Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Suspiros , na espera da madrugada - por Socorro Moreira


Lua de gêmeos. Eu absorvo a minha própria loucura, em raios, na noite em claro. Pra que antecipar a madrugada ? Quero mais é que ela chegue devagar , e se instale por todas as noites de futuros escuros.

Cabe uma festa de afetos, nesse céu imenso. Meu Crato do mês de Maio, querendo as estrelas de Junho.

Entrego-me aos abraços da vida.Um cheiro de rosas, e coração perdido... Quem me diz onde encontrá-lo?

Fugiu aos pedaços, ou se inteira por aí , pra depois voltar?

As botas

Quando eu sumir deste mundo
quem cuidará das minhas botas?

De onde estiver juro
enviarei boa energia
ao valente sujeito
que calçar minhas botas.

As botas silenciosas
em um canto do quarto
sabem da minha caduquice.

Ninguém humano
olhou-me como me olha
as minhas botas

encostadas à parede
com as meias dentro.

As meias (coitadas)
vivem mergulhadas no abismo
mesmo com o fim da batalha.

Meu par de botas é um casal simpático.
Senhor e senhora discretos.
Polidos.
Intocáveis.

Mas ao andar sobre calçadas
do alto dos céus as nuvens
tremem de inveja.

Minhas botas verdadeiros mestres
em pisar vidro,
pontas de cigarro,
chiclete.

Creio que seja amor o que sinto
pelo senhor e senhora botas.

Quem cuidará das minhas botas
quando eu for enterrado
com o sapato bico fino?

INSTANTES ( Jorge Luiz Borges ) por Rosa Guerrera

Hoje fui realizar um eletroneuromiograma e precisei aguardar mais de duas horas para que chegasse a minha vez . Muita gente no consultório ( coisa normal nos dias atuais). Mas não é esse assunto que me trouxe ao blog . Enquanto guardava paciente o momento de ser atendida, comecei a olhar os quadros pendurados nas paredes , e me chamou a atenção numa belissima moldura um poema do poeta/escritor argentino Jorge Luiz Borges , que tem como título : " INSTANTES ". Não me contive , e resolví copiá-lo as pressas num pedaço de papel.
E faço questão de arquivá-lo para sempre num recantinho desse blog. A mensagem é realmente linda e acredito que vocês irão gostar . Transcrevo na íntegra :

INSTANTES

"Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida, claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo."
(Jorge Luís Borges)

varizes

O meu cansaço
é um pingo de cuspe
na vidraça

não alcança o vento
embaça.

Cansaço antigo
ora me engana
e me embaraça

penso tristeza
imagino loucura

mas vejo agora
apenas um cuspe
na vidraça

imóvel
linha reta
quase seco.

Nem a bostinha
da andorinha
fóssil pastoso
mistura-se

ao meu cuspe
na vidraça.

Ao pé do Araripe - Por José Alves de Figueiredo

Eu não quero o viver muito agitado
Da cidade que o gozo facilita;
Prefiro a calma plácida e bendita
Deste lugar risonho e sossegado.

Das ambições e intrigas afastado
Eu, infeliz joguete da desdita,
Busco os lugares onde a paz habita,
Considerando-me assim melhor fadado

Luanda, meu retiro predileto!
Dá-me o repouso no teu seio quieto,
Antes que a idade o meu vigor dissipe,

Quero morrer olhando estas colinas,
As policromas telas bizantinas
Da sinuosa linha do Araripe!

QUERO APENAS CAMINHAR ..... por Rosa Guerrera

Quero apenas caminhar ...
Não importa se hoje machuco meus pés em espinhos de ingratidão , ou se deslizo suavemente em plácidas ondas mornas e aconchegantes .
Quero apenas caminhar !
Pisar o chão com meus próprios passos , aprendendo com minhas dores, analisando meus erros e minhas virtudes, nem escrava nem senhora de muitos sentimentos .
Quero apenas caminhar ! Sem temer o espelho que reflete o meu perfil em traços santos ou demoníacos.
Não quero mais rugas no meu semblante . Não quero pensar mais no tempo perdido nem nas muitas crenças que infantilmente acreditei.
Quero apenas caminhar ! Sem maldizer tempestades que por ventura venham encobrir meus sonhos e sem tempo para estagnar nos pedregulhos da vida o meu coração.
Não buscarei mais respostas para frases pronunciadas ao vento ,mas plantarei no mais profundo do meu âmago alicerces para uma nova construção.
E nessa caminhada observarei melhor o nascer de uma flor , a carícia do vento,o sussurro das folhas nas palmeiras, ou o segredo das conchas do mar..
Nada nem ninguém me convence mais a parar !
Possuo vários livros ainda para ler, muitos sonhos para sonhar, muitas canções a cantar, e muitas sementes para plantar.
Pouco faço caso hoje da estrada que vou desbravar a minha frente.
O que eu quero mesmo é caminhar ...procurando cada vez mais cumprir fielmente a Missão que um dia me foi destinada

CABO TENÓRIO É O MAIOR INSPETOR DE QUARTEIRÃO

Acabei de ler o texto de Zé Nilton sobre Rosil Cavalcanti, na série "Compositores do Brasil". E aí como gosto muito das músicas dele cantadas por Jackson do Pandeiro, busquei essa do Cabo Tenório pra gente ouvir aqui. Dá até pra dançar. Outra muito boa, também, é o coco Sebastiana, que gritava A, E, I o U Ipisilone. Eita! que isso é que é forró!


O ventilador

Quarto empoeirado.
Ventilador com bronquite.

Faz tempo que não gripo.

Meu ventilador companheiro
tem acolhido a asma
que seria minha.

Em troca,
ofereço-lhe vida.

Chamo-lhe " me dá o pé, louro."
Abro-lhe o ventre.
Limpo suas costelas.

Faz tempo que não gripo.

Era pra estar morto o poeta
de tanta poeira do quarto.

Mas o ventilador camarada
recebe de bom grado
meu estado físico.

Respira por minhas narinas
as teias de aranha
brumas que caem
sobre minha cabeça.

Olho para o teto.
Crateras lunares.

Ou espinhas de adolescente.
Ou cistos.

O ventilador ouve-me
e permanece atento
criando todo poderoso
seu próprio vento.

COMPOSITORES DO BRASIL


ROSIL CAVALCANTI
O menestrel dos Cariris Velhos

Por Zé Nilton

De muitas histórias a região dos Cariris Velhos. Atravessada pela Serra da Borborema há, como aqui, nos Cariris Novos, geografias contrastantes. Ora lugares verdes, pegando a Zona da Mata, ora frio, no cimo dos chapadões. Mas também ambientes de pouca chuva, de quase total estio.

É desses lugares que temos ouvido referências musicais pelas veias poéticas e melódicas de um Marcos Cavalcanti de Albuquerque, o Venâncio, e de seu parceiro, Manoel José do Espírito Santo, o Corumba. É da dupla a regravadísssima - O Último Pau de Arara.

A minha geração cresceu ouvindo esse hino dos retirantes, além de outra música de forte clamor sertanejo – O Meu Cariri, de Rosil Cavalcanti e Dilú Melo. Ambas são da década de 1950.

Rosil de Assis Cavalcanti foi fiel à vida do nordestino e cantou suas tristezas e alegrias. Pintou em Aquerela Sertaneja as agruras desse povo sofrido; mas, desenhou a alegria esboçada no rosto desse mesmo povo na música Festa do Milho.

Começou a sua vida artística nos anos quarenta, quando passou a trabalhar em emissoras de rádio, igualmente a quase todos os grandes músicos e compositores daquela época.

Na Rádio Tabajara, em João Pessoa, nos idos de 1943, formou dupla com Jackson do Pandeiro. A dupla Café com Leite fez muito sucesso e firmou uma grande amizade entre Rosil e Jackson. Aliás, muitas coincidências entre os dois. Ambos casados sem filhos. Ambos morreram dos males do coração no mesmo dia e mês – 10 de julho.

No programa COMPOSITORES DO BRASIL desta quinta feira, um pouco da história e das músicas de Rosil Cavalcanti. Na sequencia:

A FESTA DO MILHO, de Rosil Cavalcanti e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga
AMIGO VELHO, de Rosil Cavalcanti e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga
CABO TENÓRIO, de Rosil Cavalcanti com Jackson do Pandeiro
COCO DO NORTE, de Rosil Cavalcanti com Jackson do Pandeiro
FORRO DO ZÉ LAGOA, de Rosil Cavalcanti, com Anastácia
FORRO NA GAFIEIRA, de Rosil Cavalcanti com Fúba de Itaperoá
MEU CARIRI, de Rosil Cavalcanti e Dilú Melo, com Ademilde Fonseca
MOXOTÓ, de Rosil Cavalcanti e Dilú Melo com Jackson do Pandeiro
NA BASE DA CHINELA, de Rosil Cavalcanti e Jackson do Pandeiro com Jackson do Pandeiro
Ô VEIO MACHO, de Rosil Cavalcanti e Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga
QUADRO NEGRO, de Rosil Cavalcanti e Jackson do Pandeiro com Alceu Valença
SAUDADES DE CAMPINA GRANDE, de Rosil Cavalcanti, com Marinês
SEBASTIANA, de Rosil Cavalcanti com Jackson do Pandeiro.

Quem ouvir verá!

PROGRAMA COMPOSITORES DO BRASIL
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Ás quintas-feiras, de 14 as 15 h.
Rádio Educadora do Cariri
Apoio Cultural: CCBN-Cariri
Retransmitido pela rádio web: cratinho.blogspot.com

CONVITE PARA A CELEBRAÇÃO DO ENCANTAMENTO - De Luiz Carlos Salatiel


Senhoras e Senhores! Respeitável Público!

No próximo dia 29, sábado, estaremos – o programa Cariri Encantado - comemorando o nosso primeiro ano de vida nas ondas do rádio. Passaram por nossa "sala de visitas" em torno de cinquenta convidados que discorreram sobre os mais variados temas de interesse geral, quase sempre ligados aos campos da arte e da cultura. Assim, festejaremos com a presença de todos num grande palco que será transformado o Crato Tênis Clube. O programa será transmitido ao vivo, a partir das 20 horas.

Para marcar ainda mais esta data memorável, a OCA-OFFICINAS DE CULTURA, ARTES & Produtos Derivados e a revista virtual CaririCult reconhecem os que estão nomeados a seguir, como aqueles que verdadeiramente cumprem (ou cumpriram) a missão honrosa de fazer deste cariri cearense a região do patrimônio imaterial mais expressivo do nordeste brasileiro.

PROGRAMAÇÃO
17:00 h- No final da tarde, todos os artistas que tiverem material para expor já podem chegar ao Crato Tênis Clube para acomodarem o seu mine-stand (livros, discos, cordel, quadros, etc.), como também as Ongs, Pontos de Cultura e outras instituições que desejarem, podem levar banners, folders, cartazes, etc. e tal para divulgarem os seus trabalhos. É recomendável aos atores e artistas de um modo geral,que venham caracterizados (maquiados, roupas coloridas, etc. e tal) para que atmosfera de encantamento seja ressaltada. Entretanto, esclarecemos, que cada um se responsabiliza pela infra-estrutura do seu próprio espaço;

18:00 h- A partir dessa hora abriremos inscrições para os músicos, poetas e cronistas que desejarem se apresentar no programa Cariri Encantado que será transmitido pela Radio Educadora a partir das 20 horas;

20:00 h- Início da transmissão ao vivo do programa radiofônico Cariri Encantado, direto do Crato Tenis Clube, pela Rádio Educadora do Cariri, em parceria com o CCBNB-Cariri;

22:00 h- Encerramento do Programa Cariri Encantado;

22:15 h- Tertúlia - com Batista e sua Banda

00:30 h Encerramento

FORMATO DO PROGRAMA RADIOFÔNICO E CONTEÚDO
A intenção é fazer do Cariri Encantado um programa de auditório com a mesma animação dos antigos programas que eram feitos na época de ouro do Rádio, com atrações, brindes, disputas de dança de salão, piadas de salão, apresentação dos patrocinadores (CCBNB-Cariri e Rádio Educadora do Cariri), diplomação dos artistas, etc. e tal;

Inserido neste mesmo programa, será feito o lançamento do livro "IMAGENS - Cento e Vinte e Cinco Anos com a família Gonzaga de Oliveira", pesquisa de Jackson Bola Bantim e texto de Luiz Carlos Salatiel.

IMPORTANTE:
ESTE EVENTO FOI INSERIDO NA PROGRAMAÇAO OFICIAL QUE COMEMORA OS 60 ANOS DO CRATO TENIS CLUBE.


HOMENAGEADOS
HONRA AO MÉRITO ARTÍSTICO CULTURAL

MÚSICA
1. Abidoral Jamacaru
2. Aécio Ramos e Tereza
3. Alemberg e Roseane Quindins
4. Álvaro Holanda
5. Amélia Coelho e Haarllem Resende
6. André Saraiva
7. Auci Ventura
8. Audízio Brizeno
9. AudízioTapioca
10. Bá Freire
11. Banda ABanda
12. Banda Glory Fate
13. Banda Nacacunda
14. Banda Night Life
15. Banda Sétimo Selo
16. Batista e sua Banda
17. Cacá Malaquias
18. Cael (Carlos Sérgio Teixeira)
19. Calazans Callou
20. Calé Alencar
21. Cassiano Diniz
22. Célia Dias
23. Cícero Gnomo
24. Cleivan Paiva
25. Daniel Peixoto
26. Demontiê Dellamona
27. Diana Pierre
28. Didi Moraes
29. Dihelson Mendonça
30. Divani Cabral
31. Dr. Raiz
32. Eduardo Júnior
33. Elisa Moura
34. Ermano Morais
35. Família Linard
36. Família Ulisses (Franciné, Nivando, Lora e Nilda)
37. Fatinha Gomes
38. Fernando (cantor irmão de Dote)
39. Fernando Gino
40. Flaviano Callou
41. Fran Galdino
42. Francisco Di Freitas
43. Francisco Saraiva
44. Francisco Silvino
45. Galdino (Maestro)
46. Geracina Nepomuceno
47. Geraldo “Pixa”
48. Geraldo Júnior
49. Gilberto Filho (Teto)
50. Grupo Herdeiros do Rei
51. Grupo Liberdade & Raiz
52. Grupo Os Extras
53. Grupo Zabumbeiros Cariris
54. Hildelito Parente
55. Ibbertson Nobre
56. Izaíra Silvino
57. Janinha
58. Jayro Starkey
59. João do Crato
60. João Nicodemos
61. John Taylor
62. Jonhatas David (Sonata)
63. Jord Guedes
64. José Flávio Teles
65. José Landim
66. Josílson Lobo
67. Junior Rivadave
68. Lamar
69. Leonardo Léo (Regente Banda de Música de Boa viagem)
70. Lifanco
71. Lívia França
72. Luciano Brayner
73. Lúcio Ricardo
74. Luis Fidélis
75. Luiz Pé de Pato
76. Luiz Soares
77. Maestro Bonifácio
78. Manel D’jardim
79. Marta Freitas
80. Micaelson Lacerda
81. Michel Macedo
82. Mons. Ágio Augusto Moreira
83. Neto Menezes
84. Nivaldo Oliveira
85. Pachelly Jamacaru
86. Paulinho e Marcos Damasceno
87. Paulo Chagas
88. Peixoto
89. Tiago Araripe
90. Ulisses Germano
91. Vicente Padeiro
92. Xico Carlos
93. Zé Nilton Figueiredo

TEATRO
1. Amarílio Carvalho
2. André de Andrade
3. Ângelo Gomes
4. Blandino Lobo
5. Cacá Araújo
6. Coroné Barduíno
7. Danielle Esmeraldo
8. Dudu Campos (som e luz)
9. Ediceu Barboza
10. Fátima Morimitsu
11. Fernando Pianco
12. Flávio Rocha
13. Herê Aquino
14. Jean Nogueira
15. João Neto
16. Joaquina Carlos
17. José Correia
18. José Luiz Penna
19. Kélvia Maia
20. Ladislau Ribeiro
21. Lucion Caieira
22. Ma. Luíza Martins
23. Margarida Militão
24. Mauro Cesar
25. Orleyna Moura
26. Paula Agra
27. Paulo Fuísca
28. Polliana Esmeraldo- Dançarina
29. Renato Dantas
30. Ricardo Correia
31. Rita Cidade
32. Roberto Piancó
33. Rogério Proença
34. Salete Libório
35. Sandra Albano - Dança
36. Thaylita Feitosa
37. Thiago – Dançarino
38. Tica Fernandes
39. Tio Bibi
40. Tranquilino Ripuxado
41. Vanderley Pekovsky
42. Vanderley Wancilus

ARTES PLÁSTICAS
1. Alexandre Lucas
2. Bosco
3. Bruno Pedrosa
4. Cizim ( Escultor)
5. Edelson Diniz
6. Edilma Saraiva
7. Eduardo Leite (escultor)
8. Fidel
9. Francisco Correia (Lídio)
10. Francisco dos Santos
11. Francorli
12. Gabriela (restauradora)
13. Galdino (Artesão - Belmonte)
14. George Macário
15. Geraldo Simplício (Nêgo)
16. Gilberto Pereira
17. Giovanni Sampaio
18. Glauton Vieira
19. Guto Bitu
20. Janjão
21. João Alberto Lupin
22. Jorge Guerreiro
23. José Lourenço
24. Luiz Hernane Arraes
25. Luiz Karimai
26. Macarim – Xilogravurista
27. Moésio Sousa Filho (MOSOFI)
28. Múcio Duarte
29. Nega Ni – Papel Machê
30. Nilo
31. Pedro Ernesto Alencar
32. Petrônio
33. Reginaldo Farias
34. Romildo Alves
35. Samuka
36. Sérvulo Esmeraldo ( Escultor)
37. Stênio Diniz
38. Telma Saraiva
39. Zada

ARQUITETURA
1. Waldemar Arraes

FOTOGRAFIA
2. Ademar de Sandrinha
3. Augusto Pessoa
4. Bárbara Cariry
5. Ernesto Saraiva
6. Gilberto Morimitsu
7. Henrique Maia
8. Jean (fotógrafo)
9. Nívea Uchoa
10. Sérgio Bade
11. Tiago Santana

LITERATURA
1. Amanda Teixeira
2. Antoliano Alencar
3. Antonio Sávio
4. Bastinha
5. BC Neto
6. Carlos Eduardo Esmeraldo
7. Cauê Alencar
8. Chagas
9. Claude Bloc
10. Cláudia Rejane
11. Domingos Barroso
12. Edésio Batista
13. Emannuel Nogueira
14. Emerson Monteiro
15. Ermano Moraes
16. Eugênio Dantas
17. Everardo Norões
18. Fanka
19. Francisco de Assis Sousa Lima
20. Francisco Rodrigues Cordeiro (O Poeta Sonhador)
21. Francisco Salatiel de Alencar Barbosa
22. Freitas
23. Geraldo Ananias Pinheiro
24. Geraldo Urano
25. Hamurabi
26. Hermano Roldão
27. Huberto Oliveira (Bebeto)
28. Iris Tavares
29. J.Lindemberg de Aquino
30. João Matias de Oliveira
31. João Teófilo Pierre
32. José do Vale Arraes Feitosa Filho
33. José Flávio Vieira
34. José Helder França
35. José Newton Alves de Sousa
36. José Nilton Mariano Saraiva
37. José Peixoto de Alencar
38. José Ronaldo Brito
39. Josenir Lacerda
40. Kleilson
41. Luciano Carneiro
42. Lupeu Lacerda
43. Maércio Lopes
44. Magérbio Lucena
45. Mana- Cordelistas Malditos
46. Marcos Leonel
47. Miguel
48. Napoleão Tavares Neves
49. Nezinho Patrício
50. Odon Antão de Alencar
51. Olival Honor
52. Oswaldo Alves de Souza
53. Padre Ágio Moreira
54. Paulo Henrique
55. Raimundo Araújo
56. Raimundo Menezes- Juazeiro
57. Rejane Gonçalves
58. Roberto Jamacaru
59. Roberto Marques
60. Socorro Moreira
61. Tadeu Alencar
62. Tancredo Lobo
63. Willian Brito
64. Wilson Bernardo

CINEMA/VÍDEO
1. Adilberto (Terrana)
2. Catulo Teles
3. Elvis Morais
4. Fernando Garcia
5. Francis Vale
6. Franklin Lacerda
7. Glauco Vieira
8. Hermano Penna
9. Jackson Bola Bantim
10. Jefferson Júnior
11. José Roberto França
12. José Wilton Soares (Dêdê)
13. Júnior Balú
14. Luciano Francioli
15. Nemésio Barbosa
16. Petrus Cariry
17. Rosemberg Cariry
18. Valmir Paiva
19. Virgínia Moura
20. Ythalo Rodrigues

GESTÃO DA CULTURA
1. Carla Vanessa – SESC CRATO
2. Dane de Jane – SESC CEARÁ
3. Elmano Pinheiro Rodrigues (Biblioteca)
4. Jorge Carvalho – Rapadura Culturart
5. Lenin Falcão –CCBNB -Cariri

PRODUÇÃO CULTURAL
1. Batata
2. George Belizário e Regivânia
3. Hudson Jorge
4. Kaika
5. Mônica Vitoriano
6. Teta Maia

COMUNICAÇÃO
1. Almeida Jr.
2. Antonio Vicelmo
3. Blog do Crato
4. Blogue Cariricaturas
5. Carlos Bezerra
6. Ed Alencar
7. Evandro Bezerra
8. Francildo Gonçalves
9. Geraldo Correia Braga (Geraldinho)
10. Geraldo Menezes Barbosa
11. Gomez
12. Guilherme Farade
13. Heron Aquino
14. Iderval Silva - Seu Zezé
15. Jesus de Almeida
16. João Hilário
17. José Iran - Barretão
18. Jurandy Temóteo
19. Lucion Oliveira
20. Marcelo Fraga
21. Mazinho
22. Roberto Lima
23. Sérgio Ribeiro e Josane Garcia
24. Tarso Araújo
25. Xico Sá

MESTRES DA CULTURA ENCANTADA
1. Dona Edite - do Côco da Batateira
2. Espedito Celeiro, esposa e filhos
3. Irmãos Aniceto
4. Mestra Zulene Galdino
5. Mestre Aldenir Calou
6. Mestre Cirilo
7. Pedro Bandeira e João Bandeira (violeiros)
8. Reisado Dedé de Luna
9. Silvio Grangeiro (violeiro)

PROJETOS CULTURAIS
1. Banda de Música Municipal do Crato
2. CCBNB-CARIRI
3. Cia. Cearense de Teatro Brincante
4. Coletivo Camaradas
5. Coral Adulto e Infantil da SCAC
6. ECO-BIKE
7. Mostra SESC Cariri de Cultura
8. Rapadura Culturart
9. Revista A Província
10. Sertão Pop
11. Seminário Cariri Cangaço (Manoel Severo)
12. Sociedade Cariri das Artes

INSTITUIÇÕES
1. Academia de Cordelistas do Crato
2. Associação Allysson Amâncio Cia. De Dança
3. AVBEM
4. Centro Cultural BNB Cariri
5. Crato Tênis Clube – homenagem aos 60 Anos
6. ELAN Cariri
7. Fundação Casa Grande
8. Fundação Mestre Elói
9. Fundação Verde Vida
10. Geopark Araripe
11. GRUTAC- Grupo de Teatro de Amadores Cratenses
12. Instituto Ecológico Cultural Martins Filho – Projeto Terreiro dos Brincantes
13. Intituto Cultural do Cariri - ICC
14. Jornal do Cariri
15. Lira Nordestina
16. ONG Juriti
17. Radio Sociedade Educadora do Cariri
18. SCAC
19. SEBRAE -Ceará
20. SESC Crato
21. SESC Juazeiro do Norte
22. SOLIBEL – Sociedade Lírica do Belmonte
23. URCA – Homenagem aos 23 Anos

MEMORIALISTAS
1. Armando Rafael
2. Huberto Cabral

PERSONALIDADES
1. Almina Arraes
2. Antonio Higino
3. Chaguinha (engraxate)
4. Dona Sonia Bezerra da Cunha
5. Fabiana e Flora Vieira
6. Marcos Cunha
7. Maurício Tavares
8. Prof. Alzir Sobreira
9. Sílmia Sobreira
10. Socorro Sidrim
11. Wanda Lúcia Medeiros

INESQUECÍVEIS (IN MEMORIAM)
1. 90 (noventa)
2. Alderico de Paula Damasceno
3. Almery Cordeiro Lima
4. Audísio Gomes(pai)
5. Beto Fernandes
6. Cacheado
7. Capela
8. Cego Oliveira
9. Célio Silva
10. Chico e João Aniceto
11. Correinha
12. Eloi Teles
13. F.Monteiro de Lima
14. Geraldo Maia
15. Gil Grangeiro
16. Hilário Lucetti
17. Irineu Nogueira Pinheiro
18. J.de Figueiredo Filho
19. Jefferson da Franca Alencar
20. Jefferson de Albuquerque e Souza
21. José Alves de Figueiredo
22. José dos Reis Carvalho
23. Jota Davi (radialista)
24. Júlio Saraiva
25. Lira
26. Maestro Azul
27. Maestro Benício
28. Maestro Hildegardo
29. Maestro Salpéter
30. Maria dos Remédios Sobreira
31. Martins Filho
32. Mestre Bigode
33. Mestre Carnaúba
34. Mestre Dedé de Luna
35. Miguel Batera
36. Miúda
37. Nair Silva
38. Nélio Clayton
39. Nino
40. Normando Rodrigues
41. Padre Antonio Gomes de Araújo
42. Padre Antonio Vieira
43. Padre Davi Moreira
44. Patativa do Assaré
45. Paulo Elpídio Martins
46. Pedro Maia
47. Pedro Vinte e Um
48. Raimundo de Oliveira Borges
49. Roberto Piancó
50. Sara Cabral
51. Socorro Alencar
52. Soriano Albuquerque
53. Tomé Cabral
54. Violeta Arraes
55. Waldemar Garcia
56. Wilson Machado (radialista)
57. Zé de Matos
58. Zé dos Prazeres
59. Zé Gato

Oca-Officinas de Cultura Artes e Produtos derivados
Gestão de: Carlos Rafael Dias e Luiz Carlos Salatiel

CaririCult:
administração de Luiz Carlos Salatiel
lcsalatiel@hotmail.com

NOTA: Sabemos que alguns nomes foram traídos pela nossa memória. Entretanto, na medida do possível e com a ajuda fundamental de todos chegaremos bem próximo de uma relação que contemple todos os merecedores dessa tão singela, mas sincera, homenagem.

Convite



Convidamos a todos para o lançamento do livro "IMAGENS - Cento e Vinte e Cinco Anos com a família Gonzaga de Oliveira", pesquisa de Jackson Bola Bantim e texto de Luiz Carlos Salatiel.

O lançamento do referido livro acontecerá por ocasião da Celebração do Encantamento, alusivo ao primeiro aniversário do programa Cariri Encantado.


Data: Sábado, 29 de maio, a partir das 20 horas
Local: Crato Tênis Club


Atenciosamente,

Jackson Oliveira Bantim (Bola)

Histórias da Dona Valda - por Socorro Moreira


Tenho visitado a minha mãe todos os dias, muito mais agora, depois da sua cirurgia. Sei que ela está cada vez melhor, e sem sequelas, porque voltou a contar de forma engraçada, as suas histórias.
Melão , apelido de um peão da fazenda de Chico Nunes , no interior do Piauí, chamava qualquer mulher de "Meloa": meloa nova, meloa baixa, meloa gorda...!
E por conta disso recebeu a alcunha que o personalizou .
Minha mãe passava férias na fazenda do pai, e estudava no Crato, na casa dos avós. Depois que concluiu os estudos , tornou-se professora, casou com meu pai, e foi ficando nas terras do Cariri.
Um belo dia , voltando da Escola, uma grande algazarra lhe chamou a atenção.Disseram-lhe que um doido do Piauí estava procurando a casa de uma Meloa nova, filha de uma Meloa gorda. O coitado estava faminto, sujo e maltrapilho , pelos vários dias de viagem, em transportes diversos: cavalo, jegue, caminhão...Nos seus "delírios , afirmava em tom desesperado, que não estava inventando prosa, que a mulher procurada existia, e deveria ter um endereço certo, porque era gente fina.
Minha e aproximou-se ,já de orelha em pé , reconheceu o caboclo, e foi logo gritando com toda sua força :
"Melãooooooo!!!!!!!!!!!!!!!
E Melão responde , com toda doçura, já com os olhos marejados : Meloaaaaa ...!
Trocaram um abraço, diante do olhar encismesmado de todos !
Levou Melão para nossa casa ( eu tinha uns 7 anos de idade), e com muito prazer escutei a história, e conheci Melão.
Ele sorria desdentando, e dizia: "E o povo pensou que eu fosse doido... Taí, eu na casa de Meloa, conhecendo uma Meloazinha ! "
P.S. Lembrei a alegria e expressividade da nossa amiga Stella. Pareceu-me vê-la contando esta história !

Sobre brigas, debates e o "martelo do juiz" - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O Dihelson Mendonça diante do acalorado da disputa eleitoral do ano, ele mesmo um dos fogueiros, da altura de seu “martelo de juiz”, condenou, no Blog do Crato, as manifestações que dizem aos dois lados em campanha. Chamar o clima de pré-campanha convenhamos é pura ironia.

Anoiteceu e não amanheceu uma postagem do Zé Flávio que não passava do que já era conhecida na grande imprensa, uma matéria do Le Monde. Acontece que Der Spiegel também, abordando com alguma variação no mesmo tempo. Aliás, a Folha de São Paulo numa matéria do Kennedy toca, na versão da mídia, o mesmo problema. Então o “martelo do juiz” se pudesse levantaria vôo desde o palácio municipal, martelaria toda a imprensa brasileira, mas isso seria pouco, desceria célere sobre o mundo todo.

Acontece que todo censor tem um amor. Amantes da censura, que enaltece, sentem-se aliviados não pela interdição das brigas, mas por não ter de sofrer as contradições do lado que tão intensamente se apegou. Quando o debate resvala para a briga alguns querem chamar o cassetete sobre os briguentos, mas outros podem tomar o conteúdo do debate como a voz do objeto que se pretende. E o que se pretende?

Vamos por parte meus amigos? Antes que me respondam vou tentar. Em primeiro lugar o mundo está numa crise econômica, social e política sem igual. Normalmente quando dizemos crise não basta criar remédios como se fosse uma patologia. É preciso reconhecer a natureza profunda da crise para que a percepção se transforme em ação e esta seja parte, inclusive da própria crise que apronta outro momento na história. Não existe outro modo de fazer isso que não seja pelo debate, embate e formando uma consciência coletiva que se torne essencial ao reconhecimento das mudanças.

O segundo é que as práticas eleitorais são parte deste processo citado, inclusive se diga as manifestações de rua, as revoltas e toda modalidade de se fazer política, inclusive a greve geral. Por isso as eleições este ano no Brasil não pode ficar aprisionada a qualquer “martelo de juiz” ela tem de evoluir, inclusive no que se refere à qualidade do debate. Vejamos a questão, no caso do Cariri e na maior parte do Brasil como se encontra.

Acontece que o Brasil tem muitos partidos e muitos têm candidatura própria, inclusive de personalidade de grande qualidade como Plínio de Arruda Sampaio no PSOL. A própria Marina Silva tem uma abordagem que interessa neste momento. Portanto partimos do pressuposto que existem muitas candidaturas, mas o debate se desdobra em apenas duas questões.

Mais ainda. O debate, mesmo quando existe em alguma medida, é muito mais da questão federal do que estadual e, no entanto, existem inúmeras candidaturas majoritárias para governador e senador. Qual a razão disto tudo? Ao meu entender é a crise internacional, que valoriza os Estados Nacionais como um todo. Afinal são eles os tomadores de empréstimo e abonadores de tudo que depende para a sobrevivência do sistema financeiro. São eles que, no território, mantém as políticas trabalhistas e sociais, além de proteger os interesses dos capitais locais.

A outra questão é a própria natureza do Governo Lula e esta natureza, não tenham dúvida, se encontra no modo como ele tratou a crise mundial. Mais uma vez ela. O país está crescendo a ritmo acelerado, isso o tornou visível ao mundo e, claro, sua liderança. Então acontece que as eleições, apesar de ter um leque de opções partidárias, termina por confluir, por tudo que foi dito, para o embate entre duas propostas eleitorais.

Como se viu, não adiantou a tática de campanha do candidato do PSDB em tentar criar uma força através do discurso do avanço do que aí se encontra. Não deu por vários motivos, mas principalmente pelo fato de que o partido foi, estes anos todo, feroz adversário do governo Lula. Por isso a disputa se resumiu ao toque entre o a favor ou contra o governo Lula. O debate pode se empobrecer diante do fato maior da crise, isso pode, mas não existe fórmula mágica para retirar da frente do eleitor o fato da economia se encontrar crescendo e de que o Brasil, apesar dos pesares, tem fortes instituições.

Outro dia refleti e até testei a reflexão com alguns políticos amigos: se o crescimento da candidatura Dilma, poderia estimular os eleitores que se opõem ao governo Lula a migrar o voto para a Marina Silva. A reflexão me pareceu frágil por vários motivos, sendo o principal o próprio protagonismo nacional do PSDB quando em face do nanico PV.

Então, o país está analisando dois caminhos para o futuro: um oposicionista, mais liberal, que reduz o papel do Estado, flexibiliza o patrimônio nacional, os direitos trabalhistas e sociais e acredita na virtuosidade da autonomia do mercado. O outro mais social, que usa o Estado para dinamizar a economia, nacionaliza mais as riquezas, atualiza, até de modo desfavorável, os direitos trabalhistas e sociais, mas se sustenta exatamente nisto; acredita no mercado, mas tem a confiança na primazia da política.

Nestas duas vertentes existem muitas opções diferentes, mas que não são hegemônicas no momento. As outras visões podem até crescer e a depender do andar da crise, pois ela se mantém no seu curso de destruição e criação.

TRANSCENDÊNCIA - por Socorro Moreira


Desacostumei-me dos relógios.

Não tenho horário pra nada.Sou desescravizada !

Mas tenho o tempo, que estico ou encolho, que pinto e bordo de todas as cores.

Esse é implacável ...Atua, inexorável !

Mesmo assim nos entendemos e produzimos, no mínimo uma oração por lua .

Tenho o tempo passado, que pisca imagens e poucas falas.Tenho o tempo presente que me vexa, e me convida ao ócio, em simultâneo.

Tenho um tempo com curvas, no futuro...Neste ainda invento, preguiçosas construções.

Mas tenho pressa de amar nas linhas e entrelinhas, antes que chegue a hora.

LIG LIG LÉ- Oswaldo Santiago - por Norma Hauer


Parece e é imitando um nome chinês, mas nada tem a ver com a China atual. E nem com a China verdadeira.
Lig Lig Lé é um dos vários sucessos que OSWALDO SANTIAGO conquistou em sua carreira de compositor e letrista.
Nos anos 30, os compositores confundiam China com Japão e “viam” a Madame Butterfly em Shangai ; samurais na China e a confusão da”Casta Susana” que provocou a guerra China x Japão.
É, mas quem foi Oswaldo Santiago?
Foi um compositor e letrista, nascido no dia 26 de maio de 1902, na cidade de Recife.
Ainda em sua cidade natal escreveu seu primeiro livro de poema com o nome de “No Reino Azul das Estrelas”, publicado em 1923. e iniciou-se como compositor, compondo letra para uma música de Nelson Ferreira, que foi apresentada na peça “Mademoiselle Cinema”, da Cia Vicente Celestino, quando esteve em Recife.

Em 1928 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde, em 1930, passou a escrever, como cronista , na revista “O Malho” comentários sobre o rádio, numa secção com o nome de “Broadcasting”. Na época, o rádio ainda não entrara em sua fase de ouro, embora já existissem, aqui no Rio, quatro emissoras, todas com pouca potência.

Nesse mesmo ano, com o movimento revolucionário de Getúlio Vargas e devido à morte de João Pessoa, escreveu, com Eduardo Souto o “Hino a João Pessoa”, disco que “bateu” o recorde de vendas, gravado que foi por Francisco Alves
“Lá no norte um herói altaneiro,
Que da Pátria o amor conquistou
“Foi um vivo farol, que ligeiro,
Acendeu e depois se apagou”...

A partir daí, conheceu vários sucessos carnavalescos, como “Lig, Lig,Lé”, gravação de Castro Barbosa ( o mesmo que fizera sucesso com “O Teu Cabelo Não Nega” e que depois passou a humorista na famosa PRK-30); “Quadrilha no Carnaval”, “Olá, Seu Nicolau”e Catarina”, com Carlos Galhardo, “Tirolesa”, com Dircinha Batista, “Querido Adão”, com Carmen Miranda, e “Eu Não Posso Ver Mulher”, com Francisco Alves.
Foi responsável pela primeira gravação de Dalva de Oliveira, depois que ela saiu do “Trio de Ouro”.Trata-se de uma música junina, “brincando” com a figura dos três santos festejados naquele mês: “Pedro, Antônio e João”.
“Com a filha de João,
Antônio ia se casar.
Mas Pedro fugiu com a noiva,
Na hora de ir p’ro altar”.

Oswaldo Santiago, em parceria com Paulo Barbosa, foi responsável por inúmeros sucessos de Carlos Galhardo, como “Cortina de Veludo”;”Lenda Árabe”; “Madame Pompadour”;”Torre de Marfim”;”Salambô”;”Italiana”...Era com esta valsa que Galhardo abria e fechava seus programas na Rádio Mayrink Veiga.

Um bonito “jingle” foi criado por Oswaldo Santiago, em parceria com Gastão Lamounier para a Juventude Alexandre, um produto para os cabelos..
Sílvio Caldas, gostando do jingle”, achou que ele merecia ser muito mais que um simples “jingle” e o gravou com o nome de “Há Um Segredo em Teus Cabelos”.
“Em teus cabelos de seda,
Que perfume, que aroma sutil...”.

Em 1942, Oswaldo Santiago criou, com alguns colegas, a UBC, “União Brasileira dos Compositores”, em defesa do direito autoral. Tornou-se o maior conhecedor desse direito e dirigiu durante muitos anos a UBC.
Escreveu, em 1946, um livro com o nome de “Aquarela do Direito Autoral”. Antes da UBC, já existia a SBAT, que era mais ligada ao teatro do que à música . Oswaldo Santiago tornou-se um perito e, em 1950, colecionou vários acórdãos do Supremo Tribunal Federal que criaram jurisprudência sobre o assunto.

Dedicando-se a sua nova função, praticamente, deixou de compor , ficando à frente da UBC por muitos anos, mesmo depois que foi criada a SBACEM, por um grupo liderado por Ari Barroso.

Oswaldo Santiago faleceu aqui no Rio de Janeiro no dia 28 de agosto de 1976, com a idade de 74 anos, deixando uma grande obra musical.
Norma

Por Norma Hauer


A PEQUENINA CRUZ DE TEU ROSÁRIO
PARAGUASSU


Ele nasceu em 25 de maio de 1890, em São Paulo, recebendo o nome de Roque Ricciardi. Mas quem era ele? Ficou conhecido artisticamente pelo nome de PARAGUASSU.
Ainda criança começou a cantar, no Brás, onde o conheciam como “Italianinho do Brás”. Foi quando adotou o nome bem brasileiro, de PARAGUASSU.
Eduardo das Neves, pai do grande Cândido das Neves, o incentivou a cantar., levando-o ao Circo Spinelli, em 1909.
Quando da inauguração da Rádio Educadora de São Paulo, em 1923, passou a se apresentar na mesma, sendo o primeiro cantor a tomar parte do elenco daquela emissora.
Em 1923 foi acusado de cantar a música “Cruz do Rosário” como de sua autoria. Essa música nada mais era do que “A Pequenina Cruz de Teu Rosário”, de F. da Costa Weyne e R. Xavier de Castro composta no século 19. O mais incrível é que anos depois, Orlando Silva a cantava como sendo da autoria de Paraguassu e Carlos Galhardo a gravou em 1947; da etiqueta do disco de 78 rotações consta o nome de Paraguassu como autor. Depois dessa gravação de Galhardo, Paraguassu tornou a gravá-la como de sua autoria.
Parece que ele não aprendera a lição e continuava dizendo que era o autor dessa música, mais de dez anos depois de haver sido processado.
No primeiro LP de Galhardo, só de cópias de 78 rotações, gravado em 1955, constam os nomes dos verdadeiros autores.
Parece que Paraguassu gostava de usar seu nome em músicas que não eram suas, como também o fez em relação a “Perdão Emília”, gravado em 1945.
Independente desses fatos, Paraguassu gravou inúmeros sucessos, como “Bem-Te-Vi”; “Tristeza do Zeca”; “Luar do Sertão”; “Azulão”; “Casinha Pequenina” e centenas de outras.
Fez parte dos primeiros filmes falados realizados no Brasil, como também, concorrendo ao carnaval paulista de 1953, teve sua gravação premiada.
Em 1959, por ocasião de seu Jubileu de Ouro, gravou um LP com o nome de “Mágoa de Um Trovador”, que era nome de uma canção de Manezinho Araújo, com 11 melodias citadas como de sua autoria.
Em 1969 gravou seu último LP com o nome de “Canções de Amor”.
Paraguassu foi o primeiro cantor paulista que fez sucesso em todo o Brasil, sem deixar sua terra natal.
Paraguassu faleceu em 5 de janeiro de 1976, aos 86 anos. 00:38 (8 horas atrás) Norma
Norma

Por Norma Hauer



ROLETA DA VIDA
HERIBERTO MURARO
Quero deixar aqui um pequeno lembrete de quem foi HERIBERTO MURARO, nascido em 25 de maio de 1903 na cidade de La Plata-Argentina.
Heriberto Muraro, depois de viver algum tempo em Montevideo, veio para o Brasil em 1932, fixando-se algum tempo em Santana do Livramento, vindo depois residir no Rio de Janeiro.

Foi pianista da Rádio Mayrink Veiga, onde, além de acompanhar ao piano os cantores da emissora, fez alguns programas de destaque.
Foi, durante algum tempo, diretor da Rádio Nacional e, por 6 anos, foi pianista na Rádio Globo.
Sua carreira foi muito vasta, tendo gravado em várias gravadoras.

É de sua autoria a valsa "ROLETA DA VIDA" feita em parceria com Oswaldo Santiago.
Essa música fez parte de um concurso intitulado "Valsa Inacabada", quando os ouvintes deveriam completar a respectiva letra, que era interpretada com algumas partes incompletas.
Esse concurso foi transmitido por três emissoras: na Mayrink, quem a cantava era Carlos Galhardo, na Nacional era Orlando Silva e na Tupi ,Sílvio Caldas.

Quem a gravou (completa) foi Carlos Galhardo.

"A vida é uma roleta,
Gira, gira...
A sorte é uma mentira,
Que logo se desfaz..."

Muraro gravou centenas de músicas e, depois de sua morte, ainda foram lançados LPs com composições de sua autoria.

Deixando de trabalhar em rádio, passou a dar aulas particulares de piano até seu falecimento, em 1968.
Norma

NOITE ADENTRO - Por Edilma Rocha

As seis horas da tarde já se encontrava na Praça da Sé sentado num banco em frente a fonte luminosa, cigarro no dedo e fumaça no ar. Aguardava escurecer para acender as luzes e ligar o motor para movimentar as águas. Ao som de Strauss, Vozes da Primavera orquestrada pela Sinfônica Hamburgo, na regência de Pietro Di La Coronna as águas pareciam dançar no colorido suave que tingia o espaço de azul, verde, amarelo e vermelho entre movimentos ritmados. Orgulhoso, diante da sua obra, sonhava acordado e se deixava levar pela música que invadia a praça e os corações apaixonados espalhados pelos bancos nos cantos sombrios. Era uma beleza única na Princesa do Cariri e foi comparada as grandes fontes luminosas de Madrid e Portugal.

Depois do jantar tinha ponto certo na Siqueira Campos para encontrar os amigos, politicar, falar sobre a cidade e seus governantes, novidades Brasil a fora e o mundo moderno com a sua atualidade.

Cheio de pilhérias com muito humor e sempre arrancando de todos uma gargalhada gostosa. Era uma figura ímpar do lugar, moderno e sempre cheio de ideias inovadoras para pôr em prática. Fazia um pouco de tudo. Foi músico, ourives, fotógrafo, urbanista, arquiteto, desenhista e empreendedor nas diversas fábricas que implantou no decorrer da vida e acima de tudo um apaixonado pelo Crato . Nunca trabalhou por um partido político e realizou obras em todos os governos independendo de qualquer que fosse o prefeito. Passava sempre pelas exibições dos cinemas Cassino, Moderno e Educadora, pelo Café Crato e Bar do Alagoano.

A noite se estendia e a cidade começava a fechar suas portas. As senhoras guardavam as cadeiras da calçada, os namorados se despediam e aos poucos o silêncio e a paz invadiam ruas e praças. Aqui e ali se ouvia o roncar dos motores de algum carro apressado no rumo para a infidelidade matrimonial noturna. Mas ele continuava ali no meio da noite. Podia contar as estrelas e ver os cometas passarem com rabos de fogo riscando o céu. Dizia que as pessoas não sabiam admirar a beleza da noite, o céu estrelado com sua brisa suave todos os meses do ano e iam dormir deixando para trás a maior maravilha do mundo. Uma noite estrelada. Dificilmente encontrava um companheiro até o amanhecer do dia, a não ser o velho guarda noturno com seu apito cauteloso garantindo a segurança do sono tranquilo.

Era um tempo de paz, não existia o perigo. Quando a fome apertava, somente um lugar não tinha portas a fechadas: o restaurante "O Nenen", onde comia panelada, mucunzá, torresmo e feijoada dizendo que estômago não sabia se era noite ou dia.

Ao amanhecer, voltava para casa e o sono tomava conta do corpo do boêmio incorrigível. A mulher já o tinha posto pra fora do quarto, pois nunca se acostumou com seus horários.

Certa vez, surge bem cedo uma cliente apressada em bater um retrato para um documento importante e já entra gritando alto...

_Seu Julio estáaaaaaaaaaaaa.......

E o netinho corre apressado em busca do avô que ainda não pegara no sono.

_ Diga que não estou !

Rapidamente o menino volta e diz com todas as letras em bom tom...

_ Vovô mandou dizer que não está !

A cliente dá uma risada e fala...

_ Se mandou dizer que não está, é porque está !

E se ouve a voz forte e grave do boêmio vinda lá de dentro do quarto num tom aborrecido.

_ Estou, mas não quero estar !


Edilma Rocha

Pensamento para o Dia 26/05/2010


“Todos no mundo desejam a vitória. Ninguém deseja a derrota. Todos anseiam por riqueza, ninguém almeja pela pobreza. Mas como se pode alcançar vitória e riqueza? Não há necessidade de submeter-se ao tríplice esforço — físico, mental, intelectual — para alcançar a vitória. Nem é necessário ficar perturbado, ansioso ou consumir-se por causa da riqueza e da prosperidade. Refugie-se no Senhor. Maneje o arco da coragem mantendo seu coração puro. Isso é o bastante. Vitória e riqueza serão suas. Quando estiver buscando vitória e riqueza, lembre-se de que eles são como sua sombra, não são coisas reais em si mesmos. Você não pode alcançar sua sombra, mesmo se a perseguir por um milhão de anos.”
Sathya Sai Baba
Esboço
- Claude Bloc -

Mais uma vez uma página em branco. Branca e indiferente. Por um momento a mão começa a arte. Não sei se maior ou menor. Um esboço apenas a lápis. Um rabisco... e as palavras escondidas vão surgindo na brancura do papel, escapando em linhas.

De início, meros pensamentos esfumaçados. Vestígios de algum sonho dobrado em versos que corta a página ao meio sem piedade. Aos poucos o poema vai crescendo, rindo à toa e o sonho afiado vai se perdendo nos descaminhos da imagem refletida na transparência dos sentimentos.

Palavras farfalham no papel..dançam uma valsa, dedilham um violão. Representam apenas a (des)memória amarelando o passado. E os versos vão surgindo, um a um - unidos e ao mesmo tempo tão (des)iguais...

Palavras buscam a brancura do papel e se estendem preguiçosamente... A mão que escreve já nem desenha as letras, as palavras sequer existem nesse ajuntamento de verdades.
.
Palavras ficarão inscritas na alma até que a noite as apague na escuridão, reciclando o fluxo da vida.
>
Claude Bloc

Tens o relógio e eu tenho o tempo - entrevista com MOUSSA AG ASSARID, realizada por VÍCTOR-M. AMELA

Não acredito numa ordem que perfile todos os fatos. Alguns guardam íntima relação entre si, inclusive de causa e efeito. Mas as coisas, com alguma frequência, se ordenam apenas pela nossa atenção sobre determinadas questões, até mesmo porque estão presentes quando as buscamos. Foi assim que no mesmo momento que postei o resumo do pensamento verde socialista, recebi um PPS que era uma entrevista com um Tuareg que cursa universidade na França.

A tradução do cosmo que este Tuareg nos apresenta, embora num estágio diferente de uma cultura, bem demonstra o quanto a idéia de vanguarda e atraso pode ser falsa. Para os termos daquela discussão dos verdes o Tuareg tem muito o que dizer. O entrevistado é Moussa AG Assarid e foi dada ao jornalista, escritor e comentarista Victor M. Amela.

Aconselho a leitura do post inteiro, pois mesmo para idéias que pretendem revolucionar toda a Civilização, sempre tem como núcleo central o humano e seu legítimo encontro com a felicidade. O único medo possível não é o do movimento é o atoleiro em que todas as coisas apenas afundem.

Eis a entrevista:

Não sei a minha idade: nasci no Deserto do Saara, sem certidões...! Em um acampamento nômade Tuareg entre Tumbuctu e Gao, ao norte do Mali. Tenho sido pastor de camelos, cabras, ovelhas e vacas de meu pai. Hoje estudo Gestão na Universidad Montpellier. Sou solteiro. Defendo os pastores Tuareg. Sou muçulmano sem fanatismo.

- ¡Que turbante tão bonito…!

- É uma fina tela de algodão: permite proteger o rosto no deserto quando se levanta areia, e seguir vendo e respirando através dele. É de um azul belíssimo…. Aos Tuareg nos chamam os homens azuis por isto: a tela solta algo e nossa pele se toma de tons azulados...

- Como elaboram este intenso azul anil?

- Com uma planta chamada índigo, misturada com outros pigmentos naturais. O azul, para os Tuareg, é a cor do mundo.

- Por quê?

- É a cor dominante: do céu, do teto de nossas casas.

- Quem são os tuareg?

- Tuareg significa “abandonados”, porque somos um velho povo nômade do deserto, solitário, orgulhoso: “Senhores do Deserto”, nos chamam. Nossa etnia é a amazigh (berbere), e nosso alfabeto, o tifinagh.

- Quantos são?

- Uns três milhões, e a maioria, todavia, é nômade. Porém a população decresce... “ É preciso que um povo desapareça para que saibamos que existia, denunciava um vez um sábio: eu luto para preservar este povo.

- A que se dedicam?

- Pastoreamos rebanhos de camelos, cabras, ovelhas, vacas e jumentos num reino de infinito y de silencio…

- De verdade tão silencioso é o deserto?

- Sim estás a só naquele silencio, ouves as batidas de tu próprio coração. No há melhor lugar para se achar sozinho.

- Que recordações de tua infância no deserto conservas com maior nitidez?

- Meu despertar com o sol. Ali estavam as cabras de meu padre. Elas nos dão leite e carne, nós as levamos aonde há água e pastagem… Assim fez meu bisavô, e meu avô, e meu pai… E eu. Não havia outra coisa a mais no mundo do que isso. E eu era muito feliz nele!

- Sim! Não parece muito estimulante. ..

- Muito.. Aos sete anos já te deixam apartado do acampamento, para o que te ensinam as coisas importantes: a farejar o ar, escutar, apurar a vista, orientar-se pelo sol e as estrelas… E a deixar-se levar pelo camelo, se te perdes: te levará aonde há água. Saber isso é valioso, sem dúvida… Ali todo é simples e profundo. Há poucas coisas, e cada uma tem um enorme valor!

- Então este mundo e aquele são muito diferentes, não?

- Ali, cada pequena coisa proporciona felicidade. Cada roçar é valioso. Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos, de estar juntos! Ali nada sonha em chegar a ser, porque cada um já o é!

- O que mais chocou em tua primeira viagem a Europa?

- Vi correr as pessoas pelo aeroporto.. . No deserto só se corre si vem uma tormenta de areia! Assustei-me, claro…

- Só iam buscar as malas, já, já…

- Sim, era isso. Também vi cartazes de mulheres desnudas: por que essa falta de respeito com as mulheres? Perguntei-me… Depois, no hotel Ibis, vi a primeira torneira de minha vida: vi correr a água…. e senti vontade de chorar..

- Que abundancia, que desperdício, não?

- Todos os dias de minha vida haviam consistido em procurar água! Quando vejo as fontes ornamentais aqui e acolá continuo sentindo dentro uma dor tão imensa….

- Tanto assim?

- Sim. A principio dos 90 houve uma grande seca, morreram os animais, caímos enfermos…. Eu tinha uns doze anos, e minha mãe morreu… Ela era tudo para mim! Me contava histórias e me ensinou a contar-las bem. Ensinou-me a ser eu mesmo.

- Que aconteceu com sua família?

- Convenci a meu pai de que me deixasse ir à escola. Quase todos os dias eu caminhava quinze quilômetros. Até que o professore me deixou uma cama para dormir, e uma senhora me dava de comer ao passar ante a sua casa…. Entendi: minha madre estava ajudando-me...

- De onde saiu essa paixão pela escola?

- Dois anos antes havia passado pelo acampamento o rali Paris-Dakar e uma jornalista deixou cair um livro de sua mochila. O recolhi e a dei. Presenteou-me e me falou daquele livro: O Pequeno Príncipe. E eu me prometi que um dia seria capaz de lê-lo….

- E o logrou.

- Sim. E assim foi como logrei uma bolsa para estudar na França.

- Um Tuareg na universidade ..!

- Ah, o que mais me falta aqui é o leite de camela… E o fogo a lenha. E caminhar descalço sobre a areia quente. E as estrelas: lá as miramos cada noite, e cada estrela é distinta de outra, como é distinta cada cabra… Aqui, pela noite, olhas a televisão.

- Sim… Que é o pior que lhe parece aqui?

- Tendes de tudo, porém não basta. Queixai-vos. Na França passam a vida se queixando! Aprisionai-vos por toda a vida aos bancos, e há ânsia de possuir, frenesi, pressa… No deserto não há atrasos, e sabe por quê? Porque ali nada quer se adiantar a nada.

- Conta-me um momento de felicidade intensa em distante deserto.

- É cada dia, duas horas antes do pôr do sol: diminui o calor, e o frio não chegou ainda, e homens e animais regressam lentamente ao acampamento e seus perfis se recortam no céu rosa, azul, roxo, amarelo, verde…

- Fascinante, na verdade…

- É um momento mágico…. Entramos todos na tenda e pomos o chá no fogo. Sentados, em silencio, escutamos a fervura… A calma nos invade a todos: as batidas do coração entram no compasso, no pot-pot dp fervor...

- Que paz…

- Aqui tens o relógio, ali temos o tempo.

Sivuca



Severino de Oliveira, mais conhecido como Sivuca, (Itabaiana, 26 de maio de 1930 — João Pessoa, 14 de dezembro de 2006) é um dos maiores artistas do século XX, responsável por revelar a amplitude e a diversidade da sanfona nordestina no cenário mundial da música. Exímio executante da sanfona, multi-instrumentista, maestro, arranjador, compositor, orquestrador e cantor.

Sivuca contribuiu significativamente para o enriquecimento da música brasileira, ao revelar a universalidade da música nordestina e a nordestinidade da música universal. É reconhecido mundialmente por seu trabalho. Suas composições e trabalhos incluem, dentre outros ritmos, choros, frevos, forrós, baião, música clássica, blues, jazz, entre muitos outros.

Ganhou a sanfona de presente do pai em 13 de junho de 1939, num dia de Santo Antônio, aos nove anos. A partir daí, a inseparável companheira o levaria para mundos desconhecidos. Aos quinze anos, ingressou na Rádio Clube de Pernambuco, em Recife. Em 1948, faz parte do cast da Rádio Jornal do Commércio.

Em 1951, grava o primeiro LP em 78 rotações, pela Continental, com "Carioquinha do Flamengo" (Waldir Azevedo, Bonfíglio de Oliveira) e "Tico-Tico no Fubá" (Zequinha de Abreu). Neste mesmo ano, lança o primeiro sucesso nacional, em parceira com Humberto Teixeira, , "Adeus, Maria Fulô" (que foi regravado numa versão psicodélica pelos Mutantes, nos anos 60).

A partir de 1955, foi morar no Rio de Janeiro. Após apresentações na Europa como acordeonista dum grupo chamado Os Brasileiros, chegou a morar em Lisboa e Paris, a partir de 1959. É considerado o melhor instrumentista de 1962 pela imprensa parisiense. Grava o disco "Samba Nouvelle Vague" (Barclay), com vários sucessos de bossa-nova.

Morou em Nova Iorque de 1964 a 1976, onde, entre outros trabalhos, foi autor do arranjo do grande sucesso "Pata Pata", de Miriam Makeba, com quem então excursionou pelo mundo até o fim da década de 60. Compôs trilhas para os filmes Os Trapalhões na Serra Pelada (1982) e Os Vagabundos Trapalhões (1982).

Um dos discos mais emblemáticos da carreira do artista é o "Sivuca Sinfônico" (Biscoito Fino, 2006), em que ele toca ao lado da Orquestra Sinfônica do Recife sete arranjos orquestrais de sua autoria, um registro inédito, único e completo de sua obra erudita. As composições sinfônicas de Sivuca são absolutamente singulares na música erudita brasileira, porque o artista inseriu a sanfona como o instrumento principal de sua obra.

Em 2006 o músico lançou o DVD “Sivuca – O Poeta do Som”, que contou com a participação de 160 músicos convidados. Foram gravadas 13 faixas, além de duas reproduzidas em parceria com a Orquestra Sinfônica da Paraíba.

Faleceu em 14 de dezembro de 2006, depois de dois dias internado para tratamento de um câncer, que já o acometia desde 2004. Sivuca deixa uma filha, Flavia, que atualmente está levantando o acervo do pai, e mais três netos, Lirah, Lívia e Pedro.


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