Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ana Botafogo


A história de uma carreira de sucesso desenhada na ponta dos pés

Ana Botafogo, primeira-bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1981, ano que ingressou na importante companhia de dança brasileira após ser aprovada num concurso público, é dona de uma carreira repleta de conquistas importantes.

Apesar de nunca ter imaginado que sua estrela brilharia tanto, Ana afirma que a dança sempre foi a coisa mais importante em sua vida. Sua seriedade e comprometimento com a profissão a levaram a superar todo o tipo de obstáculos. Com seu carisma, a bailarina contagia seu público e inspira jovens bailarinas do país inteiro quando enche o palco com sua dança e magia.

Ana Botafogo iniciou seus estudos de ballet clássico ainda pequena em sua cidade natal, mas foi no exterior que ela complementou sua formação. Na Europa freqüentou a Academia Goubé na Sala Pleyel, em Paris (França), a Academia Internacional de Dança Rosella Hightower, em Cannes (França) e o Dance Center-Covent Garden, em Londres (Inglaterra).

Foi na França, mais precisamente na Ballet de Marseille, do famoso coreógrafo Roland Petit, que a bailarina brasileira dançou como profissional pela primeira vez. Suas performances no exterior incluem participações em festivais em Lausanne (Suíça), Veneza (Itália), Havana (Cuba) e na Gala Iberoamericana de La Danza, representando o Brasil, no espetáculo dirigido por Alicia Alonso, em Madrid (Espanha), realizado em comemoração aos 500 Anos do Descobrimento das Américas.

De volta ao Brasil no final da década de 70, a bailarina ainda muito jovem, foi nomeada Bailarina Principal do Teatro Guaíra (Curitiba-PR), da Associação de Ballet do Rio de Janeiro e, em 1981 juntou-se ao balé do Teatro Municipal do Rio deJaneiro.



Ao longo de sua carreira, Ana Botafogo já interpretou os papéis principais de todos as mais importantes obras do repertório da dança clássica. Destacam-se suas performances em produções completas como Coppélia, O Quebra Nozes, Giselle, Romeu e Julieta, Don Quixote, La Fille Mal Gardée, O Lago dos Cisnes, Floresta Amazônica, A Bela Adormecida, Zorba o Grego, A Megera Domada e Eugene Onegin. A bailarina também levou para diversas capitais brasileiras os espetáculos ''Ana Botafogo In Concert'' e ''Três Momentos do Amor''.

Em 1995, na qualidade de ''étoille'' convidada da Companhia de Opera Lodz (Polônia), interpretou o papel feminino do Ballet Zorba, O Grego, dançando em várias cidades do Brasil.

Ana dançou como artista convidada de importantes Companhias de Ballet, tais como: Saddler’s Wells Royal Ballet (Inglaterra), Ballet Nacional de Cuba (Cuba), Ballet del Opera di Roma (Itália), entre outras.

Entre seus partners internacionais estão os mais expressivos nomes da dança mundial como Fernando Bujones, Julio Bocca, David Wall, Desmond Kelly, Cyril Athanassof, Alexander Godunov, Richard Cragun, Jean-Yves Lormeau, Lazaro Carreño, Tetsuya Kumakawa, Yuri Klevtsov, José Manuel Carreño e Slawomir Wozniak.

Mas suas sapatilhas conquistaram muito mais que calorosos aplausos ao redor do Brasil e do mundo. A bailarina foi presenteada pelo Governo dos Estados Unidos da América do Norte, por intermédio Comissão Fulbright e do Governo da Inglaterra, com bolsas de estudo para aperfeiçoamento da dança.

Entre os muitos títulos que recebeu do governo do Rio de Janeiro estão o de Embaixatriz da Cidade do Rio de Janeiro e o de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro. O Ministro da Cultura da República Francesa nomeou-a em 1997 ''Chevalier Dans L'Ordre des Arts et des Lettres'' e em 1999, o Ministério da Cultura do Brasil outorgou-lhe o Troféu Mambembe referente ao ano de 1998, pelo reconhecimento ao conjunto do trabalho e divulgação da dança em todo o território nacional. Em dezembro de 2002 recebeu do Ministério da Cultura a Ordem do Mérito Cultural, na classe de Comendadora, por ter se distinguido por suas relevantes contribuições prestadas à cultura no país,e em agosto de 2004 recebeu a Medalha de Mérito Pedro Ernestro da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.



Ana Botafogo é considerada, tanto pelo público como pela crítica, uma das mais importantes bailarinas brasileiras por sua técnica, versatilidade e arte.


Fonte :www.anabotafogo.com.br/

Relembrando Pat Boone...

Baião da Penha - David Nasser e Guio de Moraes




Baião Da Penha
Composição: David Nasser/Guio de Moraes

.
Demonstrando a minha fé
Vou subir a Penha a pé
Pra fazer minha oração
Vou pedir à padroeira
Numa prece verdadeira
Que proteja o meu baião

Penha! Penha!
Eu vim aqui me ajoelhar
Venha, venha,
Trazer paz para o meu lar.

Nossa Senhora da Penha
Minha voz talvez não tenha
O poder de te exaltar
Mas de bênção padroeira
Pressa gente brasileira
Que quer paz pra trabalhar

Penha, Penha
Eu vim aqui me ajoelhar
Venha, Venha
Trazer paz para o meu lar

Dégas, "O Pintor das Bailarinas"


"Chamam-me o pintor das bailarinas", dizia Dégas com tristeza, "não compreendem que a bailarina é um pretexto para reproduzir o movimento fluido."

Pintor e escultor francês (19/7/1834-27/9/1917). Ligado ao impressionismo, destaca-se pelo estudo apurado do movimento e fica conhecido como o pintor das bailarinas. Hilaire-Germain-Edgar Degas nasce em Paris.

De família abastada, abandona o curso de direito e ingressa em 1855 na Escola de Belas-Artes. No ano seguinte vai estudar a pintura do Quattrocento na Itália, onde permanece até 1860.


Compõe obras de observação psicológica, como retratos de família (Retrato de Família de Belleli, 1860-1862). De volta à França, interessa-se pela pintura histórica e conhece Édouard Manet e outros impressionistas.
Em 1870 é influenciado pelas cores do impressionismo, pela perspectiva paralela e pelas estampas japonesas.

No ano seguinte, porém, abandona as paisagens rurais e adota o realismo em pinturas e desenhos, retratando cenas do cotidiano urbano, como em Após o Banho (1898) e As Passadeiras de Roupa (1884), entre outras obras.


A partir de 1880, com a progressiva perda da visão, isola-se dos amigos e passa a se dedicar à criação de suas pequenas esculturas, principalmente nus femininos, cavalos e bailarinas. A mais famosa delas é Bailarina de Catorze Anos (1881). Morre em Paris.


Apesar de não ser considerado academicamente como um impressionista, pois divergia em alguns pontos de artistas como Claude Monet e Boudin, Degas traz traços primordialmente identificados com o impressionismo, mas que acabam se distanciando e marca a sua independência com "A pequena bailarina de catorze anos".

A Pequena Bailarina de Catorze Anos - Edgar_Degas

Há uma polêmica em torno da data de reprodução dessa escultura . Alguns dizem que a “Pequena Bailarina” foi a única reproduzida antes da morte do artista, mas é bem provável que ela tenha feito parte de um lote de 73 esculturas reproduzido pela família herdeira nos dez anos que se seguiram a morte de Degas, ocorrida em 1917. Depois de reproduzida pela Fundição Hébrard, a escultura original de Degas ficou esquecida em um porão de Paris até 1955, quando o colecionador Paul Mellon comprou-a e doou-a, em 1999, àGallery of Art National , de Washington. Desde então, a “ Pequena Bailarina de Quatorze Anos” encontra-se exposta à visitação pública da mesma maneira como foi idealizada por Degas : protegida em uma caixa de vidro.

A obra “A bailarina de 14 anos” de Degas foi bastante criticada, pois retrata uma jovem bailarina que demonstra os problemas da sociedade Européia do século XX. La petit danseuse de quatorze anos é o nome original da escultura de Degas, que representa uma jovem estudante de dança chamada Marie Van Goethem. Ele é feito de cera, o que é bastante incomum em esculturas, com uma crosta de bronze e algumas peças de pano. A finalização da obra ocorreu em 1922.

Quando a escultura foi lançada na Sexta Exibição Impressionista em Paris, houve diferentes criticas acerca da qualidade da obra. Muitos a acharam feias e outras a consideraram grotesca e primitiva, é uma das obras mais conhecidas de Degas e foi vendido em um leilão por mais de 12 milhões de dólares a François Pinault, o homem mais rico da França.

A “pequena bailarina” mostrava os conflitos que ocorriam no mundo da dança, pois o artista conhecia o lado, por vezes obscuro, do universo das jovens bailarinas, uma combinação nem sempre feliz entre arte e pobreza ou arte e prostituição. A desalinhada jovem não era propriamente para uma escultura ou pintura da época. Nem era nobre, tampouco, o material escolhido pelo artista: a cera, ao invés do bronze ou do mármore. Entretanto, ao lado das restrições formais e estéticas, a “pequena bailarina” escandalizou, sobretudo, porque simbolizava a hipocrisia que encobria as intrigas obtidas pelos poderosos através da prostituição exploratória das jovens bailarinas.









Biografiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/
http://www.algosobre.com.br/biografias/edgar-degas.html
http://www.bestpriceart.com/vault/cgfa_degas48.jpg
http://www.suapesquisa.com/biografias/edgar_degas.htm

O estouro do Açude de Orós, segundo José Almino (reminiscências)- Por: Maria Amélia Castro

O açude de Orós está localizado no município do mesmo nome no Estado do Ceará. Foi projetado e concluído pelo DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), com a finalidade de irrigar a região.

A cidade de Orós fica a 133 Km do nosso Crato. Quando a obra do Açude estava ainda para ser completada, houve uma grande temporada de chuvas e, em consequência, o rio Jaguaribe encheu bastante, transbordando e provocando o arrombamento da parede da barragem, causou um desastre sem precedentes na região: pessoas ficaram desabrigadas, aconteceu o abandono de casas, roças, e rebanhos inteiros foram perdidos. Esse acidente marcou todo o Ceará, de um povo já sofrido com secas e pobreza.

O açude ficou pronto e foi inaugurado com muita festa, mas nos anos seguintes em todo inverno mais forte o medo tomava conta de todos.

Na época, o único veiculo de comunicação era o rádio. Instrumento "mágico", maravilhoso, na nossa casa ele merecia um lugar de destaque: ficava na sala de jantar , perto da tomada, sobre uma mesa coberta com uma toalha de crochê. Ouvíamos violas e violeiros na Rádio Educadora, ao final da tarde. Ouvíamos, ainda, a Rádio Araripe e até a BBC de Londres. Ouvíamos, embevidas, as novelas “O Direito de Nascer”e uma certa novela cubana. Lembro-me que Maria Helena engravidou sem casar, virou mãe solteira e o pai dela, revoltado, não aceitou o neto. Mamãe Dolores, então, fugiu com a criança. Era um grande espetáculo tudo aquilo, a ansiedade para que o outro dia chegasse logo para ouvirmos o desenrolar da trama.

Aldinha, a querida tia, tinha uma coleção de escritos, da novela "O direito de nascer". Mas ninguém podia ler, não era literatura para a nossa idade, mas no rádio podíamos ouvir. Vá entender essas coisas.

O nosso rádio equivale, hoje, a uma TV de plasma de 29 polegadas, era o sonho de consumo de muita gente.

Nesse dia, no Crato, chovia muito e a iminência do Açude de Orós quebrar novamente era grande. As chuvas de inverno estavam fortes no estado inteiro. Era só em que se falava. Zé Almino, meu querido irmão, muito astucioso, brincalhão (só quem conhece a peça sabe de quem estou falando), passou pela cozinha de nossa casa em Crato e falou alto, "o Açude de Orós está pra quebrar, liguem o rádio”. E assim foi feito. Telina, que trabalhava em casa, me pediu pra ligar logo o rádio. A chuva estava grossa e ininterrupta. Havia uma interferência grande no som do rádio, quase nada se podia ouvir. Zé Almino volta, informando que tal zoada era o "barulho do açude quebrando". Rezamos muito, Regina, a outra secretária, chorou com muita pena do povo. Veio vovó , entrou pela porta da cozinha e viu o choro desesperado. Perguntou o que era tudo aquilo e nós respondemos sobre a razão do nosso desespero. Quase que minha vozinha entra no clima também. Quando Zé Almino viu que vovó estava chegando, falou alto: "brincadeira delas, vó, elas estão achando que o chiado do radio é da água em Orós.

Maria Amélia Castro

SENTIMENTOS





Deixaremos de publicar hoje o capítulo VI sa série de Histórias dos Zizinhos de Monsenhor, em profundo respeito a dor e ao sentimento de pesar da família de Walter Leite pelo trágico falecimento de sua filha amada. Nos associamos a esta dor.

A DOR, O INFORTÚNIO E OS RITUAIS DA MORTE





Os antropólogos têm definido os rituais como uma característica de todas as sociedades humanas, grandes ou pequenas. É uma parte importante da sociedade e da maneira como ela celebra, mantém, e renova o mundo em que vive inclusive o infortúnio. Os rituais ocorrem em vários ambientes, adotam formas diversas e desempenham muitas funções tanto sagradas como seculares. Segundo observa Turner, “o ritual é uma afirmação periódica dos termos sob os quais os membros de uma cultura determinada devem interagir para que haja determinado tipo de coesão na vida social”.
Outro dia li aqui no Blog uma manifestação de pesar e reflexão do Dr. João Marni frente a manifestação de familiares sobre o falecimento de uma criança e o paradigma não superado da classe médica com relação ao binômio dos rituais de cura/doença/morte e a confrontação das limitações impostas pelo insucesso da terapêutica e das outras forma de intervenção sejam elas de natureza clínica ou cirúrgica que o caso requer e são adotadas e tudo que implica se o desfecho for a morte do paciente. Ele como psicólogo tem elementos suficientes para o entendimento dessa subjetividade e deste verdadeiro ENIGMA de todas as pessoas variando de grau frente ao tipo de “cultura e sociedade”. Hetrz observou os costumes funerários, ritual de transição social entre a morte e o luto e encontrou aspectos comuns entre eles. Na maior parte das sociedades humanas, as pessoas têm, efetivamente, dois tipos de morte: uma biológica e outra social. Entre os dois, há um “período de tempo variável”, que pode durar dias, meses ou até anos. Enquanto que a morte representa o fim do organismo humano, a “morte social” é o fim da identidade social do indivíduo. A morte social ocorre num processo que compreende uma série de cerimônias, incluindo o funeral, no qual a sociedade oficializa a despedida de um dos seus e reafirma sua continuidade sem ele. Hertz resalta que, na maioria das sociedades não ocidentais, a morte não é vista como um acontecimento isolado no tempo, mas como um processo através do qual o indivíduo recém-falecido é transferido da terra dos vivos para a dos mortos. Simultaneamente, há um período de transição entre as identidades sociais de “pessoa viva” e à “ancestral morto”. Durante esse período intermediário entre a morte biológica e a morte social final, considera-se que a alma do falecido encontra-se num estado de “limbo”. Isto é, ela ainda é considerada como membro (parcial) da sociedade, mas potencialmente perigosa para as outras pessoas, por estar “vagando livremente”. Na fase de transição, a alma ainda tem alguns direitos sociais, especialmente sobre seus familiares e amigos em luto. Estes devem realizar determinadas cerimônias, comportar-se e vestrir-se de modo especial e, geralmente isolar-se da vida em comum. Devo lembrar que em tempos não muito distantes e ainda perdura em sociedade de cidades do interior rural, o simbolismo da traja de pano preto no braço ou na camisa, ou o luto fechado (vestir-se de preto) e outros rituais simbólicos. Assim como a alma do morto, eles também se encontram num estado socialmente ambíguos entre identidade, perigosos tanto a outras pessoas e a si próprios. Em muitas culturas, uma viúva recente é proibida de casar novamente durante um determinado tempo após a morte do marido. A viúva na visão de Hertz também é um estado intermediário, pois a viúva ainda está casada com a alma do marido até o final da morte social.
Na nossa cultura esse valor é posto em discussão pela decisão pessoal da mulher frente aos seus sentimentos e sua liberdade de escolha. Seu livre arbítrio, o que não impede haver censura por parte de da sociedade e seus preconceitos e outros sentimentos inclusive os da própria família.

Se observarmos algumas culturas, por exemplo: a Malásia, o cadáver é inicialmente enterrado em caráter temporário durante sua decomposição, para então ser sepultado definitivamente – meses ou anos depois- numa cerimônia fianal. O interessante é que ele é considerado pertencente exclusivamente ao mundo em que deixou. Cabe aos vivos a tarefa de prover o alimento do morto até a cerimônia final. O funeral final define o fim da sua existência quando ele renasce para o mundo dos “seus ancestrais”.

Eisenbruck descreve algumas cerimônias de despedida padronizadas culturalmente em diversos grupos sociais e culturais dos Estados Unidos – incluindo negros urbanos, chineses, italianos, gregos, haitianos latinos refugiados e do sudeste asiático. Nela estão presentes as variações de crenças e costumes relacionados ao luto. No nosso sertão há uma prática de se preparar verdadeiros “banquetes” para o velório, dependendo das posses da família traço comum na sociedade Irlandesa e outras. Para os Judeus Ortodoxos, o shib ah possui uma estrutura bem definida de luto que duram sete dias posteriores ao funeral. Os indivíduos da família permanecem em suas casas recebendo visitas de pêsames, vestem luto por trinta dias, e durante um ano priva-se de diversões. Um ano mais tarde com a inscrição na lápide encerra-se esse ciclo de luto. Nós ocidentais cristãos de tradição judaica pelo hífen da ligação de Jesus Cristo e a Bíblia Sagrada, incorporamos alguns desses rituais.. Embora haja determinadas constantes no modo como os seres humanos sofrem pela morte, não se pode afirmar que os estados de sofrimento ocorram na mesma proporção em culturas diferentes, ou que obedeçam à mesma seqüência. Portanto, há grandes variações entre as práticas de luto dos diferentes grupos sócias, crenças, valores e cultura. Um traço comum a todos é a DOR e o SENTIMENTO DE PERDA, que com o passar do tempo tende a transformar-se em uma doce saudade.




Leitura recomendada: Hertz, R. Death and the Right Hand. Londres: Cohen & West. p.27-86

Turner,V.W. The Ritual Process.Londres: Harmoddsworth Penquin, 1974.



Vagares Vadios - Por: Socorro Moreira


É normal esse desalento ?
Essa incapacidade de salpicar
estrelas,nos meus escuros ?


Aprendizado :
processo e tempo
Quando o estágio finda
ficamos soltos e livres
Donos do destino !

Elos físicos
são frágeis laços de fita
Elos espirituais
são fios invisíveis
Conjugam no infinitivo
Amam no infinito


Chama violeta
transmuta a dor da saudade
Faz da falta que ela faz
doce momento de paz


O fogo purifica
Resta o nada...
O ponto búdico que aspiro !
(Foto by Nívia Uchôa)

Paulo Francis, o polêmico


Paulo Francis,
... intelectual, polêmico, irônico, satírico, cáustico !
............................................. Inegável a força da sua palavra.
***
“Gosto que me leiam e saibam o que penso das coisas. É uma forma de existir. Trabalho é a melhor maneira de escapar da realidade”.

“Já tinham me avisado, mas não acreditei. Era verdade. Nunca pensei tanto no Brasil como fora dele. O presente é muito difícil para mim, daí eu me concentrar numa perspectiva histórica. É um lugar comum que merece um ladrilho em cada casa: nunca entenderemos o nosso presente ou prepararemos o futuro sem analisarmos o passado”.

Paulo Francis


Conta a história...

PAJÉ CONTRA PAJÉ

No dia 25 de junho de 1983, Paulo Francis publicou na Ilustrada um texto intitulado "Caetano, pajé doce e maltrapilho". Era uma referência ao compositor baiano, que havia participado de uma entrevista com Mick Jagger no programa "Conexão Internacional", da Rede Manchete, conduzido pelo jornalista Roberto D'Ávila, com a participação de Walter Salles atrás das câmeras (ele ainda não se tornara o famoso cineasta de "Central do Brasil").

D'Ávila convidara Caetano para participar da conversa com o líder dos Rolling Stones. O autor de "Tropicália" era visto por muitos como uma versão brasileira dos grandes astros pop internacionais dos anos 60, com a vantagem de ser também considerado um artista-intelectual.

Para Francis, no entanto, esse status parecia problemático. O colunista elogiava Caetano, considerava-o até melhor do que Jagger como compositor, mas criticava o fato de ele falar "de Pajé contra pajé tudo com autoridade imediatamente consagrada pela imprensa, que é mais deslumbrada do que o público". Para ele, transformado em "totem", Caetano teria se apequenado diante de Jagger no "Conexão Internacional": "É evidente, por exemplo, que Mick Jagger zombou várias vezes de Caetano na entrevista na TV Manchete. O pior momento foi aquele em que Caetano disse que Jagger era tolerante e Jagger disse que era tolerante com latino-americanos (sic), uma humilhação docemente engolida pelo nosso representante no vídeo".
O colunista também fez reparos a uma pergunta feita por Caetano a Jagger sobre o lugar do rock na história da música. "Essa pergunta simplesmente não se faz em televisão, ou até em jornal. É de um amadorismo total. Só serve para seminários de 'comunicação' no interior da Bahia. Não é uma pergunta jornalística. Jagger começou a debochar aí."

O artigo não provocou uma resposta imediata de Caetano. Ele não enviou ao jornal um artigo, como se poderia supor. Mas, aqui e ali, em entrevistas, foi falando do assunto. Convidado a manifestar-se sobre o caso na coletiva para o show "Uns", em São Paulo, em outubro de 1983, chamou o jornalista de "bicha amarga".

Francis retrucou em sua coluna: "Duas sorridentes cascavéis deste caderno me comunicaram hoje que Caetano Veloso me agrediu numa coletiva. Outro tema de debate: cantor de samba fazendo show vale uma coletiva? Por quê? Bem, fiz críticas culturais ao estilo de personalidade de Caetano, o flagelado milionário de 'boutique', servil como um escravo diante do condescendente Mick Jagger. São críticas, certas ou não, mas culturais. Qual é a resposta de Caetano? Diz que sou uma bicha amarga e recalcada. É puro Brasil. Ao argumento crítico, o insulto pessoal. Mas o insulto é o próprio Caetano. Afinal, o que ele quer dizer é que sexualmente sou igual a ele, e usa isso como insulto."

A temperatura esquentou e a Ilustrada fez uma enquete sobre quem faria a cabeça dos intelectuais e descolados da época. Francis ou Caetano? O caderno ouviu de José Guilherme Merquior a Casagrande, passando por Henfil e José Arthur Giannotti. Curiosamente, Caio Túlio Costa, que ainda não era ombudsman, mas secretário de Redação da Folha, ficou com Francis. Mais tarde, ele também teria um entrevero com Caetano, ao criticar o filme "Cinema Falado" (1986), lançado pelo compositor.

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Enquete:

QUEM FAZ MAIS A SUA CABEÇA:

.......... PAULO FRANCIS OU CAETANO VELOSO

Por RUY CASTRO
8 de outubro de 1983 - Ilustrada
Com colaboração de Âmbar de Barros

É a polêmica do século. Ou a deste fim de semana -por aí. A cidade está acompanhando, entre perplexa e apaixonada, a briga entre o jornalista Paulo Francis, correspondente da Folha em Nova York, e o cantor e compositor Caetano Veloso, pelas páginas deste caderno. Há algumas semanas, Paulo Francis criticou a entrevista que Caetano realizou com Mick Jagger no programa "Conexão Internacional", da TV Manchete, classificando de reverente e submissa a postura de Caetano diante do complacente líder dos Stones.

Caetano não gostou e, numa entrevista coletiva nesta terça-feira, rompeu publicamente com Francis, a quem sempre admirou, chamando-o de "bicha amarga" e "boneca travada". A resposta de Paulo Francis foi publicada na edição de quinta, em que ele devolve a Caetano os epítetos e lamenta que um argumento cultural seja respondido com insultos.

Tsk, tsk. Mas a briga existe e não se fala em outra coisa. Espera-se que ela sirva pelo menos como base de discussão sobre o conceito do intelectual no Brasil, a liberdade de expressão e a maior ou menor qualidade da nossa atual produção artística. Afinal, ambos têm mais do que cacife para isso.

São pessoas corajosas, inteligentes e talentosas. E estão entre os intelectuais e artistas que mais fizeram cabeças neste país nos últimos 20 anos. Quem faz mais a sua cabeça: Paulo Francis ou Caetano Veloso? Esta foi a pergunta que a Folha fez a várias pessoas influentes. Eis as respostas. (E, ah sim, antes que eu me esqueça: nenhum dos dois é bicha.)


AUGUSTO DE CAMPOS, poeta e tradutor: "Não tem dúvida: sou 100% Caetano".

JÚLIO MEDAGLIA, maestro e um dos inventores do tropicalismo: "Neste momento, Paulo Francis é mais criativo. Ultimamente, Caetano só tem feito boleros".

DÉCIO PIGNATARI, poeta e professor de literatura: "Os dois fazem igualmente a minha cabeça. Paulo Francis é um homem claramente ideológico e às vezes incursiona no terreno artístico. Caetano é o contrário".

MINO CARTA, jornalista e editor da revista Senhor: "Com respeito por ambos, nem um nem outro".

GILBERTO BRAGA, autor de novela "Louco Amor": "Pela emoção, Caetano. Pela razão, Paulo Francis. Mas, pelo que andam dizendo um do outro, eu poria os dois de castigo durante uma hora".

CARLOS BRICKMAN, jornalista, editor de economia da Folha: "Entre os dois, graças a Deus fico com Millôr Fernandes".

HENFIL, cartunista: "Paulo Francis. Pela sabedoria, pelo compromisso com as outras pessoas e pelo seu orgulho de ter sido preso por suas idéias, enquanto Caetano se envergonha disso. Caetano diz que não lê jornais, mas é capaz de citar o dia e a página de qualquer jornal que tenha falado dele, mesmo que seja a 'Gazeta de Nanuque'. E eu gosto mais da música do Francis".

BELISA RIBEIRO, apresentadora do programa "Canal Livre": "Caetano. Porque, por ele, dá para a gente se apaixonar".

ZÓZIMO BARROZO DO AMARAL, colunista: "Paulo Francis. Eu faço parte da macaquice do auditório dele".

FÁBIO MAGALHÃES, secretário da Cultura municipal: "Nenhum dos dois".

JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI, filósofo e professor: "Os dois não fazem nem o meu pé, quanto mais a minha cabeça".

CARLITO MAIA, publicitário: "Quem faz a minha cabeça é o Goulart, que me corta o cabelo".

FLÁVIO GIKOVATE, psicanalista: "Caetano Veloso. Sem comentários".

JOÃO CÂNDIDO GALVÃO, jornalista, editor-assistente de Veja: "Paulo Francis, porque é mais paradoxal. Caetano anda muito óbvio".

SÓCRATES, jogador do Corinthians e da Seleção: "Admiro os dois como profissionais destacados em suas respectivas áreas, mas nenhum deles faz a minha cabeça. Aprecio informações do Paulo Francis, gosto de muitas músicas do Caetano, mas nenhum deles influi na minha maneira de pensar ou agir".

CASAGRANDE, centroavante do Corinthians: "Caetano Veloso. É um poeta. Gosto também do comportamento dele, que é agressivo com a sociedade. Aliás, como o meu".

MARÍLIA GABRIELA, apresentadora do programa "TV Mulher": "Quando eu quero poesia, prefiro Caetano. Quando quero bom jornalismo, prefiro Paulo Francis".

JOÃO DÓRIA JR., presidente da Paulistur: "Nenhum dos dois. Mas eu prefiro a doçura musical do Caetano à acidez redacional do Paulo Francis".

ANGELI, cartunista: "Eu misturo os dois. Pego o lado doce do Paulo Francis e o ferino do Caetano".

GERALDO MAYRINK, jornalista, editor-assistente de IstoÉ: "Paulo Francis - porque, pelo menos, nunca pediu a minha cabeça, como fez o outro. Além disso, Francis se tornou um dos maiores entertainers do nosso show business".

EDUARDO MASCARENHAS, psicanalista: "Caetano, claro, porque tem mais humor, talento e arte que o sr. Paulo Francis. Caetano já me faz a cabeça há 15 anos. Já o sr. Paulo Francis, no que respeita a subjetividade, é extremamente primário. Mas eu não sei como andam os interiores do sr. Paulo Francis".

WASHINGTON OLIVETTO, publicitário: "Que país mais chato este, em que os inteligentes brigam e os burros andam de mãos dadas!".

ANTONIO MASCHIO, ator e proprietário do Spazio Pirandello: "Paulo Francis, sem dúvida. É um homem do mundo. Caetano, quando muito, é um homem do Brasil. Se todas as bichas do Brasil fossem 'travadas' como o Paulo Francis, este país estaria muito melhor".

CLODOVIL, costureiro: "Eu, hein? Nesse angu, eu não me meto!".

APARÍCIO BASÍLIO DA SILVA, escultor e perfumista: "Paulo Francis. É um conselheiro literário formidável".

PIETRO MARIA BARDI, diretor do Museu de Arte de São Paulo: "Na minha idéia, é Paulo Francis, hoje o maior, mais atual, mais vivo, mais inteligente e mais inventivo escritor brasileiro".

TÃO GOMES PINTO, jornalista da Folha: "Caetano Veloso".

CAIO TÚLIO COSTA, jornalista, secretário da Redação da Folha: "Entre a razão e a emoção, eu fico com Paulo Francis".

MARTA SUPLICY, sexóloga: "Eu gosto dos dois, mas nenhum faz a minha cabeça".
[...]

ZIRALDO, teatrólogo e humorista: "Sou Caetano. Mas não assumo".

MILLÔR FERNANDES, pensador e humorista: "Olhem, não me meto em briga de baianos".

Publicado na Folha Online

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u465487.shtml



1 de setembro dia do Profissional de Ed.Física.


Hoje parabenizo a todas as pessoas que trabalham nessa área,onde se cuida
e exercita o corpo humano como fonte de energia e de educação.
Parabenizo em particular, meu filho David - professor de Educação Física
de crianças e adolescentes do Colégio Diocesano do Crato; e que muito orgulho
me faz. Liduina.

Movimento-tempo-destino? – por Carlos e Magali

Quais as equações da Física que combinam movimento-tempo-destino? Algo implacável que as leis do movimento não contemplam? Será que a jovem cratense cuja vida foi prematuramente ceifada ao meio-dia de ontem teria de estar na posição de choque com um caminhão naquele exato instante, caso se atrasasse ou se adiantasse alguns segundos? De nada valem tais conjecturas quando uma vida preciosa se esvaiu. Não acreditamos em destino, coisas que alguns dizem de que temos hora marcada para o encontro definitivo com Deus. Que chegando a hora, não podemos evitar a partida definitiva. Deus é o Senhor de tudo, sabemos, mas Ele não deseja a partida prematura de uma jovem cheia de sonhos e com um extraordinário potencial de realizações em benefício da humanidade. Ele quer que todos nós tenhamos uma vida longa e cheia de realizações. De modo algum Ele iria nos privar de um dos seus inúmeros instrumentos benéficos, como a vida de uma futura médica. Uma vez que Ele nos colocou no mundo, deixou-nos como administrador do nosso próprio destino, não lhe cabendo, pois, essa missão. Entretanto não podemos evitar a irresponsabilidade de muitos ou as armas que o homem constrói, entre elas o automóvel. Ninguém está livre de uma bala perdida ou de um irresponsável que atravessa uma carreta numa rua desatentamente, sem nenhuma preocupação com o outro. Por maior cuidado que tenhamos, sempre haverá um risco, por menor que seja. O de estar vivo é um deles. Quem poderá talvez livrar-se dos instintos daqueles que se sentem fortes e potentes ao volante de um caminhão? Daqueles, como que por milagre, sentem-se imortais ao conduzir pelas estradas máquinas potentes, sem nenhum respeito ou preocupação pela vida de seus semelhantes?

A morte de uma jovem nos dói profundamente. É uma perda que todo aquele que é pai ou mãe pode compreender a sua real dimensão. E que dizer, quando essa jovem é filha de um amigo, ex-colega dos bancos escolares e companheiros do Encontro de Casais com Cristo, como o foram Walter e Elsa? Assim sendo, nos colocamos na posição dos pais da jovem para prestar nossa solidariedade e desejar que eles encontrem na confiança em Deus o esteio de que necessitam neste momento de extrema dor. E a certeza de que eles têm junto de Deus, uma filha que pedirá a Ele que abençoe, dê paz e consolação aos seus pais terrenos.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali de Figueiredo Esmeraldo

Arnaldo Antunes, "ao vivo no estúdio"

Arnaldo Antunes estará aniversariando dia 02 de setembro. Fugindo um pouco à regra, permitamos que ele mesmo se apresente. Conheça também outro tipo de habilidades artísticas do cantor-compositor

AO VIVO NO ESTÚDIO
POR ARNALDO ANTUNES


Quando comecei a conceber o disco Qualquer, em 2006, tinha a intenção de gravá-lo num show, em DVD. Já era então um desejo antigo, mas como não pudemos viabilizar a tempo a produção para esse projeto, optei por gravar apenas o CD, em estúdio mas praticamente ao vivo, com todos os músicos tocando juntos, ao mesmo tempo.

Qualquer foi lançado em setembro do ano passado e, em outubro, estreávamos o show. Adaptamos os arranjos do disco (todo gravado apenas com instrumentos de cordas e piano) para a formação de um trio, composto por Chico Salem (que também havia participado da gravação do disco), nos violões de aço e nylon; Betão Aguiar, na guitarra e violão de nylon, e Marcelo Jeneci, nos teclados e sanfona. Creio que conseguimos recriar a atmosfera do disco, com algumas novidades de timbres e levadas. Talvez a mais marcante delas seja a presença da sanfona e dos teclados elétricos, em lugar do piano.


Aos poucos, a sonoridade foi ficando mais coesa, com os diálogos entre os instrumentos tecendo uma feição própria, de banda, o que me estimulava ainda mais a querer gravar o show em DVD.

Além das músicas do Qualquer, rearranjamos várias outras de meu repertório, trazendo-as para esse contexto sonoro mais intimista, sem bateria ou percussão. Em algumas, mudei o tom em que havia gravado originalmente, para aproximá-las da forma de interpretação menos gritada, mais grave, na região mais natural da minha voz. Entraram O Silêncio, Saiba, Pedido de Casamento, Judiaria, Socorro, Se Tudo Pode Acontecer, Fim do Dia, entre outras (dos álbuns Ninguém, O Silêncio, Um Som, Paradeiro e Saiba), incluindo releituras de Não Vou Me Adaptar e O Pulso, canções de minha época nos Titãs.

E ainda versões de Bandeira Branca (Max Nunes e Laércio Alves), que eu havia gravado para a trilha sonora do filme Gêmeas, a convite do diretor Andrucha Waddington, em 1999 (aqui mesclada, por uma certa conjunção poética, com O Buraco de Espelho), mas que não havia sido lan?ada em disco, e de Qualquer Coisa, de Caetano Veloso. Essa última escolha foi motivada pelo fato de eu estar fazendo um show intitulado Qualquer (assim como o CD), no qual há, além da faixa-título, uma música intitulada As Coisas (parceria minha com Gil, gravada por ele e Caetano em Tropicália 2 e regravada por mim no Qualquer), além de Socorro (parceria com Alice Ruiz), cujo refrão diz "Qualquer coisa que se sinta...". Para mim, era como se o Qualquer Coisa do Caetano já estivesse sobrevoando e eu apenas decidisse deixar ele pousar. O caminho peculiar que o arranjo foi tomando nos ensaios, bem diferente da gravação de Caetano, também me animou a encarar essa releitura.

Nunca tive tanto prazer em cantar como nesse show. A sonoridade se adequou muito bem à intenção que eu queria imprimir no canto, mais sereno, saboreando cada sílaba. O resultado parece evidenciar as próprias canções (e a compreensão mais clara das letras), sem perder uma vibração, inevitável para mim, na atitude como sou levado a me comportar no palco. Herança do rock'n roll.

Após um ano de estrada com o show Qualquer por muitas cidades do Brasil, finalmente surgiu a oportunidade de registrá-lo em um DVD. Para nós era perfeito, pois tivemos tempo de ir aprimorando os arranjos, experimentando mudanças no roteiro, azeitando a máquina.
Mas não queria fazer apenas mais um registro de turnê. Achava que essa era uma oportunidade de criar algo especial para a linguagem do vídeo. Aí pensamos em voltar para o estúdio e, invertendo a maneira como havíamos feito o disco (no estúdio mas ao vivo) propusemos gravar um show, com público, mas no estúdio (onde teríamos condições muito favoráveis de captação de som e imagem).


O Mosh entrou na parceria, oferecendo a sala de seu estúdio A para a gravação, além de toda a estrutura para a finalização (mixagem, edição, masterização e autoração).

Gravamos para uma pequena platéia de cinquenta pessoas, sentadas no chão do estúdio, ao nosso redor. A sala da técnica, separada da sala de gravação por um vidro, acabou fazendo parte da cena.

O show já tinha um vídeo, criado por Marcia Xavier e Doca Corbett, todo em preto e branco, que funcionava como um cenário em movimento, e os figurinos, criados por Marcelo Sommer, eram todos em diferentes tons de cinza. Como já tínhamos nos apegado a esse ambiente, muito adequado para o som que vínhamos fazendo, pensamos em produzir o DVD todo em preto e branco.

Para dirigir, chamei Tadeu Jungle, que já havia dirigido dois de meus clipes (Poder e O Sil?ncio) e com quem tinha hô tempos o desejo de fazer um trabalho de mais fôlego em vídeo. Propus trabalharmos com um conceito de luz e fotografia bem contrastadas, que se afastasse da textura dos programas de televisão e se aproximasse da estética do cinema expressionista alemão do início do século passado. Convidamos Marieta Ferber para criar o cenário, que ficou bem bonito e apropriado ao clima que buscávamos.

Como esse é meu primeiro DVD (e CD) gravado ao vivo, quis que ele fosse bem representativo de minha carreira, de uma maneira geral. Ampliei um pouco a panorâmica que o roteiro dá sobre o meu repertório, incluindo algumas outras canções, além de uma inédita (Quarto de Dormir, parceria minha com Marcelo Jeneci).


E convidei para participarem alguns artistas amigos que foram importantes nesses 25 anos de carreira. Com Nando Reis cantei Não Vou Me Adaptar, que gravamos juntos com os Titãs (no disco Televisão e, posteriormente, no Go Back, ao vivo em Montreux) e que ele incluiu depois em seu repertório solo. Com Edgard Scandurra fiz Judiaria (de Lupicínio Rodrigues, que gravamos juntos no álbum Ninguém), quase toda apenas com voz e guitarra. Com Branco Mello cantei Eu Não Sou Da Sua Rua, parceria nossa dos anos 80, que havia sido gravada por Marisa Monte em 91 e que eu regravei no Qualquer. Com as presenças de Branco e de Nando estava bem representada minha fase nos Titãs.


Com Edgard, parceiro que participou de todos meus discos; minha carreira solo. Faltava minha outra banda, Tribalistas. Carlinhos e Marisa atenderam ao meu chamado, e veio também Dadi, que gravara conosco, para fazermos duas músicas daquele repertório ? Um a Um e Velha Infância.

O resultado está aí.

Ao Vivo No Estúdio.

Espero que quem veja e ouça se divirta tanto quanto nós, ao gravá-lo.


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Sobre a caligrafia
Arnaldo Antunes
20/03/2002


Caligrafia.
Arte do desenho manual das letras e palavras.
Território híbrido entre os códigos verbal e visual.
— O que se vê contagia o que se lê.
Das inscrições rupestres pré-históricas às vanguardas artísticas do século XX.
Sofisticadamente desenvolvida durante milênios pelas tradições chinesa, japonesa, egípcia, árabe.
Com lápis, pena, pincel, caneta, mouse ou raio laser.
— O que se vê transforma o que se lê.
A caligrafia está para a escrita como a voz está para a fala.
A cor, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita correspondem a timbre, ritmo, tom, cadência, melodia do discurso falado.
Entonação gráfica.
Tais recursos constituem uma linguagem que associa características construtivistas (organização gráfica das palavras na página) a uma intuição orgânica, orientada pelos impulsos do corpo que a produz.
Assim como a voz apresenta a efetivação física do discurso (o ar nos pulmões, a contração do abdómen, a vibração das cordas vocais, os movimentos da língua), a caligrafia também está intimamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais de maior força ou delicadeza, rapidez ou lentidão, brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.
A irregularidade do traço denuncia o tremor da mão. O arco de abertura do braço fica subentendido na curva da linha. O escorrido da tinta e a forma de sua aborção pelo papel indicam velocidade. A variação da espessura do traço marca a pressão imprimida contra o papel. As gotas de tinta assinalam a indecisão ou precipitação do pincel no ar.
Rastos de gestos.
A própria existência de um saber como o da grafologia, independentemente de sua finalidade interpretativa sobre a personalidade de quem escreve, aponta para a relevância que podem ter os aspectos formais que, muitas vezes inconscientemente, constituem a "letra" de uma pessoa.
O atrito entre o o sentido convencional das palavras (tal como estão no dicionário) e as características expressivas da escritura manual abre um campo de experimentação poética que multiplica as camadas de significação.
Além disso, suas linhas, curvas, texturas, traços, manchas e borrões, mesmo que ilegíveis, ou apenas semi-decifráveis, podem produzir sugestões de sentidos que ocorrem independentemente do que se está escrevendo, apenas pelo fato de utilizarem os sinais próprios da escrita.
O A grávido de O.
Érres e ésses atacando Es.
A multiplicação de agás.
Rios de Us e emes e zês.
Esqueletos de signos fragmentados.
Dança de letras sobrepostas possibilitando diferentes leituras.
Paisagens.
Horizontes ou abismos.


Desenho feito a mão

Hand-Made 5 – 1998
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Poesia Visual

Vejo Miro - 2002
Publicado inicialmente no livro PALAVRA DESORDEM, ed. Iluminuras (2002).


Vídeo: Arnaldo Antunes e Nando Reis em: "Não vou me adaptar"


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Aldir Blanc- Vida Noturna

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Vida noturna
Aldir Blanc

Acendo um cigarro molhado de chuva até os ossos
E alguém me pede fogo - é um dos nossos
Eu sigo na chuva de mão no bolso e sorrio
Eu estou de bem comigo e isto é difícil
Eu tenho no bolso uma carta
Uma estúpida esponja de pó-de-arroz
E um retrato meu e dela

Que vale muito mais do que nós dois
Eu disse ao garçom que quero que ela morra
Olho as luas gêmeas dos faróis
E assobio, somos todos sós

Mas hoje eu estou de bem comigo
E isso é difícil
Ah, vida noturna
Eu sou a borboleta mais vadia
Na doce flor da tua hipocrisia


"Notabilizou-se como letrista a partir de suas parcerias com João Bosco, criando músicas como Bala com Bala (sucesso na voz de Elis Regina), O Mestre-Sala dos Mares, De Frente Pro Crime e Caça à Raposa.

Uma de suas canções mais conhecidas, em parceria com João Bosco, é O Bêbado e a Equilibrista, que se tornou um hino contra a ditadura militar, também tendo sido gravada por Elis Regina. Em um de seus versos, "sonha com a volta do irmão do Henfil", faz-se referência ao sociólogo Hebert de Souza, o Betinho, que na época estava em exílio político no exterior.

Em 1968, compôs com Sílvio da Silva Júnior "A noite, a maré e o amor", música classificada no "III Festival Internacional da Canção" (TV Globo).

No ano seguinte, classificou mais três músicas no "II Festival Universitário da Música Popular Brasileira": "De esquina em esquina" (c/ César Costa Filho), interpretada por Clara Nunes; "Nada sei de eterno" (c/ Sílvio da Silva Júnior), defendida por Taiguara; e "Mirante" (c/ César Costa Filho), interpretada por Maria Creuza.

Em 1970, no "V Festival Internacional da Canção" classificou-se com a composição "Diva" (com César Costa Filho). Neste mesmo ano, despontou seu primeiro grande sucesso, "Amigo é pra essas coisas" em parceria com Sílvio da Silva Júnior, interpretado pelo grupo MPB-4, com o qual participou do "III Festival Universitário de Música Popular Brasileira".

Sua canção "Nação" (c/ João Bosco e Paulo Emílio), gravada em 1982 no disco de mesmo nome. foi grande sucesso na voz de Clara Nunes.

Em 1996 foi gravado o disco comemorativo Aldir Blanc - 50 Anos, com a participação de Betinho ao lado do MPB-4 em O Bêbado e a Equilibrista no disco comemorativo. Esse disco apresenta diversas outras participações especiais, como Edu Lobo, Paulinho da Viola, Danilo Caymmi e Nana Caymmi. O álbum demonstra, também, a variedade de parceiros nas composições de Aldir, ao unir suas letras às melodias de Guinga, Moacyr Luz, Cristóvão Bastos, Ivan Lins e outros.

Outro parceiro notável é o compositor Guinga, com quem fez, dentre muitas outras, "Catavento e Girassol", "Nítido e Obscuro" e "Baião de Lacan".

Também em 1996, Leila Pinheiro lançou o disco Catavento e Girassol, exclusivamente com canções da parceria de Aldir Blanc com Guinga. No disco há uma homenagem a Hermeto Pascoal, com a música Chá de Panela, que diz que "foi Hermeto Pascoal que, magistral, me deu o dom de entender que, do riso ao avião, em tudo há som".

Em 2000, participou como convidado especial do disco do compositor Casquinha da Portela, interpretando a faixa "Tantos recados" (Casquinha e Candeia).

Publicou, em 2006 o livro "Rua dos Artistas e transversais" (Editora Agir), que reúne seus livros de crônicas "Rua dos Artistas e arredores" (1978) e "Porta de tinturaria" (1981), e ainda traz outras 14 crônicas escritas para a revista "Bundas" e para o "Jornal do Brasil". "

*Eu gosto tanto dessa música , que não resisti. Se eu tocasse violão e cantasse, esta seria do meu repertório, embora não seja meu hino.



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Encerramento da Festa de Nossa Senhora da Penha- Padroeira do Crato


A Aparição da Virgem aconteceu na França

Nossa Senhora da Penha refere-se a uma aparição da Virgem numa serra denominada Penha de França, local onde o Rei Carlos Magno enfrentou os mouros. No ano de 1434, o monge Simão Vela sonhou com a imagem de Nossa Senhora sobre uma montanha escarpada. Durante cinco anos, ele procurou pelo local de seus sonhos, até localizá-lo na serra denominada Penha de França, onde construiu uma tosca capela, mais tarde transformada num grande santuário. No Brasil, o culto à N. Sra. da Penha foi trazido no período colonial por marujos portugueses. Foram construídas igrejas em sua homenagem em Vitória, em São Paulo e no Rio de Janeiro, no século XVII. No Rio, a festa acontece, todos os anos, no mês de outubro, desde 1713. A Provisão criando a freguesia de N. Sra. da Penha de França do Crato, na aldeia do Miranda, ocorreu no dia 4 janeiro de 1768. O primeiro vigário foi o padre Manoel de Morais. "

Mais informações
Secretaria da Paróquia
Rua Dr. Miguel Limaverde, 624.
( 88) 3521.0309/ 3523.8698
E-mail: e.nevesferreira@gmail.com
*Impossível falar de festa, num dia tão triste. Escutei a queima de fogos, e sei que mais tarde haverá procissão , mas não acho alegria , na comemoração. Hoje Nossa Senhora da Penha estará dando plantão na casa de Elsa.

Jornal Nacional - 40 anos no ar

"O Jornal Nacional foi ao ar pela primeira vez em 01 de setembro de 1969, com Cid Moreira e Hilton Gomes na apresentação. Naquele momento, o JN deixava sua marca na história da televisão brasileira: foi o primeiro telejornal a ser transmitido simultaneamente para várias cidades do país. Atualmente, cerca de 40 milhões de telespectadores fazem do JN o líder absoluto de audiência em território nacional. "

ZEROHORA.COM

Hoje Pensei em você.


Como acordei mais cedo do que de costume, fiquei na cama pensando nos tempos idos,no pé de lima da minha casa na rua Cel. Antonio Luiz,nos finais de tarde quando meu pai chegava do trabalho e trazia os pães da padaria de Acácio ainda quentinhos e me dava um dos bicos...Lembrei da chuva batendo no telhado da casa não forrada cujos respingos tocavam meu rosto, nos trovões barulhentos, nos meus irmãos pequenos; sendo eu a mais velha e única de mulher por isso brincávamos de bila e de birros bem polidos de cera.

Na época da Exposição de animais, uma semana antes começava a passar os carros cheios de bois,pois nossa casa ficava bem perto de uma das entradas. Já se sentia no ar, o cheiro da Feira de "Amostras". Veio também na memória a odisséia dos filmes impróprios onde se pagava inteira para adentrar. Pensei no primeiro namorado, nas primeiras amigas da meninice,no Jardim da Infância no Patronato Padre Ibiapina, cuja diretora era a Madre Josefina Feitosa. O colégio era em frente a minha casa, bastava atravessar a rua. Quero ressaltar que todas essas recordações me remetem somente a alegria, bons tempos... Vindo para os momentos atuais, pensei em você que me ouve, me quer bem; e está sempre me dizendo coisas que gosto de ouvir, e o que não gosto também, mas é necessário saber. Você é aquele amigo que é mais um pouquinho: me reconhece como mulher e sempre que pode diz isso. Pensei em cada amiga e e o que elas têm de peculiar, individual e intransferível.Que tesouro possuo! Chegou a vez de refletir sobre a minha constelação familiar: adoro a todos com fervor.Ai vem os meus descendentes: filhos amados e minha única netinha , por enquanto.Espero ter a casa cheia. Ela é a razão maior dos meus risos e alegria constante. Possui cachos nos cabelos, um olhar liiindoo!... É mais uma estrela na minha constelação... Mas pode ser também a minha lua, outra flor em meu jardim, ou ser comparada a um passarinho cantando na minha Acácia. Ela me faz sentar no jardim e ficamos juntas olhando as formiguinhas carregarem aquela pesada folhinha verde para seu alimento. E assim, como o ser humano gosta de ouvir seu próprio nome, como uma carícia essencial, eu adoro ouvir o seu sonoro "vovó"! Depois de tanto pensar, refletir, relembrar...Ainda na cama,resolvi pular para o novo dia e agradecer a Deus pelo dom dessa graça. E mais uma vez pontuo: hoje pensei em você!!!

Liduína

Que me desliguem toda vez que tocar Just for Tonight - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Existem coisas que acontecem conosco. Tinha eu dezesseis anos de idade em férias entre dezembro e janeiro de 1964/65. No circuito Juazeiro e Petrolina. Naquele tempo não havia telefonia interurbana. Apenas rádio amador e telegramas. Em certo sábado de janeiro todos fomos para um sítio no vale do Rio Salitre. Uma das primeiras áreas irrigadas do São Francisco. Entontecido pelos amores da adolescência repetia a faixa de um long play com a trilha sonora do filme Hatari. A música Just for Tonight que se encontra aqui no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=hHGGFocDNRY&feature=PlayList&p=2066771E0F2826A2&index=10. Quando retornamos no domingo para a cidade, tão longo descemos do transporte e entramos na casa meu tio passou-me um cabograma do posto da VARIG: dava notícia que minha mãe morrera no sábado. A partir daí varamos a noite nos sertões de Pernambuco até o amanhecer já no Crato. Nunca mais consegui ouvir aquela música e não sou mágico e nem tirado a fantasias. Apenas não me deparei com ela até ontem à noite em paralelo com o que segue:


Simultaneidades desconhecidas,
Quando um amor vago prometia,
A centenas de quilômetros voavas,
E jamais por aqui pousarias.

Enquanto no sítio me divertia,
Apaixonado pela moça de perto,
O teu meio circulante transbordava,
Até o último suspiro e mais nada.

E dancei, com os passos da sedução,
Ainda mais significados pela música,
E noutro passo eras carregada,
Por uma multidão dramática e solene.

Aquela música entalhada no meu peito,
Just for Tonight, Henry Mancini, Hatari,
E nos desdobramentos de uma noite agônica,
Nunca mais ousei ouvi-la posto que prenúncio.

Entre a suavidade da canção de tons francesa,
Elsa Martinelli entre caçadores brutais,
Laçava o rinoceronte livre da minha vida,
Lancetava o plano de minha adolescência.

Nunca mais ousei ouvir aquela música,
Que tempo curto teve Gisélia em vida,
Quanto durei até para o filho gerar a neta,
E aquela mulher sonhadora acordou tão cedo.

Just for Tonight, entre parreiras do Salitre,
E tantos daquele tempo deixaram o tempo,
Como agora, novamente ouvindo-a,
Tangido por nuvens de lampejos.



De Socorro Moreira para Carlos Rafael ...

Carlos,

Há 25 anos atrás escutei você falar a mesmam coisa : " meus filhos ainda irão estudar Geraldo".
E a gente estudou com Geraldo, no convívio de tantos anos ! Como você , vivi com Urano ,horas e horas de risos , poesias e prosas.
Detalhe:
Geraldo arrancava de mim uma poesia que eu não tinha.Dá pra explicar isso ?
E aqueles versos, captados pelo Universo , nunca mais voltaram , e eu não consigo reproduzi-los, nem traduzi-los.
Ele partiu , e nem faz tantos anos ... Até um dia desses era possível conversar com ele sobre Tarot, Astrologia , Pietro Ubaldi, Antroposofia ,e sobre o inusitado. Tinha lá as suas fases. Um dia a gente encontrava o monje; noutro dia encontrava o primo , irmão e filho ... Sabia ser elegante, e especialmente bom ouvinte. Ele repetia o que dizíamos, e completava como um doutor , qualquer pensamento reticente.
Eu fico triste com essa ausência.
E as ausências se multiplicam . Em que luz, nos reencontraremos um dia ?
E foi por culpa de Geraldo, que eu me tornei tua amiga.
- Você foi a herança , que Geraldo me legou.
E antes que eu esqueça, a partir de hoje, elejo-te curador dos nossos poemas perdidos .

Socorro Moreira

Depoimento sobre um grande e verdadeiro poeta-amigo: Geraldo Urano

Foto: Pachelly Jamacaru
Nascer e viver na mesma cidade em que Geraldo Urano nasceu e vive, já seria o mais precioso presente que eu poderia receber. Melhor ainda foi tê-lo conhecido, vivido com ele momentos inesquecíveis, de pura e profunda poesia, e poder dizer que somos, mais do nunca, grandes amigos.
Geraldo Urano vive nesse tempo presente, mas ele, decisivamente, não faz mais parte dele.
Geraldo Urano está anos-luzes à frente. Tanto que parece não ter aguentado a barra de tempos tão mesquinhos.

Ele já está em outra dimensão, apesar do seu corpo ainda presente.

Mas ele sempre avisou de sua urgência, como um transeunte apressado a semear a mensagem de uma vida nova.

Sua poesia foi outra grande dádiva ao mundo legada, de forma desinteressada, mas nem por isso inconsequente.
Não sou profeta, mas também não sou incauto: a obra de Geraldo Urano será, um dia, objeto de estudo nos cursos de literatura.

Hoje, apesar de orgulhoso e agradecido por ser amigo de Geraldo Urano, sinto um grande vazio, provocado pela ausência dos velhos encontros, onde eu me sentia, como por osmose, um pequeno mais significativo grão desse misterioso e esplêndido universo.
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DO NOT STAND BY MY GRAVE AND WEEP

Do not stand by my grave and weep
by Mary Frye
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Do not stand at my grave and weep,
I am not there, I do not sleep.
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I am a thousand winds that blow.
I am the diamond glint on snow.
I am the sunlight on ripened grain.
I am the gentle autumn rain.
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When you wake in the morning hush,
I am the swift, uplifting rush
Of quiet birds in circling flight.
I am the soft starlight at night.
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Do not stand at my grave and weep.
I am not there, I do not sleep.
(Do not stand at my grave and cry
I am not there, I did not die!)
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In love memory of Rossana Barros Pinheiro

1 de setembro - Dia da Bailarina


Dança, bailarina, dança.

Dança,bailarina,dança...
Põe nos teus passos toda a harmonia
E toda a poesia nas pontas de teus pés
Em gestos nobres,faze surgir a fé!!!

Gira,bailarina,gira...
Vai girando e semeando amor,
Mais depressa que as voltas do mundo,
Pra que haja tempo de matar a dor!

Baila,bailarina,baila...
Traze contigo a primavera
Pra florir os campos,florescendo a Terra,
Numa explosão de cores que tua dança encerra.

Faze de tua arte uma suave prece
Capaz de enternecer os corações de pedra
Faze tua música soar tão alto
Calando assim os estopins da guerra!!!

Mostra ao Homem que o teu bailado
Expressa a vida nesse simples ato...
Onde o amor é tudo,onde o amor é nato.
Que em teus saltos ponhas tua garra
Seguindo sempre a luz de teu clarão,
Quebrando muros para unir os povos
Num universo único,onde se dêem as mãos.
Abre tua alma,no esplendor da dança...
Não desistas nunca e verás,enfim,
Bailar no campo,doce e cálida esperança,
Em meio às flores de um lindo jardim...
O nome Margot Fonteyn dominou o Ballet britânico por mais de 40 anos!!! Foi uma das grandes bailarinas do nosso tempo, sendo uma das mais famosas da segunda metade do século XX.

Margot Fonteyn nasceu na Inglaterra em 1919. Seu verdadeiro nome era Peggy Hookham, e viveu na China parte da sua infância. Quando completou 14 anos, retornou para a Inglaterra, obtendo êxito numa audição para o “Vic-Wells Ballet” fazendo sua estréia lá em 1934, como um Floco de Neve no Ballet “Quebra Nozes”. Seu primeiro solo foi o da jovem Treginnis no Ballet “Valoi the Hauntend Balroom (O Salão Mal Assombrado).

Makarova , a primeira bailarina da companhia, saiu em 1935. Fonteyn e outras bailarinas passaram a se questionar sobre quem seria a primeira bailarina da Cia. Com as audições ficou claro que Margot Fonteyn seria a escolhida, com apenas 16 anos.Em 1939, Fonteyn dançou como Aurora, Gisele e Odete/Odile, e talvez o mais importante, criou meia dúzia de papéis para Ashton. Após um tumultuado começo,cansada pela mútua incompreensão, ela e o coreógrafo estabeleceram uma relação feliz que durou por mais 25 anos produzindo grandes papéis e grandes balés.

Em tempos de guerra, a Cia passava por uma vida nômade, que só terminou com o convite para montar residência no “Convent Garden”, e assim eles inauguraram sua existência naquele local com o Ballet “A Bela Adormecida”, que mostrou o quanto Fonteyn, ainda com 26 anos, já havia percorrido na sua vida de primeira bailarina.

“Symphonic Variotions” e “ Cinderela” foram os ballets seguintes. Fonteyn deixa de ser tesouro nacional britânico para ser uma estrela internacional quando se apresentou com sucesso em New York.

A década de 50 presenciou Fonteyn tomar o lugar de Karsavina em o Pássaro de Fogo e criar “Ondine e Chloe”, os papéis que segundo Ashton faziam mais falta para ele quando a bailarina parou de dançar.

Em 1965 ela se casou com Roberto de Arias, um diplomata do Panamá. Por um tempo se desdobrou para ser bailarina e esposa de um embaixador. Em meados de 1960, a possibilidade de se aposentar começou a ser questionada em entrevistas e reportagens.

Então, em 1961, Nureyev fez seu famoso salto de liberdade em Paris e de Valois com sua percepção o convidou para ir a Londres dançar “Gisele” com Fonteyn. A primeira apresentação dos dois foi uma revelação e a mais famosa parceria em toda a historia do Ballet.

Essa parceria, apesar das tantas dificuldades, fez com que Fonteyn estendesse sua carreira por mais 15 anos e nós ainda a vimos dançar em muitos Ballets, geralmente criados para explorar a mais famosa delas, provavelmente em “Marguerite e Armand” de Ashton.

Fonteyn apresentou-se pela última vez no começo da década de 70 no Panamá, para morar com seu marido que ficou invalido após um acidente.
Fonteyn morreu de câncer em 1991. Sua musicalidade, eloqüência e elegância a fizeram a mais perfeita expressão do que viria a ser o estilo inglês. Sua modéstia e dignidade foram exemplos para toda a Cia em seus tempos de crescimento.

O nome Margot Fonteyn dominou o Ballet britânico por mais de 40 anos!!! Foi uma das grandes bailarinas do nosso tempo, sendo uma das mais famosas da segunda metade do século 20.

A musa de Ashton, o perfeito exemplo do estilo inglês e tão belo quanto as maravilhas do mundo foi sua parceria com Nureyev.Até hoje Fonteyn serve de exemplo e inspiração para qualquer um que a viu dançar e para todas as novas bailarinas que surgem por aí.

[Texto publicado na versão impressa de Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte, nº 112, julho de 2005, pág. 10]