Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sábado, 12 de junho de 2010

Entrando na Foto - Daniel Hubert Bloc Boris (Jacques)

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Há dias que esta mensagem me chegou pelo Hotmail, mas como ando pouco por lá fiquei em falta com meu mano...
Reparando minha falha, eis, enfim, o produto de um trabalho de Jacques sobre a foto de Pachelly.

Agostinho dos Santos

Correio Musical

Pele de Vidro

O garrafão suco de uva
encostado aos azulejos
da área de serviço

embriaga mais se vinho
houvera e tivesse eu bebido.

É apenas um garrafão suco de uva.
Concentrado.

Meditativo refletindo a penumbra
da luz vaga da lâmpada triste.

O garrafão suco de uva
usa óculos ray ban.

E tem no gargalo uma tampa
de sorriso branco.

Não à toa faceiro
das sombras alheias.

Maravilha




Maravilha

A flor se abre
para o sol e para o pássaro.

As penas do pássaro
flutuam nos dedos do vento.

Um arco-íris dança
sobre o rio da manhã.

Ecoa na paisagem
o murmúrio das montanhas.

Sônia Brandão
_____________

Por este dia - Eu não existo sem você - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Como gostaria de, pelo menos por um momento, ser ele. Ter aquela voz para a canção que tinha, as feições bonitas que facilitavam o encanto para as meninas sem que esforço houvesse. Mas gostaria apenas por momentos, nada como a essência que nos é própria.

Aliás, pensando bem, nem por momentos, o melhor mesmo é ter tido na minha geração aquele artista se desenvolvendo, criando mensagens com as quais toquei meus lábios na borda quente da orelhas delas. Pude sentir um perfume de mulher muito além dos pingos de "muguet" que elas espalhavam com uma espátula quase nada, apenas a alma do frasco especial.

O frasco especial de um encantamento febril, que tonteia e abre o vão da vida para uma perspectiva tão longuínqua que dizemos eternidade.

E nisso escuto, como um Dia de Namorados, Agostinho dos Santos, suave, tanto que se diz sobretudo canto. Ele canta "Eu não existo sem você". E diz, num dia como este, sem pesos, aridez, fraturas da continuidade. Pois quem pensa que ao meio século de vida tudo aquilo cessa, imagine como está vivendo não o meio século inteiro, mas sobretudo o dia exato em que comemorou a vida após os cinquenta anos de idade. Pois aquela alma de perfume não cessa, jamais cessa, foi verdade naquela idade igual hoje. Com uma diferença.

Qual?

As decepções por vezes querem tomar conta da narrativa inteira quando não passam de meros fragmentos. Bons e maus fragmentos, mas não mais do que fragmentos no inteiro de cada um. O calor das orelhas delas, extraindo uma verdade completa que supera toda uma mera vida finita. Mesmo que, por vezes, se dissipe nos fragmentos apartados, continua em nós mesmo enquanto corpo for e, exuberante, extrato de perfume, em todo o universo de corpos humanos sejam vivos no espaço do mundo ou nas dimensões imensas da memória.

Por isso quando capturei a poema de Vinícius de Moraes na música de Tom Jobim, no princípio pensei: disse tudo isso e no entanto viveu com tantas que lhes parecera que não existiria sem elas. E existiu para passar ao próximo amor. A mais básica das explicações: fora uma licença poética. Os poetas podem dizer isso pois a poesia permite.

Mas um grito subiu do mais profundo da verdade do mundo. A poesia não tem licença, não pode dar um jeitinho para simplesmente agradar. Ela é o extrato do mundo. Como o perfume delas. E se o poeta disse que não exisitia sem você, de fato não vivia, nem para apenas prestar letras às notas musicais do amigo. E nunca viveu. Vinícius nunca existiu sem você.


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham prá você

Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim, eu não existo sem você

Um Dia Comum

O meu coração prossegue sanguíneo.
De pouca conversa.

Ultimamente tem adorado
apenas duas coisas:

a porta do quarto encostada
e a tartaruguinha de pano

com toda a sua força
impedindo que o vento abra.

Desde cedo não vi nada mágico
em volta das plantinhas da varanda
tampouco ouvi os gracejos dos passarinhos.

Neste dia especial
tão singelo
e tão bacana

em que até os diabinhos
comovem-se com a fita rosa
a prender os cabelos da anjinha

deveria o poeta
sair com uma veste digna.

Um perfume purple.
Atacar a primeira dama.

Não importa se a dama
de vermelho
ou cinza.

Seduzir.

Um olhar franciscano.
Um sorriso tímido.

Não posso.
Estou sob feitiço.

Primeiro a tartaruguinha de pano
não me deixa abrir a porta.

Segundo a porta fincou
os pés nas cerâmicas.

Cumplicidade entre as eternas rivais
para que o poeta não fuja de dentro
do copinho de requeijão.

É um copinho de vidro.
Transparente.

Dá pra ver a dentadura da minha vó.
Uma relíquia.

COSTELA MINGA AO MEL E SAL GROSSO - Cadê a receita, Edmar Cordeiro ?

Convite - por Socorro Moreira

Saiam  pra tomar sorvete
Sentem no banco da praça
Mergulhem os olhos no amar !
Não resistam ao carinho,
na ponta da orelha...
Afaguem-se,
apertos de mãos amadas.
Brinquem de conversar com o riso
ele sabe palavras que nunca são ditas
e nunca vão ser contadas
Beijem  a boca do amor
Fiquem assim (e)namorados !

Amanhecer no bosque




Amanhecer no bosque

Os meus passos na terra úmida do bosque,
Nas fundas pegadas fica um pouco de mim.
Caminho entre as árvores desviando-me,
Os galhos caem com as folhas molhadas

E pairam diante dos meus olhos em êxtase.
Pairo fora do tempo, num istmo do eterno.
O sangue de uma rosa escorre no meu peito.
Um melro me traz uma estrela nas asas.

As borboletas valsam entre as flores.
Um cachorro fareja a margem da água.
As abelhas carregam o ouro ao sol.

Um cavalo relincha na minha garganta
E eu cavalgo para a água limpa do dia
Insensato e lírico como um galo no anzol.

_________

Este poema tem alguns anos.Mas pertence aos meus poemas telúricos, está no livro Memória da Terra (que está saindo do prelo).
________

Para uma Menina com uma Flor

Vinicius de Moraes


Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.

E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.

E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.

E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.

E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.

E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena;

é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.

E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha - a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.

E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

Arte : Vera Barbosa !


Enquanto visitava o orkut de uma amiga, ela passeava por aqui.


VERA coincidência !

O que o vento não levou

Mário Quintana



No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
Primeiro namorado...
- Claude Bloc -

Ela era uma menina tímida demais. Com mais de 13 anos ainda brincava de bonecas. Tinha um internato onde recebia as “alunas-bonecas” provindas de outras amigas. De sua avó, havia herdado o gosto pela costura e logo após observar as “artes” da avó, com os retalhos e as sobras de material de costura, confeccionava as fardas das “internas”, os lençóis, os travesseiros e até seus mini-cadernos. Depois arrumava tudo a capricho e ali deixava fluir sua imaginação. Seria também o prenúncio do que viria a ser sua profissão?

Não sei bem... mas sei que, à falta das novidades eletrônicas de hoje, o tempo corria assim, suave e leve e os príncipes encantados eram apenas ainda sapinhos inofensivos...

À noite adormecia ouvindo seu radinho de pilha. Já naquele tempo, sintonizava na “Hora da Saudade” ouvindo valsas, boleros e músicas da época, com cheiros e ritmos hipnóticos. E em plena letargia, os sonhos iam se enfeitando e o sono, finalmente, chegando, chegando, chegando...

Mas o tempo ia tecendo suas tramas no processo natural da vida. Um dia, numa dessas festas de final de agosto (novenas de N.S. da Penha), turma reunida na Praça da Sé, chegou-lhe inesperadamente um recado: “Fulaninho” mandou perguntar se você quer namorar com ele. E quer saber também, se por acaso ele vier falar com você, você não vai sair correndo... (risos).

Um sopro gelado de ansiedade e medo percorreu-lhe o corpo. Vontade de correr, de se esconder atrás de alguma árvore da praça... Mas, disse que não correria e ficou ali, feito estátua, aguardando o rapaz.

Ele chegou, também um bocado encabulado. Sorriso nervoso preso nos lábios. Palavras entrecortadas. Respiração ofegante... Mas, sentaram-se num banco e conversaram sabe-se lá o que tão placidamente, tão timidamente que aquela ansiedade pelo novo, pelo primeiro sinal de namoro apagou no tempo as palavras desse dircurso...

De qualquer forma, tudo na vida, todas as experiências são significativas e marcantes. A lembrança baila, os sonhos navegam, mas a gente não se esquece da vergonha de manter os olhos nos olhos, dos chicletes Adams da caixinha amarela, das coisinhas guardadas num diário, grudadas na memória.

Claude Bloc


Ameninada lembrança - por Socorro Moreira

Naquele 12 de Junho, ela ganhou o primeiro cartão dos namorados
Era uma flor perfumada
Arranjou  alguns trocados, e comprou um chaveirinho,
o coração como símbolo.
.
Os anos se passaram
O coração continua pendurando alguma chave
A chave que ela entregou !

Presença

Mário Quintana

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos...

É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, a trevo machucado, a folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo...

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar.

É preciso a saudade para eu sentir como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...

Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu retrato...

E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!

Contemplação- por Socorro Moreira

Eu espreito :

Um caminho sem chegadas...
Nem por terra , nem por mares
Expurgo de gavetas
Colheita de novas trovas
Resíduos das trovoadas
No esconderijo do tempo
eu percebo as presenças
de tudo que foi negado
Pego as coisas no meu colo
com meu olhar de cansaço
Umas parecem tão novas ...
Outras estão rasuradas.
Se a mão está no queixo
O coração tá parado
procurando algum sinal
nem que venha lá da praça


Esconderijo da flor - por Socorro Moreira

Podemos nos achar por amor, e de tanto amar, nos perder.
A  promiscuidade amorosa é isenta de pecado...Culmina-se no amor maior!
Tenho uma emoção especial para cada pessoa que conheço,
mesmo àquelas que não vejo
Uma delas está no meu limite , na cauda do meu arco-íris.

Quando o sentimento não se desgoverna
fica coberto de mistério.
Quando explode, vira cinzas !

O amor contido , expande-se no silêncio ...
E no silêncio faz a festa.
Sopra ventos parados
Gera fagulhas, que depois se apagam.

Gosto da solidão ...
Persigo-a em todas as minhas eras
Nos intervalos , espalho o meu olhar
Alcanço nas órbitas, os afins e alguém mais.

Liberdade é alcançar, soltar,sem desgostar.
Estou farta nesta tarde...
O alimento das palavras
Deixa-me solta no ar !

Pablo Neruda



Se sou amado,
quanto mais amado,
mais correspondo ao amor.

Se sou esquecido,
devo esquecer também.

Pois amor é feito espelho:
tem que ter reflexo.
Soneto de fidelidade
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Capiba

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento


E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito que seja infinito enquanto dure

Soneto da Fidelidade

Hoje é sábado
dia dos namorados,
dos amantes e amados.
Pego minha camera
e fujo para o jardim
procuro as flores,
borboletas e colibris.
Sob o brilho do sol e um céu azul,
descubro uma imagem,
me aproximo devagar...
sentindo um perfume pairar
rosas, cravos e jasmins.
Foco, enquadro e clico,
uma fascinante imagem
estabiliza no ar.
Traduz beleza, sonho e realidade
captadas devagar...
Uma simples homenagem
da jornada mais florida
do meu simples jardim,
que deixo registrada
para sempre assim.

Festa de Barbalha - Última noite de novena


Foto by Selma Santiago

O talento literário de Cauê Alencar

E Dessa Vida O Que Restar

Parte I

Vamos ser amantes
Vamos castigar a vida
Por ela ter tantas despedidas
Vamos ser fieis ao que nos convém querer
Vamos ser amigos e nos matar de prazer
Eu quero ser o errado pra não te magoar
Mas quero ser o certo pra não me matar
E dessa vida o que restar
Cuidemos com carinho
Nossos sonhos tão pequenos diante de tantos caminhos
Ah, se eu pudesse querer mais que duvidar
Faria tudo meu amor, pra me perdoar
Esqueceria o resto faria o resto passar
Como as certezas incertas que me fazem chorar
E dessa vida o que restar
Façamos de tudo um pouquinho
Pois as memórias ficarão aqui
Deixando nossas marcas, das rosas os espinhos
Dessa vida o que restar
Lembrem que o amor é um mito
Mas desse mito a gente lembra
É um mito tão bonito

Parte II

Eu quero tudo
Eu não quero nada
Eu quero o estranho
O que não tem graça
Eu quero o que me faça rir, o que meu desejo pedir
Quero ser feliz
A vida me quer, mesmo que eu não a queira
Já pensei na morte, nas crianças, nos risos e nos choros
Também já pensei no outro lado, o que tem demais, o que tenho falado.
Eu quero mais é o infinito
Quero o complicado com humor simples
Quero o que não existe
O delicado
Quero o mais simples da vida
Quero a existência inexistente do acaso
Quero minha desobediência pois nela encontrei liberdade
Quero errar, acertar e errar de novo, pra meus acertos serem erros alterados
Quero o amor, quero tudo
Desejo o que não existe, pra quando existir, eu já ter desejado

Para uma pessoa muito especial...

ONLY YOU - com The Platters



Only You
The Platters
Composição: Ram / Rand

***

Only you, can make this world seem right
Only you, can make the darkness bright
Only you, and you alone, can thrill me like you do
And fill my heart with love for only you

Only you, can make this change in me
For it's true, you are my destiny
When you hold my hand, I understand
the magic that you do
You're my dream come true
my one and only you

Only you, can make this change in me
For it's true, you are my destiny
When you hold my hand, I understand
the magic that you do
You're my dream come true
my one and only you

One and only you....


Alegoria Dos Bins - por Cauê Alencar



Devagar ela se aproximou. Contra a densa neblina a sombra avançou até um ponto em que parou, hesitante, e olhou para mim. Eu estava confuso e assustado e minha imensidão branca agora não me dava conforto, mas sim trazia-me dúvidas. Estava intrigado e ao mesmo tempo confortável.
Por horas nos olhamos enquanto ela se afastava em meio ao branco, agora sem neblina alguma. Quatro, Cinco horas.
Assustou-se quando vários fragmentos de mim, pedaços de pureza e impureza se dirigiram a ela, e pularam ao seu redor, como cachorros aos braços do dono. Deveriam ter uns cem ao redor dela enquanto restavam-me dois ou três de meus mascotes.
Rapidamente levantou-se e tentou espanta-los com o balanço dos braços, o que foi inútil.
Depois de algumas tentativas vans, acalmou-se e veio até mais perto de mim, que já estava quase deitado no vasto assoalho.
- São seus?
- Sim. Respondi em tom demasiado calmo.
- Assusta-me como tais animais pulam tão enumerosos ao meu redor, poderia chama-los de volta?
- Já não posso fazer isso.
Após alguns minutos de silêncio, ela perguntou, intrigada:
- O que são?
E como que num último alívio para fechar meus olhos, respondi:
- Meus pensamentos.

O PIANO - POR CAUÊ ALENCAR

Trouxeste-me de volta a vida.
A qual escorria por entre os meus dedos longos no caminhar da noite.
Eis que me disseste que os lírios cantam e que chorá-los havia de tirá-los
a essência, eis que me convenceu.

Eis que tiraste a tristeza dos olhos desta senhora de mal canto,
da qual deveria fugir pelos olhos da tarde nublada e rara nos
finalmentes das núvens cinzas, estas que fazem-me lembrar
dos fúnebres confortos da tristeza pálida.

Atormenta-me tua confortável presença, pois, esta me entorpece.
Deixa-me sóbria novamente, meu jovem.
Tocas o piano formidavelmente, sobre as pétalas que deixei cair
ao chão, antes, lágrimas.

Ah! Porque havias de partir?
As cálidas vozes agoras soam mais alto, deixaste-me no vasto!
Andas sem teu além, mas andas feliz, e sei que andas feliz!
As escrituras que mandaste em meu coração estão guardadas,
e minha resposta sincera é esta, jovem!

Eis que fizeste o doce som do piano de amargura ecoar de novo,
pela pequena rua desta cidade onde hei de falecer em breve.
Mas agora, o som sai por minhas mãos.


* Cauê Alencar  é um menino de 18 anos, que escreve  com a maturidade poética de muitos anos.
Talento não tem idade ! 

Pegando a deixa de Socorro Moreira

Elvis e Nana Mouskouri - em "And I love you so" - numa linda interpretação.

Dedico a Magali e Carlos Eduardo - um casal 1000

Feliz dia dos namorados!

SILVINO NETO - POR NORMA HAUER

No dia 12 de junho de 1991 faleceu, aqui no Rio de Janeiro, Silvério Silvino Neto, que ficou conhecido apenas como SILVINO NETO.
Ele nasceu em 21 de julho de 1913 em São Paulo.
Ele era um gênio. Criou o que muitos hoje fazem mas não dizem a fonte. Aquilo que Chacrinha dizia:"nada se cria, tudo se copia", é uma verdade sempre.
SILVINO NETO imitava, em seus programas radiofônicos, figuras de nossa política, a tal ponto que ia sempre preso ao terminar seu programa, principalmente antes da Hora do Brasil quando, em plena era de Getúlio Vargas, dizia:"vem aí a hora do espeto". Apesar disso, Getúlio gostava das imitações e, muitas vezes, mandava prendê-lo para que ele o imitasse frente a frente.
Foi também um dos pioneiros a fazer vários personagens sozinho, como a Pimpinela, Seu Acácio e Anestésio.
Era a "Pensão da Pimpinela", era "Pimpinela, Anestésio e o Telefone" e os muitos programas de imitações.
Marcou sua presença atuando no rádio, como humorista, mas também como compositor.
Foi o primeiro a comemorar o dia dos namorados com a bonita "Valsa dos Namorados", gravada por Francisco Alves e, depois, por Carlos Galhardo.
De sua autoria, Orlando Silva gravou "Uma Saudade a Mais, Uma Esperança a Menos", como gravou "O Cristo Redentor é uma medalha pequenina, no rosário imenso da colina. Bonecas delicadas quase todas moreninhas, adornam sua ruas qual um bando de andorinhas".
Silvino Neto escreveu umas bonitas "Cartas Coloridas", que falam de amor", criadas por Carlos Galhardo. Mas antes de tudo ele disse, pela voz de Francisco Alves, que o "Adeus, são cinco letras que choram".

Adeus, adeus, adeus,
Cinco letras que choram
Num soluço de dor.
Adeus, adeus, adeus...
É como fim de uma estrada,
Cortando a encruzilhada
Ponto final de um romance de amor.

Quem parte tem os olhos rasos d'água,
Ao sentir a grande mágoa
Por se despedir de alguém;
Quem fica, também fica chorando,
Com o coração sangrando
Querendo partir também.

O samba "Cinco Letras que Choram" foi cantado por uma multidão que acompanhou a pé, o enterro de Francisco Alves entre a Câmara dos Vereadores e o Cemitério São João Batista.

Silvino Neto faleceu exatamente no Dia dos Namrados e foi ele quem compôs a primeira

VALSA DOS NAMORADOS

Valsa do Amor
Valsa da felicidade
Valsa do adeus,
Valsa da saudade.
Um milhão de valsas,
Embalando os bem amados
Valsa do amor
Valsa dps namorados.

Pelos salões, pelos prados em flor.
Mil namorados em busca do amor.
Pelos caminhos, sorrindo ouvirão.
Em todos os cantos esta canção.
Aos namorados pertence o luar,
Noite de lua convida a sonhar.
Aos namorados pertence o além
E esta valsa também.

Quero destacar ainda que Silvino Neto é pai do ator Paulo Silvino e avô de mais dois atores: Flávio Silvino e João Paulo Silvino.
É uma família de artistas, mas Silvério Silvino Neto era um ator completo, o que não acontece com seu filho e netos.
Flávio sofreu um grave acidente automobilístico que deixou algumas seqüelas.


Norma

and I love you so

D´ont let it die: por José do Vale Pinheiro Feitosa

Teve um tempo que a vida era tão suprida por esta cidade que uma simples canção popular como “sentado à beira do caminho” me dava uma solidão de abandonado como se nunca mais houvesse uma porta de casa para retornar.

Algum tempo passado, já noutra cidade, minha companheira da vida atendeu uma avó e sua neta que iria vacinar-se. Cumpria o calendário infantil obrigatório. Ao anotar o nome da criança, a atenção dela voltou-se para avó: se ao invés de atendê-la fosse meu marido ele estaria aqui feliz da vida. A avó iluminou-se desde sua linda cabeleira até o mais distante de seu ser. Queria saber quem era aquele fã, de onde viera, como vivia. Ao contar-me, o sucedido lembrei-me da música “beijinho doce” na voz da célebre atriz da chanchada Eliane em dupla com aquela avó no acordeom: Adelaide Chiozzo.

Os americanos deram sucesso a cantores de vozes suaves, que interpretavam músicas românticas como um violoncelo. Entre eles Perry Como, em dupla com Chet Atkins, cantando “and i love you so”. Os brasileiros tiveram muitos iguais, a lembrar um cantor que brincou e não gravou tanta coisa romântica, mas surpreendia com aquelas canções de chacota com uma voz tão suave, feito “joão bobo”, “farinhada” na voz de Ivon Cury. Tempos depois, ali na Rua Constante Ramos, onde morávamos em Copacabana, sempre o encontrava na porta de sua casa noturna: Sambão e Sinhá. Ele nos cumprimentava com um sorriso tão amplo e simpático que lembrava o antigo presidente do Brasil: JK.

Igual pareceu-me a noite passada que jamais ouviria composições novas com o mesmo conteúdo daquelas canções. São outros tempos, os artistas já não têm importância, agora tudo é um produto de mercado como Lady Gaga, completo por uma empresa produtora, em que o papel principal, quando existe, apenas é uma peça.

I am so hurt” tão puxado nos fluxos de ar das cordas vocais que a voz aguda de mulher se debulha em grãos de tons graves e um tanto roucos, como se existissem apenas para seduzir os homens. Timi Yuro com este nome oriental e uma voz de cantora de jazz negra.

Igual a voz rascada, quase debochada, não sei se era ou apenas o era por que assim existia, de Hurricane Smith. Este nome de cowboy que nasceu nos idos da década de vinte do século passado e evaporou-se do mundo por volta de 2008. E foi no remoto ano de 1971, quando a consciência ecológica explodiu igual ao feminismo e ao comportamento sexual livre que ele gravou esta canção: “D´ont let it die”.

Ao lado da montanha,
A flor a crescer.

À margem do rio,
Onde a água flui para sempre.

O mistério da vida na floresta
A longa e graciosa história da vida na terra.

Não deixe isso morrer.
Não deixe isso morrer.

A liberdade do tigre,
Do canguru,

Depende de mim,
E depende de você.

O que vemos é o que escolhemos,
O que mantemos ou perdemos para sempre

O mundo é nosso para chorar por ele
Mas, e se é tarde demais para recomeçar?

Não deixe isso morrer
Não deixe isso morrer

Ou dia adeus, amém.
Ou dia adeus no fim.


Os Românticos- por Artur da Távola






Um repórter de TV foi entrevistar aquelas cantoras que participaram de um especial com o Roberto Carlos, há poucos dias. Microfone em punho, abordou a Hebe Camargo.
Quis saber:
– Por que Roberto Carlos é o Rei?
A Hebe, depois de uma miada:
– Porque ele é romântico...

Uma grave injustiça conosco, os demais homens, presumíveis súditos de RC. Pelo seguinte: pense em todas as músicas que existem no mundo, milhões delas, talvez bilhões. Em toda a poesia e a literatura. Os filmes. Do que tratam os filmes, a poesia e a música alguma vez já compostos sobre a Terra?
Do amor.
Amor, amor. Noventa por cento das músicas, dos filmes e dos poemas são sobre o amor.
Por que isso? Por nossa causa, nós homens. Porque somos românticos.
As mulheres acham que não. Acham que elas são as românticas. Estão erradas, e a prova disso é o dia de hoje, o Dia dos Namorados. Para quem o Dia dos Namorados foi criado? Obviamente, para as mulheres. Alguém há de dizer que se trata de uma efeméride urdida para satisfazer o romantismo feminino. Mas não. Porque o romantismo não pode estar assinalado no calendário. O romantismo é o que exsuda de um peito dolorido. Quando o Chico Buarque escreveu:

Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão

Quando o Chico escreveu esses versos, ele não os escreveu porque quis. Escreveu porque tinha de escrever. Porque sentia. Porque via aquela estátua de carne desfilando ali ao lado e precisava gritar o que sentia. E Paulinho da Viola, no dia em que ele cantou:

Ela declarou recentemente
Que ao meu lado não tem mais prazer

No dia em que Paulinho cantou esses versos, ele não os cantou; chorou. Os versos rasgavam seu coração – ela não sentia mais prazer ao lado dele.
E Lupicínio! Todas as músicas de Lupicínio, absolutamente todas, contam uma história de sofrimento. Se não sofresse, Lupicínio não escreveria:

Nunca, nem que o mundo caia sobre mim
Nem se Deus mandar, nem mesmo assim
A teus braços eu não voltarei!

Eis aí. Nós homens sofremos. Somos autênticos em nosso romantismo, e o romantismo só é autêntico se temperado pela dor. Um romantismo que flui todos os dias e se transforma em filmes, música e poemas, quase sempre compostos por atormentadas almas masculinas. Por isso é injusto quando as mulheres dizem que RC é rei por ser romântico. Não pode alguém se destacar por uma característica que todos os seus congêneres possuem. Todos os homens somos românticos. Todos, de caminhoneiros que lacrimejam ao ouvir versos de duplas goianas no asfalto escaldante da estrada a empresários que mergulham o diamante da amada numa taça de Dom Perignon. Todos! As mulheres? As mulheres precisam de datas, porque datas são símbolos. Símbolos de compromisso, que é o que lhes importa, afinal. O compromisso! Elas são práticas, elas marcam dias, elas planejam cerimônias. E nós aqui sofremos, nós homens, os verdadeiros românticos, que não precisamos de datas para sentir.
David Coimbra
(A POESIA)
Quem não tem namoradoé alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.Difícil por que namorado de verdade é muito raro.Necessita de adivinhação, de pele, de saliva,lágrimas, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil .
Mas namorado é mesmo difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito,mas ser aquele a quem quer se protegere quando se chega ao lado dele a gente treme,sua frio e quase desmaia, pedindo proteção.A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira,basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor,é quem não sabe o gosto de namorar.Se você tem três pretendentes , dois paqueras,um envolvimento e dois amantes,mesmo assim pode não ter um namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva,cinema sessão das duas, medo do pai,sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho,quem se acaricia sem vontade de virar sorveteou lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade.
Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida,escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas,do carinho escondido na hora em que passa o filme,de flor catada no muro e entregue de repente,de poesia de Fernando Pessoa,Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar,de gargalhadas quando fala junto ou descobre a meia rasgada,de ânsia enorme de viajar junto para a Escóciaou mesmo metrô, nuvem, cavalo alado,tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado,fazer sesta abraçado, fazer compras junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor,nem ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele,abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e do amado e sai com ela para parques, fliperama,beira d´agua, show de Milton Nascimento,bosques enluarados, ruas de sonho ou musical do metrô.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele,quem não dedica livros, quem não recorta artigos,quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado.
Não tem namorado quem ama sem gostar,quem gosta sem curtir, quem curte sem se aprofundar.Não tem namorado quem nunca sentiu o gostode ser lembrado de repente no fim de semana,de madrugada ou no meio dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar,quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações,quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem não fala sozinho,não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre
e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos,ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar.Enfeite-se com margaridas e ternuras
escove a alma com leves fricções de esperança.De alma escovada e coração estouvado,saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.Acorde com gosto de caquie sorria lírios para quem passar debaixo de sua janela.Ponha intenções de quermesse em seus olhose beba licor de conto de fadas.Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta
e do céu descesse uma névoa de borboletas,cada qual trazendo uma pérola falante
a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu
aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar
e de repente começar a fazer sentido."
Artur da Távola

Feliz Aniversário, Teresa Abath !


Foto: Teresa Abath


Um abraço caloroso do Cariricaturas !

DESAFIO: O RELÓGIO MALUCO

Às 6h15min um fantasma sumiu da sala e o relógio que mostrava corretamente as horas, ficou maluco, passando a girar os ponteiros no sentido anti-horário, isto é; ao contrário, com a velocidade normal. Eis que o fantasma reapareceu às 19h30min. Nesse momento que horas o relógio maluco estava mostrando?

FONTE: Revista do Professor de Matemática N° 72

Bolo de Macaxeira


Ingredientes

1 kg de Macaxeira
1 xícara de leite de coco (240 ml)
1 ½ xícara de água (360 ml)
2 xícaras de açúcar (360 g)
1 pitada de sal
1/4 de xícara de manteiga (50 g) *derretida
2 ovos
Manteiga (para untar)

Preparo

Unte com manteiga uma fôrma de buraco no meio de 22 cm de diâmetro. Reserve.

Corte a macaxeira em pedaços regulares. Com uma faca pequena, faça um corte na casca no sentido do comprimento. Cuidadosamente, destaque a casca com a ponta da faca. Lave bem em água corrente e escorra. Rale a macaxeira.

Coloque sobre um pano fino (fralda ou morim) e esprema bem sobre uma tigela média. Reserve a macaxeira ralada. Deixe o líquido descansar até a goma se depositar no fundo da tigela (cerca de 15 minutos).

Aqueça o forno a 200ºC (quente).

Escorra somente o líquido deixando a goma na tigela. Junte a macaxeira reservada e misture com uma colher de pau. Acrescente 1/2 xícara do leite de coco (120 ml) e a água e mexa. Adicione o açúcar, o sal, a manteiga e os ovos e misture bem. Transfira para a fôrma reservada.

Asse no forno preaquecido por cerca de 30 minutos. Retire o bolo do forno e regue com 1/4 de xícara do leite de coco restante (60 ml).

Leve imediatamente ao forno e asse por mais 30 minutos. Aumente a temperatura do forno para 250ºC (bem quente) e regue novamente com o leite de coco restante.

Asse até o bolo dourar ligeiramente (cerca de 30 minutos). Espere esfriar. Desenforme num prato e sirva em seguida.


Rendimento: 12 fatias de 251 calorias cada.

Dica: Se preferir, você poderá comprar a macaxeira já descascada, em bons supermercados.

Fonte: Bacaninha

www.festasms.com.br/230/SIMPATIAS-JUNINAS.html

Simpatias tradicionais (para o dia de Santo Antônio)


1 – Quem deseja descobrir o nome do futuro companheiro deve comprar um facão e, à meia-noite do dia 12 de junho, cravá-lo numa bananeira. O líquido que escorrer da planta deve formar a letra do futuro amor.

2 – Uma das mais antigas tradições diz que, para descobrir o futuro companheiro, é preciso escrever os nomes dos candidatos em vários papéis. Um deles deve ser deixado em branco. À meia-noite do dia 12 de junho, eles devem ser colocados em cima de um prato com água, que passará a madrugada ao relento. No dia seguinte, o que estiver mais aberto indicará o escolhido.

3 – Aqueles que têm pressa em arranjar um namorado devem comprar uma pequena imagem do santo. E para agilizar a conquista do pedido, fazer dois procedimentos: tirar o Menino Jesus do colo do religioso, dizendo que só devolverá quando conseguir um namorado, ou ainda, virar o Santo Antônio de cabeça para baixo.

4 – O mais afoito tem ainda outro recurso. Deve ir a um casamento e dar de presente aos noivos uma imagem de Santo Antônio, sem o Menino Jesus. Depois, pedir no altar para se casar com alguém, especial ou não. Assim que a graça for alcançada, deve retornar à igreja e lá depositar a imagem do Menino Jesus.

5 – Os que já estão acompanhados, mas ainda não subiram no altar, também possuem práticas específicas. A pessoa deve amarrar um fio de cabelo seu ao do namorado. Eles devem ser colocados aos pés do santo, que, logo, logo, resolve a questão.

6 – À meia-noite do dia 12 de junho, quebre um ovo dentro de um copo com água e o coloque no sereno. No dia seguinte, interprete o desenho que se formou. Se aparecer algo semelhante a um vestido de noiva, véu ou grinalda, o casamento está próximo.

7 – Para a pessoa saber se o futuro companheiro será jovem ou mais velho, é preciso arranjar um ramo de pimenteira. De olhos fechados, ela deve pegar uma das pimenteiras. Se a escolhida for verde, ele será jovem. Caso contrário, o casamento acontecerá com alguém de idade avançada.

8 – A tradição popular acredita que há uma forma especial de fazer as pazes entre casais brigados. Para isso, é preciso um cravo e uma rosa. Os talos devem ser amarrados juntos com uma fita verde, na qual serão dados 13 nós. Durante o procedimento, o devoto deve pensar que Santo Antônio vai uni-los outra vez.

9 – Para descobrir se falta muitos anos para a grande data, na véspera do dia 13 de junho, à meia-noite, amarre uma aliança – que pode ser de qualquer parente – numa linha ou num fio. Coloque um copo sobre a mesa e segure o fio de modo que a aliança esteja dentro do copo. Pergunte, então, quantos anos faltam para o casório. O número de batidas informa quantos anos ainda restam para o Dia D.

Santo Antônio - Festejado em 13 de junho


Santo Antônio

Nasceu em Lisboa, em agosto de 1195, batizado com o nome de Fernando de Bulhões. Aos 15 anos, entrou para um convento agostiniano e, em 1220, trocou o nome para Antônio, ingressando na Ordem Franciscana. Lecionou Teologia em várias universidades européias e morreu em 13 de junho de 1231, a caminho de Pádua, na Itália.

Padroeiro dos pobres e considerado o santo casamenteiro, também é invocado por pessoas que queiram encontrar objetos desaparecidos.

Fogueira: representada na forma de um quadrado.

13 DE JUNHO - DIA DE SANTO ANTÔNIO

SANTO CASAMENTERO

Despois que eu fiz um pidido
Pro santo casamentero
Santo Antônio num gostô
- Meu amô num é sortero –

Sei que é pecado mortá
Gostá de home casado
Santo Antônio só ajuda
Com paper legalizado

Casá de véu e grinarda
Na Igreja da Cunceição
Tem que sê home sortero
Pra tê sua aprovação.

Num dianta ponhá o santo
Virado de pé pro alto
Pode isquecê desse amô
Ele disvira num salto.

Também num dianta fazê,
Aquelas reza e pidido
Tem que sê home sortero,
E muié de um só marido.

Simpatia tem de monte,
Mai num vai adianta não...
Tem que sê home sortero
Pra tê sua aprovação!

Ocê vai querê do santo
Que ele venha a concordá?
Roba o marido da otra?
Nenhum santo vai dexá.

Milagre anssim, desse jeito,
Nenhum santo vai fazê.
Escóie um home sortero
Vai sê mió pra vancê.

Num existe coisa pió
Que vancê se apaixoná...
Gostá de home casado?
Vai sofre e vai chorá.

Despois que ele cunsigui
Tudo aquilo que quizé.
Vai chutá a tua bunda,
Despois vorta pra muié!

Autora: Mírian Warttusch
http://www.velhosamigos.com.br/DatasEspeciais/diajunino3.html

A poesia de Luiz Alberto Machado

AS GARRAS DA FELINA


Luiz Alberto Machado


Sigo à procura do teu cheiro felina de todos os aromas, sabores e versos.

E quero a tua íris dilatada de brilho no olhar de breu na noite de caça.

Sei que vens amestrada quando quer nas savanas do meu desejo, inupta e nua, pronta para cravar tuas garras retráveis na pele da minha febre ambiciosa.

Sei que vens com o teu incenso que povoa meus sentidos.

E vens de longe e já estás tão perto espreitando minhas vulnerabilidades de amante.

Se não te vejo, logo percebo o teu perfume no ronronar vigoroso.

Vens tão arredia e adulta e arisca no bulício macio do teu passo silencioso, do teu flexível expressar na índole carniceira que já sei prontinha para estraçalhar o meu poema esganiçado.

Acuada no átimo, vens com aguda audição e olfato aguçado: um jeito Márcia Tiburi no parque exclusivo da minha alucinação.

Indefeso, eu adivinho tua presença como quem flagra o iminente em riste e almejo o teu sexo como a salvação dos mortais.

Não há como adiar e reajo, persigo teus passos suspensos no ar com meu faro.

E adivinho a tua toca: o reduto da tigresa, onde alcanço toda amplitude da imensidão.

Encorajado pela silhueta de teu dorso, circundo teu corpo, arranco as vestes, desnudo com afinco como se conquistasse o meu Brasil ideal: assimétrico e sedutor.

E com o achado certeiro vou revolvendo tua intimidade completa de folhas e chilreios submersos, sinuosidades, saliências e reentrâncias: a nudez deificada.

Acossada por mim vai rendendo o dorso para a minha travessia caleidoscópica no belo sexo, onde a maiêutica e a vida nascem e renascem nos encontros, desencontros e reencontros: o gozo repetido de satisfação.

Sou teu.

És minha.

E teu desabrochar é a concha dos segredos que te fazem espectro acessível acolhido na minha loucura dionisíaca.

E embriagados como imigrantes do chão estalamos nossos beijos com marca de tormento e graça e nos dizemos estranhos do mesmo anátema que se dissipa em nossas descobertas abrasadas: o amor, a paixão e o sexo.

A fera e a presa: a corrente do rio na certeza de mar.

Quando a febre apazigua no gozo, me deito em seu corpo – meu ideal travesseiro – para nele saber de mim, de ti e de tudo.


por Luiz Alberto Machado