Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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claude_bloc@hotmail.com

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Paulo Tapajós - Por Norma Hauer

Foi a 20 de outubro de 1913 que nasceu, aqui no Rio, aquele que seria um dos maiores nomes da radiofonia nacional: PAULO TAPAJÓS.

Com seus irmãos Haroldo e Oswaldo iniciou sua carreira na pioneira Rádio Sociedade, em 1927. Seu irmão Oswaldo logo abandonou o conjunto e Paulo continuou fazendo dupla com Haroldo, quando gravaram a primeira composição de Vinicius de Moraes, então um nome pouco conhecido, embora sobrinho de Melo Moraes, também compositor, apesar de Delegado de Polícia.

Essa primeira gravação foi o samba "Loura e Morena".

Paulo Tapajós e Vinicius de Moraes nasceram apenas com um dia de diferença, ambos em 1913. Paulo gostava de dizer que eles "se encontravam" à meia-noite, para um abraço de parabéns recíproco.

Paulo Tapajós continuou sua carreira com o irmão Haroldo, ingressando na Rádio Mayrink Veiga.

Posteriormente, já sozinho, passou à Rádio Nacional(entre 1942 e 1946) , fez uma pequena temporada na Rádio Tupi, regressando à Nacional onde apresentava, no fim
da noite, o"Musica em Surdina".

Com Albertinho Fortuna e outro cantor cujo nome não me recordo, formou o "Trio
Melodia", ainda na Rádio Nacional.

Nessa época gravou várias serestas, a maioria de Catulo, como "Os Olhos Dela";"Tu
Passaste por este Jardim":"Recorda-te de Mim"; "Ao Luar"; Clélia" e várias outras.

Como sua voz era "pequena", mas muito bem colocada, ele foi considerado "modinheiro" ao invés de seresteiro.

Quando a Rádio Nacional praticamente acabou, Paulo Tapajós conseguiu salvar seu acervo que iria ser sucateado. Hoje, programas da Nacional, como "Rádio Memória",
de Gerdal dos Santos ou "História da MPB", de Osmar Frazão, costumam inserir
partes de programas famosos salvos por Paulo Tapajós.

Paulo Tapajós dirigiu o Museu da Imagem e do Som, depois que Almirante o deixou e
ali ouviu e gravou depoimentos de compositores e cantores que passaram por
nossa música e foi a ele que Pixinguinha revelou o nome de Octavio de Souza como
o autor da letra da belíssima composição "ROSA.

No disco original de ROSA, gravado por Orlando Silva, só consta o nome de Pixinguinha, grande músico, mas que não fazia letras.

Em 1990 Paulo Tapajós, como grande pesquisador que ia "fundo" buscar material para seus programas, apresentou, durante cinco terças-feiras, no Teatro do BNDES
a "História do Carnaval no Brasil", desde os primórdios, quando havia muita influência estrangeira, principalmente lembrando o carnaval de Veneza, passando pela primeira música feita para o carnaval , o "Abre Alas" de Chiquinha Gonzaga, até o apogeu das Escolas de Samba.

Vários cantores ali se apresentaram, dando voz e vida aos programas.

Paulo Tapajó estava preparando outra programação para aquele teatro, quando apresentaria a obra de Ataúlfo Alves, mas faleceu em 29 de dezembro daquele mesmo ano (1990) e o projeto não aconteceu.

Paulo Tapajóis teve três filhos, todos ligados à música:Maurício, Dorinha e Paulinho. Apenas este está vivo.
Som, depois que Almirante o deixou e
ali ouviu e gravou depoimentos de compositores e cantores que passaram por
nossa música e foi a ele que Pixinguinha revelou o nome de Octavio de Souza como
o autor da letra da belíssima composição "ROSA.
No disco original de ROSA, gravado por Orlando Silva, só consta o nome de Pixinguinha, grande músico, mas que não fazia letras.

Em 1990 Paulo Tapajós, como grande pesquisador que ia "fundo" buscar material para seus programas, apresentou, durante cinco terças-feiras, no Teatro do BNDES
a "História do Carnaval no Brasil", desde os primórdios, quando havia muita influência estrangeira, principalmente lembrando o carnaval de Veneza, passando pela primeira música feita para o carnaval , o "Abre Alas" de Chiquinha Gonzaga, até o apogeu das Escolas de Samba.

Vários cantores ali se apresentaram, dando voz e vida aos programas.

Paulo Tapajós estava preparando outra programação para aquele teatro, quando apresentaria a obra de Ataúlfo Alves, mas faleceu em 29 de dezembro daquele mesmo ano (1990) e o projeto não aconteceu.

Paulo Tapajós teve três filhos, todos ligados à música : Maurício, Dorinha e Paulinho. Apenas este está vivo.

Norma

A Bêncão , poetas !- por Socorro moreira



E o dia termina , se eternizando.
Locomotivas poéticas
fizeram seus percursos,
deixaram pingos e borrões,
nas notas da emoção.
Bem disse o  Zé (Poeta  da Batateira):
Poesia é canção !

Recebido por e-mail


Marina,... você se pintou?

Maurício Abdalla


“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você.
Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra.
Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata.

Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido.

Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”.
Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.
Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso.
E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”.
Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala.
Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.
Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo.
Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação.
“Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

 Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.

"TATUAGEM DE BATOM"


"TATUAGEM DE BATOM"


Debruço-me na varanda

Neste prenuncio de manhã.

Afasto o sono na tentativa

De reter teu perfume.

Não lavo o rosto para não perder

Do batom que ficou,

O gosto e o calor dos teus lábios

Que deixaste gravado em mim...


Ofereço a: Edilma Saraiva, Claude Bloc e Socorro Moreira

Nilo Sérgio Monteiro

"UM LONGO DIA"




"UM LONGO DIA"

Ah! Tu não imaginas como são longos

Estes dias sem a tua presença amiga.

Correm morosos... E os minutos,

Estes se arrastam que nem carro de boi gemedor.

Passeio os meus olhos por estas velhas ruas

Do meu Recife a procurar teu rosto.

Vagueia o pensamento solitário por estas torres

E campanários, revolteando perdidamente livres

Em doces recordações de madrugadas convividas.

Ah! Não imaginas como é longo um dia...

Gostaria de não ter a mínima paciência e correr a teu encontro,

Ouvir histórias, descobrir teus segredos bem guardados.

Fazer amor ao entardecer, e já vindo a noite, te fazer dormir

Acariciando estes cabelos negros, soltos, livres

Como um mustang selvagem!

Quando estiveres comigo vou desejar dias assim: sem fim!



Nilo Sérgio Monteiro


MERGULHO AZUL


Será que não há outra maneira de buscar teus olhos

A não ser que chegue um outro olhar que te recorde?

Em teus olhos firmei o brilho dos meus

E eles correram juntos na noite.

Quero apoderar-me de todos os ângulos

Onde teu olhar alcançar!

Teu olhar, como uma porta aberta a minha espera.

Preciso novamente mergulhar neste azul,

Quero habitá-lo para renascer.

Através dele eu irei mergulhar em ti

E amar!



Nilo Sérgio Monteiro

Cariricaturas bombando - José do Vale Pinheiro Feitosa

Por volta das 20:15 no horário do Nordeste o Blog Cariricaturas estava bombando. Se aproximava de 700 visitas no dia de hoje. Abre-se a página e estamos na companhia de até 15 pessoas. Isso é muita coisa. Para um blog regional, que não vive na prateleira do poder, não vende propaganda, não funciona em rede é algo a considerar.

Especialmente por que não é um blog noticioso. Não existem colunas. Não tem acompanhamento de links de notícia. Tudo aqui vem a tona apenas por que os participantes chegam. Trazem suas contribuções igual um festa quermesse.

O importante deste dia não é tanto por estes números pois o blog cresceu muito e tem dias que já ultrapassa mil visitas. O singular é que hoje a Socorro fez uma chamada pelo dia da poesia e a árvore frutificou com uma velocidade impressionante. E pela poesia, especialmente por ela o blog está bombando.

É impressionante o quanto a internet nos surpreende. Um blog com textos pessoais ter a capacidade de aglutinar que possui. Especialmente me se tratando que aqui nele não é raro alguém dar um mote, como hoje, e um monte de gente acompanhar.

Comemoremos.

Agora é o IBOPE

Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (20) aponta a candidata do PT, Dilma Rousseff, com 56% dos votos válidos para presidente da República. O adversário da petista no segundo turno, José Serra (PSDB), aparece com 44%, segundo o instituto.
Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, Dilma pode ter entre 54%e 58% e Serra, entre 42% e 46%. O critério de votos válidos exclui as intenções de voto em branco e nulo e os indecisos.
Na pesquisa anterior do Ibope, divulgada no último dia 13, Dilma aparecia com 53% dos votos válidos, e Serra com 47%.
A pesquisa ouviu 3.010 eleitores, de 18 a 20 de outubro. Encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo", está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número de protocolo 36476/2010.
Pelo critério de votos totais (que incluem no cálculo brancos, nulos e indecisos), Dilma Rousseff soma 51% das intenções de voto, e José Serra, 40%.
De acordo com o Ibope, as intenções de voto em branco e nulos acumulam 5%. Os eleitores que disseram não saber em quem vão votar são 4%.
Nos votos totais da pesquisa anterior do Ibope, do último dia 13, Dilma tinha 49%, e Serra, 43%. Brancos e nulos eram 5%, e indecisos, 3%

A Poesia - Por Aloísio

A poesia


A poesia não mandou recado
Simplesmente chegou
Pus os dedos no teclado
E ela se instalou.

Não me pede rimas
Diz: – esqueça da métrica,
Use a mente, escreva,
Mostre sua veia poética.

Aloísio
Quase nem doeu
- Claude Bloc -



Veio a primavera
e trouxe tantos tons
de roxo e amarelo
tantos reflexos azuis
e prata
e ouro
na borda da chapada
na superfície das águas da nascente.

E veio depois
tanto movimento nas casas das pessoas
envolvidas em  deliciosas histórias...

E veio um anjo bom
esgueirando-se
pelas sombras do jardim...
e veio outro dia
e veio o milagre,
os avisos mágicos
nas minúsculas partículas coloridas
caídas pelos cantos da casa.

E vieram outras manhãs...
e já não era mais setembro
outubro, novembro.
porque era verão
e eu queria ver tudo novamente
mil vezes ver o que não vi.
Breve
chegarei ao Crato de novo
e pensando bem,
quase nem doeu...

Claude Bloc

Pérola nos bastidores... Por Socorro Moreira


Socorro Moreira disse...


CA RI RI CA TU RAS
SEIVA NAS SÍLABAS
RAIZ DE AMIGOS
CAULE EM FORMAÇÃO

SILÊNCIO
É PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS...
PÁSSAROS E RIACHOS
DOCES ENVIADOS.

FRAGMENTAÇÃO
PARADA NA EVOLUÇÃO
TEM CUSTOS
TEM COMPREENSÃO.

LUZ NA ESCURIDÃO
LÃMPADA QUE SE APAGA
SEM SUBSTITUIÇÃO
PRISMA LUMINOSO
EM VERSOS DIZ A COR
E O PRÓPRIO DISSABOR.

CANÇÃO EM UNÍSSONO
UM PONTO DE INTERSECÇÃO...
PODE SER UM SOL NASCENTE
ESTRELA DALVA
LUA CRESCENTE ...
AINDA NUNCA SERÁ
PONTO FINAL
SENDO ÀS VEZES,
INTERROGAÇÃO.

AMOR UNO
PARES HUMANOS
GRUPO, COLETIVO,
SOB A GRAÇA
DO DIVINO.

QUEBRAS NA DESCONSTRUÇÃO
ORDEM
A PARTIR DO CAOS
TUDO ESTÁ NO TEMPO
QUE SEMEIA, PLANTA E COLHE
SAUDADE É MATÉRIA ESTUDADA
NO CONTÍNUO VIVER...
E AGORA?

Dia de feira - por Socorro Moreira



 Hoje fui às compras com Verónica e Bruno. Bruno foi logo perguntando :
Tia, cadê a bolsa do bandido?Surpresa , recebi a resposta: "Não sabe da última nova ? "
Não sabia !.
Observei o movimento constante , naquele ponto de abastecimento... Pessoas de todas as classes.( pobres, a gente acha, na sua maioria), e admiti !
-Estamos todos nos alimentando melhor. Compramos  produtos, antes , inconsumíveis.por falta de poder aquisitivo.
Encontrei Maria José Teixeira  fazendo compras. Abordou-me  para agradecer uma receita postada no Cariricaturas. Nem acreditei... Ela fez, aprovou, e repassou. Pediu-me mais dicas. Pois é, aquele cantinho de culinária  não pode morrer, em definitivo. Pessoas gostam de comer bem, trocar sugestões... Eu pelo menos, adoro !
Depois que descarreguei a feira fui olhar pras minhas netas.Tinham tantas histórias para contar, que entendi ,como escasso, o tempo dos nossos encontros. A avó Amélia tem sido  duas avós ! Mas eu me deliciei como sempre com o sorriso encantador de Sofia. Mostrou-me a capacidade de fazer proezas,.Ficou chorando, quando me despedi. Doeu no coração...Não tenho mais energia  total, pra segurar o pique de uma criança, de dois anos, por muitas horas, embora assim o deseje.
Tomei um susto com as conversas de Banca ( 5 anos).
-Vó, sabia que estou namorando? O nome dele é Artur, e é pequeno como eu.
Meu Deus, essa menina começou com a minha idade... Eita ! 
O caminho amoroso é sem fim. Mas só é comprido demais, quando cedo começamos.
Deixei-a na Escola, e percebi que posso lhe ensinar  alguns bocados. Ficar na sua memória, acrescentando-lhe alguns legados.Isso é obrigação !
Agora, no meu "sanctum" sagrado,  eu descanso nas teclas  uns dos meus recados.
O dia está pegando fogo, mas  podemos contar com a brisa, que é sempre amiga, visita o nosso espaço.
Tenham todos um dia poético, e repleto de boas surpresas !

OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA




"OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA"


O presente artigo busca propor uma reflexão acerca da formação continuada do professor. A principio é necessário compreender o que significa o termo “formação continuada”, analisando de que maneira essa formação se dá em nosso país, inclusive resgatando a evolução dessa prática ao longo do tempo, verificando inclusive a legislação sobre o tema. É importante inclusive, avaliar a importância dessa formação para o desenvolvimento profissional a formação da identidade do professor, bem como os desafios enfrentados pelos docentes, como, por exemplo, o domínio das novas tecnologias e as exigências da sociedade atual. Devido às mudanças ocorridas nas últimas décadas, a sociedade tem colocado nas mãos da escola, toda a expectativa de avanços econômicos e sociais decorrentes das transformações que a educação possa proporcionar a população. Dentro desse contexto, o mundo tem prestado mais atenção na educação. O resultado desse interesse tem sido demonstrado nas reformas educativas, desencadeadas em vários países. Em meio aos esforços para melhorar a qualidade de ensino, vários estudiosos discutem como melhorar os índices na qualidade da educação, entre muitas pesquisas discutem-se a formação do professor como um dos graves problemas a serem resolvidos. Devido às péssimas condições em que se encontram os cursos de licenciaturas, observamos uma crescente demanda de formação continuada, como solução para resolver um dos entraves na qualidade do ensino.

Podemos, então, definir a formação continuada como sendo o conjunto de atividades desenvolvidas pelos professores em exercício com objetivo formativo, realizadas individualmente ou em grupo, visando tanto o desenvolvimento pessoal como profissional, na direção de prepará-los para enfrentar os novos desafios que emergem na profissão. Sabemos que muitos educadores reagem ao fato de não querer participar das formações continuadas alegando que não necessitam de tal formação. Porém é preciso entender que, essa resistência é provocada, no caso dos docentes mais antigos na profissão, por um movimento sócio histórico, onde o professor não era visto como produtor de conhecimento, e sim como mero reprodutor de atividades ligadas a um currículo que não favorecia ao desenvolvimento do pensamento crítico, ou sobre os conteúdos trabalhados. Não havia prática reflexiva, ou a busca por saberes e conhecimentos como se tem a liberdade de fazer nos dias atuais. Perrenoud (1999), afirma que: “A reflexão possibilita transformar o mal-estar, a revolta, o desânimo, em problemas, os quais podem ser diagnosticados e até resolvidos com mais consciência, com mais método. Ou seja, uma prática reflexiva nas reuniões pedagógicas, nas entrevistas com a coordenação pedagógica, nos cursos de aperfeiçoamento, nos conselhos de classe, etc. - leva a uma relação ativa e não queixosa com os problemas e dificuldades. A idéia de que o professor é um profissional que precisa estar em contato permanente com as mudanças e com as inovações do seu universo de ação, implica uma revisão crítica do seu papel social (GADOTTI, 2003). As mudanças decorrentes da reestruturação produtiva centrada no avanço permanente da ciência, da tecnologia e da complexidade do ser social, exigem desse trabalhador uma profissionalização permanente para o enfrentamento das questões do seu cotidiano. Tardif (2000) afirma que, tanto em suas bases teóricas quanto em suas conseqüências práticas, os conhecimentos profissionais são evolutivos e progressivos e necessitam, por conseguinte, uma formação contínua e continuada. Os profissionais devem, assim, autoformar-se e reciclar-se através de diferentes meios, após seus estudos universitários iniciais.

No artigo 13 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB 9394/96, O texto explicita que seja assegurado ao profissional da educação: o aperfeiçoamento continuado.Aprender e continuar aprendendo não são tarefas somente dos alunos, nós professores precisamos compreender que na atual conjuntura política, social e econômica, exige-se um novo profissional com competências para enfrentar as novas demandas. Demo (1994) acredita que o professor atual precisa ser autônomo, criativo, crítico transformador, um profissional que se preocupe em buscar novos fazeres e novas práticas para o futuro. Para ele: “O que se espera do professor já não se resume ao formato expositivo das aulas, afluência vernácula, à aparência externa. Precisa centralizar-se na competência estimuladora da pesquisa, incentivando com engenho e arte a gestão de sujeitos críticos e autocráticos, participantes e construtivos” Demo (1993 p. 13). Vários são os desafios para que os profissionais de educação invistam efetivamente em sua formação continuada. Como já se sabe, existe uma predisposição sócio- histórica que levou o professor a não investir em sua formação por quê:

Ø O professor se via como detentor absoluto do saber. Não se desafiava esse profissional, até porque a concepção tradicional colocava os alunos com “folha em branco” a ser preenchida pelo professor.

Ø Desvalorização do professor perante a sociedade, levando esses profissionais a trabalharem sem incentivo, o que ocasiona desânimos em crescer na profissão, além de desestimular novos profissionais a abraçarem a profissão.

Ø Baixa remuneração do profissional de educação – essas baixas foram se acentuando ao longo do tempo e provocando até desistência de profissionais na carreira do magistério.

É necessário que tenhamos a compreensão que estamos formando nossos estudantes para a cidadania, não apenas em função das exigências legais, mas por uma exigência social. É vital que se forme cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade, para que se possa promover as transformações que tanto almejamos. Esse é o papel social da escola formar para a sociedade. Crianças e adolescentes chegam à escola trazendo seus valores e conhecimento de seus lares e convívio social. É preciso estabelecer uma comunicação eficaz com eles e principalmente mostrar-lhes que escola é espaço vivo. Por isso o professor precisa apropriar-se de linguagens e códigos sócio-culturais, trazê-los para o ambiente escolar e nesse espaço discutir e construir conhecimento com os alunos.

E as novas tecnologias?

Sabe-se que a sociedade atual está impregnada por recursos tecnológicos e que o acesso a eles está de certa maneira fácil entre todas as camadas sociais. Diante desse quadro atual, não podemos ignorar essa realidade e continuar tomando atitudes de aversão a todo e qualquer tipo de tecnologia. Os professores em sua função precisam preparar seus alunos para a cidadania e principalmente para utilizarem estes recursos tecnológicos em prol do seu bem estar social, pessoal e profissional. Para isso, os mesmo precisam investir em um processo de atualização constante, pois cabe a este profissional orientação para o uso consciente de recurso tecnológicos, bem como, educar para sustentabilidade o que envolve conscientizar a todos, para que se faça o uso racional dos recursos naturais do planeta, entre outros assuntos urgentes na sociedade. Sabe-se que é difícil para alguns profissionais investirem em sua formação por conta de todos os fatores acima abordados. Porém se faz necessária a tomada de consciência desse profissional, acerca da sua importância na orientação das gerações mais novas no que se refere à formação para a cidadania. Demo (1996, p. 273), afirma que: “Para encarar as competências modernas, inovadoras e humanizadoras, [o educador] deve impreterivelmente saber reconstruir conhecimentos e colocá-lo a serviço da cidadania. Assim, professor será quem, sabendo reconstruir conhecimento com qualidade formal e política, orienta o aluno no mesmo caminho. A diferença entre professor e aluno, em termos didáticos, é apenas fase de desenvolvimento, já que ambos fazem estritamente a mesma coisa. (...) Neste sentido, o professor não será mais profissional de ensino, mas da educação, pois o primeiro tende a ser instrução, treinamento, domesticação, enquanto a segunda busca a ambiência emancipatória” Portanto, é preciso ver oportunidades, em vez de dificuldades. Em termos políticos e de legislação, alguns avanços foram conquistados pelos educadores, que além dos já citados anteriormente, hoje se conta também com o Plano Decenal, Parâmetros Curriculares Nacionais. Como enfoca Costa (2002), É difícil transcender de uma cultura historicamente instituída para um novo olhar sobre a educação. Por isso a formação continuada se constitui num processo permanente de busca, de construção e significados. A construção do coletivo na escola exigiu um esforço reconstrutivo e reflexivo sobre conteúdos atitudinais e sobre valores que sustentam os vínculos num grupo, sobre o respeito ao movimento de cada um, sobre que saberes e fazeres que devem ser compartilhados e em que tempos e espaços devem ser explicitados, discutidos e trabalhados.

A Profa. Maria Aparecida Freire de Souza é Técnica Pedagógica da Secretária de Educação do Município de Petrolina-PE e Professora de Geografia do Estado da Bahia em Juazeiro (BA).

Dedicada ao Cariricaturas pela chamada de hoje - José do Vale Pinheiro Feiotsa

Surpreende que a seiva,
Se habite de tantos.
Carreando no caule,
Todas as sílabas do seu nome.

E que a solidão,
Se agasalhe sob a copa das árvores,
Uma cantoria de pássaros,
O choramingar de um riacho.

Surpreende teu ódio de pedreira,
Tornando rochas em volumes britados,
Fragmentando o caminho da evolução,
Com teu instinto de pedregulho.

E que versejes como fogos de artifício,
Uma deslumbrante luz no céu,
Que encanta pelo efeito,
Só para lembrar a escuridão.

Surpreende o sol que se põe,
Amiudando a luz em complexidade,
Detalhando o invisível da plena luz,
Nuances do mesmo, fusões dos diferentes.

E que a poesia seja apenas sons,
Mas uma canção também o é,
Ela nos diz do plural de cada um,
Da unidade na distinção.

Surpreende que o amor seja apenas um,
E que sua prática seja uma cena,
De tantos atores, muitos sentimentos,
Esperança, tédio e quebras.

O que não surpreende,
É o tempo me desconstruindo,
Enquanto o evoca na permanência,
A saudade que preserva é matéria do tempo.

Bernardo que junta Mel e Aço - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ontem um vazio se fez notar no meu andar por aqui. Um vazio suave, discreto, mas de uma intensidade como os momentos cruciais da vida. Trata-se da ausência do Bernardo Melgaço nestas páginas. Como se vê é uma presença, o Bernardo está tão presente que sinto a ausência de seu texto. De seu caminhar espiritual como aprofundamento da regra geral. Da igualdade que se camufla abaixo do poder da grana, mas sem a qual a grana não seria nada, apenas matéria do universo.

O que nos iguala com a espiritualidade do Melgaço, que se estende além dos aspectos doutrinários e ocupa a cúpula da humanidade como o pleno para o qual fomos feito. Um pleno cheio de faltas, coalhado de novas necessidades, abundante em fastio do que existe. Este pleno que o Bernardo costuma trançar e mostrar em contradições.

O Bernardo também tem outra falta. A capacidade de mostrar, não se apagar, mesmo que no vendaval do contraditório ou da incompreensão. É preciso apontar a pluralidade, quando a regra é que todos têm a potência e o campo necessário para se manifestar. Mesmo no ruge ruge da feira eu prefiro mil vezes as barracas de tantas coisas distintas, do que aquelas tardes burguesas em gaiolas de ouro.

Um abraço Bernardo Melgaço. E que alguém faça chegar a ele esta vontade que parece ser apenas minha, mas sinto plural ao expressá-la

Os Pitpuns - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Rio de Janeiro, apesar do crescimento de todos os Estados, da descentralização da mídia e da cultura, do fim da capital federal e do país ter passado por uma revigorante municipalização (apesar dos pesares é surpreendente em razão do passado recente), continua tendo algumas características preservadas. Uma delas é criar palavras conforme as coisas vão acontecendo.

Logo que pessoas passaram a criar os cães Pitbull, surgiram na imprensa relatos da destruição física do animal. Pronto o nome do cão passou a ser sinônimo de ferocidade, de uma raiva insana, quase paranóica. Expressava desde as manifestações descontroladas de raiva até aquele instinto provocador de grupos querendo arruaça. Na classe média mais avantajada, um tipo se criou: os Pitboys musculosos das academias a destruir a integridade física dos seus opositores.

Ultimamente o pessoal, até pelo clima desta campanha eleitoral tão desleal na internet, tem alcunhado um novo nome: os Pitpuns. São parecidos com trovões. Ou com os efeitos sonoros dos gases intestinais no momento de sua fuga ao exterior. São relacionados com trovões porque não são o relâmpago: a luz é de outro, eles apenas estralam do modo mais ruidoso possível. O perigo está no relâmpago, mas quem assusta mesmo é o Pitpum e em todos os cantos.

O Pitpum é fisiológico, mas não se encontra na porta do sabor, fica muito distante do lugar em que ele se encontra. O lugar do Pitpum é o do restolho digerido, por isso mesmo é que sua ação costuma se acompanhar de algum efeito odorífero. Além disso, não se pode esquecer que ele está no final da cadeia, é uma espécie de recolhedor sanitário.

As grandes cidades têm este dom de multiplicar práticas e tipos. Por isso mesmo eu sempre que posso me refugio nos blogs da minha cidade pois aqui estas coisas ainda não existem. As suas práticas ainda continuam ingênuas como sou.

"Daltônico" é o cacete - José Nilton Mariano Saraiva

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa. Noite alta, céu estrelado, lua belíssima, um senhor bem vestido, chegando de viagem, toma um táxi no aeroporto do Galeão e pede ao motorista para levá-lo pra casa, em Ipanema. No caminho vê uma senhora, também muito bem vestida, entrando numa “boate” chamada "Dito e Feito". Reconhecendo-a, pede ao taxista que retorne à porta da boate. Tira do bolso um maço de notas e diz: -“Aqui estão dois mil reais. São seus se você tirar de dentro da boate aquela mulher vestida de vermelho que acaba de entrar. Mas vá tirando e cobrindo de porrada, porque aquela desgraçada é minha esposa”.
O taxista, que andava numa dureza daquelas, matando cachorro a grito, aceita de cara a oferta e adentra à boate. Cinco minutos depois ele sai, arrastando uma mulher pelos cabelos, com o rosto sangrando, toda esgrenhada, e gritando todos os impropérios que se possa imaginar.
O senhor, de dentro do táxi, vê a cena e percebe, horrorizado, que a mulher está vestida de verde e não vermelho e, preocupado, sai correndo para alertar o taxista do erro. –“Pare! Pare! Pelo amor de Deus. O senhor errou. Como pode confundir vermelho com verde? O senhor é daltônico? Ao que o taxista retruca:
- “Daltônico é o cacete !!! Esta é a minha.... Já volto lá pra pegar a sua!!!”

Poema II para reflexão...

imagens para orkut

Hoje, dia do poeta - José Nilton Mariano Saraiva

Como nos informam que hoje é o dia do poeta (e pra desopilar um pouco de tanta política), tomamos a liberdade de postar a “obra-prima” (bem simpleszinha) do poeta “papa-gerimum” (RN) Arimatéa Fernandes.
Como, por mais que tenhamos queimado os neurônios, não conseguimos decifrá-la, o submetemos à análise dos experts-freqüentadores do blog, para uma possível tradução. Mão a obra, preguiçosos...

CONCRETISMO EXISTENCIAL (Arimatéa Lopes)
Se avião chorasse
Pra que maternidade
Lá vem o padre
Arrocha, negrada

Poema para reflexão...

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Este poema é atribuído a Fernando Pessoa e circula  na internet como sendo de sua autoria, mas a linguagem difere daquilo que se conhece sobre o autor, inclusive pelo uso da terceira pessoa do singular, um uso não habitual em Portugal. 

Mesmo não sendo, creio que o poema vale pela mensagem que transmite...

A linha e o Linho - Gilberto Gil









A linha e o linho

Composição: Gilberto Gil

É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O zig-zag do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza

É a sua vida que eu quero bordar na minha

Jugo - Por Ana Cecília de S Bastos



Jugo


Obedecer à doce tirania da palavra.
Anular censura, momento, lugar.
Deixar no papel o verso líquido,
esse pálido espelho da alma.
Enquanto deixo-me estar,
impressionada pela cor da palavra
"pálida".

A Música - por Everardo Norões


A MÚSICA

Para Isaac Duarte

Sem pedir licença,
insinua-se pelos cômodos,
invade os espelhos,
derrama suas jarras de luz.
Vejo-a
pelos canteiros da casa,
na nitidez dos bordados
de minha mãe,
no brilhar de tua íris
quando os deuses descem
para beber a insensatez
das águas.
Depois,
ela se transforma em seios,
goiabas,
espigas.
E nua, adormece,
enquanto a lua brinca
entre meus dedos
e lagartixas
passeiam pelas pedras do pátio...

Inesquecível. Vivo !



Cacaso
(Antônio Carlos Ferreira de Brito)


Descartes

Não há
no mundo nada
mais bem
distribuído do que a
razão: até quem não tem tem
um pouquinho


Fatalidade

A mulher madura viceja
nos seios de treze anos de certa menina morena.
Amantes fidelíssimos se matarão em duelo
crepúsculos desfilarão em posição de sentido
o sol será destronado e durante séculos violas plangentes
farão assembléias de emergência.

Tudo isso já vejo nuns seios arrebitados
de primeira comunhão.


Lar doce lar
(para Maurício Maestro)

Minha pátria é minha infância:
por isso vivo no exílio


Em 2002 é lançado o livro "Lero-Lero", com suas obras completas.


Os poemas acima foram extraídos da publicação "Inimigo Rumor 8", Viveiro de Castro Editora, Rio de Janeiro – 2000, págs. 06 a 19.

O Selvagem Rimbaud- Por Arthur Rimbaud

ADORMECIDO NO VALE

Tradução: Ferreira Gullar

É um vão de verdura onde um riacho canta
A espalhar pelas ervas farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da montanha
Num espumar de raios seu clarão desata.

Jovem soldado, boca aberta, a testa nua,
Banhando a nuca em frescas águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a relva flutua,
Frágil, no leito verde onde chove luz.

Com os pés entre os lírios, sorri mansamente
Como sorri no sono um menino doente.
Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.

E já não sente o odor das flores, o macio
Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito,
Tem dois furos vermelhos do lado direito.


LE DORMEUR DU VAL

C'est un trou de verdure où chante une rivière,
Accrochant follement aux herbes des haillons
D'argent; où le soleil, de la montagne fière,
Luit: c'est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort; il est étendu dans l'herbe, sous la nue,
Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant comme
Sourirait un enfant malade, il fait un somme:
Nature, berce-le chaudement: il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine,
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.


Un coin de table (Um canto de mesa), Henri Fantin-Latour, 1872. Sentados, a partir da esquerda, os poetas simbolistas Paul Verlaine (1844–1896) e Arthur Rimbaud (1854–1891), Elzéar Boonier, Léon Valade, Émile Blémond; Jean Aicard, Ernest d'Hervilly e Camille Pelletan (em pé). – Musée d'Orsay, Paris – Larousse.fr

Arhur Rimbaud




Origem: Wikipédia


Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (20 de outubro de 1854, Charleville - 10 de novembro de 1891, Marselha) foi um poeta francês.

Na maioria das vezes, a história de Rimbaud é apresentada como principal ponto de partida para a leitura de sua obra, o que torna quase impossível olhar a obra de Rimbaud com olhos livres.

Por outro lado, o Rimbaud que partiu para traficar armas de fogo no norte da África de um lado e deu cor às vogais (revista em Alquimia do Verbo) por outro, tornou-se um tipo de referência para a poesia no século seguinte: servindo como argumento à tese que nascia sobre a impossibilidade de ser considerada a dissociação entre o poeta e sua poesia. O poeta, assim, vive e é sua poesia - pensamento em voga ainda hoje segundo algumas escolas.

O norte-americano Henry Miller, um dos grandes admiradores da poesia simbolista de Rimbaud, diz, diante disso, que o tipo Rimbaud chegará a superar tipos clássicos de comportamento; como o introspectivo e inquieto jovem estampado pelo personagem Hamlet, de Shakespeare. "Acho que existem muitos Rimbauds neste mundo e que seu número aumentará com o tempo. Acho que o tipo Rimbaud tomará o lugar, nos próximos tempos, do tipo Hamlet e do tipo Fausto. Até que o velho mundo morra de vez, o indivíduo 'anormal' será cada vez mais a norma. O novo homem se encontrará quando a guerra e a coletividade entre o indivíduo cessar. Veremos então o tipo de homem em sua plenitude e esplendor".

Já Paulo Leminski escreveu no curtíssimo ensaio "Poeta Roqueiro" que "se vivesse hoje, Rimbaud seria músico de rock" e que Rimbaud "pasmou os contemporâneos com uma precocidade poética - (escrevendo) obras-primas entre os 15 e os 18 anos". Georges Duhamel vai pela mesma picada: "O que Mallarmé não parece ter adivinhado é que o 'Viajante notável' voltaria, que ia ficar, que não pararia de crescer, que sua influência se estenderia sobre todas as gerações e que aquele garoto seria no século novo não o mestre, e sim, melhor ainda, o mensageiro, o profeta de toda uma juventude febril, entusiasta, rebelde". A imagem mais conhecida de Rimbaud, esta mesma que ilustra o verbete, reforça a ideia de enfant terrible que se relaciona à sua persona.

Outra foto, no entanto, tirada no período em que viveu em Aden e Abissínia (atual Etiópia), hoje parece ela própria entrar em choque com a idealização da imagem de "príncipe-poeta".

Entre os livros que reúnem a produção de Rimbaud destacam-se "Une Saison en enfer" e "Iluminations", além de poemas como Bateau ivre ("Barco Ébrio").

Enquanto esperava uma carta de Paul Verlaine, Rimbaud resolveu escrever um grande poema que seria a ilustração direta de sua nova ética, uma obra indiscutivelmente de fôlego. Delahaye o viu, deitado num barco, ao pé do Velho Moinho, o rosto contra a água, interrogando o fundo do rio, onde, entre as manchas de sol, a corrente fazia ondular a longa cabeleira das plantas aquáticas. Ele havia apenas conservado a ideia do tema de O Navio Fantasma — que Leon Dierx acabava de tratar há pouco no Parnasse Contemporain —, ou, mais exatamente, ele o incorporara, pois o barco sem rumo pelo espaço sideral, sob o céu implacável ou nas profundezas glaucas, é ele, sua alma, liberada enfim de suas amarras..

Mãos Dadas - Carlos Drummond de Andrade

Mãos Dadas
Carlos Drummond de Andrade


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente,
os homens presentes,
a vida presente.