Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Alceu de Amoroso Lima - O Tristão de Ataíde



Alceu Amoroso Lima, nasceu na cidade fluminense de Petrópolis, a 11 de dezembro de 1893 . Filho de Manuel José Amoroso Lima e de Camila da Silva Amoroso Lima, faleceu no Rio de Janeiro, a 14 de agosto de 1893.

Eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 29 de agosto de 1935, foi empossado em 14 de dezembro de 1935.

Cursou o Colégio Pedro II e formou-se em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro em 1913.

Crítico literário e polígrafo adotou o pseudônimo de Tristão de Ataíde, que usou em múltiplas oportunidades. Engajou-se, em 1922, no movimento modernista. Nesse mesmo ano publicou o livro "Afonso Arinos"- estudo crítico sobre a obra do escritor mineiro falecido em 1916.

Em "Estudos" reuniu, em cinco séries, trabalhos datados do período 1927-1933.

Convertido ao catolicismo por influência direta de Jackson de Figueiredo, Alceu tornou-se um dos mais respeitados paladinos da Igreja Católica no Brasil. Assumiu a direção do Centro Dom Vital, que congregava os líderes do catolicismo no Rio de Janeiro.

Na década de 1930 é incansável a produção editorial de Alceu Amoroso Lima: "Introdução à Economia Moderna"(1930): "Preparação à Sociologia (1931); "No limiar da Idade Nova"(1935); "O Espírito e o Mundo"(1936); "Idade, Sexo e Tempo" (1938).

Com a morte do professor Miguel Couto em 1934, Alceu Amoroso Lima candidata-se à vaga deixada na Academia Brasileira de Letras pelo ilustre clínico. Eleito, tomou posse no ano seguinte.

Catedrático de Literatura Brasileira na Faculdade Nacional de Filosofia, foi um dos fundadores, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, da qual chegou a ser presidente e onde lecionou, também, como catedrático, a referida disciplina.

Alceu Amoroso Lima e Afrânio Peixoto eram concunhados e tiveram como sogro o autor do "Mauá", acadêmico, industrial e consagrado advogado Alberto de Faria.

Além dos livros acima citados, desenvolveu Alceu grande atividade jornalística e ministrou cursos sobre civilização brasileira em universidades estrangeiras, inclusive na Sorbonne e nos Estados Unidos. Patrocinou em múltiplas ocasiões as cerimônias de formatura de estudantes de diversas especializações que rendiam tributo à sua luta constante contra os regimes de caráter autoritário.

Gentileza Academia Brasileira de Letras

http://www.academia.org.br/

Safo de Lesbos

Publicado poema de Safo, após 2.600 anos Um poema de amor escrito 2.600 anos atrás pela poetisa Safo foi publicado no dia 24 de junho de 2005 pela primeira vez desde que foi redescoberto, no ano passado. Os versos expressam o amor de Safo por suas companheiras na ilha grega de Lesbos.

"Ela obviamente tinha um relacionamento emocional com mulheres, e possivelmente sexual também" (?), disse o tradutor Martin West, acadêmico da Universidade de Oxford. O poema foi descoberto após pesquisadores da Universidade de Cologne, na Alemanha, identificarem um papiro que envolvia uma múmia do século 3 antes de Cristo. Nele estavam os versos da poetisa.

Os pesquisadores perceberam que alguns dos fragmentos do poema encaixavam-se a outros já identificados como de autoria de Safo, descobertos em 1922. Combinando as duas partes e completando os espaços perdidos com palavras de significado compatível, o original foi reconstruído.

Nos versos publicados agora, a poetisa lamenta o passar do tempo ao comparar os corpos jovens de dançarinas aos seus frágeis joelhos e aos seus cabelos brancos.

Adeus a Átis
( tradução de Décio Pignatari )

Não minto: eu me queria morta.
Deixava-me, desfeita em lágrimas:

"Mas, ah, que triste a nossa sina!
Eu vou contra a vontade, juro, Safo".
"Seja feliz", eu disse,

"E lembre-se de quanto a quero.
Ou já esqueceu? Pois vou lembrar-lhe
Os nossos momentos de amor.

Quantas grinaldas, no seu colo,
— Rosas, violetas, açafrão
— Trançamos juntas! Multiflores

Colares atei para o tenro
Pescoço de Átis; os perfumes
Nos cabelos, os óleos raros

Da sua pele em minha pele! [...]
Cama macia, o amor nascia
De sua beleza, e eu matava A sua sede" [...]

Cai a lua, caem as plêiades e
É meia-noite, o tempo passa e
Eu só, aqui deitada, desejante.

— Adolescência, adolescência,
Você se vai, aonde vai?
— Não volto mais para você,
Para você volto mais não.
ΣΑΠΦΩ Safo - Grécia

(31 Poetas, 214 Poemas. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1996)
Poetisa grega nascida em Mitilene, capital da ilha grega de Lesbos, nordeste do mar Egeu, situada diante da costa da Anatólia, a maior poetisa lírica da Antigüidade e conhecida como a Vênus de Lesbos, famosa pelas declamações de seus poemas, em reuniões sociais de mulheres de boa família, costume comum nessa ilha grega.
Filha de família rica, ainda infante deixou sua pequena cidade natal para morar em Mitilene, onde estudou dança, retórica e poética, estudos então, permitidos para as mulheres da aristocracia. Segundo afirmam várias crônicas, preferiu perder as benesses a que tinha direito para, então, desenvolver sua vida com liberdade e envolveu-se com o jovem Alceu, poeta e desafeto político do ditador.
Por isso acabou sendo exilada na cidade de Pirra, embora acusada de envolvimento contra o governo do ditador Pítaco, o mesmo que seria depois incluído na lista de Os Sete Sábios da Grécia, coisa improvável pois ela nunca demonstrou envolvimento político em seus poemas.
Depois da volta para Mitilene não demorou a ser exilada de novo, desta vez na Sicília, onde se casou com milionário Kercolas, próspero habitante da ilha de Andros. Com este rico esposo teve uma filha e, pouco depois, ficou viúva. Rica deixou a Sicília e voltou para Mitilene, Lesbos, onde viveu a maior parte de sua vida.
Na capital da ilha fundou um colégio para meninas da alta sociedade, onde ensinava música, poesia e dança. Tornou-se líder de uma das sociedades informais que reunia as chamadas de hetairas, que em grego significa companheiras. Elas se entretinham sobretudo com a composição e a declamação de poemas, e formaram grande número de admiradores da mestra.
Com os boatos na cidade sobre atos e costumes adotados na sua escola, os pais começaram a tirar suas filhas da escola e rapidamente e a escola acabou. Sua hetaira favorita, Átis, por quem sentia paixão maior, foi uma das primeiras a sair, retirada pelos pais. Deste episódio compôs o Adeus a Átis, considerada até hoje como um dos mais perfeitos versos líricos de todos os tempos, tornando-se imortal através dos séculos.
Ela teria dito que irremediavelmente, como à noite estrelada segue a rosada aurora, a morte segue todo o ser vivo até que finalmente o alcança... e morreu em Mitilene, onde viveu a maior parte de sua vida. Não se sabe exatamente como seus poemas circularam entre seus contemporâneos e nos três ou quatro séculos que se seguiram.
Sabe-se, entretanto, que no século III a. C. os eruditos alexandrinos reuniram sua obra em aproximadamente dez livros escritos em papiros, mas essa edição não sobreviveu aos desmandos pseudo-moralísticos da Idade Média, por causa de suas históricas atitudes pessoais.
Esta brilhante poetisa foi condenada pelo famigerado fanatismo moralístico-religioso através dos séculos, e por volta do século XI, toda a sua obra conhecida, inclusive a contida nos volumes publicados em pergaminhos, Alexandria, foi queimada por ordem da Igreja.
Acidentalmente, no final do século XIX, arqueólogos britânicos descobriram, por acaso, em Oxorinco, sarcófagos envoltos em tiras de pergaminho, onde estavam ainda legíveis cerca de seiscentos de seus versos, o bastante para reconhecê-la como a maior poetisa lírica da Antiguidade.
Comparada ao seu contemporâneo Alceu, para alguns seu amante na juventude, e Arquíloco, sua obra praticamente não continha referências políticas, característica freqüentemente encontrada nos versos de Alceu, por exemplo.
Escrevia em linguagem simples, de forma concisa e direta, sobre assuntos pessoais: amores, ciúmes e rivalidades que surgiam entre as mulheres com quem se reunia, e as relações com seu irmão Charaxo. Reflexiva, discorria com tranqüilidade sobre os próprios êxtases e sofrimentos, sem que isso reduzisse o impacto emocional dos seus poemas.
Como poetisa defendeu o amor em seus trabalhos e deu origem ao termo safismo, depois conhecido como lesbianismo. A primeira mulher a fazer poesia de alta qualidade na história da cultura ocidental, sua importância foi tanta que Platão a denominou de A décima musa. Lembrar que, pela mitologia grega, eram nove as musas, filhas de Júpiter e Mnemosine, e cada uma delas possuía um atributo especial em artes, habilidades ou conhecimentos

Sarah Brightman- cantora britânica -a maior soprano de todos os tempos(?)




Confissão - Por Nilo Sérgio Monteiro




CONFISSÃO



Eu te confesso que andei perdido
Dando voltas em torno de mim e do meu passado.
Olho para ti figura dos meus sonhos e da minha insônia
E busco no presente imagens borradas pelo tempo.
Eu confesso que não fui feliz. E tu, foste feliz?
Olho nos teus doces olhos que me trazem de volta
Aquele momento de insensatez quando disse:
...Não sei o que sinto por ti...
Jovem demais pra lidar com sentimentos, sufocado demais
Em tua beleza, em tua pureza, em teu amor.
Não te perdi, eu me perdi! E te vi com outro... e quis te deter.
Tarde demais! O bilhete que escrevi implorava: fica!
O bilhete em cima da mesa escrito a lápis com letras nervosas,
E enquanto lia mil vezes o que escrevi...

Aflitas palavras... “Vem, foge comigo ainda hoje”!
Minha irmã, me olhava com sorriso cúmplice...
Braços cruzados, encostada a porta aguardava.
Mensageira a espera, um bilhete de um pobre menino
Apaixonado, indeciso e perdido pedindo perdão.
Rasguei-o num ímpeto...decretei então minha sina.
Muitas mulheres passaram na minha vida e se foram.
Nenhuma delas deixou tantas marcas.
Caminhamos por estradas diferentes, trilhos, paralelas.
Onde andavas? Noticias esparsa. Será feliz? Como estará vivendo?
Mas a vida dá voltas de arrepiar e nos colocou frente à frente
Com o passado, o presente e a interrogação do futuro.
E ao nos olharmos descobrimos relutantes a princípio,
Que o ciclo nunca se fechou. A nossa história nunca teve um fim.
Redescobrimos a ternura, a paixão e o amor que nunca morreu.
Descobri que nunca fui feliz sem tua presença amiga...
Apenas sobrevivi pra te reencontrar, para viver e ser feliz!


Nilo Sérgio Monteiro

Les Paul - O inventor da guitarra elétrica

Morre Les Paul, um dos inventores da guitarra elétrica, aos 94 anos
Ele criou ainda o gravador de múltiplos canais e foi músico de sucesso.

Da BBC

Les Paul, um dos inventores da guitarra elétrica, morreu aos 94 anos em Nova York, em decorrência de complicações causadas por pneumonia, declarou nesta quinta-feira um comunicado da Gibson, empresa que vendia seus instrumentos.

O modelo Les Paul da Gibson é considerado um dos mais icônicos da história da música moderna e é associado à imagem de alguns dos guitarristas mais importantes do rock, como Jimmy Page do Led Zeppelin, Pete Towshend do The Who e Slash do Guns N'Roses.

"Les Paul foi um exemplo brilhante de como a vida de uma pessoa pode ser intensa. Ele era tão brilhante e cheio de energia positiva. Estou honrado por ter podido tocar com ele algumas vezes nestes anos", disse Slash.

O presidente da Gibson Guitar, Dave Berryman, disse que "como pai da guitarra elétrica, ele não foi apenas um dos maiores inovadores do mundo, mas uma lenda que criou, inspirou e contribuiu para o sucesso de músicos em todo o mundo".

Descontente com as limitações dos violões, Les Paul começou a experimentar com a amplificação de guitarras aos 13 anos, em 1928, ao colocar um receptor telefônico sob as cordas do instrumento.

Ele criou seu primeiro protótipo de guitarra em 1941. Mais tarde declarou: "levei o instrumento a uma casa noturna e a toquei. Obviamente, todos me rotularam de maluco".

A guitarra elétrica propriamente dita chegou ao mercado em 1952, época em que o rival, Leo Fender, estava terminando de desenvolver a Telecaster.

A estrutura da guitarra mudou pouco desde os anos 50.

Mas Les Paul criou também o gravador de multicanais, responsável pela sobreposição de pistas de gravação. A invenção criou uma revolução na indústria fonográfica.

Como músico, Les Paul chegou às paradas de sucesso em parceria com a esposa, Mary Ford, conseguindo atingir seu topo por 11 vezes nos EUA, conquistando 36 discos de ouro.

Ele ingressou no Hall da Fama do Grammy em 1978 e no Rock 'n' Roll Hall of Fame, 10 anos depois.

www.jacmusic.com.br

Amanhã é dia do combate à poluição ...






Dia do Combate à Poluição

Tipos de Poluição: do ar, sonora, da água e do solo

No dia 14 de agosto comemora-se o dia de combate à poluição. Nesse dia, busca-se orientar as pessoas sobre os diversos tipos de poluição e as principais formas de combatê-los.

A poluição é a degradação das características naturais do meio ambiente, sejam elas físicas, químicas ou biológicas. Isso acontece em razão da remoção ou adição de substâncias que prejudicam a natureza, seja no ar, no solo ou na água.

Em virtude do crescimento populacional em todo o mundo, o homem necessita construir novas cidades, moradias, comércios e com isso vai ocupando as áreas reservadas à natureza, para sua sobrevivência e para criar condições de vida.

Desmatam áreas arborizadas para construir indústrias e com isso, retiram boa parte do oxigênio que respiramos, despejando resíduos dessas indústrias sobre nossos rios e mares.

Porém, essa destruição tem causado sérios problemas, pois o bem estar do homem está relacionado com a manutenção e preservação do meio ambiente. Quanto mais se destrói o ambiente, menos condições de vida se têm. Essas condições podem não aparecer hoje, mas as gerações futuras sofrerão as consequências de todos os prejuízos causados à natureza na atualidade.

A poluição das águas, além de resíduos industriais, pode acontecer através de produtos agrícolas, como os venenos e também pela falta de rede de esgoto nas cidades, onde as fezes correm a céu aberto, chegando aos rios e mares. Nas localidades onde não há água tratada, ou redes de saneamento básico, a mesma água contaminada por fezes humanas e animais é a que vai para as casas da população, para o preparo dos alimentos, bem como para beber, tomar banho, lavar roupas, etc., causando a contaminação das pessoas.

Além dos homens, os animais aquáticos sofrem muito com a poluição dos rios, pois o oxigênio das águas é eliminado, fazendo com que não tenham como respirar.

A poluição do ar é causada, principalmente, nos grandes centros urbanos, com a grande movimentação de carros, pela queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), pela grande quantidade de indústrias, pela geração de energia, etc. Além desses, os produtos sprays, como desodorantes, inseticidas, medicamentos, também liberam substâncias que destroem a camada de ozônio do planeta.

A poluição do ar tem causado o aumento das doenças respiratórias, principalmente nas crianças. Com a chegada do período do inverno, clima frio e seco, doenças como bronquites e pneumonias são mais frequentes, em razão do excesso de poluição a que estamos sujeitos. Além disso, as doenças cardiovasculares também têm aumentado muito em face do excesso de poluição.

A poluição do solo também acontece em razão dos produtos agrícolas, onde usam venenos para matar as pragas das lavouras, levando-os para as camadas superficiais da terra, contaminando também animais, vegetais e a água.

Elementos radioativos também têm sido descartados de qualquer forma, causando a poluição do solo. Pilhas, baterias de celulares, baterias de carros, dentre outros, soltam metais pesados como Níquel, Mercúrio e Cádmio, aumentando essa contaminação.

Além desses tipos de poluição, temos convivido com a poluição sonora, causadora de doenças da modernidade, como o estresse. O barulho intenso das grandes cidades não permite que as pessoas descansem o necessário, causando-lhes irritabilidade e cansaço mental. Isso, ao longo dos tempos, poderá acarretar doenças, pois o corpo fica fragilizado, diminuindo a resistência física das pessoas.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Histórias da Dona Valda - Por Socorro Moreira








Minha mãe nasceu no Distrito de Itainópolis, que pertencia a Picos (PI). Meu avô, logo deixou de ser coletor, e foi cuidar das suas terras carnaubeiras, na Fazenda STA RITA, município de Valência (PI).
-Aos seis anos deixou pai e mãe, e foi estudar na cidade. Talvez ainda mijasse na rede, tomasse mingau, chupasse o dedo, mas precisava ser alfabetizada. Não tinha outra escolha!
Chegou o dia da viagem. Andou uns pedaços a cavalo para pegar o Caminhão, que passava na estrada principal. E lá se vinha aquele monstro. A poeira medonha, o denunciara. Pela primeira vez, via aquela máquina. Olhou as rodas girando, o povo na carroceria, rodando, tal como as rodas giravam, e pensou: não vou conseguir me segurar, em cima desse bicho. Vou cair, vou ficar tonta... Quero ficar... Por que tenho que ir?
Pra percorrer cinco léguas, a viagem durava um dia. A 20 km p/hora, aquele transporte andava, mas chegava!
Era quase de noitinha. Calada e desconfiada, cumprimentou os padrinhos, e sorriu sem jeito, para as meninas da casa. Elas se aproveitaram daquela inocente criança, que acabara de nascer para o mundo das províncias.
- Valda, daqui a pouco, o homem vem acender as luzes. Você fique pastorando, e nos chame, quando avistá-lo. É seu primeiro trabalho!
E as luzes magicamente, acenderam-se. Minha mãe ficou pasma, e apavorada. Nunca tinha visto uma lâmpada elétrica, nem vira o homem que esperava. Foi cobrada, foi gozada... E a primeira lição, aprendeu!
Depois, enfrentou a escola. Por razões políticas, matricularam-na, num educandário particular. A Família era opositora política dos chefes do poder. E o tempo era da palmatória. Cada erro na tabuada valia um bolo em cada mão, e uma lágrima em cada olho. Mas era a regra do jogo. Quem não aprendia, recebia castigo, feito bicho de circo. Assim, se concretizava a o ensino.
Mais para frente, perto do Natal, começou a escrever as cartinhas para o Papai Noel. Meninas bem comportadas seriam atendidas... Essa era a promessa da vida. Todas pediam, postavam nos Correios, e os pais as resgatavam, liam, e atendiam! Ela pediu um bebê de porcelana pretinho, que vinha namorando numa loja há muitos dias. Todas ganharam o que pediram, inclusive o seu bebê, que foi parar nas mãos de uma amiga. Impressionada com os critérios de Papai Noel, questionou-se: sou assim tão pecadora? Tudo lhe parecia ininteligível!
Depois que achou explicação, pensou: meus futuros filhos não acreditarão em Papai Noel. Eu juro!
Começou a estudar canto e bandolim, aos oito anos. Férias na fazenda, depois de dois anos de ausência, com direito a todas as mordomias de filha pródiga carente de colo; de banhos de rio; catar borboletas; bater palha de carnaúba; brincar com as bruxas de pano, que a sua mãe fazia. Nos aniversários ou Natal, vovó colhia flores do campo, fazia ramalhetes, e colocava nos chinelos dos filhos, debaixo das suas redes. Era de tão bela intenção, que tocava o coração, como uma valsa, no violão.
Aos 14 anos, morando no Crato, na casa dos avôs maternos, conheceu meu pai. Um boêmio, cantor, elegante, pintor... Até eu, por ele, teria me apaixonado. Bicava suas cachaças, fazia serenatas, acompanhado pelo violão de Vicente Padeiro.
Todo o dia presenteava minha mãe com uma margarida, uma fita para o cabelo, e um rabisco artístico, ora sol, ora lua, ora um céu estrelado, casa, flores e pássaros. Projeto de sonhos com todas as cores do amor!
Casaram-se oito anos depois, a filha de Maria e o Artista. Dessa argamassa poética e mística, eu nasci.
E foram felizes, dramáticos, cúmplices, amorosos, até que a morte os separou. Elos verdadeiros são inquebrantáveis!
Geraram dez filhos. Vingaram seis. Todos vivos, graças a Deus! A Prole foi aumentando, aumentando, e agora já são tantos, que a panela da cabidela não tem tamanho !
Se desgostos os filhos lhe afetaram, já dizia Joaquim Patrício, amigo da minha mãe : " uma árvore sadia não gera frutos estragados !"
A vida impoe provações , ensina, e acaba levando pro céu, quem dela prima!
Diz Dona Valda que o passaporte é caríssimo... Ela reza todo dia, pra ganhar sua passagem, e o bônus de todo mundo!


* Foto de Maria Valdenôra Nunes Moreira , aos 15 anos de idade, quando conheceu o meu pai Moreirinha.

A ARTE DE VIVER: O DHARMA E O CAMINHO DO MEIO



“Nesse momento, quando o enorme progresso tecnológico criou armas letais que poderosos sem princípios podem usar - e de fato usam - para dominar os fracos e os desamparados, faz-se urgentemente necessária uma integração maior de política e ética, tanto no nível nacional quanto no internacional. Segundo a Declaração Universal dos Direitos do Homem, das Nações Unidas, “todo indivíduo e todo órgão da sociedade” devem lutar pela promoção dos direitos e liberdades fundamentais a que fazem jus todos os seres humanos, sem distinção de raça, nacionalidade ou religião.

Mas enquanto houver governos cuja autoridade se fundamente na coação e não no mandato popular, e enquanto houver grupos de interesse que busquem mais lucro a curto prazo que a paz e a prosperidade a longo prazo, então a ação internacional conjunta em prol dos direitos humanos será, na melhor das hipóteses, uma luta inacabada. Continuará havendo áreas onde as vítimas da opressão, para lutarem, terão de buscar em si mesmas os recursos necessários à defesa de seus direitos inalienáveis de membros da familia humana.

A revolução por excelência é a revolução do espírito, nascida da convicção de que é preciso mudar atitudes e valores mentais que moldam o desenvolvimento de uma nação. Revoluções que visem apenas a alterar políticas e instituições oficiais, com vistas a melhorar as condições materiais, têm pouca chance de verdadeiro sucesso. Sem a revolução do espírito, as forças geradoras dos defeitos da ordem antiga continuarão atuante em constante ameaça ao processo de reforma e regeneração. Não basta exigir liberdade, democracia e respeito aos direitos humanos. Tem de haver uma determinação unânime de perseverança na luta, de sacrifícios pelas verdades permanentes, de resistência às influências corrosivas da ambição, da má vontade, da ignorância e do medo.

Já se disse que os santos são pecadores que não desistem de tentar. Pessoas livres, então, são aqueles oprimidos que não desistem de tentar, e que, tentando, tornam-se capazes de aceitar responsabilidades e lutar por doutrinas que mantêm livre uma sociedade. Dentre as liberdades fundamentais a que os homens aspiram destaca-se, como meio e como fim, a de viver de modo pleno, sem grilhões, viver livre de medo. Se quiser construir uma nação dotada de instituições democráticas firmes, que sirvam de proteção contra os poderes estatais, o povo deve primeiro aprender a libertar seu próprio espírito da apatia e o medo”(p.147).

“O budismo Theravada foi o fator que mais influenciou a cultura e a civilização birmanesas. Onde quer que vivam birmaneses, há pagodes e monastérios budista. Com suas cúpulas pontiagudas e graciosas, pintadas de branco ou reluzindo como ouro, os pagodes fazem parte de todas as paisagens da Birmânia, que por isso é chamda de “A Terra dos Pagodes”.

O budismo ensina que o sofrimento é parte inseparável da existência. Na raíz dos sofrimentos estão sempre sentimentos como desejo, ambição e apego imoderados. E sendo assim, para libertar-se do sofrimento é preciso libertar-se desses maus sentimentos. Tal liberdade só é conseguida pela observância do Nobre Caminho das Oito Vias:

Compreensão correta
Pensamento correto
Falar correto
Atitude correta
Vida correta
Atividade correta
Consciência correta
Concentração correta

Esse caminho é chamado o Caminho do Meio, uma vez que evita os extremos: um dos extremos é buscar a felicidade nos prazeres; o outro é buscar a felicidade infligindo dor a si mesmo. O objetivo final dos budistas é conseguir libertar-se do ciclo de existência e renascimento, chamado samsara. Conseguida a libertação final, diz-se ter atingido o nirvana, palavra que significa “extinção” e que os budistas consideram a Realidade única.

Os ensinamentos do Buda são chamados o Dharma e, geralmente, são transmitidos às pessoas comuns pelos monges budistas, coletivamente conhecidos como como a Sangha. O Buda, o Dharma e a Sangha são chamados de “Tríplice Jóia”. Como o Senhor Buda foi um grande mestre, os birmaneses mostram uma grande reverência para com todos os professores. Pai e mãe são vistos com “temor, amor e respeito”. Assim, a Tríplice Jóia, os professores e os pais constituem “as cinco coisas que devem ser reverenciadas” pelos budistas birmaneses.

Todo bom budista se propõe viver de acordo com os Cinco Preceitos:
não tirar a vida,
não roubar,
não cometer adultério,
não mentir,
não ingerir bebidas tóxicas.

O ato de tirar a vida é considerado algo tão mau que muitos birmaneses se desviam de seu caminho para nào pisar em um inseto; mas poucos se privam de comer carne. Isso é considerado inconsistente por algumas pessoas. Provavelmente, os birmaneses argumentariam que o Senhor Buda comia carne. Os birmaneses são pessoas práticas. E, como já foi dito, são também otimistas”. (p.48-49).
AUNG SAN SUU KYI, Viver sem Medo (e outros ensaios), Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1992, 1a. ed., pp. 281, tradução: Maria Inês Rolim, Freedom from Fear and other Writings.

Atos

Sou guardião do meu nariz.
Por sinal, um nariz leptorrino.
Digno dos senhores de engenho.

Tenho as mãos compridas
e os dedos ossudos.

Quando abro a direita
um navio pirata
desfralda-se na palma.

Na esquerda
vejo uma montanha difusa
perdida entre nuvens.

De todas as mentiras
ainda reina uma nódoa branca
na única unha que não cresce.

Meu pecado mortal.

A porta do desconhecido
sempre aberta.

Meu nariz leptorrino
está mais para mulato.

Um mulato barroco.
Dúbio.

Mas permaneço guardião
das duas cavernas escuras.

Às vezes mexo nelas
e tiro sangue

da noite passada.

Pela revitalização do esporte cratense - Carlos Cruz


A história do futsal do Crato é uma verdadeira lenda, até porque vivems hoje somente de lembranças. Não existe hoje por lá, um DESPORTISTA NATO que encabece uma desbravada campanha para revitalizar o esporte .

Quando aquela Quadra Bi-Centenário ficava lotada, era um delírio só. Sabe quem eram os gladiodores? Gledson, Zé Vicente, Paulo César, Roberto Borges, Hortêncio, Bosco, Gilton, Hibernon, Manga, João Diniz, Pernambuco, Carlindo, Côco, Edgar, João Freire, Bayer, enfim, uma gleba de craques incomparáveis.

- Votoran, AABB, CTC, Acrisa e Volks, aparecerão outros iguais ?

Da mesma forma que jamais aparecerá uma Oficina do Moreirinha.

Pindoretama do tamanho da Ponta da Serra foi campeã do Intermunicipal que o Crato sempre sonhou e nunca conseguiu.

Vamos ficar de olho no esporte do Crato !

Edital para projetos de Cinema e Vídeo do Ceará

Foi lançado o VI Edital Ceará de Cinema e Vídeo, que, este ano,
triplica os investimentos, visando o incremento da produção e
estruturação do audiovisual cearense. A inscrição será gratuita,
aberta a pessoa física domiciliada no Ceará, e segue entre os dias 11
de agosto a 14 de setembro de 2009.

Com recursos do Fundo Estadual da Cultura (FEC), a concessão de apoio
financeiro para projetos em audiovisual passou de R$ 1.151.500 para R$
3 Milhões para até 46 projetos cearenses, sendo 50% deste destinado ao
interior do Estado.

Para este edital, algumas mudanças seguem em curso como a previsão de
projetos de conteúdo televisivo (teleconto e telefilme), visando o
incremento das programações da Rede Pública de TV do Ceará, a
distribuição paritária dos projetos entre capital/interior (como
prescreve a lei estadual de incentivos, o Siec) e o registro na Ancine
dos projetos aprovados nas Modalidade Longa Metragem (fcategorias de
finalização e distribuição). Além disso, o edital estimula os
proponentes a investirem suas contrapartidas na área da formação e
publicação, com o estímulo a criação de oficinas, revistas e
periódicos.

O VI Edital Ceará de Cinema e Vídeo na íntegra, bem como os
formulários de inscrição encontram-se no site – www.secult.ce.gov.br.

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Notícias da amiga e professora Nancy Sierra ...



Para os meus especiais amigos (as) .....

"...Abençoados os que possuem amigos (as), os que os têm sem pedir.
Porque amigo (a) não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo (a) a gente sente!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo (a) não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!
Benditos os que guardam amigos (as), os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo(a) sofre e chora.
Amigo (a) não tem hora pra consolar!
Benditos sejam os amigos(a) que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo(a) é a direção.
Amigo(a) é a base quando falta o chão!
Benditos (as) sejam todos (as) os (as) amigos (as)de raízes, verdadeiros (as).
Porque amigos (as) são herdeiros (as) da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!..."
Machado de Assis

*Para todos os amigos (as) que acompanham a minha travessia e jornada....
beijos e sopros no centro da alma de vcs.... Nancy.
* Saudades de você, amiga. O Crato também sente a sua falta.(Socorro Moreira)

Todo sentimento no tempo da delicadeza - Por Zélia Moreira

Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu...” diz o texto sagrado. O amor também tem os seus tempos e ele muda como mudam as estações.
Nos países frios a primavera é o tempo da pressa. Os bulbos que por meses haviam hibernado sob o gelo, repentinamente despertam do seu sono, rompem da noite para o dia a camada de neve que os cobria e exibem sem o menor pudor os seus órgãos sexuais coloridos e perfumados, suas flores...
“Que lindas...”, dizemos. Ignoramos que aquela é uma beleza apressada. A primavera é curta. Outro inverno virá. É preciso espalhar o sêmen com urgência para garantir a continuidade da vida Por isso se exibem assim em sua nudez colorida e perfumada, para atrair os parceiros do amor.
Se as plantas pensassem elas teriam os mesmos pensamentos que têm os jovens quando neles desperta o sexo no seu furor para realizar-se. É só isso que importa: o coito. Passado o êxtase, vai-se o interesse, fuma-se um cigarro, vira-se para o outro lado... Tomas, o amante de A insustentável leveza do ser nunca permitia que uma mulher dormisse na sua cama. Ele se livrava delas depois de realizado o ato. É um sexo potente e feio.
O verão é o tempo quando a fúria reprodutiva se esgotou. Tempo maduro, tempo do trabalho, dos filhos, das rotinas domésticas. Os mesmos olhos que se excitavam ao contemplar o corpo nu da mulher amada já não se excitam. Já não sorriem e nem têm palavras poéticas a dizer sobre ele. Há uma rotina sexual a ser cumprida. Vai-se o encantamento, os olhos e as mãos se cansam da mesmice, e começam a procurar outros corpos e vem a saudade da juventude que já passou. Cumprido o ato vem o silêncio.
O outono é a estação de uma nova descoberta. Não há urgência. Nenhuma obrigação. A natureza está tranqüila. Na adolescência qualquer mulher servia, porque o sexo era comandado pelas pressões vulcânicas dos hormônios e pelos genitais. Agora o que excita é o rosto da pessoa amada. O sexo deixa de ser movido pela bioquímica que circula no sangue e passa a ser movido pela beleza. O amor se torna uma experiência estética. E o que os amantes outonais mais desejam não são os fogos de artifício do orgasmo mas aquela voz que diz: “Como é bom que você existe...”
O outono é o tempo da tranqüilidade. É bom estar juntos de mãos dadas sem fazer nada. É bom acariciar o cabelo da amada... Essa é a grande queixa das mulheres: que para os homens a intimidade é sempre preparatória de uma transa. Talvez porque se sintam obrigados a provar que ainda são homens. O que as mulheres desejam não é prazer; é felicidade. O outono é o tempo do amor feliz.
O Chico escreveu sobre esse tempo e lhe deu o nome de “tempo da delicadeza”.“Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente...” Sim, preciso não dormir, é preciso não morrer, porque há muito amor ainda não realizado. Vem-lhe então a memória do amor que, por descuido, não se realizou, e vai em busca da sua recuperação: “Pretendo descobrir no último momento um tempo que refez o que desfez...”
Esse verso me comove de maneira especial. Pensando no meu desajeito, na minha desatenção, vou me lembrando das coisas que derrubei, das palavras que não ouvi, das flores que pisei. E dá uma vontade de fazer o tempo voltar pra poder “refazer o que foi desfeito, pra recolher todo sentimento e colocá-lo no corpo outra vez...”
Aí ele vai mansamente dizendo as palavras que a amor deve saber dizer, palavras que só existem no “tempo da delicadeza.”
“Prometo te querer até o amor cair doente, doente...”
Por isso, por causa desse tempo misterioso, é preciso amar cuidadosamente com o olhar, com os ouvidos, com a mão que tateia para não ferir... enquanto há tempo.
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Rubem Alves*. O Tempo da Delicadeza,

*Todo educador ler por obrigação e devoção Rubem Alves(Pedagogo. poeta e filósofo de odas as horas, cronista do cotidiano, contador de estórias, ensaista, teólogo, acadêmico, autor de livros e psicanalista.)

Num casamento perfeito, fiquem também com o vídeo de Todo Sentimento(Chico Buarque e Cristovam Bastos), na versão do próprio Chico/Todo sentimento/Paris.


Namorados e garis - Por Stela Siebra de Brito

De vez em quando sou romântica.

Me comovo com nomes de namorados

traçados no coração/areia da praia:

Gerson e Tayná.

Ou entalhados

no tronco do jacarandá

Marília e Júlio.



O vai e vem das ondas

Vai destraçar Gerson e Tayná.

Marília e Júlio só se queimarão em

lenha de fogo brando

ou serão esculpidos em

mesa posta de pratos

vazios de amor-paixão.



Vez em quando eu sou romântica

e choro lágrimas do mar de Olinda

limpando minha alma,

como os garis limpam as praias

na manhã da segunda-feira,

ciscam o lixo da areia

papel, plásticos, latas, cacos de vidro:

sujeira humana.

Os garis só não ciscam os nomes

Gerson e Tayná

Isso é serviço do mar.



Meu olho de ver e sentir

chorou gratidão aos garis

de parcos salários

de sonhos imensos

de roupas vermelhas

desbotadas de água e sol

amarrotadas de sal, vento e

desilusões.

Miguel Arraes- Por Luiz Otavio Cavalcanti




Pernambuco é politicamente pendular. De um lado, escola de exaltação, discurso de confronto, revolta: Frei Caneca e Agamenon. De outro lado, escola de moderação, acordo e conciliação: Marquês de Olinda e Marco Maciel. Mas, não só. A constelação tem uma terceira estrela, real, mítica: Miguel Arraes. Dr. Arraes ocupou espaço político importante durante mais de 30 anos, entre os anos 60 e 90. Foi deputado estadual, secretário da Fazenda, governador três vezes, deputado federal, presidente de partido. Patrocinou diálogo entre camponeses e usineiros na sala principal do Palácio da Campo das Princesas, em 1963, identificou-se com pobres e humildes ao longo de sua carreira. Autêntico, como o sol do Nordeste, terminou mitificado.
Norberto Bobbio ensina que o mito apresenta três elementos: crise, emoção e símbolo. Arraes foi envolvido, em 1964, pela crise institucional que atingiu o País na qual foi relevante protagonista. Cercou-se de emoção política ao ser deposto pelos militares e recusar a renúncia ao cargo de governador. Tornou-se símbolo político ao ser exilado e ficar fora do Brasil mais de 15 anos. Estava construída no imaginário popular a figura do mito. Além da prática política, tornou-se emblema de resistência pessoal e de apoio à pobreza.

A propósito, Antônio Callado, em Tempo de Arraes, (página 20), escreveu: "Nos anos 60, Pernambuco era o maior produtor de idéias do Brasil". Essa condição, Pernambuco a adquiriu "em decorrência de movimento de massa e da eleição para o governo estadual de homem ligado ao povo". E acrescentou: "À época, Pernambuco, na verdade, tomou nojo da timidez do Brasil".
A escolha do destino, no exílio, não foi aleatória. Em entrevista dada a Cristina Tavares e Fernando Mendonça Filho, publicada em Conversações com Arraes, (página 101), Arraes ressaltou que a opção pela Argélia resultou de conjunto de fatores. Entre os quais, o fato de que foi a África que recebeu os inconfidentes mineiros e empreendeu notável luta anticolonial dos argelinos contra o domínio da França. Ele soube produzir, sempre que possível, adequada moldura para suas decisões. É curioso ler as considerações que ele fez sobre o então líder metalúrgico, Luis Inácio da Silva (página 52): "A criação do Partido dos Trabalhadores é reação natural contra os que manipulam os operários". E, mais adiante: "É importante que esse movimento ocorra dentro de uma grande força nacional e popular". Como se observa, ele mantinha presente o senso de reunião de forças para garantir densidade política e eleitoral ao conjunto de representação nacionalista e popular. A íntegra das citações está em Certezas provisórias (Edições Bagaço, 2009).

Mesmo excedendo limites formais de Partido Político, a ação de Arraes foi também institucionalizadora. Ao inaugurar participação do governo na crise envolvendo trabalhadores da cana e usinas de açúcar. Na educação, ao convidar Paulo Freire a desenvolver método de alfabetização em escolas públicas estaduais. Concepção que foi adotada em muitos países e premiada pela Unesco. Na trilogia política de Pernambuco há insubmissão, conciliação e cartilha social. Arraes a escreveu com horizonte histórico de sentido popular e nacionalista.

» Luiz Otavio Cavalcanti é membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

13 de Agosto de 2009 - Fidel Castro faz 83 anos.



O líder cubano Fidel Castro faz esta quinta-feira 83 anos, o quarto aniversário afastado da presidência devido a uma doença intestinal e quando Cuba vive a sua recessão mais rigorosa desde que acabaram os apoios da União Soviética, há duas décadas
Fidel Castro
A vida do mítico Presidente de Cuba O seu irmão e sucessor, o general Raul Castro, de 78 anos, pediu aos cubanos para voltarem aos campos e trabalharem as terras que o Estado abandonou durante décadas.

O primeiro vice-presidente, José Ramon Machado, de 79 anos, defende que não há outro remédio senão trabalhar e produzir e "apertar ainda mais o cinto".

Não se esperam grandes celebrações do aniversário num país com estantes vazias, quer nas lojas de alimentos subsidiados, quer nos supermercados onde se utiliza moeda.

Mas não faltam presentes, como um "Dicionário de Pensamentos", com 1978 citações dos seus discursos e entrevistas, apresentado sábado em Havana ou a exposição que 30 artistas dedicaram ao aniversário na cidade de Camaguey.

Ainda que tenha deixado o comando, Fidel Castro continua a ser o líder da revolução que completou 50 anos em Janeiro e tem influência visível sobre o governo e os 11,2 milhões de cubanos.


Fidel é o líder, reitera Raul Castro, que lhe dedica alguns "vivas" nos discursos e diz que o consulta para as suas decisões, enquanto a imprensa oficial continua a dedicar mais espaço ao comandante que ao general.

Segundo organizações de direitos humanos, nada mudou desde 2006 neste campo, apesar das expectativas criadas pela sucessão de Raul Castro.

Também não se assistiu à liberalização económica prevista por alguns. As escassas reformas apenas tentam tornar mais eficiente um Estado bloqueado por doses maciças de ideologia e burocracia ou renovar quadros médios acusados de traição em "purgas estalinistas", de acordo com diplomatas europeus.

Fidel Castro exerceu o poder executivo durante 49 anos e 55 dias e é ainda o primeiro secretário do Partido Comunista, o único legal na ilha e com prioridade sobre o Estado e a sociedade por mandato constitucional.


O segundo secretário, Raul, anunciou há dias um novo adiamento indefinido do VI Congresso do Partido, que ele próprio tinha convocado para finais de 2009 e que devia renovar uma direcção eleita há 12 anos.

Entretanto, o comandante escreve com frequência artigos de "Reflexões", a maioria dirigidos contra o seu conhecido inimigo, os Estados Unidos.

Lusa

O Muro de Berlim - Rui Arts





O Muro de Berlim (Berliner Mauer em alemão) foi uma realidade e um símbolo da divisão da Alemanha em duas entidades estatais, a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA). Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.
O Muro de Berlim caiu no dia 9 de Novembro de 1989, acto inicial da reunificação das duas Alemanhas, que formaram finalmente a República Federal da Alemanha, acabando também a divisão do mundo em dois blocos. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria.
O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.

Antes da construção do muro


Desde o estabelecimento da RDA, grande número de cidadãos emigravam à RFA. O fluxo de refugiados passava principalmente por Berlim, porque a divisa Oeste à RFA já era rigidamente controlada na época, à procura de desertores da república e contrabandistas. O comércio de produtos alimentares, comprados na Alemanha Oriental e vendidos na Alemanha Ocidental, era muito lucrativo para pessoas que viviam ou trabalhavam em Berlim Oeste, mas enfraquecia o sistema de economia planificada do Leste. O bloqueio total das divisas por meio da construção de um muro então devia deter o fluxo de pessoas saindo do Estado dos Trabalhadores e Fazendeiros.

Construção do muro

Mapa de Berlim dividida
Os planos da construção do muro eram um segredo do governo da RDA. Poucas semanas antes da construção, Walter Ulbricht, líder da RDA na época, respondeu assim à pergunta de uma jornalista da Alemanha Ocidental:

Vou interpretar a sua pergunta da maneira que na Alemanha Ocidental existem pessoas que desejam que nós mobilizemos os trabalhadores da capital da RDA para construir um muro. Eu não sei nada sobre tais planos, sei que os trabalhadores na capital estão ocupados principalmente com a construção de apartamentos e que suas capacidades são inteiramente utilizadas. Ninguém tem a intenção de construir um muro!
Assim, Walter Ulbricht foi o primeiro político a referir-se a um muro, dois meses antes da sua construção.
Os governos ocidentais tinham recebido informações sobre planos drásticos, parcialmente por pessoas de conexão, parcialmente pelos serviços secretos. Sabia-se que Walter Ulbricht havia pedido a Nikita Khrushchov, numa conferência dos Estados do Pacto de Varsóvia, a permissão de bloquear as fronteiras a Berlim Ocidental, incluindo a interrupção de todas as linhas de transporte público.
Depois desta conferência, anunciou-se que os membros do Pacto de Varsóvia intentassem inibir os actos de perturbação na fronteira de Berlim Ocidental, e que propusessem implementar um guarda e controle efectivo. Dia 11 de Agosto, a Volkskammer confirmou os resultados desta conferência, autorizando o conselho dos ministros a tomar as medidas necessárias. O conselho dos ministros decidiu dia 12 de Agosto usar as forças armadas para ocupar a fronteira e instalar gradeamentos fronteiriços.

Na madrugada do dia 13 de Agosto de 1961, as forças armadas bloquearam as conexões de trânsito a Berlim Ocidental. Eram apoiadas por forças soviéticas, preparadas à luta, nos pontos fronteiriços para os sectores ocidentais. Todas as conexões de trânsito ficaram interrompidas no processo (mas, poucos meses depois, linhas metropolitanas passavam pelos túneis orientais, mas não servindo mais as estações fantasma situadas no oriente).
O responsável pela decisão e execução da construção do muro foi Erich Honecker, secretário para questões de segurança da época.
Até Setembro de 1961, desertaram 85 pessoas das forças de segurança alemãs-orientais. Além disto, fugiram 400 pessoas. Existem fotografias inesquecíveis de refugiados que escaparam pelas janelas das casas situadas ao lado do muro, ou do policia fronteiriço Conrad Schumann, a fugir saltando em cima do arame farpado na rua Bernauer Strasse.

Reações da Alemanha ocidental

Ainda no mesmo dia, o chanceler da Alemanha ocidental, Konrad Adenauer, se dirigiu à população pela rádio, pedindo calma e anunciando reacções ainda não definidas a serem implementadas juntos com os aliados. Adenauer tinha visitado Berlim havia apenas duas semanas. O Presidente de Berlim, Willy Brandt, protestou energicamente contra a construção do muro e a divisão da cidade, mas sem sucesso. No dia 16 de Agosto de 1961 houve uma grande manifestação com 300 000 participantes em frente do Schöneberger Rathaus, em Berlim Ocidental, para protestar contra o muro. Brandt participou nessa manifestação. Ainda em 1961, fundou-se em Salzgitter a Zentrale Erfassungsstelle der Landesjustizverwaltungen a fim de documentar violações dos direitos humanos no território da Alemanha Oriental.

Beto Guedes e Godofredo Guedes




Beto Guedes
13/8/1951

Mineiro de Montes Claros, desde a adolescência tocava em bandas e aos 18 anos participou do V Festival Internacional da Canção, com sua composição "Feira Moderna", em parceria com Fernando Brant. Tendo a música mineira como uma de suas principais influências (ao lado do rock dos anos 60 e dos choros que o pai seresteiro compunha), participou ativamente do Clube da Esquina, que projetou nacionalmente os compositores mineiros contemporâneos como Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant e o próprio Beto Guedes. Foi acompanhado pelo também mineiro grupo 14 Bis e em 1977 lançou o primeiro LP, "A Página do Relâmpago Elétrico". No ano seguinte, o disco "Amor de Índio" traz na faixa-título o maior sucesso de sua carreira. Atualmente segue a carreira solo, e seus LPs foram relançados no formato de CD pela EMI em 1997. Em 1998 gravou "Dias de Paz", uma seleção de releituras que inclui duas inéditas. "

Amor de Índio ( uma das suas composições de maior sucesso).
Beto Guedes - Ronaldo Bastos

.
Tudo o que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com o arco da promessa
Do azul pintado pra durar

Abelha fazendo mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for e ser tudo

Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do seu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver

No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo

Beto Guedes é filho de Godofredo Guedes, autor de belíssimas composições, incluindo "Cantar" ( a minha preferida).

Cantar
Godofredo Guedes

.
Se numa noite eu viesse
ao clarão de luar
Cantando
E aos compassos de uma canção
Te acordar
Talvez com saudade cantasses também
Relembrando aventuras passadas
Ou um passado feliz com alguém

Cantar quase sempre nos faz recordar
Sem querer
Um beijo, um sorriso ou
uma outra aventura qualquer
Cantando aos acordes do meu violão
É que mando depressa ir-se embora
A saudade que mora no meu coração

Dia do Economista - Mário Henrique Simonsen



Mário Henrique Simonsen, o maior economista brasileiro
A vitória foi justa, nos dois sentidos da palavra: foi apertada, e a justiça foi feita. Em uma pesquisa organizada pelo jornal Valor Econômico, o professor Mário Henrique Simonsen (1935 – 1997) foi escolhido por 27 de 63 economistas entrevistados como o mais importante economista brasileiro. Celso Furtado (1920 – 2004) ficou em segundo lugar, com 25 votos, seguido de Eugênio Gudin e Roberto Campos.

A pesquisa do Valor não foi científica e não seguiu uma metodologia rigorosa. O jornal apenas procurou 100 economistas de várias orientações e pediu que citassem o “economista brasileiro mais importante da história”. Apenas 63 deles concordaram em participar, mas 3 deles votaram em mais de um nome.

Simonsen nasceu no Rio de Janeiro e formou-se em Engenharia Civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, vindo a doutorar-se em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, em 1973. Quem conviveu com ele, dizem, nunca deixava de notar sua enorme inteligência e o apetite insaciável com o qual atacava de tudo, desde problemas de matemática, economia e física até obras de música erudita, sem falar no grande apetite por comida propriamente dita e no consumo de vários maços de cigarro ao dia.

Como se o sucesso acadêmico não bastasse, Simonsen também se tornou conhecido como empresário (Banco Bozano-Simonsen), ministro (Fazenda, entre março de 1974 e março de 1979; e Planejamento, entre março e agosto de 1979), consultor nacional e internacional, colunista e personagem da mídia. Ainda assim, disputas entre os admiradores de Simonsen e de Furtado sempre existirão, pois refletem a própria disputa entre os pensamentos econômicos ortodoxo e heterodoxo. Mas não resta dúvida que, entre Simonsen e Furtado, o maior gênio foi o primeiro, bem como o maior polímata.

Prova disso é um o último livro de Simonsen, “Ensaios Analíticos”, o qual, por absoluta coincidência, eu havia recomeçado a ler pouco antes de anunciado o resultado da pesquisa do Valor.

Compilado em 1994, a partir das apostilas de um curso de Metodologia Científica organizado para a Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas, o livro é para poucos. E poucos poderiam tê-lo escrito. A compreensão de todos os assuntos abordados em “Ensaios Analíticos” exige o domínio de vastas porções de áreas como filosofia, matemática, física, música e economia. E, se a matemática de Simonsen é mais avançada do que aquela ensinada nos cursos tradicionais de engenharia, a teoria econômica dele também é mais avançada do que aquela ensinada nos cursos de economia.

Alvaro Augusto de Almeida

Turma do Choro

Jacob do Bandolim e o Época de Ouro



No final dos anos 50, Jacob ainda gravava com o Regional do Canhoto, mas tinham dificuldades de se reunir para ensaiar em função da agenda lotada do grupo que era disputado por todos os grandes cantores. A última participação do Regional do Canhoto com Jacob foi no LP "NA RODA DE CHORO", gravado em março de 1960. Na sua concepção, Jacob necessitava de um grupo de músicos que o acompanhasse e que com ele se reunisse quando necessário. O novo grupo de músicos, criado ao seu feitio e com o caráter de grupo exclusivo, participava regularmente dos saraus realizados aos sábados em Jacarepaguá é era formado por DINO 7 CORDAS, CÉSAR FARIA e CARLOS LEITE (violões), JONAS SILVA (cavaquinho) e GILBERTO D’ÁVILA (pandeiro).

Com eles, Jacob gravou dois LP`s, “CHORINHOS e CHORÕES” (1961) e “PRIMAS e BORDÕES” (1962), com os nomes de Jacob e seu Regional e Jacob e seus Chorões, respectivamente. Em 1966, Jacob, que afirmava já ter ultrapassado a fase "regional" batizou esse grupo com o nome de CONJUNTO ÉPOCA DE OURO, gravando com eles o LP “VIBRAÇÕES (1967), com a participação de JORGE JOSE DA SILVA, o “Jorginho do Pandeiro" e o lendário show com ELIZETH CARDOSO e o ZIMBO TRIO, no Teatro JOÃO CAETANO (1968)”.

Uma curiosidade é que três dos cinco integrantes ÉPOCA DE OURO, à exemplo de Jacob, além de excelentes músicos, eram também funcionários públicos: César tornou-se Oficial de Justiça; Carlinhos era Agente Fiscal e Jonas, funcionário público em Niterói, o que certamente lhes permitia um maior contato com Jacob.



Jacob através do tempo


A obra de Jacob do Bandolim transcendeu em muito os limites da Rádio Guanabara, onde começou em 1934, com o conjunto Jacob e Sua Gente.

Anos se passaram, seus discos foram lançados, viajaram e foram sendo relançados no Japão, nos EUA. Músicos mundo afora veneram e interpretam seu repertório, seja na França, Venezuela, Egito, Rússia e Portugal, redesenhando as reais fronteiras da obra do nosso primo das cordas.

O pianista concertista russo Serguei Dorenski, que esteve em Jacarepaguá, na casa de Jacob, na década de 60, assistindo aos saraus que lá eram realizados, ao retornar a Moscou, ainda desconcertado, encontrou-se com Arthur Moreira Lima que por lá estudava piano e relatou o que vivera naquelas horas no reduto de Jacarepaguá. Arthur se comprometeu, então, em fazer chegar às mãos de Dorenski, os discos de Jacob.

Meses depois, em plena Moscou, um chorão carioca, o arquiteto e promotor cultural Alfredo Britto entrega ao pianista russo uma coleção de LP's de Jacob. Em poucos dias, a Rádio Moscou transmitia programas sobre um gênero desconhecido e distante, o Choro, apresentando um virtuoso interprete, que tirava sons incríveis de um instrumento que lembrava a balalaika, espécie de bandolim russo, de nome complicado de se pronunciar - Jacob do Bandolim. Assim, é obra de Jacob, sem fronteiras.

Em 2001, o MIS/RJ lançou, um CD multimídia, Com Jacob, Sem Jacob, pioneira experiência de registrar para os amantes da boa música, particularmente, para os distantes fãs que não podem freqüentar o Arquivo do Jacob, um pouco da sua obra doméstica, sons e curiosidades do seu cotidiano, seus requintados saraus e imagens do seu dia a dia, itens indispensáveis ao necessário e insubstituível culto que um fã devota ao seu ídolo, ou que um estudioso dedica a sua tese.

Jacob sempre perseguiu a perfeição da execução e a excelência na preservação da nossa música, sem, contudo ser um conservador. Municiava-se de recursos tecnológicos de ponta à época (anos 50), para obter resultados inovadores, na busca de novas sonoridades, ou para melhorar o registro de seus arquivos. Foi assim ao inventar instrumentos musicais, como o vibraplex (violão tenor ligado a um órgão Hammond), onde obteve um som parecido com os atuais sintetizados.

Da mesma forma, quando estudou, à fundo, a arte fotográfica, para poder microfilmar suas partituras, pois arquivos físicos não lhe bastavam, em se tratando de milhares de partituras a serem preservadas.

Hoje, são raras as rodas de choro onde não se ouvem as cordas de um bandolim, são raros os bandolinistas que não tem em Jacob sua referência musical e, principalmente, é raro o país que teve o privilégio de ter tido um Jacob do Bandolim.


Fontes bibliográficas:
Arquivos do próprio autor,

depoimentos de Déo Rian, Elena Bittencourt, César Faria,

Jacob do Bandolim / Ermelinda de Azevedo Paz , Rio, Funarte, 1997,

O Choro: do Quintal ao Municipal / Henrique Cazes, São Paulo, Editora 34, 1998.


A Tragedia de Jesus - Por A. Morais

Promessa é divida. Prometi as minhas prezadas amigas Claude e Socorro Moreira e estou cumprido a promessa. No meio de tantos escritores renomados, textos literários memoráveis, lá venho eu com minha historinha de Raja-Alegre, bem ao meu estilo, populacho mesmo e escrita com o palavreado próprio de nossa gente simples e humilde. Leia: Sexta-feira da Paixão do ano 1951, chegou a casa de Joaquim da Varzinha, em Várzea-Alegre, um moço chamado Jesus. Disse que estava muito cansado, com muita fome e pediu arrancho. A família o acolheu. Quando foi servida a grande ceia o visitante comeu de tudo que foi servido. Depois da ceia armaram uma rede para o moço na sala e se recolheram no resto das dependências. Por volta das duas horas da madrugada, Jesus sentiu uma dor de barriga tão condenada que não teve disposição para abrir a porta e fazer o serviço no mato. No aperreio ainda deu para pegar a cuia de tirar leite que estava no armador e fez dela pinico. A vergonha foi tamanha que escapuliu de madrugada sem se despedir. Quando a noticia se espalhou dos sitios Varzinha para o Chico, o poeta Zé Pequeno que era cunhado de Joaquim improvisou essa décima:
Meu bom Senhor do Bonfim
Que foi cravado na cruz
Não é como esse Jesus
Lá da casa do Joaquim
Esse Jesus é ruim
O que sabe é fazer tuia
Foi num sábado de aleluia
Que fez essa presepada
Arribou de madrugada
Depois que cagou na cuia.
A. Morais

Alfred Hitchcock - O Mestre do Suspense


" Sir Alfred Joseph Hitchcock (Londres, 13 de Agosto de 1899 — Los Angeles, 29 de Abril de 1980) foi um cineasta anglo-americano, considerado o mestre dos filmes de suspense, sendo um dos mais conhecidos e populares realizadores de todos os tempos.
"Nascido no leste londrino e educado por jesuítas, Hitchcock entrou na indústria do cinema em 1920 como desenhista de legendas de filmes mudos, mas logo se tornou diretor de arte, roteirista e diretor assistente. Fez nove filmes mudos, entre eles “o pensionista” (1926), o primeiro com a sua marca: a breve aparição na frente da câmera.

Após a chegada do som, o britânico soube dominar a nova tecnologia, e em 1940 foi convidado por David Selznick à Hollywood para dirigir a adaptação da obra de du Maurier: Rebbeca, a mulher inesquecível. A trama conta a história de uma jovem assistente de socialite que se apaixona por um homem extremamente rico. A jovem se casa com o milionário e vai morar em sua mansão. No entanto, o espectro da falecida primeira esposa do homem, Rebbeca, atormenta a vida da mulher a ponto de segredos de seu marido serem revelados ao longo do filme. A película foi consagrada com a estatueta da academia e Hitchcock se transformou em um dos diretores mais promissores de Hollywood.

Numa época em que os estúdios controlavam os atores e diretores, Hitchcock foi o pioneiro na independência de contrato. Dessa forma, ele escolhia os filmes que iria dirigir e para quem iria trabalhar. Em 1954, Hitchcock dirigiu Janela Indiscreta, onde um fotógrafo (James Stewart), observa seus vizinhos do prédio da frente com um binóculo. Seu par romântico no filme é a “imaculada” princesa Grace Kelly. O mais interessante desse filme, a meu ver, foi o set. Hitchcock destruiu o subsolo de um estúdio para construir o prédio da frente do fotógrafo, desse modo, ele conseguiria um ângulo tal que daria para filmar o prédio por inteiro.

Um corpo que cai, é um dos seus filmes mais questionados . A Vertigem é abordada de um modo tão real, com cenas de alturas e de homens caindo em ângulos nunca antes visto. James Stewart é novamente o seu protagonista e a loira da vez é a irresistível Kim Novak.

Em 1960, Hitchcock atingiria o seu ápice. Psicose é um dos filmes mais lembrados de todos os tempos. Talvez não pelo o nome, mas por uma cena em particular: A morte da protagonista na metade do filme. O som estridente, a cortina rasgada e Vera Miles nua no chuveiro fizeram da cena uma perfeição em técnica, ângulo e atuação. A loira fria, que dessa vez decidiu roubar dinheiro do banco em que trabalha, não tem o tempo de se redimir e acaba sendo morta por um psicopata com um provável complexo de Édipo.

Hitchcock na época das filmagens de "Os Pássaros"The Birds (Os Pássaros), de 1963 é baseado num conto de mesmo nome da escritora britânica Daphne Du Maurier e é protagonizado por Rod Taylor, Jessica Tandy e Tippi Hedren, esta última uma descoberta de Hitchcock. O filme inovou na trilha sonora e em efeitos especiais, e por este último motivo foi nomeado para o Oscar. Tippi Hedren, mãe da futura atris Melanie Griffith, ganhou o Globo de Ouro.

Marnie (Marnie, Confissões de uma Ladra / Marnie), de 1964, foi estrelado por Tippi Hedren e Sean Connery, e é um dos filmes clássicos de Hitchcock. Em 1966, ele lançou Torn Curtain (Cortina Rasgada), um thriller político com Paul Newman e Julie Andrews nos papéis principais.

Topaz (Topázio), filmado entre 1968 e 1969, fala sobre a Guerra Fria, e conta a história de um espião, com roteiro baseado no livro de mesmo nome escrito por Leon Uris. Foi um filme que não trouxe nenhuma grande estrela, na verdade, apenas nomes desconhecidos. Muitos acreditam que Hitchcock não quis chamar nenhuma estrela de Hollywood para este filme após alguns conflitos com Paul Newman em seu último filme.

Em 1972, Hitchcok lançou Frenzy (Frenesi / Frenzy, Perigo na Noite), um thriller sobre crime que trouxe pela primeira vez cenas de nudez e palavras de baixo calão em um de seus filmes.

O seu último filme foi Family Plot (Trama Macabra / Intriga em Família) com Karen Black e Bruce Dern.

Em 1980, Alfred Hitchcock recebeu a KBE da Ordem do Império Britânico, da mãos da Rainha Elizabeth II. Ele morreria quatro meses depois, de insuficiência renal, em sua casa em Los Angeles.
O suspense de Hicthcock distinguia-se do elemento surpresa mais característico do cinema de horror. O suspense é acentuado pelo uso de música forte e dos efeitos de luz. Nos filmes hitchcockianos, a ansiedade do espectador aumenta pouco a pouco enquanto, o personagem não tem consciência do perigo. São apresentados dados ao telespectador que o personagem do filme não sabe, criando uma tensão no espectador em saber o que acontecerá quando o personagem descobrir. Em Psycho, somente o espectador vê a porta se entreabrir, esperando algo acontecer enquanto o detetive sobe a escada. "

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PEDIDO DE DEMISSÃO


Acho que vcs irão entender minhas razões...

PEDIDO DE DEMISSÃO

Venho, por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos. Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de oito anos, no máximo.

Quero acreditar que o mundo é justo, e que todas as pessoas são honestas e boas.

Quero acreditar que tudo é possível. Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas deste mundo.

Quero de volta uma vida simples e sem complicações.

Estou cansado de dias cheios de computadores que falham, montanhas de papelada, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças, e necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe. Não quero mais ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento.

Não quero mais ser obrigado a dizer adeus a pessoas queridas, e, com elas, a uma parte da minha vida. Quero ter certeza de que Deus está no céu, e de que, por isso, tudo está direitinho neste mundo.

Quero ir ao McDonalds ou a pizzaria da esquina, e achar que é melhor que um restaurante cinco estrelas. Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva.

Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.

Quero ficar feliz quando amadurece o primeiro caju ou a primeira manga, quando a jabuticabeira fica pretinha de fruta.

Quero poder passar as tardes de verão a sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos.

Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida.
Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de gude ou uma pelada...

Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a "Batatinha quando nasce", e a "Ave Maria", e isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia...

Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar e aborrecer.

Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia.

E o que é mais: quero estar convencido de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro!

Por isso, tomem aqui as chaves do carro, a lista do super mercado, as receitas do médico, o talão de cheques, os cartões de crédito, o contra-cheque, os crachás de identificação, o pacotão de contas a pagar, a declaração de renda, a declaração de bens, as senhas do meu computador e das contas no banco, e resolvam as coisas do jeito que quiserem.

A partir de hoje, isso é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto. Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar, porque... PIQUES! O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ! e, para sair do pegador, só tem um jeito... demita-se você também dessa sua vida chata de adulto, mandando esta mensagem para alguns de seus amigos mais sérios e preocupados.

NÃO TENHA MEDO DE SER FELIZ !
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A simplicidade do universo de uma criança faz muita falta em nossos dias, em nossos corações. A ambição e o egoísmo acabam sempre se tornando maiores.
Por isso, de vez em quando demita-se! Afaste-se dos sentimentos mesquinhos e pequenos do mundo dos adultos. E fique mais próximo do único sentimento que realmente vale a pena - o AMOR. E viva mais feliz!
Que Deus te abençoe, te proteja e te ilumine sempre!

Texto de ITAMAR amigo da minha amiga ÂNGELA

Pensamento para o Dia 13/08/2009



“O Senhor declarou na Bhagavath Gita: ‘Sempre que há declínio no Dharma (Retidão), e o Adharma (falta de retidão) mostra sua face, Eu encarno’. A Verdade (Sathya) e a Retidão (Dharma) são eternas e permanecem inalteradas através dos três períodos de tempo: passado, presente e futuro. Pode-se perguntar: qual é a necessidade de propagar ideais que são eternos? Quando a Retidão não é praticada, parece que ela se deteriorou. Mas a Retidão não pode se deteriorar ou desaparecer, porque ela é imperecível. É a prática da Retidão que declina e não a própria Retidão. É como o sol coberto por uma nuvem, sem estar aparentemente visível. Mas ele está sempre lá e vai brilhar de forma resplandecente outra vez quando a nuvem desaparecer.”
Sathya Sai Baba