percorres com pernas ligeiras
Convidas teus filhos brincantes
Tal qual como antes nas noites distantes
Pois, agora descansas; que já chegou a quarta-feira

VIVA OS 475 ANOS DE OLINDA E OS 473 ANOS DE RECIFE-homenagem para o ano de 2010

Agradeço o espaço,

Rose

A Lei da Ficha Limpa persegue João e Janete Capibaribe - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma pessoa furiosa com instrumento cortante por arma mata o agredido. Um cirurgião de posse de um bisturi, racional, com passos controlados, salva a vida. Ambos são o mesmo instrumento cortante com sentidos diametralmente opostos.

Estamos falando de instrumentos e uma lei em que pese o seu fundo cultural, social e econômico, não deixa de ter a mesma natureza. A justiça opera o instrumento usando técnicas tal qual o cirurgião ou a pessoa furiosa em relação ao instrumento cortante.

Esse é o caso da Lei da Ficha Limpa que parece ter “lavado a alma” de certos segmentos da classe média brasileira. Foi colocando um instrumento cortante em mãos da justiça e que será utilizada por furiosos e racionais.

O caso mais emblemático ocorre com o casal João e Janete Capibaribe do Amapá. Ele eleito senador e ela deputada federal. Ambos foram cassados por supostas compras de votos, fato negado por eles e entendido como verdadeiro pelos operadores da Justiça Eleitoral.

A condenação dos dois ocorreu em setembro de 2002 e a Ministra Carmem Lúcia do Tribunal Superior Eleitoral mandou retirar o nome de ambos no instituto da recente diplomação. Estamos diante do preciosismo entre datas: se valerá a data do registro da candidatura ou a data das eleições como regra para completar os oito anos facultados pela Lei da Ficha Limpa.

Como foram condenados em setembro de 2002, em outubro, dia das eleições, estariam fora das regras da Lei, mas não foi assim que a Ministra entendeu. Têm que arcar com novas despesas para se defenderem no STF num processo misto de assassinato e cirurgia, do qual não se consegue registrar os limites.

Por isso a Lei da Ficha Limpa faz parte daquelas instituições apropriadas ao controle popular, visando instrumentalizar as elites no poder. A Justiça efetivamente não protege o grande coletivo social de um país como o Brasil. Ela é cara, os operadores têm face de classe social e as decisões são elásticas numa margem em que a sutileza faz toda a diferença em favor dos mais ricos e mais entrosados na “classe”.

O que é uma cratera na vida real das pessoas, decide-se por uma “exegese” de partículas de uma frase legal. Os longos textos que têm um linguajar técnico absurdo, fazendo a hermenêutica que embasará a decisão da Corte, tem por finalidade tornar a norma um toldo esotérico até para cidadãos letrados e pós-doutorados em assunto diverso.

A Lei da Ficha Limpa é um instrumento para assassinar carreiras políticas em favor da largada e chegada de muitos. Quem viver verá. Os exemplos chamados emblemáticos como de Jáder Barbalho e Joaquim Roriz são o picadeiro para esconder as “palhaçadas” da lâmina de Brutus em César.

Não afirmo que isso seja o caso da Ministra, é possível que seja a cirurgiã em face de detalhes da operação. Mas fica evidente que o jogo de datas para aplicar a lei, mesmo sendo uma lei nova, tem um rumo certo e histórico na perseguição ao casal Capibaribe.

Ir longe... pra ficar perto - José Nilton Mariano Saraiva

O “jogo-de-sinuca” é uma das diversões mais saudáveis e prazerosas pra se passar o tempo e jogar conversa fora, preferencialmente com uma “geladérrima” e uma suculenta “panelada” assistindo tudo (e, claro, com a torcida vibrando e dando pitaco, ao lado). Difícil imaginar que ainda exista alguém que não o tenha praticado, independentemente da idade, credo, raça ou sexo.
Relativamente fácil, o objetivo é “encaçapar”, em um dos seis buracos existentes na mesa de jogo, obedecendo a uma pré-determinada seqüência numérica, bolas de cores distintas e valendo pontos entre 01 e 07. Para tanto, existe uma oitava bola, apelidada de “carambola” (se não estamos enganados), que é a que se presta unicamente pra “empurrar” as “co-irmãs” pra dentro da caçapa, evidentemente que impulsionada pela maestria do “taco” do jogador. Consagra-se aquele que ao final fizer mais pontos.
Como em todo jogo, entretanto, no de sinuca também existe suas técnicas, segredos e táticas. Dentre elas, certamente a que apresenta maior grau de dificuldade para o “jogador da vez”, é quando o adversário lhe aplica a famosa “sinuca-de-bico”.
A “sinuca-de-bico”, que muitos cognominam também de “beco-sem-saída”, se dá quando o jogador tem a “bola da vez” protegida atrás de uma ou mais bolas, de forma que fica extremamente difícil acerta-la, mormente em estando a mesma “na bica” para ser “encaçapada”. E aí é onde entra a excelência e refinamento técnico do jogador da vez, que terá obrigatoriamente que usar as bordas da mesa de jogo (tabelas) para atingir a bola do jogo sem tocar a(s) que está (ão) entre elas. Há que se usar o chamado “efeito”, a fim de encontrar um caminho alternativo pra se atingir a bola da vez (pelos lados, por cima, arrodeando, jogando pra trás, e por aí vai). Haja virtuosismo, competência e precisão para executar tão exímia manobra. Mas muitos – jogadores de escol - conseguem, sim.
O “lero maluco” acima, é só pra lembrar que a nossa querida Socorro Moreira se meteu numa grande enrascada, autentica “sinuca de bico”, ao abrigar no seu Cariricaturas certos “rebeldes” ou “inconvenientes”, que insistem, por cima de pau e pedra, quer chova ou faça sol, em discorrer sobre política, contestar dogmas religiosos, referir-se a essa coisa complicada e sacal chamada “economia” e, enfim, em sair da mesmice e provincianismo tão característico em outros blogs regionais, colocando um pouco de tempero e sal no Cariricaturas.
Pois bem, pelos últimos corajosos “avisos” ou “esclarecimentos” que tem veiculado (principalmente após a divulgação da carta do senhor Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes tratando da assombrosa e estapafúrdia agressão sofrida pela senhora sua mãe por parte de um dos “graduados” da administração municipal cratense, e conseqüentes manifestações de solidariedade), Socorro Moreira se encontra sob cerrada pressão, intenso e descomunal tiroteio, visando abduzir do Cariricaturas determinados “bestas” que estariam transformando o seu blog num ambiente desagradável, ao insistirem em exercer a cidadania em sua plenitude (figuras como o Zé do Vale, Zé Flávio, Joaquim Pinheiro, Zé Nilton Mariano e outros seriam “dispensáveis”).
Na visão mambembe e caolha daqueles atávicos conservadores que pressionam a Socorro Moreira, não se deve abrir espaço para a discussão sobre política, religião, economia e futebol, já que temas “complicados” e “desagregadores”. O ideal, na visão deles, parece ser um retorno aos tempos da escuridão e do chicote, quando jornais e revistas, em razão da censura braba e violenta, ocupavam seus valiosos espaços com “receitas culinárias” e coisas parecidas, sob pena de irem parar na “caixa-prego”, sumirem do mapa, escafederem-se de vez.
A pergunta é: Socorro Moreira sucumbirá ao esdrúxulo e incessante cerco ??? Ou optará por continuar “livre para voar” ???
Embora sem conhecê-la pessoalmente, apostamos que ela será capaz de "ir longe... pra ficar perto" dos seus “desagregadores”.

idade dos anjos

Entre serpentes não há culpados.
(quando o veneno não cega
faz com que se arraste a perna)

Ando manco e cego
e da vida espero
a plena solidão
das minhas botas.

(sem amigos
sem amores)

Não me procures
no passado (fui mentira)
nem em qualquer sonho
(serei falsidade)

e que milagre hoje
eu ter cruzado as mãos
reconhecendo a loucura

porque paz é para os justos
e quem se vê triste e enfadonho
merece como dádiva o sujo das orelhas
as lágrimas contidas e o coração parando.

(ao parar de vez
te aviso)

O direito de ser feliz - Emerson Monteiro

Em meio ao fogo cruzado de depressões e medos, nas jornadas diárias que representam o espaço individual das existências, há um território valioso a ser preenchido, no interior das pessoas, o que exige uma coragem bem maior do que para vencer o grande inimigo, nas suas maiores guerras. Essa providência, contudo, requer apenas disposição de lutar diante dos obstáculos naturais de todo momento, independente daquilo que achem os outros. Na casa das ideias e das emoções, surge, sem parar num só instante, a tela cinemascope da presença da gente na gente mesmo, projeção contínua, e o projeto disso nada mais é do que a nossa vontade e seus filmes, que nascem de dentro, esta projeção que quem primeiro assiste somos nós, depois o contexto externo, formado pelas inúmeras pessoas em volta, testemunhas das nossas ações. Quem sabe do clima que vai rolar no momento seguinte somos primeiro nós.
E esse mecanismo precisa da dominação, do pulso anterior, do agente principal das cenas em movimento, autores do argumento, diretores, atores e espectadores do cinema chamado vida, nós. Há que haver pulso para viver, por isso. Ninguém deverá, de caso pensado, entregar aos outros, ou às circunstâncias, este tamanho direito de compor os quadros constantes do estado de espírito que significa a representação de mundo e das mudanças das horas, fardo constante que carregamos desde o princípio da existência.
Mais à mão, no processo pessoal dessa determinação de si para consigo, no que podemos denominar casa das máquinas ou laboratório dessa ação de elaborar a ciência dos dias, ficam os elementos com os quais se irão produzir a película única vista a cada momento, na história individual das criaturas, trabalho particular delas próprias, estrada principal da sua caminhada. Isso com que trabalhar, pois, o filme da presença pessoal das criaturas recebe o nome de vontade, ou força do querer, elemento valioso e único, insubstituível.
Na sabedoria do tempo, ouvimos dizer que “assim é, se nos parecer”, o que, noutras palavras, resume o conceito por demais conhecido de sermos os autores, ou sujeitos, das ações do mundo. Os objetos existem, porém aqueles que dão existência aos objetos, os sujeitos, somos nós. “Quem ama o feio, bonito lhe parece”, a tal coisa dita de jeito um pouco diferente.
Portanto, simples quais todos os valores originais da vasta natureza onde habitamos, a equação da sonhada felicidade apenas reclama a atitude positiva de trocar o padrão mental sob o qual desenvolvemos o ato de viver, livre das complicações e entregas a vícios e fraquezas de perder batalhas antes de entrar no campo. Levantar o ânimo e olhar com gosto bom, estas sejam as providências que farão a difereça, para melhor, qualquer ocasião. Avalie bem, e não desista de ser feliz.

A INDIFERENÇA - POR ULISSES GERMANO


A Indiferença - modelagem de Ulisses Germano 
(Medalha de Ouro no Salão de Outubro de 2010 - Crato-CE.)

Esta escultura acima,  modelada com o barro trazido de Tracunhaém - PE.,   é portadora de um olhar que jamais, em momento algum, conseguirá ser encarado pelo espectador. 
        

         
         O oposto do amor não é o ódio. No ódio o objeto odiado ainda é reconhecido, e guarda em suas entranhas inconfessáves o amor negado pelo orgulho egóico. Se perscrutarmos com atenção a psicologia profunda de nossa conduta, veremos que a  palavra antônima do amor é a indifrença: crença no esquecimento pleno, presença fugaz do ser negado, transfigurado. 

Ulices