Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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domingo, 21 de novembro de 2010
Sagitário
Sacudir a poeira - Por Rosa Guerrera
Por Nicodemos
Normose - Por Matha Medeiros
Minha morena - Por Socorro Moreira
Santa Cecília - E não esqueçam : amanhã é o dia dos músicos!
Quando é Necessário Calar. Liduina Vilar.
sabendo que estive entre seus dedos,
entre seus braços...Lembrando dos
beijos pelo hálito, revivendo o enlace
pela lembrança dos corpos em movimento.
Mas consciente que em outros horizontes
reviverei tudo outra vez, pois uma semente
foi lançada ao solo e é só esperar apontar os
primeiros brotos. E viver novamente e intensamente
A "clausura" do AMOR.
Amarei sob um claustro, meditarei sobre este AMOR.
Escutarei o silêncio monástico, e ouvirei palavras sem
som. Porque na calada do sentimento perceberei tudo que
necessitar. Pois existe no silêncio uma profunda sabedoria.
Os Anjos não falam, mas estão por perto numa ronda
incansável e interminável. E o trabalho deles é o mais
silencioso possível.
"Antes que o dia acabe..." - Por Socorro Moreira
Enfim termina o dia.
O sol já sumiu.
Minha casa empoeirada pede espanador,
e sorri dos meus espirros.
Noite de arrumar caixinhas
Rasgar anotações anônimas
ou de endereços perdidos.
Amassar as notas das compras
(elas já não fazem mais sentido)
Noite de refrescos no corpo
De sucos na garganta
De música pra ninar gente grande
Fiz a ronda , e não achei meu canto
A palidez da minha mãe,
lembra uma flor de algodão ...
Mas ela nunca gostou de ruge,
e seu baton já secou.
Entro e saio naquela casa,
sem a presença do meu pai
Procuro assobios, nos cantos do muro,
e encontro trepadeiras,
que empestam de rosas
uma vida crua
Passa o tempo, e eu aqui,
buscando o calor de uma palavra nova.
Li a Crônica de Marcos,
Comi devagar um sapoti...
Vou esperar o show de McCartney
Só pra ouvir "All My Loving"
Lustro
o que acontece
se a lua vira a noite
e do alto da sua palidez
indiferente à tua agonia
mergulha ao copo de leite
com a fúria das donzelas
...
Pois há três dias
a lua não dorme
não visita os oceanos
nem beira ao teu telhado
sempre do alto da sua palidez
(própria de quem morre toda noite)
vigia teus rabiscos, tua leitura, teu cansaço
feito as sombras das tuas botas atrás do cesto
...
Tua luta é contigo, poeta
o outro é apenas balbúrdia
dentro do teu coração
(ouve os suspiros)
e por mais que tu te envergonhes
da lua insone (pálida e silenciosa)
jamais será ela o teu desespero
nem a lâmpada queimada
nem a réstia de luz
(migalha debaixo da cama)
...
Cabe a ti o teu umbigo
(outro poço da memória)
e não adianta o disfarce:
algodão, pluma, morfina.
O teu sorriso assusta
sobretudo quando olhas
para o alto e não entendes
por que a lua não dorme
(há três dias) e não te pede
nem água, nem café, nem vinho.
....
Talvez, poeta
apenas a lua queira
esclarecer à tua alma
que as estrelas não são cadáveres
(como outrora pensavas)
Vê a lua saciada
(sim, continua pálida
e silenciosa)
mas se tu observares atentamente
brilha dentro do útero dela
uma penca de estrelas.
Libação - Por Elisa Lucinda
Astúcia de Camponês - Marcos Barreto de Melo
Prontamente, ele emendou:
É isso mesmo, compadre. O major está indo na hora certa. E se não for logo amanhã, é capaz até de morrer gente de fome para aquelas bandas. Parece até que eu estou vendo o gado a berrar de fome e de sede, na parede do açude grande. Por lá só tem verde agora os pés de juazeiro.
Nisso, responde o mestre Zé Nabuco:
Mais 50 dicas de Português- Colaboração de Francisco Babo
Pensamentos meus ... - Por Rosa Guerrera
Encontros - Por Rosa Guerrera
rosa guerrera
50 dicas de Português - Colaboração de Francisco Babo
O “eclético” Kevin Costner – José Nilton Mariano Saraiva
Grande parte do público presente no show era formada por jovens, mas havia também expectadores de cabelos grisalhos, igualmente animados e surpresos. Para os que tiveram o privilégio de o assistirem ao vivo, Kevin Costner cantando foi uma experiência inédita e gratificante.
A pergunta que fica: será que aqui no Brasil alguma personalidade consagrada e famosa (como o é indubitavelmente o Kevin Costner) teria a coragem ou disposição pra se apresentar em cima de um palco e, de quebra, numa cidade interiorana ???
Duvidamos.
O que posso fazer? – por Pedro Esmeraldo
Reafirmo, categoricamente, que sou uma pessoa imbuída no desejo de servir a causa pública, com honradez e sem esmorecer neste meu trabalho. Permitam-me confirmar que os descendentes do doador do terreno à Prefeitura do Crato, para no local ser construída a Escolinha Maria Amélia Esmeraldo, fato ocorrido no início da década de 1970, dilaceraram aquele prédio, como se aquele terreno ainda fosse deles, num gesto nocivo, destruindo um patrimônio público, num comportamento reprovável. Esta atitude abominável só pode ter como propósito o de readquirir o terreno anteriormente doado. Julgam-se, esses destruidores, com o direito de depredar a referida escola, causando prejuízo aos os habitantes daquela comunidade que querem um estabelecimento de ensino para as crianças pobres ali residentes.
É vergonhoso, é infamante aquele que fez a doação de um bem, querer depois reaver o terreno doado. Qualquer cidadão sensato, que se preocupa com o desenvolvimento da educação rural, fica satisfeito em ver uma escola funcionando. Por isso, a título de sugestão, peço – mais uma vez – a essas autoridades que mandem reconstruir a Escola Maria Amélia Esmeraldo, transformando-a no estabelecimento de ensino de iniciação infantil com todos os requisitos favoráveis ao desenvolvimento da aprendizagem escolar.
Senhores: pensem no povo que sempre lhes deu apoio. Favoreçam o bom desempenho de uma unidade escolar. Retribuam com melhoramentos os impostos pagos pela sociedade. E mais: usem suas autoridades para cobrar aos que destruíram o patrimônio público, obrigando-os a pagarem do seu bolso a reconstrução de uma, deixando-a do jeito de como ela existia tempos atrás...
APOCALIPSE DE DRUMMOND E MEU PAI
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APOCALIPSE DE DRUMMOND E MEU PAI
Meu pai morreu no mesmo ano
que o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Era fevereiro e o mar rugia nos meus olhos,
mas ele morreu longe do mar.
(Drummond morreu olhando o mar? Umas
duas ou três gaivotas e o vai-e-vem das ondas).
As folhas caíam (não era outono) molhadas
do orvalho da noite, ao vento e ao sol.
Meu pai montava a cavalo e gritava
como um deus para a vida.
Drummond
lembrava o pai a cavalo como se pedisse perdão
do silêncio.
O meu pai e o poeta Drummond morreram
porque era hora.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
Sinto uma súbita alegria
ao me lembrar de meu pai
ao lado de Drummond
na eternidade.
A minha boca está seca, qualquer palavra
se quebraria.
O dia,
como a morte,
é uma fatalidade.
As crianças gritam
e não acordam meu pai,
que gostava de crianças dormindo.
Venta
neste momento
e em 1987.
Imagino o poeta sorrindo,
mesmo na morte, imóvel.
O morto é uma estátua
fria
na praia,
em qualquer lugar.
(Não deveriam fazer estátuas para os mortos.)
O poeta Drummond teve uma morte pública,
ônibus passam, a fumaça passa, os jornais anunciam
o feito histórico (o poeta morto como uma estátua).
O meu pai pediu um último cigarro, olhou a vela bruxuleante
(haveria vento no quarto? O vento do eterno
não se move).
O meu pai disse adeus,
e partiu a cavalo
sem se levantar do leito.
A cidade pequena
e os parentes sorriram contemplando o seu morto
particular.
O poeta e meu pai
(anônimos)
sorriem na eternidade
satisfeitos
com a poesia do fim dos tempos.
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