Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ray Coniff - Quem puder, escape da saudade !


Ray Coniff nasceu no dia 6 de novembro de 1916, na cidade de Attleboro, Massachusetts, EUA. O pai era trombonista e a mãe tocava piano, de quem herdou a paixão pela música.
A primeira experiência como músico de orquestra foi no ginásio Attleboro. Começou como trombonista e com o tempo passou a fazer arranjos até tornar-se orquestrador da banda local.
Seu primeiro emprego como músico profissional foi com o "Musical Skippers", de Dan Murphy, em Boston. Começou tocando trombone, orquestrando e dirigindo o caminhão do grupo. Depois, mudou-se para Nova York.
Em Nova York trabalhou como trombonista-arranjador de Bunny Berrigan. Em 1939 começou a trabalhar com Bob Crosby e os "Bobcats". Um ano depois foi contratado por Artie Shaw e depois, por Glen Gray.
Após essas duas experiências, Coniff começou a fazer arranjos para o serviço de rádio das Forças Armadas dos EUA, onde ficou até 1946. Saiu do Exército e foi orquestrar para Harry James, com quem trabalhou até o final da década de 40.
Os últimos anos da década de 40 foram os mais apagados da história de Coniff. Ele parou de fazer arranjos e ganhava a vida - na época era casado e já tinha três filhos- como orquestrador free-lance e fazendo trabalhos fora da área musical.
A sua grande oportunidade surgiu no começo da década de 50 quando conheceu Mitch Miller, da Colúmbia Records. Na gravadora, começou a fazer arranjos e orquestração para outros músicos e para os discos da Colúmbia. Os maiores sucessos foram "Walkin'In The Rain", "Moonlight Gambler", entre outros.
O sucesso obtido por Coniff em outros discos incentivou a Colúmbia a lançar um álbum de autoria do maestro. Foi então que surgiu "'S Wonderful", que ficou na lista dos discos de maior sucesso por nove meses.
Na primavera de 1960, Coniff fez uma turnê de 11 dias e lotou as principais casas noturnas de Los Angeles e São Francisco. Nesses concertos, o maestro começou a desenvolver o seu estilo musical, que o distinguiu como um talentoso arranjador-regente.
Ray começou a fazer uso de um coro vocal como naipe da orquestra e em vez de tocar instrumentos, os vocalistas soltavam sílabas tais como: ba-ba e du-du, que juntas ao som de um ritmo musical contribuíram para tornar o estilo de Coniff mundialmente conhecido.
Ray Conniff morreu de derrame na California em 12.10.2002

Fontes - Wikepédia/netsaber/folha online/findgrave



Anita Mafaltti



Anita Malfatti nasceu em São Paulo em 2 de dezembro 1889. Não tinha um berço de ouro, mas também não passava por dificuldades. Seu pai, o italiano Samuel Malfatti, era engenheiro. Sua mãe, dona Elisabete, de nacionalidade americana, era pintora, desenhista, falava vários idiomas e tinha uma sólida cultura, cuidando pessoalmente da educação da filha.

Bem estruturada, Anita não encontrou maiores dificuldades em passar pelo exame de seleção do Mackenzie College, onde fez a Escola Normal e se formou professora, aos 19 anos.

Foi então que o destino lhe armou mais uma tragédia. Nem bem se formara e morre-lhe o pai, a quem tinha forte apego, e que era o arrimo da família.

A partir de então, a mãe passou a dar aulas de idiomas e de pintura, enquanto que, para complementar o orçamento doméstico, Anita começou também a trabalhar como professora.
O talento para a pintura, revelado pela moça, sensibilizou o tio e o padrinho. Juntos e, embora com sacrifício, conseguiram reunir uma soma em dinheiro, patrocinando a ela uma viagem de estudos à Alemanha.

Em setembro de 1910, Anita chegou a Berlim, com o período escolar em andamento, o que impossibilitava inscrever-se numa escola regular, pelo que, passou a tomar aulas particulares no ateliê de Fritz Burger. Já no início do ano seguinte, pôde matricular-se na Academia Real de Belas-Artes.

O mundo para ela era aquilo, até que, visitando uma exposição da Sounderbund (grupo de pesquisa), tomou contato com a arte dos rebeldes, desligados do academicismo ensinado nas escolas. Fascinada, aproximou-se do grupo e passou a ter aulas, primeiro com Lovis Corinth e depois com Bischoff-Culm, aprendendo pintura livre e a técnica da gravura em metal.

Regressou ao Brasil em 1914 para, logo em seguida, viajar para os Estados Unidos, terra natal de sua mãe. Matriculou-se na Art Students League, uma associação desvinculada das academias, e, sob a orientação de Homer Boss, teve a liberdade de pintar o que desejasse, com toda a força própria de criação, sem quaisquer limitações estéticas.

Foi esse período que marcou a fase mais brilhante de sua criação, no qual Anita pintou O homem amarelo, Mulher de Cabelos Verdes, O Japonês, e vários outros quadros.

Foi a consagração de sua arte, no meio de insignes mestres e diante de um público capaz de interpretar a beleza e as emoções contidas em suas obras.

Anita estava preparada para voltar ao Brasil. Será que o Brasil estava preparado para recebê-la?

Em 1916, com 27 anos, a pintora estava de volta ao Brasil, adulta e madura, sentindo-se suficientemente segura para expor sua nova concepção de arte, voltada para o Expressionismo.

Fiando-se nos comentários favoráveis de amigos e, particularmente, do crítico Nestor Rangel Pestana, assim como nas palavras de incentivo de modernistas como Di Cavalcanti e outros, Anita não hesitou em alocar um espaço nas dependências do Mappin Stores, na rua Líbero Badaró, onde, em 12 de dezembro de 1917, realizou uma única apresentacão de seus trabalhos.

Ninguém, nem mesmo o mais experiente freqüentador do mercado de arte, poderia prever o tiroteio que seria disparado contra a jovem pintora, vindo, não das hostes inimigas, mas das trincheiras amigas, justamente das mãos de um renovador, o escritor Monteiro Lobato (1882-1948).
Lobato fora, desde o início de sua carreira, um pré-modernista. Irritado com os padrões oficiais de educação e cultura, desvinculou-se das normas padronizadas da literatura, criando um estilo livre, avançado, valorizando a cultura nacional e discutindo temas voltados internamente para os problemas brasileiros.

Ao contrário do que se imagina, Monteiro Lobato sequer foi à exposição de Anita Malfatti. Não viu nada e não gostou do que não viu.

Mas, em artigo virulento, publicado no jornal «O Estado de São Paulo», depois de criticar as extravagâncias de «Picasso & Cia.», o escritor assestou as baterias contra Anita, esperando que as balas ricocheteassem, atingindo seu alvo principal, que eram modernistas, companheiros da pintora.

Foi uma reação inesperada, que espantou até os que conheciam o destempero do escritor, e inexplicável, pois sua editora, havia pouco tempo, publicara um livro do modernista Oswald de Andrade, cuja capa fora desenhada justamente por Anita Malfatti.

Usando como título: «Paranóia ou mistificação – A propósito da exposição Malfatti,», Lobato ataca as «escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos de cultura excessiva... produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência» e, depois, explica o título de sua catilinária:

«Embora se dêm como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como paranóia e mistificação.

«De há muito que a estudam os psiquiatras, em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. A única diferença reside em que, nos manicômios, essa arte é sincera, produto lógico dos cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses;

«e fora deles, nas exposições públicas zabumbadas pela imprensa partidária mas não absorvidas pelo público que compra, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo tudo mistificação pura.»
Nem as palavras mas afáveis, ou menos agressivas, despejadas ao final do artigo, nem os elogios ao seu talento, colocados no início, poderiam desfazer tamanho estrago sobre a personalidade tímida e irresoluta de Anita, que caiu em forte depressão, vivendo um período de desorientação total e de descrença, um sentimento que carregou pelo resto da vida.

Sua primeira reação foi o abandono total à arte. Depois, passado um ano, dando uma guinada de 180 graus, foi tomar aulas de natureza-morta com o mestre Pedro Alexandrino Borges (1856-1942), ocasião em que conheceu Tarsila do Amaral, início de uma longa e proveitosa amizade.

Tarsila foi para a Europa e Anita passou a estudar com outro mestre conservador, Jorge Fischer Elpons (1865-1939), também especialista em naturezas-mortas.

Instada por amigos, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e, no ano seguinte, com uma bolsa de estudos, viajou a Paris, onde se encontrou com Tarsila, Oswald, Brecheret e Di Cavalcanti. De lá voltou, com a confiança recuperada, mas disposta a não se atirar em novas aventuras.

Sua arte, a partir daí, virou uma salada russa, logo notada pelos críticos: «A Sra. Malfatti faz o viajante percorrer os séculos e os gêneros. É primitiva, clássica, e moderna avançada, faz retratos e naturezas-mortas.»

A exposição de 1917 se deu em momento errado, no local errado e com a pessoa errada. As críticas de Lobato não se dirigiam a ela mas aos modernistas, com quem o escritor tinha um ajuste de contas. Anita Malfatti se viu no meio do tiroteio e foi atingida mortalmente pelas balas perdidas.

Considerada por Pietro Maria Bardi como a maior pintora brasileira, ela jamais se recuperou do golpe sofrido. Como diria mais tarde Mário de Andrade: «Ela fraquejou, sua mão, indecisa, se perdeu.»

Já com idade madura, Anita mudou-se, com sua irmã Georgina, para uma chácara em Diadema (SP), onde morreu em 6 de novembro de 1964, alienada do mundo, cuidando do jardim e vivendo seus próprios devaneios. (Paulo Victorino).


MÁRIO DE ANDRADE, O AMOR
SECRETO DE ANITA

Contra todos, Anita lutou sozinha tendo a seu lado um único, fiel amigo, confidente, companheiro, defensor e - agora se sabe - sua paixão nem tão secreta assim. A outros amigos Mário se abria e Manuel Bandeira, em carta, alertou:

"O que lhe contaram de Anita não era intriga. Ela está apaixonada por você e esperava que você se definisse."

Mário morreu 19 anos antes de Anita, sem nunca lhe dar essa definição.


As cartas de Anita vinham da Fazenda Costa Pinto, onde passava férias em Piracicaba, de São Paulo mesmo, a bordo do Mosella, que a levou por um período de cinco anos para a Europa, de Paris, Veneza, Lucca, Roma, Mônaco, Lourdes, Florença, Rio de Janeiro e até de Niterói.

As de Mário partiam da Paulicéia, as últimas do Rio: Mário nunca foi à Europa. Escreveu para Anita: "Estou perdendo a esperança de ir na Europa. Aliás, isso não me entristece muito, não, porque franqueza: a não ser ver os amigos não tenho nada que fazer aí."

Do tórrido ao gelo - "Oh! Mário nem uma palavrinha", "Mario Mario", "Meu querido Mario", "Oh! Mario exagerado!", "Mestre Mario", "Mario muito querido" - a abertura das cartas vai da água cálida ao gelo mortal da última enviada por Anita para Mário de Andrade. Se nas mais tórridas ela se despede "Saudades grandes e pequenas", "Ti voglio bene", "Um grande abraço atrapalhado", "Tua Anitinha", "Nunca me troques por mais ninguém, Amém!", "Adeus poeta tigre", "Gostei do abraço infantil, mando-te um beijinho adolescente", "Da Anita mais querida da tua vida", "Tua pequeníssima Anita", "Tua amiga do coração", "My angel boy".

Na última, de 29 de agosto de 1940, cinco anos antes da morte dele, ela termina:

"Cumprimenta Annita Malfatti".

Anita, afastando-se do destinatário, com dois enes. (Norma Coury)

As cartas não cessaram nem
após a morte do poeta

No 10º aniversário da
morte de Mário de Andrade,
Anita Malfatti escreveu:

«Para Mário de Andrade,
«Caminho do Céu,
«Estrada da Saudade

Sally Field - Quem lembra da Noviça Voadora ?



Sally Margaret Field Mahoney, Profissionalmente conhecida como Sally Field (Pasadena, Califórnia, 6 de novembro de 1946 ) É uma atriz estadunidense.

Sally Field é filha da atriz Margaret Field e enteada do ator Jock Mahoney. Iniciou a carreira na Televisão nsa Anos 60, Na série Gidget. De 1967 a 1970 Fez um Bertrille irmã não seriado The Flying Nun (no Brasil, A noviça voadora), E que um Tornou conhecida mundialmente.

Por ter atuado em diversas Comédias, Suas qualidades como atriz dramática foram inicialmente postas em dúvida. Em 1976, Finalmente, Sally Field comprovou seu talento dramático no filme para a televisão Sybil, Onde interpretou uma personagem título, portadora de múltiplas personalidades, e pelo qual recebeu o prêmio Emmy.

Em 1979, O filme com Norma Rae, onde interpretou uma líder sindical, Sally recebeu seu primeiro prêmio Oscar de melhor atriz. Casou duas vezes e três filhos tem.

Foi noiva, durante muitos anos, do ator Burt Reynolds, Porém nunca aceitou suas propostas de casamento. Foi parceira em grandes sucessos dos de Reynolds Anos 70, Como as duas partes de Smokey and the Bandit e Hooper.

Em 2005 foi diagnosticada como portadora de Osteoporose E, desde então, tem se Empenhado em campanhas para uma prevenção da doença.

Atualmente atua na série de TV a cabo Brothers & Sisters, No Brasil Transmitido pelo Universal Channel.

Cariri Cultural - por Ulisses Germano




O pacto da mediocridade se firma na acomodação da rede do rabo preso. "Cafetões culturais" espreitam a oportunidade certa de se fazerem opotunistas. Ouvido de mercador financia a futilidade exposta na proposta de uma modernidade mal planejada. Não sou do Crato. Morava em Fortaleza. Convia com pessoas interessantes (Euzélio Oliveira, Firmino Holanda) Toquei seresta, blues e rock and rool... Estou aqui há seis anos levado pelo destino. Devo tudo a essa cidade. O pouco que conheço é suficiente para amá-la. Mas a ignorãncia que destruiu o Castelo da Aldeota e antiga praça do Ferreira é a mesma que destruiu a Casa de Bárbara de Alencar e a Praça Siqueira Campos. Aconteceu, é irrefutável! A única defesa seria, talvez, alegar a ignorância como um álibe: "Seu Juiz não tive culpa! Minha ideia alienada de 'modernidade' me fez um criminoso do Patrimônio Material é Imaterial de minha cidade!" Não quero me aprofundar nem aplacar meu estado de vida! Quanto ao "fim" da Cultura ouvi, da boca do próprio Mestre Aldenir, "que o reisado vai acabar... é natural!" Concordo com ele e é por isso que fico perto dele tentando aprender o maximo possível da essência do folclore... Mas como diz um ditado popular dessa região "na boca de quem é ruim que é bom não tem valor! No entanto, a Cultura do Crato é tão farta quanto a sua enorme reserva de fósseis! Por essas e outras coisas é que eu optei em ser brincante e amante das coisas bem humoradas! Fundei um partido político chamado Partido das Questões Pertinentes - PQP. Um partido que permanecerá sempre na clandestinidade. Lutemos pelo que é pertinente! "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". Essa frase tão comum vem sendo a pedra filosofal de muita gente desprovidade de massa cinzenta. O Partido das Questões Pertinentes - P.Q.P. desconstruiu, ou melhor, aprimorou esta premissa de cangaceiro, e diz: !Manda quem sabee e é competente, obedece quem quer aprender pra ficar contente!" E o que é pertinente é que o Crato é um município órfão dos que teimam em tira o "C" do Crato. Cada qual com seus cada qual.
Abraço fraternal

Ulisses Germano Leite Rolim
PRESIDENTE DO P.Q.P.
Partido das Questões Pertinentes



recursos hídricos em evidência - por Nívia Uchôa


Diário do Nordeste

quinta-feira 5/11/2009

A RELAÇÃO DO SER humano com os recursos hídricos foi destacada em variados aspectos pelas pesquisadoras do Projeto Água pra que te quero
Foto: NÍVEA UCHÔA
Em pleno século XXI, famílias ainda dependem de carros-pipas no semiárido brasileiro
5/11/2009


Pesquisadores concluem primeira etapa de projeto fotográfico em bacias hidrográficas localizadas no Interior do Estado

Quixadá.
O uso da água no cotidiano urbano e rural. A equipe da Poesia da Luz, instituição voltada à promoção de atividades audiovisuais com sede no Cariri, acaba de concluir a primeira etapa do Projeto Água pra que te quero!, um diagnóstico da utilização dos recursos hídricos nas bacias do Banabuiú, Alto Jaguaribe e Salgado. A documentação fotográfica e o mapeamento social na primeira delas, a do Banabuiú, constatam a precariedade do abastecimento de água encanada na zona rural e a falta de consciência sobre o desperdício do líquido. A maioria da população carece de orientação acerca do uso racional desse recurso natural.

Foram entrevistadas 105 famílias de Banabuiú, Boa Viagem, Monsenhor Tabosa e Quixadá. A maior parte do levantamento foi feito em áreas rurais, com 94 delas. Além do desperdício e do desconhecimento de como evitá-lo, o despejo de lixo, o desmatamento da mata ciliar, as queimadas, a retirada de areia para a construção civil e até a lavagem de roupas, de transportes e de animais, foram constatados como complicadores do diagnóstico negativo. Foi detectada uma grande carência de informações e, ainda, falta de capacitação sobre o tema meio ambiente.

As pesquisadoras também identificaram algumas práticas positivas. As técnicas de cultivo em algumas comunidades foram consideradas viáveis e sustentáveis. Em Monsenhor Tabosa comunidades estão recebendo capacitação para o desenvolvimento de quintais produtivos, com o uso racional da água por meio de gotejamento e mandalas. Demonstram consciência do uso correto da água. Os entrevistados se mostraram sensíveis à questão. Mesmo sem saber exatamente o que pode ser feito, demonstraram interesse em colaborar com o uso racional do recurso natural, todavia confessaram a necessidade de orientação, segundo a pesquisa.

Os investimentos feitos pelos governos na construção de açudes, cisternas, cacimbas e poços são elogiados. Têm minimizado consideravelmente o sofrimento na zona rural com a falta de água, em especial, quem vive isolado dos centros urbanos. Todavia, nas localidades visitadas foi recorrente o desconhecimento dos Comitês de Bacias implantados nas regiões.

Importância da preservação da água


"É a etnografia de um tempo no século XXI. Pessoas ainda tomam água de carro-pipa"
Nívea Uchôa
38 ANOS
Fotógrafa
Idealizadora do projeto

Mais Informações:
Projeto Água pra que te quero!
ONG Poesia da Luz, (85) 9612 .9938
www.aguapraquetequero.blogspot.com
Cregional@diariodonordeste.com.br

DEMANDAS SOCIAIS

Educação Ambiental deve ser prioridade

Quixadá. A coordenadora do Projeto Água Pra Que Te Quero!, Cris Vale, diz que a pesquisa revelou a necessidade de um programa permanente, extensivo e inclusivo sobre Educação Ambiental, especialmente sobre a questão da água e do lixo a ser implantado no ambiente rural e urbano, devido ao grande desconhecimento do assunto pela população. "O tema sobre a falta de água ainda é visto como uma responsabilidade apenas dos governos, o que faz com que a população não se sinta responsável também por essa questão. A causa das enchentes é atribuída muito mais a vontade divina do que a ação do homem contra a natureza", ressaltou.

A idealizadora e fotógrafa do Projeto, Nívia Uchôa, o expõe como um olhar viajante sobre a problemática. "São os porquês que queremos saber. As pessoas dos lugares por onde andamos são infieis à água, sobretudo, pelo seu não cuidar", afirma.

A iniciativa tem o apoio institucional da Semace, com a participação de uma equipe da Coordenadoria de Extensão e Educação Ambiental, apresentando palestras sobre o meio ambiente nas cidades visitadas.

Encerramento

A próxima etapa do estudo deverá estar concluída no dia 17. Os resultados serão apresentados em Orós, finalizando a documentação e pesquisa na Bacia do Alto Jaguaribe, a segunda do cronograma de atividades. Os trabalhos finais do Projeto estão previstos para 20 de dezembro, em Brejo Santo, região da Bacia do Salgado. Em seguida todo o material colhido será transformado em um "Caderno de Viagem", uma edição especial a ser distribuída nas bibliotecas do Ceará, em maio de 2010.

ALEX PIMENTEL
Colaborador

uma faca de cortar pão bem amolada

Quando tu estiveres alegre
alegre mesmo de dá dó

por um segundo
fica em suspense

e percebe
que estarei triste

triste de fato
como quem come jiló.

Se por tuas faces
rolarem duas lágrimas -
agradeço.

Mas somente soltarei festins
se dançares sobre a mesa.

E ao final do tango
fizeres um brinde:

"Ao patético!"

Outro brinde:

"Ao verme!"

Patética Contrição

Apenas para confessar meus pecados
escrevo algo: uma pedra dentro do meu peito
e deixo lá no meio da sala um corpo estendido.

Se alma tenho ela partiu hoje
logo que subiram o portão de ferro.

O corpo estendido não diz nada, meu velho.
A pedra no peito há tempo virou cinza.

Tu mentes,
eu minto.

Não é um corpo que vejo
tampouco uma alma sumida.

São migalhas do tempo
que vem com a velhice -

e não importa se ela sopra
quarenta e quatro ventos.

Bebe então do meu vazio
e façamos uma manta de algodão.

Carlinhos Vergueiro e Guilherme Vergueiro : Mano a Mano ( novo CD)


"Mano a Mano - Nossa Aliança". O repertório tem músicas com Paulo César Pinheiro, Chico Buarque, Martinho da Vila e outros. Leia abaixo um pouco mais sobre a apresentação e o disco:

"Criados em ambiente onde se respirava, literalmente, arte por todos os lados, a história do talento dos irmãos Carlinhos e Guilherme Vergueiro é facilmente compreensível. São filhos dos atores Carlos Vergueiro e Zilah Maria e têm como avô, o pianista clássico e mestre de piano brasileiro Guilherme Fontainha, criador do mais antigo periódico de musicologia do Brasil, a Revista Brasileira de Música, em 1934, e do famoso método infantil, A Criança e o Piano. Diretor do Instituto Nacional de Música, cedo percebeu a disposição natural e invulgar dos netos e acompanhou de perto seus estudos ao piano.

E eles aprenderam, e como aprenderam: Carlinhos Vergueiro é cantor, compositor e produtor, tendo, entre outros, produzido os últimos CDs de Nelson Cavaquinho e Adoniran Barbosa, e Guilherme Vergueiro é pianista, compositor, arranjador, produtor musical e documentarista. Nos últimos anos co-produziu e co-dirigiu os documentários "Jamelão" e "A ginga do asfalto" com o sambista paulista Germano Mathias.

Ambos trilharam uma carreira de sucesso conquistando respeito e admiração da crítica e do público. Carlinhos é cria dos festivais, iniciou sua carreira profissional em 1973, mas menino ainda, já se apresentava ao piano pelo interior de São Paulo. Com onze discos gravados é parceiro de grandes nomes da MPB como Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Toquinho, Paulo César Pinheiro, Elton Medeiros, João Nogueira, Paulinho da Viola, entre muitos outros. Já se apresentou na Itália, Fra nça, Cuba e possui mais de 150 músicas gravadas, entre elas Por que será, em parceria com Vinicius de Moraes e Toquinho; Torresmo à Milanesa , com Adoniran Barbosa ; e Nosso Bolero, com Chico Buarque. Guilherme, como o irmão, é músico precoce, seu primeiro concerto se deu com apenas 7 anos de idade. Grande parte de sua carreira foi desenvolvida no exterior entre Nova York, Los Angeles e Dinamarca, tendo se apresentado também em tournes pela Itália, França Japão. Ídolo dos apaixonados pelo jazz e pela música instrumental, gravou em Copenhagem um disco ao vivo que consta entre os melhores registros d e um músico estrangeiro na Europa dos anos 80. Sobre seu CD MOLAMBO gravado em Los Angeles em 1998 comentou José Domingos Rafaelli: – "Guilherme Vergueiro é um dos nossos pianistas mais inventivos e fluentes, dominando a linguagem da música brasileira e do jazz com a autoridade dos que conhecem profundamente o que fazem."

A soma desses dois talentos chega agora ao mercado com o lançamento do CD intitulado, não por acaso, de Mano a Mano, primeiro trabalho de Carlinhos e Guilherme Vergueiro juntos. O repertório foi escolhido por Guilherme e são dele também os arranjos, produção e concepção do projeto. Embora tenha tido suas primeiras oportunidades como arranjador proporcionadas por Carlinhos em alguns de seus L.P.s eles nunca a haviam trabalhado juntos e assim ele definiu esse encontro: Ouvindo uma série de nova s composições de meu irmão Carlinhos me veio a idéia de produzir um CD com algumas daquelas músicas que considerei de alta qualidade e que deveriam ser registradas. "Mano a Mano" para mim, foi uma oportunidade que Deus me deu para de certa forma agradecer Carlinhos pelas oportunidades e confiança que me deu como arranjador além de poder demonstrar musicalmente minha visão atual da Música Popular Brasileira em termos de evolução, criatividade, improviso harmonização, e principalmente poder colocar "no ar" essas que considero excelentes melodias e letras frutos do talent o de Carlinhos e seus parceiros.

O repertório traz, além de músicas inéditas de Carlinhos, novos arranjos para algumas composições já gravadas em outros CDs e uma belíssima regravação de Feitio de Oração - Vadico e Noel Rosa. A verve de um se junta à sofisticação do outro e resulta em sambas jazz ou românticos cheios de classe. Entre as inéditas, estão "Arrepio no Braço", parceria com João Nogueira, "Pra que se despedir", com Dora Vergueiro e Afonso Machado, "Maria e Ademar", com Paulo César Feital, "Disritmou", parceria com Martinho da Vila, "Nossa aliança", com Sombrinha e Gordinho, "Vai ouvir", com Paulo César Feital, "Fui", com Dora Vergueiro e Afonso Machado, e "Linhas de Prazer", de Carlinhos. As canções que receberam novos arranjos "Nosso Bolero", com Chico Buarque, e "Cigano", de Carlinhos e PC Pinheiro.

O CD foi gravado num clima "ao vivo", acompanhados pelos músicos Laudir de Oliveira - percussionista que já tocou com grandes nomes da música mundial, como Chicago, Chick Corea e Carlos Santana; Carlinhos Sete Cordas - artista que leva no nome a sua vocação pelo violão e que acompanhou em shows e gravações vários nomes da MPB; e Thiago Silva, baterista, filho de Robertinho Silva, que aos 3 anos de idade já tocava numa bateria feita para criança, e que, por coincidência, fez sua primeira tour pelo Brasil em 1997 com Guilherme Vergueiro.



sítio oficial e blog de Guilherme e página oficial de Carlinhos.

N-verso - Por Claude Bloc


Texto e formatação por Claude Bloc

Essa música de Carlinhos Vergueiro eu procurei a vida toda... Achei !

A Nico demos... - Por Claude Bloc


Texto e formatação por Claude Bloc

Descobrindo Márcia Denser ... - Colaboração de Maryfran Nunes Oliveira




Hell's angels

Os olhos têm aquela expressão vazada de maldade inocente, de suprema condescendência, como dos ídolos talhados em ouro e prata à luz das tochas, indiferentes às cerimônias e ao borbulhar das paixões e sacrifícios humanos; a macia pele do rosto de dezenove anos incompletos transparece e crepita, mas não se deixa tocar e, se o faz, o seu tato é de borracha ou vinil, porque os jovens de dezenove anos incompletos são pequenas monstruosidades portadoras do aleijão psíquico, faltando pedaços como um ombro para se chorar, um olhar atento, o gesto brusco no vácuo do antebraço consolador; os lábios congelados na frase de Peter Pan "eu sou a juventude eterna!”, a mão perpetuamente brandindo a estocada final na passagem do tempo. Um adolescente é sempre monstruoso porque desumano, assim como um deus, assim como um anjo, assim como você, Robi.

Eu o conheci precisamente no dia que completava trinta anos, dirigindo amargurada meu automóvel para o analista. Pensava: o Superman também tem trinta anos — mas o fato é que ele não existe, eu sim, e muito passageiramente, pelo visto. Fisgava-me freqüentemente refletindo sobre a minha transitoriedade e a imutabilidade da natureza. Esse mesmo céu, esse mesmo crepúsculo, essa mesma intensidade de tons avermelhados e laranja que contemplei aos quinze anos, estão agora testemunhando meus trinta, inalterados, imperturbáveis, tão odiosamente imutáveis, mas, se ter consciência disso é o preço da mortalidade, eu prefiro pagá-lo a permanecer nesse estado bestialício de eternidade inanimada como as areias, os corvos, o crepúsculo, as montanhas e o mais.

O que não deixa de ser putamente injusto, prosseguia pensando, quando o ronco de uma motocicleta ao lado do automóvel sobrepujou a música em FM como também os pensamentos acima descritos, além de todo o resto, o que acabou por irritar-me. Havia esquecido que deixara o vestido levantar exibindo as coxas, daí Robi, o motoqueiro, aparecer na minha janela, caninos pingando sangue.

Por segundos, foi como se estivesse me vendo lá fora, do outro lado da juventude, há dez, doze anos atrás, o sorriso entre tímido e malicioso, olhos irrequietos, inseguros, lábios naturalmente úmidos, cabelos emaranhados e elétricos como filamentos de cobre molhado e, Deus meu, que beleza!

Quando desviei o rosto tinha envelhecido o suficiente a ponto de fixar os olhos embaçados nos ponteiros luminosos mas, empurrando a dor para baixo, sete palmos no inconsciente, senti só irritação pela intromissão do rapazinho que perturbava meus pensamentos, minha solidão, minha maturidade, espiando, sem mais nem menos, para dentro do carro, com a mesma sem cerimônia que um bebê, escondido debaixo da mesa, espiaria as calcinhas das senhoras.

Devo acrescentar que, dentro de um automóvel, sinto-me tão absolutamente só e segura como no ventre materno e, além do mais, não havia notado as coxas. A bem da verdade, fiz tudo para livrar-me dele, mas o destino conspirou:

Destino I: Motoca seguiu-me até vaga da zona azul e, após observar divertido cerca de dezoito manobras humilhantes e mal sucedidas, ofereceu-se para estacionar o automóvel de madame:

Destino II: Acertou na primeira (não que fosse muito bom, ruim sou eu, especialmente se observada por crianças. Elas me põem nervosa).

Destino III: Obrigada / Você tem telefone? / Não me importa nem um pouco deixar que os homens fa... / Estou sem lápis / Mas quantos anos você tem? / Oitenta e cinco. Tem caneta? / Não saberia exatamente o que fazer com você / (Risinho pilantra, procura pedaço de papel na carteira) / 62-3145. Tchau, tenho hora no médico / Médico? / Analista / Pra quê o psiquiatra, garota? / Analista / É. Analista / Demora pra explicar / Eu telefono / Então telefona / Meu nome é Robi / Wood? / O quê? / O meu é Diana. Tchau.

O tempo fluiu (como sempre) . Passaram-se duas semanas. Não paro em casa, mas o garoto tinha um faro diabólico. Sempre me pegava nos intervalos da muda de roupa, banho, jantar e outra escapada. Enquanto isso eu: a) estava sendo perseguida por um cineasta maldito; b) batia cartas comerciais; c) fazia um tratamento dentário intensivo; d) chateava-me com os amigos no bar; e) ou seja, merdava.

Certa tarde, final de expediente no escritório, eis Robi que surge ao lado da minha escrivaninha: vamos sair? Caninos pingando sangue. Sem saber como, ele vencera as estruturas de aço da burocracia e, munido de crachás, credenciais de apoio e um sorriso tentador, me apanhara sobre uma IBM, dois diretores afoitos e quarenta e cinco atentos funcionários entrincheirados na vastidão do expediente. Como se eu não tivesse coisa melhor a fazer no mundo que sair com ele. E não mesmo. Para mim a situação se afiguraria esmagadora, mas Robi era um caçador nato. De toda uma vasta multidão de admiradores, ele se destacara surpreendendo-me na minha própria cidadela. Ele, Robi, o motoqueiro. Era incrível.

— Sente-se, sorri divertida, já termino essa carta. Mas meus dedos tremiam. Cruzar ou não as pernas? Dirigir-me como agora ao meu ? e se ele dirigir-se à mim? Teria forças psicológicas para proceder aos processos e pareceres? Então era assim que eu sobrevivia? Aquele garoto de jeans, blusão de couro e botas de montaria, sentado displicente numa das poltronas da sala de espera, transformara-se no meu inquisidor, meu juiz de alçada, meu anjo vermelho, Lúcifer, o decaído, piscando de sua torre flamejante, reduzindo a cinzas e ao ridículo aquele santuário simétrico da burocracia. E não tinha consciência disso. Tanto melhor. Consciência tenho eu, por isso as coisas dão no que dão. Ficam mal paradas. A evidente oposição do garoto ao ambiente produzia-se como um fenômeno natural. Bastaria que ele (ou nós) acordássemos para que o encanto fosse desfeito. E as oposições são tão tentadoras , tão novela das oito, que eu já andava ansiando por uma paixão lamacenta. Na verdade, estava me atirando dentro dela. Com maiô executivo e tudo.

Saímos. No meu carro porque a moto estava quebrada. A princípio eu o fitava como se estivesse observando um formigueiro: com .curiosidade cientifica, ócio e nenhuma emoção. Puro divertimento. Dentes um tanto amarelados (feitos de doce de leite, desses com vaquinha no rótulo); olhos que jamais se fixavam no interlocutor, uma aflição mal disfarçada pelo paradeiro que dar às mãos, o crânio ligeiramente achatado, mas ao contrário do achatamento produzido pelo fórceps, bebê Robi parecia ter sido retirado da mamãe com uma forminha de tostex, Deus me perdoe, mas era só um defeitinho à toa; um belo nariz e um bom corte de cabelo, em camadas. Como James Dean, comparei mentalmente. Mas só mentalmente, não verbalizaria a comparação. Talvez ele não conhecesse James Dean. Talvez me achasse velha demais ao compará-lo a alguém antigo como James Dean. Imagino o que pensaria se exumasse coisas como George Raft ou Johnny Weismüller, tango, Tarzã, bolero e Gilda!

Mudando um pouco de assunto, estávamos num bar. Eu bebia vodca com suco de laranja, ele coca-cola. O problema não era propriamente a bebida, mas sim a falta de grana, explicou. A gente acostuma a não beber e também não fumar, vive-se de hamburgers e chiclete, é isso. Classe média alta paulistana, Robi estudava bastante, o colégio era um bocado puxado, tinha papai, mamãe, uma governanta romena (babá, neném) e só pensava em duas coisas: garotas e moto. E isso quer dizer que não pensava. Devaneava. Flutuava. Flanava. Fluía. Ele simplesmente existia! A frase de Nelson Rodrigues "toda mulher devia amar um menino de 17 anos" furou-me o ventre e atingiu em cheio o, digamos, coração. Depois havia lido numa revista feminina que o homem atinge sua potência máxima dos 13 aos 22 anos. Robi, com 19, estava na faixa. Ótimo. O problema nessa idade é que se pensa tanto em sexo que na hora de fazer quedamo-nos psicologicamente impotentes, em pânico. A realidade é tão besta comparada à fantasia, àquele ser esplendido que julgamos ser. Dos 13 aos 22 anos fazemos portanto muita ginástica. Física e mental. Mas nunca em sincronia, eis a questão. Nunca estamos onde devíamos estar, nunca estamos em parte alguma. A eterna dicotomia corpo e alma. E falando em dicotomia, a razão dos meus devaneios, no momento, fazia observações, aliás muito interessantes, sobre a sua (dele) conceituação de bem e mal. Para ele não existia. Porque, veja, garota, o que é legal pra mim pode não ser pra você, tudo é relativo, aquele mendigo fodido ali na esquina pode estar muito mais numa boa que nós aqui bebendo, meu pai se acha muito certo quando dá esmolas ou vai à porcaria duma missa, mas o mendigo pega à grana e vai comprar cachaça e o padre vai gastar o dinheiro nas corridas de cavalo e todo mundo então fica muito feliz pensando estar certo, era só não pensar ,porra nenhuma ou até cometer um crime que ia ter um sujeito feliz, sei lá, vai que o cadáver tivesse inimigos ou você própria morresse de tesão por sangue, tudo é um jogo, garota, o cara dança se não souber jogar; quer dizer, dança como meu pai, puta babaca, ou o padre viciado ou o mendigo da esquina... Menos você, Robi, pensei, julgando-os todos. Arquivando-os, classificando-os para poder controlá-los, dominá-los senão você se perde na floresta e começa a chorar de medo, neném. Fazendo voltar o filme do tempo, vi-me a mim própria dizendo aquelas s coisas. Com aquele mesmo ar de rarefeito desprezo: Mas, o coração é um. caçador solitário, sentenciei emocionada, Carson MacCullers tinha razão, e Flanery 0'Connor e todas essas irlandesas e irlandeses passionais, e até Faulkner, Scott Fitzgerald, inclusive você Robi, que nada sabe de nada, também com seu tacape envenenado.

Estávamos na época do Natal. Natal de 1976, amaldiçoado Natal fodido, mais precisamente no dia 22 de dezembro, sexta-feira, e Robi ,tinha um problema: a irmãzinha de quatro anos, faltava comprar o presente dela. Ele descobrira que Gugui (Maria Augusta) lhe daria umas luvas bacanérrimas de moto, tinham custado uma grana, garotinha genial a Gugui, ele precisava retribuir, saca? Não sabia com quê.

Uma boneca, sugeri irrefletidamente. Ele fez cara de "não dá pra inventar um presente mais criativo?" Fosse então por isso, comecei a defender veementemente a idéia: porque uma boneca voltou a ser um presente criativo, porque é o sonho de toda garotinha, porque hoje em dia tem bonecas geniais, porque era um presente que a Gugui não esqueceria, porque eu ajudaria a escolher e porque e porque. E perguntei quanto ele tinha porque, além de tudo, uma boneca custa uma nota preta. Robi espiou a carteira: uma quina e dois duques. Setecentos, somei e traduzi mentalmente, deve dar.

Mas a tal boneca custou. duas quinas que eu tive de ajudar a pagar. Enquanto ele pegava o dinheiro, meio sem jeito, eu argumentava:

- Fica como um presente meu para a Gugui. Sem ela saber, claro. Papai Noel é invisível. E depois, até que eu gostaria de ter uma irmãzinha só para dar um presente como esse...

Ele me olhou como quem diz "não faz média. Paga e pronto". O.K. Robi; neném, vou ser clara. Para falar a verdade não ligo a mínima pra dinheiro, mas esta noite eu acho que tenho de suborná-lo. A você e à sua juventude. Pensava tudo isso enquanto ele guiava sem destino (a boneca no banco de trás), perdidos no trânsito pesado daquela cidade cheia de luzes, vozes arranhando alto-falantes, sinos transistorizados de Belém, reflexos dourados, homens sanduíche, lixo, gritos de crianças ensandecidas pela Noite Feliz.

E agora? O olhar dele desceu agudo, filhote de falcão da campina, sobre minhas pernas cruzadas. Senti-me desconfortável. Sugeri comermos. Ele disse está bem e eu olhei bem firme para frente. Não queria ver aqueles olhos, não queria ver aquele rosto, não queria ver aquela expressão especialmente perversa, infantilmente perversa, não queria me sentir velha demais, o outro lado do espelho desse rosto cuja expressão também já fora minha, e sabia, que ele pressentia haver algo errado comigo, essa minha pretensa segurança, pretensa maturidade, um vago movimento de mendicância, e que, por exemplo, nem ao menos eu gostava de mim, senão não prosseguiria por tempos imemoriais caçando aves implumes na orla do pântano. Se não estivesse ferida, estaria voando.

Fomos a uma cantina italiana. Ou melhor, eu o levei a uma cantina italiana. Garçons amigos, contas penduradas, etc. A luz avermelhada das velas incidindo sobre o xadrez vermelhinho das toalhas e lambendo-lhe o rosto, Robi ficava com uma expressão solene, de coroinha. Mas não era bem assim, principezinho do ritual de iniciação. Ajeitei-me na cadeira, pedi mais vinho, segurei sua mão debaixo da mesa (ele não admitia demonstrações em público), apalpei suas pernas musculosas debaixo do grosso índigo blue, pedi-lhe para afastar as coxas, mergulhei a mão com segurança, fechei os olhos e pensei: Meu Deus. Retirei a mão, voltei ao vinho. Robi continuava sério, olhando além da janela, além dos queijos, dos salames, dos presuntos que oscilavam sobre sua cabeça. Como quem acompanha o vôo de uma mosca, foi descendo a vista e perguntou o que está olhando? Eu disse nada / me deixa encabulado / porque? / fica me olhando assim / assim como? — mordi os lábios, não confessar nunca! Nada. Não quer mais vinho? Estendeu o copo, enchi, sorrimos. Não gostaria de ir para outro lugar? Os olhos negros baixos no prato foram levantando lentamente, emergindo da sombra com macia ironia, mas o foco não subiu além dos meus lábios. bem. Apague a vela, neném.

Sensivelmente alterada, informei-lhe que guiaria o automóvel. Não disse nada. Sentou ao meu lado num silêncio noturno de animal confiante. As ruas que percorremos estão na minha lembrança como um longo corredor recheado de espessa nebulosa cinza-chumbo varrida por vento escuro. De esquina em esquina, clarões e colares de luzes assaltavam a mente enevoada, mas, nem por isso, desviei-me do trajeto impresso em meu cérebro como uma fita gravada, alheia ao álcool, aos impulsos, à minha dor.

Bati a porta do carro. Robi, do outro lado, hesitava, olhando o pacote, retângulo negro de estrelinhas prateadas sobre o banco traseiro. É só uma boneca, ninguém vai roubar, ela tem destinatário. Encarou-me magoado — "é só uma boneca" — mas eu já não estava pensando nisso.

0 quarto tinha um espelho redondo sobre a cama, e foi nele que eu e Robi nos vimos pela primeira vez. Aparentemente não havia nenhuma diferença: uma mulher de estatura média, cabelos castanhos sobre os ombros, rosto oval e pálido. Um homem, também de estatura mediana, cabelos, etc. Nada. Nenhum indício do buraco negro, o corte no tempo. Robi respirou fundo e agarrou-me por trás, grudando-se ao longo do corpo. Eu disse calma e ele me jogou no colchão como uma bola de pingue pongue. Oscilei umas duas vezes, o colchão gemeu dolorosamente. Deitou sobre mim, tentando desabotoar-me. Está perdendo tempo, eu disse levantando e me despindo. Cabeça pousada nas mãos, Robi sorria, preparando-se para assistir. Muito esperto. Despi-me rapidamente e fiquei olhando bem na cara dele. Pronto, eu disse, agora você. Desviou o rosto, sem graça. Com a mão esquerda foi tirando o blusão, a direita apagou a luz do teto, permanecendo apenas o foco avermelhado do abajur. Estava deitada, fumando, quando sua massa rija desabou sobre mim. Procurei seus lábios mas ele disse não, estou resfriado. Então. esperei. Você gosta assim? perguntou ajeitando-me de bruços. Abraçava-me com palmas e dedos gelados, comprimindo minhas costelas, machucando-as, em vez de acariciá-las. A coisa funciona só da cintura para baixo, como um vibrador elétrico, mas é bom, pensei, deixando-me penetrar rijamente pelas costas, usando, por assim dizer, só uma parte do meu corpo, como se o resto estivesse paralisado, ou morto, como se aqui ninguém suportasse um dramático relacionamento frontal, com beijos, orifícios, acidentes e cicatrizes, com um rosto, um nome, uma biografia. 0 prazer é bom, pensei, costuma ser forte, mesmo assim... Espiei Robi e seu desempenho: cabelos grudados na testa molhada, uma das sobrancelhas arqueadas de perversidade, lábios entreabertos para respirar, braços esticados, mantendo-me firmemente afastada de seu corpo para ver melhor. 0 que me chateia é esse distanciamento crítico, parece estar consertando a moto — essa máquina de prazer — está olhando a coisa funcionar, como seu próprio coração a bater fora do corpo, as engrenagens da máquina molhadas de suor e gosma orgânica, mais lento, mais acelerado, mais lento, agora rápido, acelere, mais rápido, mais rápido. Pronto. Terminou.Ouvi Robi ofegar. Continuei de costas. Estendi o braço e peguei um cigarro. A respiração agora era regular, pesada. Virei-me para olhá-lo: havia algo de comovedor — sempre há algo de comovedor — num jovem adormecido. Ficam tão desamparados. Braços estirados de sonâmbulo (os mesmos que me empurravam, potentes, há quinze minutos), mãos como dois pássaros gêmeos, aninhados, desvalidos, o sexo recolhido no meio das pernas, envolto em espumas de marés mortas, os músculos faciais desabados, descompostos, oferecendo-se e negando-se ao mesmo tempo, supremamente, a qualquer contato humano, fosse um soco ou um beijo, esse rosto inumano das crianças e dos deuses, esse destruidor florido por sobre quem paira agora essa atmosfera verde de piscina lunar salgada, esse vapor ardente e mortal, bafo primordial de mundos e canteiros de estrelas, de sentimentos em estado gasoso, sóis e planetas.

Bem, pensei, é tarde. Vesti-me rapidamente, em silêncio. Fechei a porta sem ruído. Desci. O saguão deserto. Ao entrar no automóvel ,vi o pacote no banco de trás. Essa agora, pensei. Carreguei essa boneca tempo demais, as juntas dos dedos me doem, o barbante áspero imprimiu marcas profundas, roxas, em cruz, nas palmas feridas, o seu peso é insuportável. Reunindo minhas últimas forças, consegui tirá-la do carro e levá-la até a portaria do hotel. Um empregado sonolento atendeu-me:

— É para o rapaz do 35. Acorde-o às seis e quarenta e entregue o presente. Com votos de Feliz Natal, pensei. Virei as costas e saí.

Guiando de volta para casa, eu me intrigava porque havia mandado o sujeito acordá-lo às seis a quarenta, porque especificamente seis e quarenta? Anoto mentalmente: perguntar ao analista.


Márcia Denser nasceu em São Paulo e publicou seu primeiro livro, Tango Fantasma, aos 23 anos. Aos 24 anos iniciou seus trabalhos jornalísticos na revista "Nova", da Editora Abril, onde, por dois anos, assinou a coluna "Nova Lê Livros". Formou-se em Comunicações e Artes pelo Mackenzie. Jornalista, publicitária e editora, trabalhou na Salles, Folha, Interview, Around, Vogue, A-Z, onde foi redatora de criação, repórter especial, cronista e colunista de livros.

Coordenadora de Oficinas Literárias desde 1990, tem obras publicadas na Alemanha, Suíça, Holanda, Estados Unidos e Rússia. Participou do Lateinamerikas'90, programa de intercâmbio cultural Brasil/Alemanha, ao lado de Marcos Rey, Oswaldo França Jr., Nelson Pereira dos Santos e Suzana Amaral, dando conferências em oito cidades da Europa. Ficou conhecida como a escritora favorita de Paulo Francis que dela disse: "Há no Brasil uma escritora que sabe escrever. Seu nome é Márcia Denser. Tem uma linguagem límpida, sem retoques, bem diversa desse pseudo-romantismo retórico que caracteriza boa parte da nossa ficção. Denser situa-se entre os raros criadores de linguagem, aqueles que têm algo de muito novo a dizer. Quanto aos outros, resta-lhes a rabeira da História.”

Muitos a intitulam de musa dark da literatura brasileira.

Bibliografia:

— No Brasil:

- Tango Fantasma (contos), 1977.

- O Animal dos Motéis (novela em episódios), 1981.

- Muito Prazer (contos eróticos femininos), antologia, 1982.

- O Prazer é Todo Meu (contos eróticos), antologia, 1984.

- Exercícios para o Pecado (novelas e contos), 1984.

- Diana Caçadora (contos), 1986.

- A Ponte das Estrelas (aventura), 1994.

- Diana Caçadora & Outras Histórias (antologia pessoal, no prelo).

— No Exterior:

- Tigerin und Leopard, Amman, Zurique, 1988, e Rowoholt Verlag, Suíça, 1992.

- Het Lekkerste in he Leven, Novib, Utrecht, Holanda, 1992.

- On Hundred Years After Tomorrow (brazilian women's in the 20th century), Indiana Press, Indiana, USA, 1994.

- Urban Voices, Contemporary Short Stories from Brazil, University Press of America, Maryland, USA, 1999.


Texto foi extraído do livro "Animal dos Motéis", Civilização Brasileira- Massao Ono / Editores — Rio de Janeiro, 1981, pág. 31.

Amor, além da Eternidade - Rosa Guerrera


Elizabeth Barret nascida em Durham, autora de obras poéticas de grande sensibilidade na literatura inglesa, (provavelmente decorrente de sua frágil saúde e temperamento arredio),. viveu sua infância numa casa de campo, em Worcestershire quando aos 15 anos contraiu grave doença da qual nunca se recuperou por completo. Mudou-se para Londres (1836), onde publicou seu primeiro volume de poesias, The Seraphim and Other Poems (1838), porém sua consagração como poeta veio definitivamente com a segunda coletânea de poesias, Poems (1844). Casou em 1846 com o também o poeta Robert Browning, apesar da oposição da família... proibição motivada por ser ..Robert ao contrário da vida isolada de Elizabeth, um rapaz que de vasta cultura participava então do mundo distinto da época. Amante também da poesia , Robert após ler as obras de Elizabeth começou a amá-la , escrevendo-lhe cartas e fazendo versos , mesmo sem conhece-la pessoalmente.Seduzido pelos escritos da jovem , enamorou-se perdidamente por Elizabeth , que através de versos correspondia aquele inexplicável amor.Um dia , finalmente se encontraram e entenderam a beleza do amor que os enlaçava .Fugiram e se casaram na Itália sem que nunca abandonassem o elo que um dia os apresentou :a poesia.. Todos os poemas que escreveram mesmo depois de casados , retratavam o grande amor que os acompanhou até a morte .Entre os inúmeros escritos de Elizabeth Browning ,na minha opinião se destaca esses versos que ora transcrevo: ... "Amo-te quanto em largo, alto e profundo/Minh'alma alcança quando, transportada,/Sente, alongando os olhos deste mundo,/Os fins do Ser, a Graça entressonhada./Amo-te em cada dia, hora e segundo:/A luz do sol, na noite sossegada./E é tão pura a paixão de que me inundo/Quanto o pudor dos que não pedem nada./Amo-te com o doer das velhas penas;/Com sorrisos, com lágrimas de prece,/E a fé da minha infância, ingênua e forte./Amo-te até nas coisas mais pequenas./Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,/Ainda mais te amarei depois da morte." Esse poema foi escrito por Elizabeth poucos dias antes de morrer , e entregue ao marido como prova maior do grande amor que os uniu .Elizabeth morreu em Florença nos braços de Robert, que traduziu a sua dor numa única frase : "Sempre sorrindo e com uma expressão de felicidade no seu rosto de menina, faleceu, em poucos minutos, com a cabeça apoiada na minha face". Esse amor não é nem foi um conto de fadas .Ele foi único, inalterável, verdadeiro, que vencendo as barreiras de uma época jamais se desgastou, mas que permanece até hoje nos versos poéticos escritos e vividos por dois corações que nunca se separaram.: Robert e Elizabeth Browning !

por rosa guerrera

O Cariricaturas recebe o seu primeiro cartão de Natal -Heládio Teles Duarte




Verso e Reverso

As cidades perdidas da Amazônia

A floresta tropical amazônica não é tão selvagem quanto parece.por Michael J. Heckenberger
LUIGI MARINI

Kuhikugu, conhecida pelos arqueólogos como sítio X11, é a maior cidade pré-colombiana já descoberta na região do Xingu na Amazônia. Abrigava mil pessoas ou mais e servia como o eixo central de uma rede de aldeias menores.
Quando o Brasil criou o Parque Indígena do Xingu em 1961, a reserva estava longe da civilização moderna, aninhada bem no limite ao sul da enorme floresta amazônica. Em 1992, na primeira vez em que fui morar com os cuicuro, uma das principais tribos indígenas da reserva, as fronteiras do parque ainda ficavam dentro da mata densa, pouco mais que linhas sobre um mapa. Hoje o parque está cercado de retalhos de terras cultivadas, com as fronteiras frequentemente delimitadas por um muro de árvores. Para muitos forasteiros, essa barreira de torres verdes é um portal como os enormes portões do Parque Jurássico, separando o presente: o dinâmico mundo moderno de áreas cultivadas com soja, sistemas de irrigação e enormes caminhões de carga; do passado: um mundo atemporal da Natureza e de sociedade primordiais.Muito antes de se tornar o palco central na crise mundial do meio ambiente como a gigantesca joia verde da ecologia global, a Amazônia mantinha um lugar especial no imaginário ocidental. A mera menção de seu nome evoca imagens de selva repleta de vegetação respingando água, de vida silvestre misteriosa, colorida e com frequência perigosa, de um entremeado de rios com infinitos meandros e de tribos da Idade da Pedra. Para os ocidentais, os povos da Amazônia são sociedades extremamente simples, pequenas tribos que mal sobrevivem com o que a Natureza lhes oferece. Têm conhecimento complexo sobre o mundo natural, mas lhes faltam os atributos da civilização: o governo centralizado, os agrupamentos urbanos e a produção econômica além da subsistência. Em 1690, John Locke proclamou as famosas palavras: “No início todo o mundo era a América”. Mais de três séculos depois, a Amazônia ainda arrebata o imaginário popular como a Natureza em sua forma mais pura, e como lar de povos aborígines que, nas palavras de Sean Woods, editor da revista Rolling Stone, em outubro de 2007, preservam “um estilo de vida inalterado desde o primórdio dos tempos”.A aparência pode ser enganosa. Escondidos sob as copas das árvores da floresta estão os resquícios de uma complexa sociedade pré-colombiana. Trabalhando com os cuicuro, escavei uma rede de cidades, aldeias e estradas ancestrais que já sustentou uma população talvez 20 vezes maior em tamanho que a atual. Áreas enormes de floresta cobriam os povoados antigos, seus jardins, campos cultivados e pomares que caíram em desuso quando as epidemias trazidas pelos exploradores e colonizadores europeus dizimaram as populações nativas. A rica biodiversidade da região refl ete a intervenção humana do passado. Ao desenvolverem uma variedade de técnicas de uso da terra, de enriquecimento do solo e de longos ciclos de rotatividade de culturas, os ancestrais dos cuicuro proliferaram na Amazônia, apesar de seu solo natural infértil. Suas conquistas poderiam atestar esforços para reconciliar as metas ambientais e de desenvolvimento dessa região e de outras partes da Amazônia.
Fonte: Scientific American Brasil

Ibirapitanga - Artur Gomes

hoje vi na rua a palavra
ibirapitanga que eu não conhecia
e mesmo não a conhecendo
já sabia que existia

assim como: ibirapitinga
ibiratininga
annhangabaú anhanguera
araraquara jabaquara
ibirapuera

leia mais aqui: http://goytacacity.blogspot.com
Artur Gomes & May Pasquetti em Bento Gonçalves-RS

COMPOSITORES DO BRASIL


Por Zé Nilton

A crônica da Música Popular Brasileira, não raro, costuma, logo de saída, enaltecer as virtudes físicas de Custódia Mesquita, antes de suas qualidades como compositor, músico, excelente pianista e ator. Tem também a sempre lembrada versão de que fora um homem de desprendida generosidade. Ressalte-se que esse bonachão nascera em berço de ouro.

Era conhecido como aquele que não deixava ninguém de mãos vazias. Passasse um mendigo, ele corria em sua ajuda. Era useiro e vezeiro em convidar mendigos para jantar a famosa canja em restaurantes, nas suas noites de boêmia no Rio antigo. Certa vez um nordestino dirigiu-se a ele implorando algo para matar a fome da família. Custódio, olhando para aquele pai, esposa e filhos a sua frente, não tergiversou: tirou o relógio de ouro do bolso, com corrente e tudo, e entregou ao pobre retirante. E ainda ligou para a polícia, dizendo:

- Quem fala aqui é o Custódio Mesquita. Se encontrarem um pobre homem maltrapilho, com a mulher e os filhos, vendendo um relógio de ouro, não o prendam porque ele não é ladrão. Fui eu quem lhe dei o relógio. Qualquer dúvida, podem procurar-me”.
Sempre muito bem alinhado, de terno e gravata, mostrava uma elegância e boa aparência, por isso chegou a ser alcunhado de o “Tyrone Power brasileiro”. Mas o bom mesmo é lembrá-lo como um excelente compositor, que deixou uma obra das mais dignas no cancioneiro popular.

Viveu seu tempo, os anos 30 e 40 do século passado, sob intensa produção artística. Ajudou a todas as artes com sua generosidade. Elevou muita gente, entre músicos, artistas, radialistas cobrindo despesas, nem sempre ressarcidas, para o bem da vida e da arte.

Sua obra ocupa local de vanguarda, é avançada na época em que ele a escreve. Exerceu um papel relevante e pioneiro no panorama geral da música popular brasileira. O maestro Guerra Peixe disse: “Custódio compôs obras válidas... muito bem trabalhadas, bem arranjadas, com melodias de alto valor e de forma definitiva”.
Ah, esse boêmio notívago, brincalhão, alegre, conquistador e generoso, nunca foi chegado à bebida alcoólica. Suas noites eram regadas a café, bebida que tomava em demasia. Morreu de insuficiência hepática e intoxicação alimentar, em 13 de março de 1945. Seu parceiro mais constante foi o músico e ator Sadi Cabral.

Hoje, vamos recordá-lo falando de sua obra e ouvindo algumas de suas inesquecíveis canções.

Mulher. C. Mesquita e Sadi Cabral, com Emilio Santiago
Naná. C.Mesquita e Geisa Bóscoli,com Orlando Silva, grav. da RCA. De 1940
Velho realejo. C.Mesquita e Sadi Cabral, com Nelson Gonçalves e Rafael. Rabelo
Se a lua contasse. C. Mesquita, com Aurora Miranda
Nada além. C. Mesquita e M. Lago, com Orlando Silva
Caixinha de música. C.Mesquita, com Sílvio. Caldas
Promessa. C.Mesquita, com Marcos Sacramento
No meu tempo de criança, de C. Mesquita, com Francisco Alves, gravação RCA, 1940
Mês de Maio - Custódio mesquita. Edgar Proença,com Orlando Silva, Rca., 1942
Emília, de C. Mesquita, com Vassourinha
Saia do caminha. Custódio mesquita. Nelson Gonçalves e Tetê Espíndola

Quem ouvir, verá !

Informações:
Programa Compositores do Brasil
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Sempre às quintas-feiras, a partir das 14 horas
Rádio Educadora do Cariri
Apoio: CCBN

O CRATO NÃO É MAIS A TERRA DA CULTURA

Não somos mais a “TERRA DA CULTURA”.
Infelizmente podemos constatar que os nossos valores, hoje, são outros. Podemos nos despedir do Mestre Aldemir e do seu Reisado. Do Maneiro Pau, das Quadrilhas, das Bandas Cabaçais, dos nossos artesãos,etc.
Para uma grande parcela do povo do Crato (os que se dizem cultos), eles hoje representam o atraso. Atraso que só o povo sem cultura, aqueles da periferia, lá da zona rural, gosta. Será? Isso é verdade?
Eles estão confinados a minúsculos espaços na nossa cidade. Estão confinados ao gosto de uns poucos que teimam em não acompanhar a tão propagada MODERNIZAÇÃO.
Ouvi dizer que no Juazeiro o povo gosta. Tem até uma praça dedicada aos Mateus dos reisados, aos Bacamarteiros, aos Romeiros. Em Barbalha, a cultura, dita popular, já chegou às escolas. Será que eles são incultos??
Se assim for, o que dizer então do povo de Recife, com os seus Maracatus, com o frevo e os seus carnavais??. O que dizer do povo de Maranhão com o seu Boi Bumbá?? O que dizer das festas negras da Bahia?? E dos Guerreiros Alagoanos?? Seus reisados??
Vou além mar...O que dizer do Fado português? das danças Russas? do Kabuki Oriental? da dança do ventre? Não serão todos representantes culturais dos seus países??
Eles por aqui aportam como ATRAÇÕES INTERNACIONAIS...

Vivemos a era do eletrônico sim. Mas, isto é um motivo para a morte desses valores? O mundo todo vive essa dicotomia. Por quê em outros lugares as duas coisas convivem em paz? Será que todos são burros? Incultos?

Por quê será que a Europa manda buscar no Cariri a Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos?? Talvez por serem burros, iletrados, incultos.
Hoje é dia da Cultura. Mas... onde está a nossa cultura?? Onde andam os nossos fomentadores?? Onde andam os nossos músicos? Atores? Artistas plásticos?
A maior festa do Crato lhes nega espaço e se expõe aos “forrós eletrônicos”(se é que podemos chamar de forró). Os nossos valores são confinados a um minúsculo palco.
Que motivos tem os “papas” da expocrato para acharem que eles não tem direito ao Palco Principal?? A um espaço digno. Eles não representam a cultura da cidade??
Já vi shows que não deixaram a desejar. Ex-Dihelson, Lifanco, Abidoral, Cleivan, etc...
A nossa cidade é muito rica culturalmente. Temos músicos clássicos, grandes instrumentistas, poetas, atores, cantores, artistas populares aos montes, artistas plásticos, etc, etc, etc... Falta a valorização desses artistas. Falta-lhes espaços.
Pergunto novamente: Onde andam os nossos fomentadores??

ACOOOORDA CRAAATO. “ TERRA DA CULTUUUURAAAA”.

Já que bradamos ao mundo que somos a terra da cultura, briguemos por ela.
HOJE É DIA DA CULTURA. PODEMOS COMEMORAR???

Wilton Dedê

Visões - Por Pedro Felicio Cavalcante.

Na penumbra translucida dos sonhos,
Vejo teu vulto e escuto tua voz.
E muitas vezes pensando em ti suponho,
Que se me foge o sofrimento atroz.

Se o teu retrato sobre a mesa eu ponho,
Logo adormeço e julgo ver-te em pós.
E desperto infeliz e tão tristonho,
Vendo que estou inteiramente a sós.

E nessa tristeza que me dilacera,
Martirio d'alma que no peito impera,
Uma saudade atroz que me consome.

E quando fito o firmamento e vejo,
No azul passeando em lucido cortejo,
Vejo as cinco letras do teu lindo nome.

Postado por A. Morais

Concerto nr 1 de Thaikovsky - Socorro Moreira

Se eu fechar os olhos, sinto-me no Cine Educadora ... Só ou bem acompanhada, que interessa?
As luzes apagadas , o filme começando ... Que importa o filme , que será exibido?
"Jovens anos de uma rainha", "Noviça Rebelde" , "Sabrina" ...?
Eu queria o Cine Educadora de volta!
Aquelas rampas enfileiradas de gente , chicletes na bolsa de estudante ... Meu Crato de todos os tempos !

Piotr Ilitch Thaikovsky



Piotr Ilitch Tchaikovsky (em Russo: ? Пётр Ильич Чайковский, Por vezes, Transliterado Pyotr Ilyich Tchaikovsky); Kamsko-Wotkinski SAWOD, real Tchaikovsky, 7 de maio de 1840 -- São Petersburgo, 6 de novembro de 1893) Foi um compositor romântico Russo.

Embora não faça parte do chamado Grupo dos Cinco (Mussorgsky, César Cui, Rimsky-Korsakov, Balakirev e Borodin) De compositores nacionalistas daquele país, sua música se Tornou conhecida e admirada por seu carácter distintamente russo, bem como por suas ricas harmonias e vivas melodias. Suas obras, no entanto, foram mais ocidentalizadas muito do que aquelas de seus compatriotas, uma vez que ele utilizava elementos internacionais ao lado de melodias populares nacionalistas russas. Tchaikovsky, assim como Mozart, É um dos poucos compositores aclamados que se sentia Igualmente Confortável escrevendo óperas, sinfonias, concertos e obras para piano.

Piotr Ilich Tchaikovsky nasceu em Maio de 1840, Na cidade de Kamsko-Votkinsk, na Rússia, Filho de um engenheiro de minas ucraniano chamado Ilya com sua segunda esposa, Alexandra, de ascendência francesa.

Desde cedo Tchaikovsky interessou-se por música. Seu primeiro contato foi aos cinco anos com um velho órgão mecânico que havia em sua casa, onde aprendeu algumas árias da moda ajudado por sua mãe.

Em 1848 uma família fixa-se em São Petersburgo, Onde o compositor toma as primeiras aulas teóricas musicais com diversos professores particulares, entre eles o maestro Filipov.

Mas em 1850 os desejos da família eram que fosse advogado. Foi para a Escola de Direito de São Petersburgo onde cursou até 1859, Mostrando-se um estudante muito aplicado, e antes mesmo de se formar foi empregado como funcionário do Ministério da Justiça.

Em 1854 morre sua mãe. Fato que, segundo alguns biógrafos e estudiosos de sua vida, o marcou profundamente.


Tchaikovsky em 1874Em 1863 Tchaikovsky decide dedicar-se Inteiramente uma carreira musical. Opondo-se totalmente às expectativas da família, abdica da carreira jurídica e se matricula não Conservatório de São Petersburgo, onde permanece três anos. É no Conservatório que Tchaikovsky tem contato com as obras dos grandes mestres alemães, bem como com composições de Glinka, Meyerbeer, Schumann e Liszt. Foi aluno de Anton Rubinstein em Orquestração, E de Nikolai Zaremba Composição em.

Em 1866 por convidado é Nikolai Rubinstein, Irmão de Anton Rubinstein e diretor do Conservatório de Moscou, Para dar aulas de Teoria Musical e Composição. Foi até professor 1878.

Em 1867 foi um dos designados pelo Conservatório de Moscou uma Receber oficialmente Hector Berlioz Em sua viagem a Russia.

Em 1868 trava contato com o Grupo dos Cinco, Contra movimento nacionalista russo que compatilhava do ideal de Criar uma música fundada sobre o folclore nacional, a tutela e influência das escolas francesa e italiana. O grupo formado pelos compositores era Mily Balakirev, César Cui, Mussorgski Modest, Aleksandr Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov.

Em 1875 Viaja pela Europa e conhece em Paris Saint-Saëns, Franz Liszt, Georges Bizet e Jules Massenet.


Tchaikovsky com uma esposa AntoninaEm 1876, Nikolai Rubinstein apresenta o compositor Nadyezhda à baronesa von Meck, que se sente profundamente atraída pela obra de Tchaikovsky. Incialmente uma baronesa o incumbe em algumas Transcrições para piano e violino, mas em seguida se converte em mecenas de Tchaikovsky, sob a única condição de comunicarem-se somente por carta. Essa correspondência durou quatorze anos, sem nunca terem se visto. O Mecenato resguardou Tchaikovsky de dificuldades financeiras durante esse tempo. (A Sinfonia n º 4 em Fá Menor, opus 36, É dedicada a baronesa) Nesse mesmo de 1876 recebe o encargo de coreógrafo do Teatro Bolshoi de Moscou, Onde nasce o ballet O Lago dos Cisnes.

Em carta de 1876 um irmão seu, confessa estar atormentado por tendências homossexuais desde a juventude, e que faria tudo o que fosse Possível para se casar e afastar todos os rumores que o incomodavam. Em 1877 Casa-se com uma aluna do Conservatório de Moscou, Antonina Miliukova. Matrimônio que desde o início um superdotado fóruns. Inicialmente porque sua esposa não se interessava por suas composições e projetos artísticos.


Tumba de Tchaikovsky, cemitério de Alexander Nevsky Monastery, St.PetersburgoO Mecenato da baronesa von Meck possibilitava Tchaikovsky dedicar-se exclusivamente a composição, então em 1878 deixa sua cátedra não Conservatório de Moscou.

Em 1880 Nikolai Rubinstein o incumbe de compor uma abertura sinfônica-coral de tema patriótico, prevista para a inauguração da uma exposição em Moscou: nasce um Abertura 1812.

Em 1892 já não conta mais com uma ajuda da baronesa von Meck. Sua irmã Alexandra morre. E aos cinqüenta anos tem a aparência de um homem muito mais velho.

Em junho de 1893, Tchaikovsky recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Cambrigde. Em outubro do mesmo ano sua saúde se agrava profundamente. Dia 6 de Novembro de 1893 Tchaikovsky morre aos 53 anos, em São Petersburgo.

Seu sobrenome é derivado da palavra Tchaika (чайка), que, em Russo, Significa Gaivota.
Tchaikovsky foi o primeiro compositor russo a dar ao ballet uma dimensão orquestral.
Tchaikovsky talvez seja mais conhecidos por seus Bailados, No entanto foi apenas no fim de sua carreira, com seus Balés dois últimos, que seus contemporâneos passaram uma apreciar suas qualidades como autor desse gênero.

Wikipédia

Por trás dos versos - Por Claude Bloc

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Texto e foto por Claude Bloc

Optei! - Por Claude Bloc

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Nossa vida é feita de opções Optamos a cada dia. Optamos sempre. Creio que todos os dias somos conduzidos a optar por isso ou por aquilo.
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Começamos por fazer escolhas logo que acordamos, quando vamos comer alguma coisa no café da manhã, quando queremos escolher o que vamos vestir para sair, ou quando temos que decidir o que vamos fazer ao longo do dia. Depois, aparecem aquelas opções mais complexas, que interferem mais fortemente nas nossas vidas. Normalmente são coisas que poderão implicar em mudanças mais significativas na nossa forma de ser ou estar. De querer ou não querer.
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E o que pode estar por trás dessas opções? Nossa felicidade ou nosso bem-estar? A cada momento, optamos por este ou por aquele caminho, porque, num dado momento da nossa vida, nos pareceu que seria o caminho certo... Mas e daí? Seremos mais ou menos felizes com nossas escolhas?
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Para mim isso está claro. Sinto-me feliz da forma que vivo, conforme as escolhas que fiz. Não por ter escolhido este ou aquele caminho, mas por ter escolhido vários caminhos que me conduziram até aqui. Por ter conhecido as pessoas que conheci, por amar as pessoas que amo. São todas essas coisas as pedrinhas que amalgamaram a estrada da minha vida (não tem pedras, o nosso caminho?). Aprendi até a gostar dessas pedrinhas que ladrilham minha estrada. Pedras que rolaram sob meus pés, incomodaram, mas que de muitas formas são ou foram importantes num determinado momento de minha vida. Como a primeira gota de chuva depois do estio.
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Mas... se pudesse voltar atrás, admito que corrigiria algumas coisas, no entanto, manteria, o essencial, o rumo que segui até aqui. Porque me recuso a abrir mão de tudo aquilo que amei e que amo. Optei!

. Texto e foto por Claude Bloc

Rui Barbosa - estadista e escritor brasileiro



5/11/1849, Salvador (BA)
1o/3/1923, Petrópolis (RJ
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Rui Barbosa consagrou-se como a águia de Haia, na Conferência de paz daquela cidade, em 1907

Rui Barbosa de Oliveira bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1870. No início da carreira, na Bahia, engajou-se numa campanha em defesa das eleições diretas e da abolição da escravatura. Depois, seria político relevante na República Velha, ganhando projeção internacional durante a Conferência de Paz de Haia (1907), em que defendeu a teoria brasileira de igualdade entre as nações.

Eleito deputado na Assembléia Provincial da Bahia em 1878, passou no ano seguinte a deputado geral (ou seja, representante da província no Legislativo nacional, no Rio de Janeiro). Atuou na elaboração da reforma eleitoral, na reforma do ensino e na emancipação dos escravos.

Com a República, tornou-se vice-chefe do governo provisório e assumiu a pasta das Finanças. Também escreveu o projeto da Carta Constitucional da República. Sendo dissolvido o Congresso por Deodoro da Fonseca, Rui abandonou o cargo que ocupava e passou à oposição.

Em 1893, envolveu-se na Revolução da Armada e acabou exilado. Após ter passado pela Argentina, Lisboa, Paris e Londres, voltou para o Brasil e foi eleito senador pela Bahia em 1895.

Rodrigues Alves, presidente da república, designou-o representante do Brasil na 2ª Conferência de Paz de Haia. No Brasil, dada sua brilhante inteligência e eloqüência, ganhou por isso o título "Águia de Haia".

A verdade, porém, é que a impressão causada por lá não foi tão positiva assim (o representante alemão, por exemplo, não foi o único a considerar Rui "o mais aborrecido dos participantes"). No final da vida, ainda seria eleito juiz do Tribunal Internacional de Haia.

Em 1916, indicado pelo então presidente Venceslau Brás, representou o Brasil no centenário da independência argentina, discursando na Faculdade de Direito de Buenos Aires sobre o conceito jurídico de neutralidade. Em plena Primeira Guerra Mundial, o discurso causaria a ruptura das relações do Brasil com a Alemanha.

Três anos depois, Rui recusaria o convite para chefiar a delegação brasileira na Conferência de Versalhes (1919), que estipulou os termos da paz entre vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra.

Com seu enorme prestígio, Rui Barbosa candidatou-se duas vezes à Presidência da República (nas eleições de 1910, contra Hermes da Fonseca, e nas de 1919, contra Epitácio Pessoa em 1919), mas foi derrotado em ambas.

Como jornalista, escreveu para diversos órgãos, em especial "A Imprensa", o "Jornal do Brasil" e o "Diário de Notícias", tendo presidido esse último. Sócio-fundador da Academia Brasileira de Letras, sucedeu a Machado de Assis na presidência da casa.

Rui Barbosa morreu aos 73 anos. Sua extensa bibliografia, em mais de cem volumes, reúne artigos, discursos, conferências e anotações políticas escritas durante toda uma vida. Sua vasta biblioteca, com mais de 50 mil títulos, pertence à Fundação Casa de Rui Barbosa, em sua antiga residência no Rio.


uoleducação

Frei Damião - O missionário dos sertões


Frei Damião de Bozzano, nascido Pio Giannotti, OFMCap (Bozzano, 5 de novembro de 1898 — Recife, 31 de maio de 1997) foi um frade italiano radicado no Brasil. Era filho dos camponeses Félix Giannotti e Maria Giannotti.

Começou sua formação religiosa aos 12 anos, quando foi estudar em um colégio de padres. Aos dezenove anos foi convocado para o exército italiano e participou da Primeira Guerra Mundial. Aos 27 anos diplomou-se em teologia pela Universidade Gregoriana em Roma e foi docente do Convento de Vila Basélica e do Convento de Massa.

O frade capuchinho, ordenado sacerdote em 25 de agosto de 1923, veio do norte da Itália para o Brasil no início da década de 1930, estabelecendo-se no Convento de São Felix da Ordem dos Capuchinhos, sendo venerado por fiéis, principalmente nordestinos, pois foi nessa região que ele viveu a maior parte de sua vida, fazendo peregrinações pelas cidades, dando comunhão, confessando, realizando casamentos e batismos. Por muitos nordestinos considerado como santo, encontra-se atualmente em processo de beatificação desde 31 de maio de 2003.

Por dia, muitas cartas chegam ao Convento de São Félix, contando fatos de cura, milagre, que a ciência não consegue entender.


Frei Damião, recém-chegado ao BrasilSua primeira missa foi nos arredores da cidade de Gravatá, em Pernambuco, na capela de São Miguel, no Riacho do Mel. Anualmente, no mês de maio, realiza-se naquela cidade as Festividades de Frei Damião: uma grande caminhada sai da Igreja Matriz Nossa Senhora de Santa'Ana (no centro de Gravatá) e vai até a Capela do Riacho do Mel.

Na cidade de Recife, mais precisamente no Convento de São Felix da Ordem dos Capuchinhos, onde se encontra seu corpo, acontece desde sua morte no final de maio Celebrações para Frei Damião.

Em 27 de setembro de 1977, recebeu o título de Cidadão de Pernambuco e, em 4 de maio de 1995, o título de Cidadão do Recife.

Frei Damião ocupou-se em disseminar “as santas missões” pelo interior do Nordeste. “As santas missões” eram um tipo de cruzadas missionárias, de alguns dias de duração, pelas cidades nordestinas. Nessas ocasiões, era armado um palanque ao ar-livre com vários alto-falantes onde o frade transmitia os seus sermões. Quando perguntado sobre os objetivos de suas “santas missões” aos sertanejos, o frei respondia que um dos objetivos era “livrá-los do Demônio, que queria afastá-los da Igreja e fazê-los abraçar outro credo [...]”.

Conseguia arrastar multidões para ouvir suas palestras e tornou-se um fenômeno de popularidade religiosa no Nordeste, só comparável ao “Padim Ciço”, de Juazeiro do Norte. A propósito, Frei Damião é aclamado pelos católicos locais como o legítimo sucessor do Padre Cícero Romão Batista.

Acompanhado por multidões por onde passava, nunca abandonou suas caminhadas e romarias pelas localidades, no qual acompanhava com ele sempre, um terço e um crucifixo, as quais fazia com seu devotado amigo Frei Fernando. Só parou poucos meses antes de falecer, devido ao agravamento de seu problema na coluna vertebral, fruto da má postura de toda a vida.

Frei Damião de Bozzano faleceu no Hospital Português no Recife, e seu corpo está enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto, no Convento São Félix, no bairro do Pina, no Recife. Sua vida é retratada no livro do escritor Luís Cristóvão dos Santos, Frei Damião - O Missionário dos Sertões.

Na ocasião de sua morte, em 31 de maio de 1997, o governo de Pernambuco e a prefeitura de Recife decretaram luto oficial de três dias.

Em 2004, foi inaugurado o Memorial Frei Damião em sua homenagem, na cidade de Guarabira, Paraíba, uma das várias cidades em que o frade capuchinho percorreu em suas missões. Neste memorial foi erguida uma estátua, que atualmente é considerada a segunda maior do Brasil.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Frei_Dami%C3%A3o"

Luiz Carlos Martins Pena - comediógrafo brasileiro



Luís Carlos Martins Pena nasceu no Rio de Janeiro em 1815 e morreu em Lisboa em 1848.
Em Martins Pena, considerado o fundador do teatro e da comédia brasileiros, há dois aspectos fundamentais. Escrita em pleno Romantismo, sua obra escapa aos cânones do movimento, tendendo já às soluções realistas pelo empenho em retratar tipos e costumes da vida cotidiana. Por outro lado, ele foi o primeiro grande autor do país a escrever somente para o palco, quando outros viam na criação teatral uma espécie de ramo secundário da literatura mais séria. Ao fazer um humor verbal, com trocadilhos e jogos de palavras, suas peças se afastaram da tradição lusitana, valorizando o modo de falar brasileiro, adotando expressões populares e repondo-as muitas vezes em uso com nova picardia e mais força. Sempre montado e remontado com absoluto sucesso, este comediógrafo é até hoje um mestre, pela perícia ao combinar suas cenas, ao dispor seus efeitos e ao arquitetar seus diálogos. É um caricaturista em palavras, que vergasta a sociedade ao desnudar-lhe os ridículos.

Obras :

Um Sertanejo na Corte (1833-37)
O Juiz de Paz da Roça (1842) - resumo
O Judas em Sábado de Aleluia (1846)
O Cigano (1845)
As Casadas Solteiras (1845)
O Noviço (1845)
O Namorador ou A Noite de São João (1845)
O Caixeiro da Taverna (1845)
Os Meirinhos (1845)
Os Ciúmes de um Pedestre ou O Terrível Capitão do Mato (1846)
Os Irmãos das Almas (1846)
O Diletante (1846)
Quem Casa, Quer Casa (1847)



Shvoong

Vídeo poema - por João Nicodemos

A arte poética de João Nicodemos







Reflexos - Para Miss Help - a mestra


Por Claude Bloc