Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

um pouco de melancolia com versos de claude bloc

"claude"


nas minhas mãos
apenas os vazios das cores
que embelezam as formas da feiúra
nessa cidade sempre mais escura

nos meus olhos
cores pálidas,
em descompasso
com as curvas do meu coração
onde renasce a rua andré cartaxo
com suas noites infinitamente
guardadas em palavras 
espalhadas no chão

ou mais que isso:
o tom latente do verso
um esboço em giz pastel
entremeando-se, na paisagem,
num esforço em salvar-me
do que não sou
sem escolha para os sentimentos
sem escolha de agir 
contra as armadilhas das sorpresas 

no chão
apenas a ausência dos meus passos
colheitas parcas de sonhos amortecidos
a voz de velhos de amigos 
que se querem esquecidos
porque o longe, senhores, é inimigo
de quem ama e se vê envolto de abismos
como quem cumpre um destino

nem sede ou fome
apenas o sabor do tempo
desenhos de nomes na fala
silêncios grafites em verso
no meu poema,
verdadeiros pedaços de mim
porque eu sou minha poesia
eu sou a minha rua de menino
e mesmo essa cidade
onde brotam dores nas paredes
e o belo se faz hesitante
num incessante desejo de criar-se
mesmo essa cidade sou eu
de olhos ofuscados de medo

nas minhas mãos
apenas os vazios das cores
numa música que seria
talvez o único remédio 
contra a solidão e a tristeza




O espelho deste mundo - Emerson Monteiro


Quem quer saber o que seja o mundo, olhe lá dentro de si e verá apenas o reflexo do que queremos para as ações diárias. Ninguém espere resultado diferente do que aquilo que produz. Por isto, nada de esperar seriedade na política sem participar do processo político na altura certa das oportunidades oferecidas todo tempo através das democracias.
Postular segurança pública e correr léguas do convívio da própria comunidade em que vive demonstra contradição. Reclamar da sorte refugiado por trás de muralhas invioláveis, enquanto drogas e armas correm soltas nas madrugadas, destoa do dever. Falar em união de todos e eximir-se do mínimo em aproximação com os demais do grupo social, animais solitários, engana a si quem age desse modo.
A realidade possui a nossa cara, a minha, a sua, o DNA coletivo. Nada muda se a pessoa não mudar, dizem doutrinadores, todo tempo, porquanto assim é se nos parece. Seja a mudança que quer para o mundo, afirmava com autoridade o líder indiano Mahatma Gandhi, revolucionário de uma nação que acreditou nos ensinos de paz da sua mensagem e reverteu séculos de colonialismo.
Quantas e tantas vezes reclamamos coerência e honestidade dos nossos representantes, e, durante os turnos eleitorais, agimos qual eles agirão depois que os elegemos, bolsos cheios dos cheques em branco dos nossos votos. Nem tudo só desespera, nesses tempos distorcidos que pedem luzes. Há provas incontestes de amor ao bem público nas providências dos responsáveis sérios que ainda existem nos postos-chave, desde que os levemos até esses lugares da mais importante valia. Diz a sabedoria popular que quando virmos um jabuti em cima de uma estaca de certeza alguém o botou na posição, porquanto jabuti não sobe estaca. Quando um político preenche o mandato significa que os cidadãos o levaram ao lugar.
Filtro dessas representações políticas são os eleitores. Caso reclamemos dos mandatários, eles mostram a cara da sociedade, a nossa cara, também. Esta a equação mais simples do que acontece desde que o homem é homem, na história.
Por isso, perante a república em que vivemos, nós e nossas famílias, as mudanças principiam no dia das eleições, ao preço do suor das pessoas que sofrem; dos inocentes que padecem fome; das mães que vendem filhos; crianças que se prostituem pela ausência do respeito das orientações corretas; jovens desencantados e marginais; ruas esburacadas, sujas, abandonadas; padrões conturbados de horas críticas e contradições, e erros sem alternativas; desmandos e servidão.
Receita simples esta, a quem queira rever os equívocos acumulados: Abra os olhos e veja no espelho da consciência; interprete os meios conquistados nas existências; limpe o espelho dentro de si e trabalhe para descobrir e reavivar as esperanças perdidas pelos que esqueceram das chances de melhorar este mundo.

ENCONTRO COM AMIGOS - Por Edilma Rocha

Beatriz e Domingos Barroso
Sem palavras...

REBECA - Por Edilma Rocha

 Ela estava bem ali diante dele, imóvel, indefesa, adormecida. O corpo cansado num sono profundo depois de tantos afazeres no trabalho e no estress do transito na volta pra casa. Despida, deitada de bruços, os cabelos ainda molhados do chuveiro sobre o travesseiro de plumas. Olhos cerrados nos longos cílios negros, respirando compassadamente. Os braços tocando as nádegas num completo abandono e os seus seios se deliciavam no contato com o ursinho de pelúcia. As  pernas bem torneadas relaxavam na maciez dos lenções da cama. Rafael a observa  sem coragem de toca-la. _ O que sonhava naquele momento? Como gostaria de penetrar no seu sonho mais profundo e desvendar seus mais íntimos segredos... Seu perfume exalava um cheiro de flores do campo que  o envolvia num desejo incontrolável. Em silêncio, caminha devagar pelo quarto e se dirige ao interruptor desligando a luz, deixando apenas a penumbra do abajur. Volta rapidamente para continuar a observa-la dormindo. Se aproxima  lentamente e se encosta ao seu lado em silencio. Sente o calor do seu corpo e da sua respiração. Faz um leve toque nos seus cabelos e ela se move por um instante. Então desce a mão sobre seus ombros e a desliza numa carícia pela cintura até as suas nádegas. Ela desperta  ao toque do seu corpo, abre os olhos, esboça um sorriso meigo e vira-se envolvendo-o nos seus braços  com ternura. Ficam assim, colados, olhos cerrados e a respiração ofegante. Rebeca oferece seus lábios húmidos num beijo apaixonado. Mergulham nas cobertas e se deixam amar...

Edilma Rocha

UMA MESTRA, UMA AMIGA...

Socorro (Piau) Martins e Claude

A vida da gente tem cilclos. Um dia crescemos. Outro dia estudamos. Depois damos rumo à nossa vida. E um belo dia, lá na frente, percebemos que temos que dar uma guinada em tudo e passamos, nesse momento, a querer realizar pendências, sonhos que passaram pela tangente ou fugiram de nossas mãos...E, então, chega o dia de começar tudo de novo. E lá se vai mais um ciclo...

É isso que estou tentando fazer agora. Para voltar ao Crato, tenho que recomeçar. Para recomeçar, tenho que pavimentar minha estrada com novas camadas de "asfalto" para que a caminhada transcorra em paz,  produtiva, linear e renovada.


Parte da Turma de Especilização em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e Africana - URCA

O curso de Especialização em Língua e Literatura que estou fazendo na URCA, me conduz a isto. A uma renovação concreta, e além de tudo, me trouxe também um belo presente: conhecer uma varzealegrense que, com sua doçura, cativou a turma e, que, com simplicidade, trouxe a luz de sua sabedoria para todos que fizeram parte desse curso sob sua orientação.

(Socorro Martins (Piau) é tudo isso e muito mais. É prima de Mundim do Vale e também de Morais.)