Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um Pai Melhor

Abraço meu filho,
coço-lhe a orelha,
faço-o dormir.

Pressinto entre nossas almas
eternidade em jogo

e até vejo
nos seus sonhos
o moço valente que é

com sua espada
me salva dos dragões
e monstros

ou, simplesmente
do ladrão em casa.

Transbordar - Por Claude Bloc



Encho-me
Transbordo
Sofro como qualquer um,
Batom borrado,
Olhar sem jeito,
Olhar sem luz.

Mas sigo,
desço,
subo,
entre todos os passantes:
eu no todo...

No entanto, quero respirar.
Apenas acordar,
guardar o sentimento
e então
surgir,
sentir
e (re)partir.

... Texto e foto por Claude Bloc ...

Pela esquerda ou pela direita?

Sem arrodeios, existem duas regras, básicas, de trânsito que são desrespeitadas diariamente e que sozinhas devem representar a maior parte os acidentes em nossos dias: ultrapassagens proibidas pela direita; e guardar a faixa da esquerda sem pretender nenhuma ultrapassagem. Todos nós, dirigindo carros, motos ou dentro de algum transporte coletivo, por algum tempo, durante o dia estamos expostos a este tipo de situação.

De maneira geral, ultrapassar exclusivamente pela esquerda é regra NUNCA obedecida pelos motoqueiros. É impressionante! A motocicleta deve passar esta “impressão” ao condutor de “donos da situação”, seres intocáveis, perfeitos, incapazes de cometer erros de cálculo no tempo de uma ultrapassagem ou até mesmo da capacidade de reagir a um movimento inesperado de um motorista que será ultrapassado. Não é raro encontrarmos motoristas de carros, grandes ou pequenos, cometendo a mesma séria infração. O fato é que, exceto raríssimas exceções e ai me incluo, TODOS ultrapassam pela direita! Levados, talvez, pela impaciência de esperar infinitamente a hora em que o “magnífico” motorista à sua frente resolva tomar à faixa da direita e liberar a via, de ultrapassagem, para ultrapassagem.

Já deu pra notar que, atribuo parte dos problemas de trânsito aos que guiam veículos de 2 rodas, mas tenho meus argumentos. Quantos motoqueiros, em cada 10 que você conhece, têm carteira? Não conheço a estatística oficial, mas já ouvi dizer que seriam 4, ou até mesmo 5, “sem habilitação” na região do CRAJUBAR. Se partimos para cidades vizinhas esse número deve subir para 6 ou 7! Ou seja, não passaram pelos exames, muito menos pela preparação necessária ao entendimento de todas as regras de legislação e primeiros-socorros no trânsito. Quem nunca viu uma moto deitada no chão ao lado de algum desatento ou desafortunado motoqueiro? Estes são levados a conhecerem seus limites quando são abalroados e caem vítimas de sua própria imprudência ou imperícia. A desvantagem das motos é que não há cintos de segurança, nem air-bags, e que o pára-choque normalmente é a cabeça, tórax ou os membros do condutor e garupeiro.

Quero deixar uma mensagem aos, nobres, motoristas “proprietários das faixas da esquerda” dizendo: “Deixem-nos passar!”. Vocês também precisarão disto uma hora! Deixem o orgulho de lado, digo a ignorância, e entendam que não tem direito exclusivo do uso da faixa, apenas porque chegou ali primeiro! Quer chegar em primeiro lugar? Vá a um autódromo! Lá você pode ter sua chance. Arrisco dizer que, esse gesto evitaria pelo menos metade dos acidentes com moto que ocorrem, muitas vezes, da desatenção do motorista que trafega pela esquerda e devido à imprudência de motoqueiro que insiste em ultrapassar pela direita. Apelo também aos gestores do trânsito local que promovam campanhas educativas! Divulguem as estatísticas de acidentes e infrações. Fiscalizem veículos e condutores. Punam os infratores! A educação é ponto fraco de nossa nação. A educação no trânsito, ou a FALTA de educação, vem fazendo vítimas a todo instante. Não sejamos as próximas.

Dimas de Castro e Silva Neto

Engenheiro Civil, Mestre em Gerenciamento da Construção
pela University of Birmingham e Professor do Curso de Engenharia Civil da UFC Cariri

Centro Cultural BNB Cariri: Programação Diária



Dia 10/11, terça-feira

Música - CULTURA DE TODO MUNDO
14h Programa de Rádio na Educadora do Cariri AM. 180min.

Artes Cênicas - OFICINA DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA
15h Contadores e Contamores. 240min.

Atividades Infantis - HORA DO RECREIO
Local: E.E.F. Arara Azul. (Caririaçu)
15h30 A Triste Partida. 20min.

Literatura/Biblioteca - BIBLIOTECA VIRTUAL
18h Noções Básicas de Utilização da Internet. 180min.

Cinema - 100 CANAL
18h30 Mulheres Rurais. 5min.

Cinema - IMAGEM EM MOVIMENTO
18h35 Estorvo. 95min.

Rua São Pedro, 337 - Centro - Juazeiro do Norte
Fone (88) 3512.2855 - Fax (88) 3511.4582

Acreditando Mais em Deus - Por Liduina Vilar.



Essa semana que passou, minha mãe se submeteu em Fortaleza a uma cirurgia de reversão (retirada de uma colostomia) por conta de um câncer que teve há mais de um ano. E quando recebeu alta, eu tive vontade de subir lá em cima da Serra, abrir meus braços, tal as asas de uma borboleta quando cheira a flor, e gritar bem alto e com toda força do meu ser pro mundo inteiro ouvir: -minha mãe ficou curada, minha mãe está funcionando normal, gente!!!!!!!!!!

Ai entra o Criador, a quem eu só devo louvar e agradecer. Logo eu, que não sou muito chegada a comparecer às missas obrigatórias(domingos e dias Santos). Embora reze muito em meu Oratório particular...Agora acredito mais e conheço melhor O Senhor Nosso Deus! Como Ele foi Pai para minha mãe, como foi Amigo para minha pessoa. Como minha família respira aliviada! Dobrar meus joelhos, elevar meus Olhos pro alto e dizer: Pai Nosso que estás no céu, santificado seja o Vosso nome é o mínimo e obrigação constante que tenho a cumprir para com Ele.Além de praticar mais o que Ele tanto apregoa: Amar ao próximo como a ti mesmo.Somando ao exercício da caridade, da compaixão e do perdão.

Obrigada Senhor dos mares,
Obrigada Senhor das aves,
Obrigada Senhor das Montanhas,
Obrigada Senhor dos Homens!!!!

***

Dostoievski - uma das maiores personalidades da literatura



Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura russa, tido como fundador do Realismo.

Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem e seu pai, o médico Mikhail Dostoievski, foi assassinato pelos próprios colonos de sua propriedade rural em Daravoi, que o julgavam autoritário. Esse fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivou o polêmico artigo de Freud: "Dostoiévski e o Parricídio".

Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético, teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado. Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac ("Eugénie Grandet"). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance, "Pobre Gente", que foi bem recebido pelo público e pela crítica.

Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no livro "Recordações da Casa dos Mortos" e em "Memórias do Subsolo".

Suas crises sistemáticas de epilepsia, que ele atribuía a "uma experiência com Deus", tiveram papel importante em suas crenças. Inspirado pelo cristianismo evangélico, passou a pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava. Em 1857 casou-se com Maria Dmitrievna Issaiev, uma viúva difícil e caprichosa. Dois anos depois retornou a Petersburgo. Em 1862 conheceu Polina Suslova, que viria a ser o seu romance mais profundo. Em 1864, viúvo de Maria, terminou seu caso com Polina e em 1867 casou-se com Anna Snitkina.

Entre suas obras destacam-se: "Crime e Castigo", "O Idiota", "O Jogador", "Os Demônios", "O Eterno Marido" e "Os Irmãos Karamazov".

Publicou também contos e novelas. Criou duas revistas literárias e ainda colaborou nos principais órgãos da imprensa russa.

Seu reconhecimento definitivo como escritor universal surgiu somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: "O Idiota" e "Crime e Castigo". Seu último romance, "Os Irmãos Karamazov", é considerado por Freud como o maior romance já escrito.

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u719.jhtm

A obra dostoievskiana explora a autodestruição, a humilhação e o assassinato, além da analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e ao homicídio; seus escritos são chamados por isso de "romances de idéias", pela retratação filosófica e atemporal dessas situações. O modernismo literário e várias escolas da teologia e psicologia foram influenciados por suas idéias.

Com a morte do pai, assassinado pelos próprios colonos, teve um ataque de epilepsia e a partir daí freqüentou prisões e foi condenado à pena de morte. Alguns autores crêem que esses problemas particulares auxiliaram Fiódor a produzir uma das maiores literaturas do planeta, mas de fato seu reconhecimento definitivo como "escritor universal" veio somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: O Idiota e Crime e Castigo. Seu último romance, Os Irmãos Karamazov, foi considerado por Sigmund Freud como o melhor romance já escrito.



... Memórias do Subsolo ...

"Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio, e, em cada homem honesto, acumula-se um número bastante considerável de coisas no gênero. E acontece até o seguinte: quanto mais honesto é o homem, mais coisas assim ele possui" (…)

Fiódor Dostoiévski, Memórias do Subsolo, pg. 52 – (Editora 34)

Casanova de casa nova


-- Aquilo não é uma mulher, é um cão perdigueiro !
Esta talvez tenha sido a mais perfeita definição da mulher de Salustiano, feita por um de seus amigos, numa mesa de bar. Salu ( como era conhecido na patota) sempre fora chegado a uma gandaia. O bordel sempre tinha sido o templo maior de suas oferendas. Seu oratório era preenchido pelos deuses pagãos: Dionísio, Baco e Vênus. Parece que tinha sido castigo! Já entrado nos quarenta, terminara por casar com D. Guilhermina: mulher madurona, sistemática, cuja maior diversão era ir para quermesses e assistir às reuniões de casais com Cristo que Salu acompanhava, a contragosto. Não bastasse tudo isso, a patroa de Salu era extremamente ciumenta. Parecia um cão farejador. Ligava para a repartição do marido inúmeras vezes ao dia, como se estivesse fazendo chamada. Quando o pobre retornava para casa, procedia-se uma revista rigorosa, digna de Sherlock Holmes, em todos os seus pertences e vestes. D. Guilhermina olhava atentamente a Agenda, em busca de telefones suspeitos, ou bilhetes. Revistava ainda cuidadosamente todas as roupas externas e íntimas procurando fragrâncias estranhas, cabelos femininos ou marcas de Batom. Algumas vezes, chegou a examinar, com atenção quase urológica, o próprio corpo de Salu, fingindo-se de mulher envolvente e carinhosa.
Apesar de todo cerco impingido por D. Guilhermina, nosso D. Juan não havia perdido de todo o espírito aventureiro. Como, por mais de uma vez, tinha sido flagrado, com uma ou outra prova material, foi desenvolvendo um ritual digno da CIA ou do MOSSAD. Carregava no porta malas, escondida, uma maleta fechada com um sem número de utilitários : soluções para retirada de manchas, aromas vários para disfarçar perfumes, óleo e graxa para simular “pregos”no carro e justificar atrasos , bateria descarregada( sempre) para justificar celular fora de área e por aí vai...Não bastasse isso, tinha uma rede de auxiliares digna de nota, capaz de falsear vozes, inventar histórias/desculpas mirabolantes, forjar documentos e álibis. A mulher tinha, porém, pacto com o demo: devia ir para o Afeganistão procurar o Bin Laden, diziam os amigos. Um dia, suplicante, pediu que ele a contasse sobre qualquer aventura após o casamento, jurando calma e compreensão, pois, dizia, sua fobia não era de chifre, mas de ser enganada sem saber. Salu, para testar, começou a falar sobre alguns namoricos da infância e, mal tinha passado do segundo, já D. Guilhermina ia quebrando todos os pratos da cozinha no tubo de imagem da TV. Imagina se falo os do pós-matrimônio, pesou Salu, aliviado em meio aos destroços da III Guerra Mundial.
O período de maior aflição passado por Salu aconteceu depois do caso Diana Bobitt. Vocês lembram ! Sim, foi aquela que, numa crise de ciúmes, cortou o pinto do marido com uma faca de pão, como se fosse salaminho. D. Guilhermina, imediatamente, a tomou como ídolo e até andava com um retrato da emasculadora senhora na bolsinha de dinheiro. Salu entrou em pânico quando descobriu no guarda roupas da esposa ( imaginem o quê !): uma faca Gin Su ! Passou mal, terminou por internar-se em clínica para esgotados mentais. Voltando, inventou , prontamente, que o médico prescrevera comida chinesa típica , para toda a família e, a partir daí, deu fim às cortantes lâminas da casa e passaram a comer com pauzinhos ( para alívio derradeiro dos países baixos e melindrosos de Salu).
A vida assim ia se escoando em meio a esta Guerra Fria. Tamanha perseguição parecia ir dando um tempero todo especial às perigosas escapulidas de Salu. Dia desses, no entanto, o homem voltou a sobressaltar-se. Aparecera nova arma de contra-espionagem no mercado. Ele soube ,através de sua especial rede de informação. No Bar de Seu Louro, os amigos, aflitos, lhe mostraram o recorte de Jornal. Os japoneses inventaram um spray que borrifado na cueca da pessoa, em contato com qualquer resquício de sêmen, torna-se verde e aí, a patroa –perdigueira, ao examinar, poderá ter uma prova concreta da traição cometida. Não bastasse isso ainda desenvolveram um tipo de meia que muda de coloração ,se por acaso for retirada do pé, o que poderia dar evidência de visitas sorrateiras a motéis. Salu gelou! Aquilo nas mãos de Guilhermina seria uma arma perigosíssima. Na sua visão de Casanova, a atitude dos japonas só podia ser despeita com os ocidentais. Inventar uma porcaria destas, só pode ser complexo de inferioridade: por terem um pingolim do tamanho de um alfinete !Por via das dúvidas, no entanto, desde aquele dia, Salu só anda de chinela, só compra cueca verde-camaleão e ,pra dormir, é com um olho só fechado : o outro “pastora” Guilermina!

J. Flávio Vieira

ÉTICA - MAURÍCIO C. DELAMARO

PARTE DA TESE DE DOUTORADO DEFENDIDA, EM 1997 NA COPPE/UFRJ,
POR MAURÍCIO CÉSAR DELAMARO:

“Numa primeira aproximação, digo que a Ética surge como ciência do ethos. Ou, como saber racional sobre o ethos. Nela está presente a centralidade do logos discursivo.

Para Aristóteles - que, seguindo Sócrates e Platão, se propõe a constituir a Ética com um estatuto de saber autônomo - a existência do ethos é indiscutível. O ethos se apresenta, primeiramente, como “costume, esquema praxeológico durável, estilo de vida e ação”. Neste sentido, ethos é morada do homem. Torna o mundo habitável, pois rompe com o reino da natureza ou physis - caracterizado pela regularidade e onde impera a necessidade - para abri-lo ao reino da liberdade, onde imperam os costumes, os hábitos, as normas, os interditos, os valores e as ações significantes. O ethos é “morada a partir da qual a realidade se descobre como dotada de significação e valor”. A sua característica de durabilidade não significa que o ethos em tanto que espaço existencial humano possa vir a ser, em qualquer tempo, uma morada pronta e acabada. Cabe ao homem, incessantemente, reconstruí-la.

Num segundo sentido, ethos diz respeito aos hábitos apreendidos pelo sujeito singular, graças à repetição. O ethos, aqui, manifesta-se como constância no agir que se contrapõe aos impulsos do desejo e das paixões. A constância, adquirida pela repetição dos mesmos atos, não advém do reino da necessidade que é a physis, mas, sim, do ethos, em tanto que costume.

Uma questão fundamental. O ethos como costume, estilo de vida e ação; enfim, como morada; embora construído e incessantemente reconstruído, não é pura invenção e criação da arbitrariedade humana. Ele é o espaço, por excelência, onde se manifesta o finalismo do Bem. É um espaço teleológico. É na morada do ethos “que o logos torna-se compreensão e expressão do ser do homem como exigência radical do dever ser ou do Bem”. O ethos, então, não é pura e simplesmente construção do homem tal qual ele se apresente, casuisticamente, nas diversas épocas histórico-culturais; é, antes, espaço de auto-construção do homem segundo uma finalidade que é sua: o Bem.
A articulação entre ethos como morada e ethos como hábito pode, então, aparecer. O primeiro é o conjunto de princípios, normas e estilos que plasmam o segundo. Quando a praxis humana - não acidental, mas regida pela constância do hábito - está conforme ao ethos como morada - ela pode ser chamada ética. E o hábito, aí, é virtude.

Esses dois momentos do ethos é que possibilitam Platão a edificar a ciência do ethos não apenas como ciência da Justiça e do Bem, mas, também, como ciência da ação boa e justa, que é ação segundo o hábito que é virtude. É justamente a ação humana - que, repito, é o percurso entre o que o agente é e o que o agente tende a ser, segundo o finalismo da ação - que representa a instância mediadora entre a universalidade abstrata do ethos como costume e a universalidade singularizada do agente no ethos como hábito.

A concepção do ethos como espaço teleologicamente orientado para o Bem - ou “como a face da cultura que se volta para o horizonte do dever-ser ou do Bem” - é congruente com a formulação de uma ciência do ethos como ciência do Bem. Mas, para tanto, a Ética deferia ser fundada sobre um tipo de conhecimento ou saber absolutamente primeiro: uma ontologia. Ela depende da possibilidade de se chegar ao conhecimento do logos do ser, a uma arqué panton - um princípio de tudo -, um Absoluto transcendente, eterno, imutável. A forma de se chegar a tal conhecimento seria a contemplação, ou teoria. Então - entendendo teoria como era entendida por Platão e Aristóteles, ou seja, como contemplação do Absoluto - podemos perceber a Ética como instância mediadora entre a teoria e a praxis.

A teoria e a praxis expressam dois modos do homem ser, com posturas específicas frente ao mundo. A teoria está “voltada para as coisas, aliás, em última análise, para aquilo que, nas coisas, (é) imutável, eterno, divino. Ela pretende articular um saber apodíctico da ordem universal de todas as coisas em suas estruturas essenciais. Através desse saber, o homem entrava em sintonia com a harmonia da ordem cósmica e se assemelhava ao ser divino, pensando como contemplação pura”. A praxis, em contrapartida, refere-se à ordem do contingente e do condicionado: aos modos concretos de viver institucionalizados na convivência dos homens através dos costumes e estilos que regulam e sustentam as formas concretas de ser homem. No entanto, é dentro desse mundo condicionado que está em jogo a conquista da humanidade do homem: a praxis é “ação através de que o homem se faz homem, isto é, através de que suas potencialidades se atualizam e ele conquista seu ser,(...) é a ação dos homens na busca de si mesmos, e o realizar-se do homem na ação pela mediação da ação, é, em última análise, auto-construção do homem segundo a ordem cósmica universal”. E, como a teoria tematizava a ordem universal, perante a qual o homem situa sua ação, o papel primeiro da Ética como ciência era o de oferecer ao saber prático os pressupostos gerais da ação, sempre adequados à teoria.

Eis, aqui, o porquê da Ética não ser pura e simplesmente a codificação racional do ethos histórico vivido por uma comunidade. Mais que codificadora, ela tem um papel de crítica, de reforma, de atualização e revigoramento dos costumes e instituições vigentes em determinado momento histórico, pois que busca adequá-los aos pressupostos gerais advindos das intuições da teoria e, em suma, do Absoluto eterno, a-histórico, transcendente.

Faço notar, ainda, que o fundamento primeiro - o Absoluto, que é origem de tudo, princípio absoluto, causa inicial - é também causa final ou objetivo último da vida humana. Tal concepção foi trabalhada filosoficamente de distintas formas na história do ocidente, mas permaneceu uma constante em diversas de nossas modernidades. Por exemplo, o Bem platônico, a Natureza aristotélica e o Deus cristão são, ao mesmo tempo, causa inicial e final. A busca humana desse Bem fundamental último está articulada a bens que lhe são subalternos, cuja vivência concreta pelo sujeito singular e histórico dá-se como exercício de virtudes. Cada uma dessas vivências é “... como uma atualização de uma excelência segundo um fim não redutível ao indivíduo-tal-como-ele-é, mas que o molda, através da moral, para ser tal-como-ele-deve-ser-segundo-o-fim-que-é-seu”.

Quimera

Enquanto tu não vens
faço tricô com meus cílios.

Portanto
será longo o tempo

até endurecer a lágrima
no canto esquerdo.

Como podes vir
se és um sonho?

Que eu saiba
todo sonho
é lagarta
descuidada
no meio da praça.

Pronto.
Lá se foi seu abdome.

A andorinha
tem olhos inocentes
mas um bico frio e cortante.

Suntuosa Indolência

Amontoam-se cuecas
no balaio de roupas sujas.

Fico no osso
mas não lavo.

Nem tiro a barba.
Nem corto as unhas.

Do sepulcro
contemplo quem passa,
hesita, tenta empurrar a pedra:
"Em nome de Jesus, vem pra fora Lázaro!"

Pensamento para o Dia 10/11/2009



“O homem é uma parte da comunidade humana. A humanidade é uma parte da natureza. A natureza é um membro de Deus. O homem não reconhece essas inter-relações. Hoje, os homens estão esquecendo suas obrigações. O Cosmo é um organismo integral de partes inter-relacionadas. Quando cada um executa seu dever, os benefícios estão disponíveis para todos. O homem tem direito somente a cumprir suas obrigações e não aos frutos delas. O homem é uma espécie de diretor de palco do que acontece na natureza. Mas esquecendo de suas responsabilidades, o homem luta por direitos. É tolice lutar por direitos sem cumprir suas obrigações. Todo o caos e todos os conflitos no mundo devem-se ao fato de os homens terem esquecido suas obrigações. Se todos cumprirem seus deveres diligentemente, o mundo será pacífico e próspero.”
Sathya Sai Baba

Insônia

O lençol é curto
mas faz um barulho
asas de albatroz

é o ventilador
com sua ventania própria

levanta almas,
desnuda corpos -

[a muriçoca aproveita
e me atinge as costas]

Stela - Parabéns!



Stela, hoje o tempo dança-te, canta-te, extravasa-te sorrisos. Não percebes estas palavras livres, redondas com as cores dos amores? Na verdade, não sabes. Por que eu não criei ainda a resposta. Esperei que as visses (as cores) e que as encontrasses nos abraços dos amigos(as) no dia da tua festa.



Definitivamente não esperei pelo término do teu sonho, mas quis te ver alimentando a amizade nos olhos de Socorro, de Rosineide, de Nilo, de Joaquim e de tantas outras pessoas que nem conheço, mas que te querem bem. Sei que aí em Recife tua expressão acalenta as saudades dos que a sentiram, pois que tua presença é sempre amiga e doce.

Que para sempre as estrelas te contemplem, pois que te seguem, são tuas. Mas a lua, esta seguirá perdida, vagando entre espaços, ofuscada por tua gentileza.

Não pude ir mirar-te nesses abrolhos, estrela-Stela, mas me deliciarei de longe, apenas isso, pois sei que te fizeste feliz com os amigos de sempre . E daqui te verei sorrir com esses teus amigos que também são meus.

     Texto por Claude Bloc