Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 4 de março de 2010

O Crato de luto : Maria Sarah Esmeraldo Cabral , um dos maiores ícones da Cultura e Educação cratense !

Nosso reconhecimento por tudo que ela em vida representou.

Abraços solidários à família Esmeraldo Cabral.

O sepultamento ocorrerá amanhã às 16 h.

Johnny Alf




Foto: Mário Luiz Thompson

Alfredo José da Silva, o grande Johnny Alf, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 19 de Maio de 1929. Seu pai, cabo do Exercito, morreu em 1932 e a mãe foi trabalhar na casa de uma família, que o criou e custeou seus estudos. Começou a aprender piano clássico aos nove anos, com Geni Borges, amiga da família, logo demonstrando interesse por compositores do cinema norte-americano, como George Gershwin e Cole Porter. Pelos 14 anos, formou um conjunto com amigos em Vila Isabel, indo tocar nos fins de semana na Praça Sete, do Andaraí. Cursou ate o segundo ano do Colégio Pedro II, onde entrou em contato com o pessoal do Instituto Brasil-Estados Unidos, que o convidou para participar de um grupo artístico.

Por sugestão de uma amiga norte-americana, adotou o pseudônimo de Johnny Alf, quando de sua apresentação no programa de jazz de Paulo Santos, na Radio MEC Trabalhou no escritório de contabilidade da Estrada de Ferro Leopoldina, onde aproveitava os momentos livres no horário de serviço para escrever musica. Com o grupo do Instituto Brasil-Estados Unidos fundou um clube para promoção e intercâmbio de musica brasileira e norte-americana, que realizava sessões semanais para analisar orquestrações, solos etc., alem de apresentar filmes, shows, concertos de jazz, entre outras atividades.

Quando Dick Farney, já profissional e recém-chegado dos EUA, ingressou no grupo em 1949, o clube passou a chamar-se Sinatra-Farney Fan Club, tendo entre seus sócios Tom Jobim, Nora Ney e Luís Bonfá, entre outros, ainda principiantes. Na época, tocava durante a noite no clube e pela manha assumia seu posto de cabo no Exercito. Através de Dick Farney e Nora Ney foi contratado em 1952 como pianista da recém-inaugurada Cantina do César, de propriedade do radialista e apresentador César de Alencar, dando inicio a sua carreira profissional. Ali a atriz Mary Gonçalves, que tinha sido Rainha do Radio em 1952 e ia lançar-se como cantora, escolheu três composições suas, Estamos sós, O que é amar e Escuta para incluir no seu LP Convite ao romance. Em seguida foi convidado para integrar como pianista o conjunto que o violonista Fafá Lemos formou para tocar na boate Monte Carlo. Nessa época, a convite do produtor Ramalho Neto, gravou na Sinter seu primeiro disco, um 78 rpm com musica instrumental (piano, contrabaixo e violão) de influencia jazzística, com Falsete, de sua autoria, e De cigarro em cigarro (de Luís Bonfá). Mais tarde, revezando-se com o pianista Newton Mendonça, tocou na boate Mandarim, indo depois para o Clube da Chave, boates Drink e Plaza. De seu repertório, duas composições começaram a se destacar, Céu e mar e Rapaz de bem, esta escrita por volta de 1953 e considerada, em termos melódicos e harmônicos, como musica revolucionaria e precursora da bossa nova. Em 1955 foi para São Paulo SP, onde tocou na boate Baiuca e no bar Michel, neste ultimo com os então iniciantes Paulinho Nogueira, Sabá e Luís Chaves. De passagem pelo Rio de Janeiro, no mesmo ano gravou na Copacabana o primeiro 78 rpm importante de sua carreira, com Rapaz de bem e O tempo e o vento, também de sua autoria. Seis anos depois gravou na RCA seu primeiro LP, Rapaz de bem, que incluía, entre outras, Ilusão à toa, que também se tornou um grande êxito. Ainda em 1961, recebeu convite do compositor Chico Feitosa para tocar no Carnegie Hall, em New York, EUA, mas não viajou, permanecendo em São Paulo. No ano seguinte, retornou ao Rio de Janeiro, tocando no Bottle’s Bar, na mesma época em que ali atuavam o Tamba Trio, Sérgio Mendes, Luís Carlos Vinhas e Silvia Teles. Formou também um conjunto com o baixista Tião Neto e o baterista Edison Machado, apresentando-se no Little Club e Top Club.

A partir de 1965 realizou varias apresentações no interior de São Paulo. Foi também professor de musica do Conservatório Meireles, de São Paulo. Em 1967 participou do III FMPB, da TV Record, de São Paulo, com a musica Eu e a brisa, interpretada pela cantora Márcia. A composição foi desclassificada nas eliminatórias, convertendo-se porém, um mês depois, num dos maiores sucessos de sua carreira. A essa musica seguiram-se Decisão e Garota da minha cidade, que representam o estilo mais exteriorizado e desinibido de sua obra. Sua composição Rapaz de bem foi gravada, no exterior, por Lalo Schifrin. Gravou ele próprio mais dois LPs, Ele e Johnny Alf, na Parlophon, em 197l, e Nós, na Odeon, em 1974. O primeiro incluía Decisão e Garota da minha cidade, além de Eh, mundo bom taí e Anabela, ambas também de sua autoria. No segundo incluiu suas composições O que é amar, Nós, Plenilúnio e o samba de Egberto Gismonti e Paulo César Pinheiro Saudações.

Radicado em São Paulo, continua compondo e fazendo shows em casas noturnas, alem de gravar ocasionalmente. Um de seus discos mais recentes, Olhos negros, conta com participações de Chico Buarque, Roberto Menescal, Leny Andrade e outros, e reúne sucessos antigos com composições novas como Olhos negros e Nossa festa. Em janeiro de 1998, depois de sete anos sem gravar, apresentou-se no SESC Pompéia, São Paulo, em A Rosa do Samba, show de lançamento do CD Noel Rosa – Letra e musica (selo Lumiar), que inclui sua nova composição Noel, Rosa do Samba (com Paulo César Pinheiro).

Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha

Suspiros

Ando com um ímã no bolso
atraindo toda sorte
de mulheres:

ou donas de si superiores
ou senhoras da última palavra.

Ficarei atento
aos sinais dos pássaros

saltando sobre galhos
recebendo santos
e entidades.

Se chover amanhã planto uma rosa.
Ao contrário, cruzo as pernas
debaixo do chuveiro.

Depois acerto as contas
com os passarinhos
da minha varanda.

Ainda tenho uma boa mira
e um cuspe elástico.

Hei de derrubar
três da árvore.

Pensamento para o Dia 04/03/2010



“Nascidos em várias partes do mundo, através de vários caminhos, todos os rios, por fim, chegam ao oceano. Igualmente, nascidos em terras diferentes, praticando diferentes modos de adoração, as pessoas alcançam o Oceano da Presença do Senhor. Um verdadeiro seguidor da Verdade Eterna (Sanathana Dharma) será verdadeiro na fala, se afastará do ciúme e da raiva e sempre agirá com um coração amoroso. Todos aqueles que praticam essas qualidades sem enfraquecer têm o direito de serem chamados ‘Bharatiyas’ (devotos amorosos de Deus).”
Sathya Sai Baba

Mibsan


"Não é o diploma médico,

mas a qualidade humana, o decisivo."

Carl Gustav Jung


Para quem acredita em numerologia, em determinismo nominal , fatalismo e outras centopéias esotéricas, o noticiário da semana passada encheu-nos a mesa com um cardápio variado. Vejam só os nomes : Orozimbo Ruela de Oliveira Neto e Sinomar Ricardo, de uma cidade chamada de Ivinhema ! O encontro de tantas consoantes e vogais dissonantes, previa-se sem necessidade de oráculos, terminaria em descompasso e desafino. Não deu outra! Estes dois, médicos em Mato Grosso do Sul, protagonizaram uma cena de que nunca tive notícia nos meus trinta e três anos de exercício da Medicina. Sinomar, plantonista do dia, partejava a costureira Gislaine de Matos, quando um Orozimbo enfurecido invadiu o Centro Cirúrgico, sob pretexto de que a parturiente lhe pertencia e, após uma discussão reles e violenta, terminaram por se engalfinhar num embate físico digno de filmes de faroeste. Enquanto isso, Gislaine permanecia sem nenhuma assistência ao parto, culminando com a morte do bebê que se chamaria Mibsan ,numa tragédia que poderia ter saltado do teatro grego. Toda a briga envolvia a importância de pouco mais de cem reais que é o valor astronômico que o SUS paga ao profissional por um parto. Sinal dos tempos?
Esta cena parece ficção científica para toda uma trupe de médicos da minha geração e anteriores a ela. Formamo-nos com a idéia fixa da Medicina como um sacerdócio, o paciente posto nos altares e andores. O cliente , nos foi ensinado, não tem condição social, cor, raça, geografia, história, cidadania, bondade ou maldade no coração. Ele é apenas o paciente, a quem devemos tratar e buscar a cura com todos os instrumentos e conhecimentos científicos que tenhamos às mãos. Devemos ter o mesmo desvelo para com aquele que tem condições de pagar pelo tratamento quanto por aquele que nos agraciará apenas com o sorriso e o agradecimento. Operaremos com o mesmo cuidado o criminoso de alta periculosidade e sua vítima inocente, deixaremos para Deus e os juízes o ato de julgar. Sequer receberemos diretamente dos doentes o pagamento pelos serviços prestados, secretários ficam encarregados deste mister, afinal um consultório não é uma loja comercial ou um balcão de banco. Sempre existiram, ainda, fortes preceitos éticos que norteavam a convivência dos colegas, delimitando-se espaços e funções. Se não conseguimos uma relação humanística entre nós próprios, como o humanismo fluirá até o objeto maior da nossa profissão que é o paciente? Como se explicar, pois, a loucura estampada nos noticiários, na semana passada?
Permitam-me meter minha colher de pau neste alguidar. Infelizmente, o quadro que temos hoje no país, é bem diferente do exposto acima. O avanço científico dos últimos cem anos impulsionou a Medicina para horizontes jamais imaginados: transplantes, clonagem, fertilização in vitro, cirurgia robótica, diagnósticos sofisticados por imagem, medicamentos moderníssimos aumentaram a expectativa de vida de forma vertiginosa. Aos poucos, no entanto, o tecnocracismo invadiu nossa atividade e nos fomos afastando do humanismo. É como se fôssemos uma espécie de técnico em eletrônica. Esquecemos que o homem, objetivo da nossa arte, é uma máquina muito mais complexa do que um PC ou uma TV. Hoje , rimos ao ver o tratamento primário feito pelos médicos do início do Século XX, com suas ventosas, sangrias e cataplasmas. Eles, no entanto, estavam próximo ao coração dos seus clientes, conheciam suas ansiedades, angústias e apreensões, sabiam que por trás da gastrite existia o conflito, além do câncer sobrenadava uma alma. Percebo, claramente, que geração após geração, fomos perdendo o elo com o humanismo. E a ética, amigos, é uma ilha no mar do humanismo. Escolas médicas pululam por todos os recantos do país.Muitas sem qualquer qualidade. Formamos técnicos ótimos em muitos casos, mas não formamos médicos. A ética, hoje, é uma disciplina longínqua, distante e parece não ter nada a ver com nossa profissão. Ela, no entanto, é o cerne não só de nossa atividade, mas da sobrevivência do planeta.
Desde o ensino fundamental é moldada no seio da juventude uma concorrência terrível, uma competitividade sem freios. Parece até que treinamos Pit-Bulls. O companheiro do lado é apresentado como o inimigo, aquele que vai tomar o seu lugar ao sol e à sombra. Formamos soldados e não cidadãos. Um colega não ajuda ao outro, não lhe passa as lições, não lhe empresta mais o caderno. Ninguém avisa que vai haver um concurso, rasga sorrateiramente o edital colado no flanelógrafo para que o amigo não tome ciência e concorra. As turmas de faculdade dividem-se em grupinhos e cada um luta por si. Sequer as festas de final de curso contemplam todos os colegas. Preferem superproduções caríssimas com um pequeno número de ricos participantes, em detrimento de uma festa mais simples que pudesse contemplar a todos os formandos e seus familiares. Esta é a corrida de poucos vencedores e inúmeros perdedores. Ao vencedor o enfarte !
Orozimbo e Sinomar devem pois estar se sentindo injustiçados. A briga foi apenas mais uma batalha em busca do Shangri-lá e para isso foram formados. E nas batalhas sempre há baixas, neste caso foi apenas o Mibsan que tombou e a Gislaine que saiu ferida. Por que a sociedade os condena, se aprenderam todos os avanços da sua especialidade nos últimos congressos? Mibsan terá sido sacrificado para aplacar a fúria do Deus mais poderoso da atualidade: o consumo. Orozimbo e Sinomar nem sequer percebem que não apenas sacrificaram o bebê, mas feriram de morte a profissão para a qual deveriam ter sido formados. Nestes dias uma cadeira de Artes Marciais fará parte da grade curricular. Percebo, também, que estou ficando velho, pois sou ainda daqueles que acreditam que apesar de todo o desenvolvimento dos meios de diagnóstico e tratamento dos últimos tempos, a Medicina continua sendo não uma Ciência, mas uma Arte.


J. Flávio Vieira

Falece a professora Maria Sarah Esmeraldo Cabral


Faleceu em Crato, no início da tarde de hoje, a professora Maria Sarah Esmeraldo Cabral, uma das mais entusiastas defensoras do ensino superior regional. Sarah Cabral foi conselheira do Conselho Estadual de Educação do Estado do Ceará, professora do curso de Pedagogia e pró-reitora de Extensão da Universidade Regional do Cariri – URCA e diretora-superintendente da Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do Cariri. Sempre esteve à frente de movimentos e campanhas que visavam o desenvolvimento do município do Crato e do Cariri, a exemplo da criação da URCA, da Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe e da Faculdade Católica do Cariri. Em 2004, a URCA concedeu à professora Sarah Cabral o título de professor emérito em distinção, no exercício da atividade acadêmica, pelos seus relevantes serviços à URCA.

O velório da professora Sara Cabral está acontecendo na sua residência, na rua Dom Quintino, 758, em Crato. O horário do sepultamento, segundo o jornalista Huberto Cabral, irmão da falecida, ainda está sendo decidido pelos familiares.

Lamentamos profundamente esta irreparável perda e desejamos à família enlutada pesarosos sentimentos de condolências.

Da Poesia na Música de Vivaldi - II Parte

As Quatro Estações é, acima de tudo, a celebração da rica impressão individual das mudanças de estações, inspirando a evocação do universo inteiro de emoções associadas a elas. Num destes exemplos pioneiros de "programa de música", Vivaldi esforçou-se para completar a experiência de seu público exibindo pinturas e sonetos para os músicos e para a platéia. A autoria destes sonetos demonstrativos não é confirmada, embora muitos acreditem que eles descrevem a música tão bem que Vivaldi é um perfeito candidato a lhes ter escrito. A partitura é marcada com letras do alfabeto correspondendo às mesmas nos sonetos, apontando assim para o instrumentista que frases musicais se referem a que linhas/descrição nos poemas.
*
As Quatro Estações merecem a fama. Porém sua apreciação poderia ser muito melhor se juntamente com as gravações fossem divulgados os sonetos que lhe servem de complemento.

Não é preciosismo inútil: trata-se do melhor entendimento e fruição da obra, adicionando-se importante elemento para alcançar as cenas imaginadas por Vivaldi. São quatro sonetos, um para cada concerto. Talvez os ouvintes lessem-nos durante a execução, talvez alguém os recitasse ao público adequando-os ao desenvolvimento da música.
Os sonetos, em tradução livre:
A Primavera
*
Chegada é a Primavera e festejando
A saúdam as aves com alegre canto,
E as fontes ao expirar do Zeferino
Correm com doce murmúrio.
*
Uma tempestade cobre o ar com negro manto
Relâmpagos e trovões são eleitos a anunciá-la;
Logo que ela se cala, as avezinhas
Tornam de novo ao canoro encanto.
*
Diante disso, sobre o florido e ameno prado,
Ao agradável murmúrio das folhas
Dorme o pastor com o cão fiel ao lado.
*
Da pastoral Zampónia ao Suon festejante
Dançam ninfas e pastores sob o abrigo amado
Da primavera, cuja aparência é brilhante.
*
O primeiro movimento relaciona-se com a primeira e a segunda estrofes; o segundo com a terceira e o terceiro com a quarta. O ano no hemisfério norte começa no inverno e a primeira estação completa é a primavera. O Catálogo de Ryom demonstra ter sido este o primeiro concerto da série, mas não houve uma sequência perfeita. Seguindo a ordem da Natureza, a próxima composição deveria ser O Verão, mas na realidade Vivaldi dedicou-se ao Outono. O tema do primeiro movimento, como dito algures retorna na ária "Dell'aura al sussurrar" da ópera "Dorilla in Tempe". O excesso de trabalho implicava em certas repetições, como provam também os Magnificat RV 610 e RV 611, constrangedoramente semelhantes. Mero registro, mais para minha própria lembrança: RV significa Ryom Verzeichnis - O Catálogo de Ryom. Peter Ryom foi um erudito dinamarquês, autor do principal catálogo das obras do Padre Ruivo.
*
O Verão
*
Sob a dura estação, pelo Sol incendiada,
Lânguidos homem e rebanho, arde o Pino;
Liberta o cuco a voz firme e intensa,
Canta a corruíra e o pintassilgo.
*
O Zéfiro doce expira, mas uma disputa
É improvisada por Borea com seus vizinhos;
E lamenta o pastor, porque suspeita,
Teme feroz borrasca: é seu destino enfrentá-la.
*
Toma dos membros lassos o repouso
O temor dos relâmpagos e os feros trovões;
E de repente inicia-se o tumulto furioso!
*
Ah! No mais o seu temor foi verdadeiro:
Troa e fulmina o céu, e grandioso o vendaval.
Ora quebra as espigas, ora desperdiça os grãos de trigo.
*
De novo, o primeiro movimento relaciona-se com as duas primeiras estrofes; o segundo com a terceira e o terceiro com a quarta. Lido o soneto, impossível não ouvir cantar o cuco do terceiro verso, nem deixar de lado, no segundo movimento, os avisos da tempestade que desabará no terceiro (o meu favorito). O pintassilgo - gardellino - foi pássaro dos afectos do compositor, visto merecer dele um concerto específico, o de número três em Ré Maior, RV 428, para flauta e cordas. Rameau (1.683/1.764) também busca imitar o canto das aves em peças como Le Rappel des Oiseaux e La Poule. Podemos citar ainda o capriccio Cucu de Kerll (1.642/1.703), o interlúdio do quarto ato da ópera Lo Schiavo de António Carlos Gomes e a cuminância em Oliver Messiaen no oratório A Transfiguração com vários cantos de aves executados pelos instrumentos nas várias partes, sobretudo na de número IX.
*
O Outono
*
Celebra o aldeão com danças e cantos
O grande prazer de uma feliz colheita;
Mas um tanto aceso pelo licor de Baco
Encerra com o sono estes divertimentos.
*
Faz a todos interromper danças e cantos,
O clima temperado é aprazível;
E a estação convida a uns e outros
Ao gozar de um dulcíssimo sono.
*
O caçador, na nova manhã, à caça,
Com trompas, espingardas e cães, irrompe;
Foge a besta, mas seguem-lhe o rastro.
*
Já exausta e apavorada com o grande rumor,
Por tiros e mordidas ferida, ameaça
Uma frágil fuga, mas cai e morre oprimida!
*
O primeiro movimento liga-se à primeira estrofe, o segundo à segunda, e o terceiro às duas últimas. Vivaldi valeu-se apenas de cordas tangidas e percutidas. Haydn compôs um oratório também dedicado às estações do ano e também na parte dedicada ao outono descreve uma cena de caça. Ambos, Vivaldi com cordas e Haydn com as trompas, retratam muito bem o latido dos cães na perseguição da presa.
*
O Inverno
*
Agitado tremor traz a neve argêntea;
Ao rigoroso expirar do severo vento
Corre-se batendo os pés a todo momento
Bate-se os dentes pelo excessivo frio.
*
Ficar ao fogo quieto e contente
Enquanto fora a chuva a tudo banha;
Caminhar sobre o gelo com passo lento
Pelo temor de cair neste intento.
*
Girar forte e escorregar e cair à terra;
De novo ir sobre o gelo e correr com vigor
Sem que ele se rompa ou quebre.
*
Sentir ao sair pela ferrada porta,
Siroco, Borea e todos os ventos em guerra;
Que este é o Inverno, mas tal, que só alegria porta.
*
O primeiro movimento une-se à primeira estrofe. O segundo, de curta duração, prende-se apenas aos dois primeiros versos da segunda quadra. Os demais versos estão vinculados ao terceiro, desenvolvendo-se num crescendo cuja interpretação aceita algum otimismo.
*
Fontes :
Google Imagens

Combateremos os urubus

Pedro Esmeraldo
Na vez anterior, iniciamos uma campanha contra a praga de urubus que ora ataca o Crato e que vem serrupiano patrimônio desta cidade.
De vez em quando, temos que tomar decisões para combater esses abutres que nos causam arrepios e que teem por objetivos afastar-nos das lides do progresso cratense. Permanecemos, por muito tempo, nesse meio hostil, acompanhados de pessoas perniciosas proveniente de outras plagas, que, ás vezes, dizem levar vantagens eleitorais e por isso nos arrebatam o que temos de bom.
Como já estamos bastante arrasados com essa violência, ficamos sensibilizados e pedimos que dessem “um basta” nesse assunto e deixem-nos viver em paz com o trabalho permanentes e livres desse atropelo.
Alguns deles, desavergonhados, chegam aqui de “cara lisa” distribuindo dinheiro arroto, dando a seus comparsas e que consideramos como: “Pequenos abutres desta cidade”. Vivem sempre enganando e que desejam afastar- desse meio hostil e quer, por sua vez, permanece fora no plano da decência e da moralidade. Pessoas desequilibradas moralmente sobem ao pique da montanha social, sendo bem acolhida por esses abutres que nos envergonhar quando tomam decisões doentias sem expressar as verdades históricas que provém do afastamento da massa podre do quadro social.
Ah meu Deus, consideramos isso uma descortesia política para sociedade cratense, pois conseguem arrebatar todo o patrimônio e dizem que a melhor opção que deve fazer, isso é, afastar do desenvolvimento que é direito de cada cidadão. Infelizmente, aqui eles encontram apoio moral de alguns mafiosos que chamamos de “Pequenos abutres cratenses” Facilmente se perdem por pouca coisa e iludem o povo, desviando da união entre nos cratenses, pois seria impossível controlar essa união porque não há entendimento entre os municípios, se continuarmos nessa guerra desigual.
Consideramos esses pequenos abutres como sendo elementos perniciosos e que vivem em praça pública desintegrando à sociedade, conduzindo-a para o caminho do mal.
Como eles, “os abutres”, levam vantagens (devido o fio metal, não deixam o Crato progredir), pois o povo amargurado não responde aos insultos desses homens maldosos.
Conforme a opinião dos entendidos, todos nós, os cratenses, devemos nos afastar dessa cúpula maledicente, livrando- nos do desregramento político, vez que constantemente a disparates no correr do tempo e vamos mostrar agora que há prova da maldição com o senhor que se diz ser seu médico seu amigo retirou do Crato, com a força de seu prestigio a quantia de oito milhões de reais, que seria incorporado à escola de ciências agrárias, e depositou na construção do campus universitário do Juazeiro do Norte. Isso é um desrespeito, uma afronta ao cidadão cratense, Por que ele vem buscar votos em nossa cidade.
Tudo isso é culpa nossa, por que entregamos facilmente o ouro aos bandidos e por isso perdemos vantagens fabulosas de caminharmos para no desenvolvimento. Outro dia dois abutres estiveram em um dos distritos do Crato, incentivando um movimento separatista, provocando a desigualdade e a discórdia entre os nossos habitantes.
O povo cratense deve tomar decisões e marchar firme para o futuro, sem precisar de ajuda de terceiros.
Tá na hora de dar um basta e deixar- nos em paz.

Crato-Ce 26/02/2010

Da Poesia na Música de Vivaldi

Vivaldi é o autor dos quatro famosíssimos concertos conhecidos como As Quatro Estações. Estes concertos foram publicados em 1725 com mais oito num conjunto único conhecido como Opus 8. "Opus" é um termo latino que, acompanhado de um número, indica a ordem de publicação da obra de um compositor. Opus 8, por conseguinte, foi o oitavo grupo de peças de Vivaldi, publicado com o título "Il Cimento dell'Armonia e dell'Invenzione", algo como "Experiência de Harmonia e Invenção". Aqui o termo "Invenção" afasta-se do sentido comum de engenho, imaginação para significar o desenvolvimento contrapontístico de um motivo simples.

As Quatro Estações merecem a fama. Porém sua apreciação poderia ser muito melhor se juntamente com as gravações fossem divulgados os sonetos que lhe servem de complemento. Não é preciosismo inútil: trata-se do melhor entendimento e fruição da obra, adicionando-se importante elemento para alcançar as cenas imaginadas por Vivaldi. São quatro sonetos, um para cada concerto. Talvez os ouvintes lessem-nos durante a execução, talvez alguém os recitasse ao público adequando-os ao desenvolvimento da música. O casamento entre poesia e música é tão perfeito que se reforça a presunção de autoria em relação a Vivaldi.

Entusiasmado com essa união, o pintor Jean von Blasenberghe teria preparado quatro telas, infelizmente não localizadas para este texto.

Fonte:http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=925 e outros sites.

Youtube - A Primavera - ( As Quatro Estações )




Abertura do IV Festival BNB das Artes Cênicas abrange 18 espetáculos gratuitos em três cidades


A abertura do IV Festival BNB das Artes Cênicas abrange a realização de um total de 18 espetáculos gratuitos em três cidades (nove espetáculos em Fortaleza; quatro em Juazeiro do Norte, no Cariri, região sul do Ceará; e cinco em Sousa, no alto sertão paraibano), no próximo sábado, 6, no período de 09h30 às 21h30.

Em Juazeiro do Norte, a programação começa às 15 horas do sábado, 6, com a Mostra Infantil, trazendo o espetáculo "Histórias para ouvidos pequenos", apresentado pelo contador de histórias Zé Bocca, de Votorantim (SP). O artista apresenta contos tradicionais brasileiros repletos de brincadeiras, trava-línguas e mistérios, colhidos carinhosamente em seu vasto mundo da contação de histórias. Utilizando-se de objetos em cena, ele faz com que a imaginação aconteça através desse encontro com o universo infantil. Às 16h30, as professoras Gildenária Soares e Aparecida de Moura, de Sousa (PB), ministram a oficina "Artelhaços", com a temática do palhaço.

A partir das 18 horas, na Praça Padre Cícero, acontece a Mostra de Teatro de Rua, com a apresentação do espetáculo "Circo do Sopé", pelo Circo-Escola Alegria, da Sociedade Cariri das Artes, do Crato (CE). O Circo do Sopé é a expressão do mundo alegre e multicolorido do circo, representado num precioso espetáculo de variedades, onde se destacam elementos simbólicos tradicionais como as artimanhas de palhaços equilibristas, os números aéreos em lira e tecido, além da destreza performática com malabares de fogo.

A Mostra prossegue às 19 horas com "A vingança do Finado Joaquim", da Cia. Anjos da Alegria, também do Crato (CE). O espetáculo narra a estória do Finado Joaquim, um velho fazendeiro muito rico e já falecido há muitos anos, que deixou uma botija cheia de ouro escondida para que ninguém pudesse pegá-la, pois se alguém mexesse em sua botija ele iria amaldiçoar. Foi o que aconteceu com a Rosinha, que com o intuito de ficar rica e famosa, conseguiu pôr as mãos nessa botija e foi amaldiçoada pelo Finado Joaquim, que lhe jogou uma praga de passar o resto da vida com disenteria. Rosinha, não aguentando mais a terrível dor de barriga, procura a Dona Maricota, uma curandeira que tenta desfazer o catimbó do finado. Direção: Flávio Rocha.
Fonte: Centro Cultural Banco do Nordeste

A poesia de Geraldo Urano

cai a noite no meu barraco
a cidade dorme lá embaixo
e no morro as estrelas cantam
com as minhas saudades
que vagueiam o morro
porque ela se foi
tinha tanto cabelo ela
tão sã e tão louca
minha leoa
minha leve esperança de ser feliz
comeu o meu coração e foi embora

A poesia de Geraldo Urano

a neve espalhou o crime
dos fuzis disparando alucinadamente
nos olhos do meu amor
meu pastel ficou ensanguentado
minha coca-cola derramou
a fumaça triste do meu cigarro
alcançou as estrelas
e em uma delas o meu coração ficou
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segunda-feira, 1 de março de 2010
mulheres
vestindo a bandeira do brasil
passam roliças rosadas
em pleno mês de abril
mulheres
com os seus olhos anis
em pleno abril passam
tagarelando viçosas
com os seus rabinhos

A poesia de Geraldo Urano

a liberdade tem cor de carvão
e dois peitos esplendoroso
nervosa
quem cavalga
nessa égua portentosa?
mas ela tem olhos românticos
ela ama os poetas
até os como eu
que tem medo dela
deslizando como um relâmpago
lá vai ela
sempre livre a liberdade sempre bela

Carlos Vereza



`O nome todo do ator Carlos Vereza é Carlos Vereza de Almeida. Ele nasceu no Rio de Janeiro em 4 de março de 1939.Começou sua carreira artística em 1968, atuando tanto na televisão, quanto em cinema. Fez , na TV Tupi, a novela;"Um Gosto Amargo de Festa". E no mesmo ano, em cinema fez:"Massacre no Supermercado". Logo percebeu-se sua personalidade bem marcante e ele quase sempre ganhou papeis muito fortes.Um 69 fez seu segundo filme: "O Bravo Guerreiro". Em 70 passou para a TV Globo e foi aí que fez quase toda a sua carreira. Em 71, 72, 73,74 fez as novelas:"O Cafona";"Selva de Pedra";"Cavalo de Aço"; "O Rebu". Intercalou fazendo o filme : "O Descarte". Em 75 , fez o filme:"O Esquadrão da Morte"; em 76: "Aleluia Gretchen"; em 77:"Snuff, Vítimas do Prazer". Em 78, participou da novela:"Aritana', da TV Tupi.Em 80, voltou novamente à Globo e fez trabalhos seguidos: "Coração Alado";"Jogo da Vida";"Sétimo Sentido"; "Padre "Cícero". Em 84, participou do importante filme:"Memórias do Cárcere". Em 87, fez na Rede Globo:'Direito de Amar". A seguir , fez:: "Pacto de Sangue". Em 91, atuou no filme:"Os Cornos de Cronos";depois participou da novel: "De Corpo e Alma", e continuando sempre na Rede Globo, fez:"Agosto";"Pátria Minha"; "A Madona do Cedro";"O Fim do Mundo"; "O Rei do Gado";"Hilda Furacão": "O Cravo e a Rosa"; "O Clone". Intercalou com os filmes:"O Primeiro Dia";"As Três Marias". De 2003 em diante, fez pela Globo: "Kubanacan";"Um Só Coração";"Começar de Novo"; "Sinha Moça". E , em 2006, participou do filme:"Brasília 18%". Atualmente (2007) está na novela;"Duas Caras".

O importante ator da TV Globo, quase sempre ganha papeis muito importantes e fortes, seja de bondosos ou freqüentemente de maus. Mas o importante de Carlos Vereza, que ele sempre marca muito no que faz, é lembrado e eternizado.
Associação dos pioneiros profissionais - Pró-TV

Antonio Vivaldi




O padre Antonio Vivaldi é autor de "As Quatro Estações", um dos seus concertos mais conhecidos

A música instrumental do barroco tardio deve a Vivaldi muitos de seus elementos característicos. Seus concertos foram tomados como modelos formais por vários compositores, inclusive por Bach.

Nascido em Veneza, Antonio Lucio Vivaldi era o primogênito dos sete filhos do casal Gionanni Battista Vivaldi, violinista, e Camila Calicchio. Ordenado padre em 1703, ficou impedido de celebrar a missa em decorrência de uma doença crônica, provavelmente asma. Foi nomeado mestre de violino do "Ospedalle della Pietà", uma instituição veneziana que acolhia crianças órfãs, famosa por seu conservatório musical.

Vivaldi compôs a maior parte de suas obras para a instituição e assim consolidou sua reputação como compositor e maestro. Em 1705 publicou sua primeira coleção, "Doze Sonatas para Dois Violinos e Baixo contínuo". Depois fez uma série de obras instrumentais.

Deixou seu cargo por dois anos, mas em 1711 foi novamente nomeado professor de violino. No ano seguinte publicou o "Estro armonico", uma coleção de 12 concertos. A repercussão dessa obra foi imensa em toda a Europa, como demonstra o fato de que Bach fez transcrições de seis desses concertos.

Em 1713, o diretor do coro do conservatório deixou seu posto e Vivaldi ficou encarregado de compor obras vocais sacras. Paralelamente ele começava a estabelecer relações com o Teatro de Santo Angelo. A instituição Pietà concedeu a Vivaldi uma permissão para "exercitar sua destreza" e foram apresentadas suas primeiras óperas, como "Outtone in villa" e "Orlando Furioso". Depois fez, entre outros concertos, "La Stravaganza".

Entre 1718 a 1720, Vivaldi trabalhou em Mântua, onde compôs a maioria de suas cantatas. Entre 1720 e 1723 dedicou-se à ópera. Em 1723, novamente em Veneza, na Pietà, publicou o Opus 8, que contém os concertos "As Quatro Estações". Por volta de 1729 compôs para o rei Luis 15 a mais importante de suas serenatas: "La Sena Festeggiante". Na mesma época entregou ao imperador da Áustria Carlos 6o seu Opus 9: "La Cetra".

Pouco depois publicou o Opus 10, "Seis Concertos para Flauta". A partir de 1729, parou de publicar suas obras, por perceber que era mais lucrativo vender os manuscritos a compradores particulares. Em 1730 e 1731, ficou em Praga onde compôs várias óperas e duas sonatas, encomendadas pelo conde Von Wrtby. Entre 1737 e 1739 tentou, sem sucesso, que representassem suas óperas. Em 1740 decidiu viajar para Viena, onde morreu aos 63 anos.

De sua obra conservam-se 456 concertos,73 sonatas, 44 motetos, três oratórios, duas serenatas, cerca de 100 árias, 30 cantatas e 47 óperas. Apesar da fama que gozou em vida, Antonio Lucio Vivaldi foi esquecido com o advento do classicismo. Seus originais, encadernados após sua morte em 27 volumes e vendidos a particulares, foram redescobertos somente na segunda década do século 20.

uoleducação

Ademilde Fonseca


Ademilde Fonseca 04/03/1921
Natural do Rio Grande de Norte, foi para o Rio de Janeiro em 1941, acompanhada do marido músico. Trabalhou em rádio e cantou em programas de calouros até obter sucesso com sua interpretação de "Tico-tico no Fubá" ao lado do regional de Benedito Lacerda. Com essa música gravou seu primeiro disco, em 1942, pela Columbia. Sua fama como cantora de choros aumentou e Ademilde passou a ser procurada pelos compositores para gravar suas músicas. Ficou conhecida como a Rainha do Chorinho. Depois de contratada pela Rádio Tupi, em 1944, foi acompanhada pelos grupos de Claudionor Cruz, Garoto, Waldir Azevedo, Severino Araújo, Canhoto, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Radamés Gnattali e maestro Chiquinho. Teve enorme sucesso com a gravação de outro choro clássico, "Brasileirinho", de Waldir Azevedo, em 1950. Em 1967 participou do II Festival Internacional da Canção, cantando "Fala Baixinho", de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho. Desde 1997 integra o conjunto As Eternas Cantoras do Rádio.


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Loa do Nicodemos

loa.

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meu coração
desabotoa.

Poemas do Nicodemos

me lembro um dia
meu pai jogava futebol comigo
eu tinha 6 anos
o campo era gigantesco
as traves muito altas
eu queria ser goleiro

nunca mais
joguei tão bem.

Canção de meninar - João Nicodemos

Mãe mimava a menina

Que dormia e sonhava

Com a mãe em seu colo

Que a menina ninava



Mãe me nina

Mãe menina

Mãe menina quer ninar


Mãe menina

Mãe me nina

Mãe me ensina

A serenar


Nina mãe

Mima a menina

Que suspira seu sonhar


Minha mãe

Minha menina

Minha noite de luar...

Por Nicodemos

Palavras
para lavrar
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A poesia do Nicodemos

Sexo, futebol e Poesia

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Pé de Baraúna
- Claude Bloc -

O que restava do pé de baraúna até uns 4 anos atrás

.Quando crianças, acreditamos em tudo. Nos põem medo do que não existe, criam enredos que passam pela tangente da imaginação, rebocam as paredes da nossa criatividade, sem direito a pesar ou medir o resultado do desenlace e a autenticidade dessas fantasiosas empreitadas.

.Pois foi lá em Serra Verde que me apareceu uma dessas histórias meio escabrosas a qual, na verdade, nunca quis experienciar, nem fazer o teste de S. Tomé.

Era o seguinte: todo final de tarde a turminha de irmãos, primos e amigos que passavam as férias na casa-sede com a gente, depois de um bom banho no açude, seguia em bando para passear a pé pela fazenda. Havia algumas opções para os passeios: dirigir-se à Represa (do açude) onde morava a família Carlos, João Paulo e “Sulidade”, Maria de Geraldo, João Soares e João Franco com suas devidas famílias. Ir até o engenho no mês de julho, ou simplesmente ir à bodega de Seu Moreira, pra comprar algum bombom. Ir até o Jardim, sítio dos Botelhos e Aurélios (Orelo), que ficava perto do engenho ou pros lados do Guedes, aonde depois vieram morar Mãe Cândida (Cãida) e Mãe Naninha, duas irmãs, boleiras de mão cheia. Havia também a opção de subir a ladeira da Serra, em direção à casa de Seu Manoel Dantas. Cada tarde havia, portanto, uma opção diferente para se escolher.

Nesses passeios, em cada terreiro uma saudação aos donos da casa, um gracejo, ou se ia “escruvitiar” pelo chão de terra em busca de pedrinhas coloridas ou, quem sabe, subir nos pés de cajarana em busca dos frutos de vez... Eram portanto, mil estripulias, sem contar com o drible às vacas que ruminavam pela estrada, ou pelos terreiros das casas...

Quando se ia à Represa, o passeio era mais aprazível. Seguia-se pela orla do açude, sentindo o hálito da tarde refrescando-se aos poucos até amofinar-se na boca da noite. Na hora em que os primeiros sinais da noite apareciam e os sapos e a jias começavam sua serenata inteiriça, a gente, “foi-não foi”, voltava naquela algazarra, trotando em cavalos de pau tirados da própria mata, cantando e apelidando uns e outros, mesmo que o freguês não gostasse... Atrás de nós, os rabiscos dos galhos pelo chão traçavam sonhos que mais tarde a gente buscava naquela terra como remédio para as nossas fragilidades hodiernas.

Já quase chegando em casa, subíamos a última ladeira que embeiçava o açude e fatalmente passávamos por um velho pé de baraúna, altivo e sinistro. Seu tronco ocado estava sempre quase abarrotado de pedras atiradas pelos passantes. Aquele vão no tronco da árvore parecia nunca se satisfazer, pois nunca estava completamente cheio. Naquele nosso tropel, sempre conduzimos alguma pedra na mão para ali depositarmos o que, para nós, significava uma passagem sem sustos para o que nos restava de caminho até chegarmos em casa. Assim, acreditávamos estar alimentando a árvore e dessa forma não correríamos o risco de ver a assombração que aparecia no pé de baraúna a partir do cair de uma noite fechada.

Pois é, seu João Franco e Seu Joaquim Carlos juravam ter visto sair dali, no meio da escuridão, um cachorro preto de olhos de fogo... E o bicho só parava de segui-los quando chegavam no terreiro da casa-sede. Daí......... você se arriscaria a passar lá de noite sozinho/a? Quem disse? (Eu também não!)

O que se soube foi que um dia o cachorro dos olhos de fogo “deu uma carreira” em Seu João Franco e o mordeu (não sei aonde)... E conta a lenda que toda noite de lua cheia seu João Franco virava lobisomem.

Acredita nisso? Não?

Texto e foto digitalizada por Claude Bloc