Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
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claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 4 de maio de 2010

Por Cristina Diogo

Allan, Cristina, Socorro, Augusto, Nívia e Dona Almina.
Plateia
Dona Almina e Socorro



Senhora Almina Arraes visita as instalações do Instituto de Ecocidadania Juriti

Por ocosião da realização da aula espetáculo Meio Ambiente Inteiro a Senhora Almina Arraes visitou a sede do Instituto de Ecocidadania Juriti.

(Senhora Almina Arraes irmã do eterno governador de Pernambuco Miguel Arraes de Alencar)

Ela conheceu o expresso digital e ficou maravilhada com tanta tecnologia a serviço da inclusão digital das classes menos favorecidas. Dona Almina é autora de uma cartilha direcionada a alfabetização digital para a terceira idade.

Depois do Expresso ela se dirigiu ao Laboratório de Imagem e Som, conhecendo a sala Jefferson Albuquerque
Conheceu também a sala de educação ambiental

Participe da conclusão da obra do primeiro circo de concreto do Brasil


O Instituto de Ecocidadania Juriti produziu dois curtas metragens: A catadora de Pequi e Os Sonhadores transformados num kit de dvd que será comercializado e os recursos serão destinados para a aquisição de mil e duzentos metros quadrados de telha de alumínio para o teto do Circo Escola de Ecocidadania e a pintura do prédio.

Contribua, faça a sua parte adquirindo esta obra audiovisual por apenas 20,00 o valor de uma telha de alumínio. Com mil e duzendos amigos estaremos cobrindo nosso sonho.

Informações: 88 35720516 ( falar com Branquinha Juriti )

O Centro de Referência em Educação Ambiental já está concluído e equipado
por Blog do Telecentrinho

Sucesso na noite de lançamento dos filmes resultantes da inter-relação audio visual Juriti



Dando continuidade a programação do Cine Mais Cultura o Cine Clube Juriti lançou no dia primeiro de maio as 19 horas no Picadeiro do Circo Escola de Ecocidadania os curta metragens: A catadora de pequi - contando a estória de Tereza, uma catadora de pequi da Chapada do Araripe, que perde sua filha recém-nascida no meio da floresta. Durante dez anos ela chora a perda da criança que acredita ter sido devorada por uma onça. Agora, com uma nova vida e um novo trabalho, uma surpresa a aguarda. Já Os sonhadores retrata a história real de dois jovens do interior do Ceará, educandos do Circo Escola de Ecocidadania que sonham em participar do Cirque du Soleil. O primeiro Sandro é convidado pela diretora de formação do Cirque du Soleil e ingressa na Escola de Circo de Montreal - Canadá, o outro Hugo, se prepara para correr em busca do seu sonho. Este filme pretende ser transformado num programa para televisão abordando resultados bem sucedidos de jovens que fazem parte de projetos sociais do terceiro setor.

Processo de finalização dos filmes
por Blog do Telecentrinho

As tias high-tech emburrecendo com a televisão - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Minhas tias Rosa, Maria e Raimunda estiveram, neste amanhecer, envolvidas numa quente discussão. Tudo por causa de uma notícia nos jornais on-line da internet. A “chamada da matéria” dizia: A televisão me deixou burro demais.

- Eita, que sujeito mais fraco, até a televisão é capaz de deixá-lo fraco das idéias! – Abriu o verbo minha tia Maria, mas Rosa, após ajustar os óculos e correr os olhos no corpo da matéria, logo questionou:

- Menina, num é o sujeito que é fraco. A televisão é que um veneno para a inteligência. Raimunda que aproveitava o diálogo das irmãs para avançar na leitura deu veredicto:

- É pesquisa, viu. Tudo foi pesquisa. Tá provado, comprovado e aprovado: “Assistir à televisão emburrece as crianças”. Eu bem digo que é melhor contar estrelas do que ficar vendo novela. Vocês não despregam os olhos da televisão na hora da novela. Quando é noticiário, todo mundo quer, até futebol já estão assistindo e agora deram para se viciar em filme. Vão ficar igualzinho a estas crianças do Canadá: piores em matemática, comendo junk food (pronunciada como junque fó odi) e sofrendo mais bullying (pronúncia do perfeito inglês dos sertões, não sem gaguejar na leitura: bu li li ingue). Raimunda terminou sua linha argumentativa e Rosa rebateu:

- Ora! Se eu ficar burra nas aritméticas eu tenho os dedos prá contar e estas comidas e sofrimento eu nem sei o que é. Tu sabes me esclarecer? Raimunda, embora tivesse ousado pronunciar as palavras estrangeiras, não tinha a menor idéia do que se tratava. Então, abriu os olhos e fez um belo discurso nacionalista como fuga do núcleo explicativo:

- É um absurdo. Falta de Governo. De vergonha na cara. A culpa, também, é deste povo besta que nem sabe defender o próprio valor. Nossa língua é mais completa e inteligente do que o tal do Inglês, mas estes abestados não sabem dizer nada que não seja falando estas palavras de abestado. Onde já se viu menina! Ninguém sabe nem explicar o que escreve. É tudo macaco de imitação, papagaio da língua solta, espelho que não tem ciência da imagem que reflete. – Raimunda salvou de explicar o que era Junk Food e Bullying a Rosa, pois Maria adiantou a conversa com outro trecho da matéria:

- Olhem aí! Viram! – as outras irmãs, ajustando mais ainda os óculos, aproximaram o rosto do monitor, enquanto Maria traduzia – Os americanos, franceses e australianos já nem querem que as crianças menores assistam à televisão. Até para crianças maiores querem limitar o tempo. Mas Rosa, na eterna dúvida, demonstrando que não ver televisão tanto assim:

- Mas e o que causa o problema? É a luz do aparelho da televisão, as imagens ou as besteiras dos programas que botam as crianças para assistir? Raimunda e Maria trocaram breve olhar e continuaram a leitura para ver se havia uma explicação para a dúvida da irmã, até que Maria falou:

- É a perda de tempo e aquisição de hábitos ruins. Se perde tempo, é porque fora da televisão teriam mais proveito. Se pegam coisa ruim, é porque os programas são ruins mesmo. Mas aí Raimunda rebate:

- Mas a burrice fica para toda a vida! – Rosa foi ao final e concluiu:

- O problema é dos programas e do aparelho da televisão com esta correria das imagens de um lado para outro, com som nas alturas, cores fortes e muito piscar de luz. Pronto, era o que Raimunda queria como lição do dia:

- Viram como é melhor a gente ficar juntas na internet. Nós temos tempo de discutir, conversar e não ficar de olho aboticado nesta tela.
4 de Maio de 1937. Noël estava em sua casa em Vila Isabel. A doença havia se agravado. Ele estava em sua cama e pediu que o ajudassem a virar para o lado. Começou a batucar na mesa de cabeceira, e aos poucos foi parando... parando... parando... Aos 26 anos de idade, morre Noël Rosa.

Desapareceu o Poeta da Vila. Mas permanecerão para sempre em nossa lembrança suas músicas, sua alegria, seus sonhos e as histórias de seus amores.

"Último desejo" foi uma das últimas composições Noël Rosa. A música foi lançada na Rádio Educadora do Brasil, por Marília Baptista e gravada por Aracy de Almeida logo após a morte do compositor.

Nosso amor que eu não esqueço,
e que teve o seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete,
sem retrato e sem bilhete,
sem luar, sem violão
Perto de você me calo,
tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
mas meu último desejo
você não pode negar
Se alguma pessoa amiga
pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não,
diga que você me adora
Que você lamenta e chora
a nossa separação
Às pessoas que eu detesto,
diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim,
que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
que você pagou pra mim

por Patrícia

Hoje é dia de Noel Rosa !

Amizade - por Gabriella Federicco

Amizade que não incomoda,
amizade que não tem empenho,
amizade que tem promessas sem tamanho,
amizade que te ignora,demora ...
Melhor que vá embora!

Amizade presente ,quando a gente sente,
o caminho da mente,
o percurso do futuro sem freio nem muro ...
Essa é a amizade que dá lucro,
e que Deus abençoa, na sua unicidade !

A verdade


Você sempre diz:
Tens muita experiência ...
E é mesmo verdade!
Vivendo o silencio,
aprendi que precisava das palavras.
De quem me sacudia como uma boneca,
senti que precisava de carinho.
De quem queria usar parte do meu corpo,
achei que precisava conhecer o resto.
De quem me respondia chateado,
achei que precisava de educação e respeito,
até mesmo entre os lençóis.
O prelúdio com você foi uma valsa de Strauss
inacabada por falta de luz ...
Culpa dos intrigantes e bisbilhoteiros...
Em nome de uma ética,
que se contrapôe ao amor e ao progresso !

Sara T.

Qué arco, qué tarco ou qué qui mui??
- Claude Bloc -


Seu Hubert Bloc Boris, meu pai, aclimatou-se nas brenhas da Serra Verde e a essa terra se entregou de corpo e alma e, assim, debaixo de pau e pedra, estava ele nas estradas, na lida, a cavalo ou de jipe.

A Serra Verde nessa época tinha umas 1000 famílias e, mesmo com a ajuda de fiscais, o trabalho era incansável.

Além de outros produtos, havia não me lembro em que época do ano, a colheita do fumo classificado pela qualidade das folhas e depois preparado em rolos. Eu, muitas vezes, fui com papai, fazenda adentro, e passava com ele, o dia na casa de algum morador para acompanhar e fiscalizar o processo. Eu ia observando aquele movimento e a técnica de enrolar o fumo... O cheiro forte. O sol agindo. E ouvia de meu pai as recomendações para se conseguir uma boa qualidade do produto final. Ouvia igualmente os carões se o serviço fosse mal feito.

O dia se passava assim. Apesar do objetivo de papai ser o trabalho, eu, de minha parte, olhava além. Ia pra debaixo dos pés de cajarana, arrodeava as goiabeiras, observava as bananeiras e, sobretudo, observava aqueles jardins floridos plantados em latas de querosene o que retratava o cuidadoso zelo da dona de casa. Eu gostava especialmente do cheiro do bugari que rescendia nos finais de tarde.

Tenho certeza de que foram essas incursões pela fazenda que me fizeram amar aquela terra. Terra que me fazia sonhar com reinos que não existiam a não ser dentro de mim. Foi dessas observações que nasceu em mim a poesia, pois eu já nesse tempo, via tudo com uma cor mais forte do que a realidade mostrava.

Na boca da noite meu pai e eu pegávamos o jipe e a gente voltava pra casa meio estropiados. Mas a sensação era de paz. Mais um dia, mais uma etapa cumprida.

A essa hora os grilos já estavam de canto solto azucrinando a noite. Papai ainda passava no escritório para verificar o caixa e também para jogar um dedo de prosa com os compadres ou mesmo jogar 21 rifando bode.

Foi numa dessas que João Luiz “barbeiro” apareceu pelo escritório. Gostava de tomar uma caninha “torada” e também de contar vantagem . Nesse dia, meio “chumbado” foi logo contando “farol” pra papai, Geraldo (motorista) e Maria Alzira (secretária). Mamãe estava por perto e foi quem me contou a marmota.

Disse que conhecia a”Zalagoa”, a Paraíba, de cabo a rabo, Rio Grande do Norte e por aí vai. Disse também ter ido várias vezes a Exu e Serra Talhada. Nesse momento, papai se lembrou de um amigo de quem tinha comprado um carro nessa cidade e perguntou a João Luiz:

- O compadre João conheceu Apolônio?

- Oxente cumpadi, morei lá muitos anos!!


E você: Qué tarco, qué arco ou qué qui mui??

Claude Bloc