Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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.....................
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domingo, 15 de agosto de 2010

SOCIEDADE - Por Edilma Saraiva Rocha

Amigos do Crato, Peixoto e Edilma
Dois padrinhos,
Edilson filho de Edilma e os gatos de Peixoto.

Fui a uma festa em Fortaleza e encontrei um amigo especial,
Peixoto e sua filhota.



ENCONTRO COM DEUS - por Daniel Hubert Bloc Boris ( Jacques)



ENCONTRO COM DEUS

Toc toc.
_ Quem é?
_ Sou eu mãe !
_Seu filho, trazendo um saco cheio,de esperança e felicidade.
_Por onde andou?
_Andei comigo mesmo,
com os falsos amigos,com a tristeza,com a covardia, com o desencanto e o desalento, andei perambulando pelas sarjetas, pelos becos escuros, dos bares da vida, andei com o desprezo, com o orgulho, com as más companhias, com a fome e a sede, até que um dia, parei cansado...
Sem saber onde me encontrava, sentei na coxia da rua e fiquei a pensar !
Quem sou eu ?
O que fiz comigo mesmo?
Cadê meus amigos,?
Que outrora estavam à minha mesa sorrindo, bebendo,comendo dando tapinhas nas minhas costas, dizendo: esse é o cara !
Sozinho e desolado do mundo, olhei para dentro de mim mesmo e comecei a chorar.
Roguei a Deus e a Nossa Senhora, mas o silêncio era absoluto.
Comecei a rezar e rezar, mais uma vez, o silêncio era absoluto !
Rezei, rezei orei com toda minha fé.
Estava muito cansado, minha vista foi escurecendo nesse momento.
Busquei o resto de forças que ainda tinha para levantar-me, ainda com a vista turva e meio tonto, senti uma mão segurando o meu braço, ainda sem enxergar nada, disse à pessoa que me ajudava.
Pode deixar, eu estou bem...
A pessoa ao meu lado disse: ” O teu orgulho” lhe trouxe até aqui.
Senta-te no sentido contrário do caminho que tu vieste, e descansa.
Ao acordar serás um novo homem e terás um novo caminho.
Ainda segurando meu braço, essa pessoa colocou-me no sentido contrário do meu caminho e ajudou-me a sentar.
Nesse momento na escuridão da minha vista se dá um ponto de luz azul esverdeada vindo e crescendo em minha direção, uma luz translúcida, trazendo com ela um vento morno e ventilado ao mesmo tempo , de repente me vejo em pé , ao meu redor tudo escuro, na minha frente aquela luz magnífica, de cor deslumbrante e suave.
Sinto nesse momento o meu corpo adormecido e da luz começam a aparecer imagens:
apareceu meu pai e minha mãe de mãos dadas, depois apareceu uma criança sorrindo, apareceu um homem sozinho, todo suado construindo um castelo, apareceu uma mulher dando de mamar a duas crianças, uma negra e outra branca, apareceu uma cruz inacabada com as ferramentas ao seu redor , apareceu uma igreja cheia de animais e por último apareceram dois caminhos bifurcados totalmente iguais, e neles tinha uma única placa dizendo:
Você é quem faz o seu caminho.
Mal li a placa, a luz foi se apagando lentamente.
Ao acordar, ainda meio tonto, levantei-me e quando dei o primeiro passo, pisei de mau jeito e caí,
quando um velho esmolé com os olhos castanhos cor de mel e avermelhados, todo sujo e fedorento deu-me a sua mão e ajudou-me a levantar.
Perguntei onde eu estava, ele me respondeu:
-Onde você estava eu não sei, mas sei para onde vai.
Perguntei novamente então: pra onde vou?
Ele tocou-me no rosto com a mão suja, mas suave e disse com lagrimas nos olhos:
Você descobriu o seu verdadeiro caminho, a sua Família.
Então ele pediu-me para ajudá-lo a sentar, quando terminei de ajudá-lo, ele me pediu uma esmola, abri minha carteira, procurei umas moedas, mas só tinha uma de cinco centavos e uma cédula de dez reais, tive vergonha de dar a moeda de cinco centavos, retirei então a cédula de dez e lhe entreguei, e ele disse:
-Me dê a moeda de cinco centavos, que para mim é o suficiente e os dez reais lhe faltarão. Não sei como, mas ele sabia que eu tinha essa moeda, então entreguei-a.
Ele disse: agora vá!
Dei uns três ou quatro passos quando ele disse:
"não foi um sonho" e sorriu para mim, dei mas dois ou três passos e virei-me para agradecer-lhe
mas ele já não se encontrava lá.
Quando cheguei na calçada, na porta da minha casa, encontrei uma moeda de cinco centavos.
Reencontrei-me comigo mesmo.
Esse é o meu novo caminho.
A minha Família e os verdadeiros amigos.
Obrigado Mãe Maria Mãe.
Obrigado meu Deus.


Daniel Hubert Bloc Boris ( Jacques)
Não sei, não sei mais...
- Claude Bloc -
Um pouco de sol,
céu de quase setembro,
Um gole, um desgosto redondo se afoga,
Por onde procuro meus sonhos de agosto?,
Será que eu ando esperando demais?

Não sei, não sei mais
onde vou procurar
os largos sorrisos que eu dispersei...
Estarão pelas ruas por onde passei ?

Não sei, não sei mais...
onde vou encontrar
meu pingo de sorte,
para sobreviver
pra poder reviver
a cor desses mares
o som das estrelas.
num sonho qualquer...
Claude Bloc

MOÇA DO CRATO - Por Edilma Saraiva Rocha

Hoje coloquei flores
para lhe receber com o coração
A casa mudou...
retirei tudo do lugar habitual.
Queria mudanças!
Ler os poemas das madrugadas
com calçadas desertas
brisa fria de Agosto,
cama vazia e recheada de paz.
Olhar pela janela aberta e ver as estrelas
esperando a lua fora do seu tempo...
La longe o som da serenata imaginária.
No cavalo branco
a chegada do meu príncipe encantado,
e no abraço apertado
o beijo de amor tão esperado.
Escreve pra mim
que quero ler você.

Com Ed Lincoln – O ganso

Essa foi do fundo do baú...

Nós dois - com Sílvio Cesar

Um beleza de letra...



Nós dois

Nós somos como dois irmãos
Que brigam pra depois chorar
Vivemos como dois cristãos
Pecando pra depois rezar
Nós somos como o sol e a flor
Bem juntos pra se completar
Eu, sol já sem muito calor
Você é flor sem perfumar
Nós somos como dois botões
Sem casas pra poder viver
Vivemos como dois tostões
Juntinhos pra poder valer
No fundo somos dois guris
Que brigam sem saber por quê
Você só faz gostar de mim
E eu de você.

Se tiver de ser - com Sílvio Cesar e Ed Lincoln e seu conjunto

Quanto tempo faz que você não ouve esta música?


Moço Velho - Sílvio Cesar

Tem-se falado tanto ultimamente em "velho e em novo"... isso e aquilo...
Trouxe hoje a música e a letra da música de Sílivio Cesar: Moço Velho
Vejam que beleza de composição:

Moço Velho

Eu sou um livro aberto sem histórias,
um sonho incerto sem memórias,
um passarinho que pousou.
Eu sou um porto amigo sem navios,
um mar abrigo a muitos rios,
eu sou, apenas, o que sou.
Eu sou um moço velho que já viveu muito,
que já sofreu tudo e já morreu cedo.
Eu sou um velho moço que não viveu cedo,
que não sofreu muito e não morreu turdo.
Eu sou alguém livre.
Não sou escravo e nunca fui senhor.
Eu, simplesmente, sou um homem
que ainda crê no amor.

Sílvio Cesar - O velho moço


Em 1959/60 já cantava na noite carioca. Em 1961/2 nos bailes da vida, com a orquestra de Waldemar Spilman e, depois, no conjunto de Ed Lincoln, com quem inicia uma brilhante trajetória de compositor em músicas como: "Nunca mais", "Olhou pra mim", "É o Cide", por exemplo.
No mesmo ano, Ed Lincoln produz o primeiro disco de Silvio: "AMOR DEMAIS", na Musidisc, onde aparecem os sucessos: "O que eu gosto de você", "Conselho a quem quiser voltar", "Preciso dar um jeito", "Eu te agradeço", entre outros. Depois de dois LPs na Musidisc, vai para a Odeon onde fica por 12 anos, lançando, entre muitas, a canção "Pra você", de sua autoria, gravada em 1965 e que permanece até hoje como um hino ao amor e à esperança.

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A televisão, em ascenção no Brasil, nos anos 60, teve grande influência na carreira de Silvio, incentivando-o a tomar aulas de dança e expressão corporal, para poder participar da programação musical das emissoras, influenciadas, na época, pelos musicais de Hollywood. Na TV Tupi, Silvio, entre outras coisas, comandou o programa "A Grande Parada". Da televisão ao teatro foi um pulo. Convidado por Abraham Medina e Carlos Machado faz, no Teatro República - no Rio, os musicais "Arco-Iris" e, logo após, "O teu cabelo não nega", no qual tem a honra de dividir o palco com Grande Otelo.
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Do Teatro ao Cinema, outro pulo. Produzido por Jarbas Barbosa e dirigido por Aurélio Teixeira, faz o filme " Na onda do Yê-Yê-Yê" ao lado de Renato Aragão e Dedé Santana. Além de fazer o papel principal, Silvio compôs, com Ed Lincoln, a trilha sonora do filme e o tema central " Mônica" , que logo se tornou um sucesso nacional. Silvio escreveu, ainda, as trilhas sonoras dos filmes "Essa gatinha é minha", de Jece Valadão e " Mineirinho- vivo ou morto", de Aurélio Teixeira.
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Neste último surgiu uma das nossas maiores atrizes de cinema: Leila Diniz. Entre 1968 e 1973 - São Paulo, TV Record. Era a época áurea dos musicais: " O Fino da Bossa", " Esta noite se Improvisa", "Show do dia 7", "Jovem guarda", etc.
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A vida torna-se uma verdadeira roda-viva, com as aparições constantes na programação da Record e a participação fixa no seriado "Quartel do Barulho", com Rena
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to Aragão e Dedé Santana e que seria o embrião do mais tarde famoso "Os Trapalhões". As viagens tornam-se frequentes. Numa dessas, Silvio vai a Acapulco representar o Brasil com a canção "Porque?"- cantada por Agnaldo Rayol - no Festival do "Ano Internacional da Comunicação", onde Pelé foi a figura central.
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Com tudo isso, Silvio Cesar ainda encontra tempo e inspiração para criar algumas jóias da nossa música: " Cantiga antiga" (com Sylvan Paezzo), " Eu quero que você morra", " A minha prece de amor", "Vamos dar as mãos", "Você não "tá" com nada", " O Moço-Velho", "Maria, Maria, Maria", "O machão", "Verde e Rosa" (em homenagem à Mangueira), "Levante os olhos", "Agarre seu homem" (com Ronaldo Bôscoli)," A mais antiga profissão", e várias outras.
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Muitas delas foram aproveitadas em novelas de televisão, como: "Simplesmente Maria", " Bandeira 2", "Duas vidas", "Te contei?"," O Jogo da vida", "Tudo ou Nada", para citar algumas.
Bem, esse foi o começo. A continuação, todos já sabem.


http://silviocesar.com/biografia.htm

Vida itinerante de uma bancária (X) - por Socorro Moreira


outubro de 1983
Depois de percorrer o sul de Minas , atravessei os limites do estado do Rio de Janeiro, e fui me aproximando de Macaé.
Estava deveras curiosa. O Rio era um Estado que me encantava.
Como seriam as cidades do interior,  praianas? Queria conhecer Rio das Ostras, Cabo Frio, Saquarema, Umuarama e Macaé !
Choquei-me com  a exploração petrolífera, que diziam ter mudado a personalidade física da cidade, além de um custo de vida,  altíssimo !
Optei em morar na pousada de um espanhol. Funcionários da Petrobrás, aviadores, também se hospedavam lá.
Senti falta  dos coqueiros do Nordeste. As águas eram frias , e os pinheiros me reportavam a um recanto do Paraná, como bem dizia a música de Djavan.
Foi a primeira Agência  que me deu uma oportunidade concreta ! O Gerente, mal cheguei  ,designou-me para fazer curso de caixa , no Rio de Janeiro. Passei no Itajubá, Cinelândia, 30 inesquecíveis dias. 
Com um intervalo , na casa da minha amiga Graça. E foi lá ,que aconteceu-me uma surpresa . Adivinhem quem veio para almoçar?
Salatiel e o seu violão ! 
Saíamos em grupo todos os dias depois do curso. Do Café Nice ao Maracanã.Voltei pronta para o atendimento ao público. Estava às voltas com  a autenticação de papeis de caixa, pagamentos  e recebimentos, e comecei a sofrer a tensão diária : será se o caixa  vai bater ? Morria de medo de encarar as diferenças. 
Fui lotada  num posto de serviço da Petrobrás. A clientela era toda de funcionários daquela empresa. Um público exigente, mas  interessante !
Na pousada jogava cartas com o pessoal, e , se ganhava uns trocados, perdia também apenas umas moedinhas. O apurado no jogo era gasto no supermercado. Com o produto das compras fazíamos um jantar coletivo. Era legal !
As meninas e meninos do Banco, jogavam voley de praia, e eu até arrisquei, mas decididamente não levava jeito.
Em contrapartida,  vivi  a experiência  noturna, de pesca de camarão, numa noite de lua cheia. Inesquecível !
Macáe tinha uns barzinhos , tipo PUBs, e um estilo de vida meio americanizado, com a presença das offshores, que serviam de apoio à Petrobrás. Não entrei na intimidade dos nativos. Cheguei e voltei estrangeira. Mas guardo uma lembrança carinhosa da turma do Banco : Lina, Sônia ...
Viajava bastante nos finais de semana . Ora  para ver um show no Rio, ora  para curtir cidades como  Friburgo, Teresópolis , Petrópolis, Búzios, e até Paraty e Angra.  
Mal me adaptara, fui nomeada supervisora de Mauriti, no Ceará.
As vantagens  somadas às economias ,  correspondiam a uma boa grana. Liguei pro meu pai, e questionei : compro um carro zero ou viajo por aí, até  a grana acabar? Ele riu e disse: faça o que for melhor pra você ! E assim decidi:  Pai, pegue um avião  e chegue . O senhor será meu companheiro de aventura . Ele não  pensou duas vezes. Chegou , e começamos a nossa excursão, que pretendo contar, no  próximo  capítulo ...!

Por Norma Hauer

DOIS PORTUGUESES E UMA SÓ DATA
Eles nasceram em um 15 de agosto, ambos em Portugal e ambos vieram para o Brasil, aqui viveram, foram cantores e atuaram em nossas emissoras de rádio.
O primeiro que aqui chegou, depois do pioneiro Manoel Monteiro, foi JOAQUIM PIMENTEL, nascido em um 15 de agosto, cujo ano desconheço. O outro, FRANCISCO JOSÉ, também nascido em 15 de agosto, do ano de 1924.

JOAQUIM PIMENTEL nasceu na freguesia de Cedofeita, do Porto, cidade onde se dedicou à prática do atletismo no Clube Académico.
Começa por cantar fados e tangos como amador.
.
Em 1934 foi convidado para vir ao Brasil (Rio de Janeiro e S. Paulo) com alguns nomes consagrados do fado.
. Essa viagem determinou, aliás, o futuro de Joaquim Pimentel, que em 1939 voltou ao Brasil para aqui permanecer até 1946, ano em que regressou a Portugal e atuou no Teatro Avenida.
Mas em 1947 parte uma vez mais e então para se radicar definitiva¬mente ao Brasil..
Depois de largos anos de atuações em espetáculos, na rádio e na televisão do Rio de Janeiro, onde também praticou remo no Clube Vasco da Gama, Joaquim Pimentel instalou-se em S. Paulo, dedicando-se à exploração da Adega Lisboa Antiga.

Aqui no Rio trabalhou por muitos anos na Rádio Vera-Cruz, como radialista e cantor,
Como compositor, compôs vários fados para Amália Rodrigues e seu
maior sucesso nessa categoria foi o fado “Só Nós Dois”, também gravado por Francisco José.

SÓ NÓS DOIS

“Só nós dois é que sabemos
O quanto nos queremos bem
Só nós dois é que sabemos
Só nós dois e mais ninguém...”

FRANCISCO JOSÉ, nasceu em Évora, Portugal recebendo o nome de Francisco José Galopim de Carvalho.
Estreou artisticamente no baile de finalistas do seu Liceu, mas só em 1948 iniciou carreira profissional, depois de a

Em 1954 veio para o Brasil sem imaginar que acabaria por se fixar definitivamente aqui , porém somente em 1961 gravou seu primeiro disco, obtendo sucesso talvez inesperado.
Foi com “”Olhos Castanhos” que abriu seu mercado entre nós. vendendo um milhão de cópias.
Embora fixasse residência no Brasil, regularmente ia a Portugal, apresentando-se na TV portuguesa.

Seus maiores sucessos, além de “Olhos Castanhos” foram “Foi Deus”; “Como Tudo Isto é Fado” e “Nem Às Paredes Confesso”.

Francisco José regressou a Portugal, onde faleceu.

Norma

Palavrões - de Millôr Fernandes



Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. "Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!". E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?

Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.

Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas.Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade. E...foda-se!"
(Texto de Millôr Fernandes)

De Millôr Fernandes

Poeminha de Insatisfação Absoluta

O que me dói
É que quando está tudo acabado
Pronto pronto
Não há nada acabado
Nem pronto pronto
Pintou-me a casa toda
Está tudo limpado
O armário fechado
A roupa arrumada
Tudo belo, perfeito.
E no mesmo instante
Em que aperfeiçoamos a perfeição
Uma lasca diminuta, ténue, microscópica,
Não sei onde,
Está começando
Na pintura da casa
E as traças, não sei onde,
Estão batendo asas
E a poeira, em geral, está caindo invisível,
E a ferrugem está comendo não sei quê
E não há jeito de parar.

Millôr Fernandes, in "Pif-Paf"

Fábula de Millôr Fernandes

O Rei dos Animais

Millôr Fernandes


Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: "Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais?" O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: "Claro que é você, Leão, claro que é você!".

Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: "Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão?" E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: "Currupaco... não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?".

Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: "Coruja, não sou eu o maioral da mata?" "Sim, és tu", disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. "Tigre, - disse em voz de estentor -eu sou o rei da floresta. Certo?" O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, rugindo contrafeito: "Sim". E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o leão se afastou.

Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o elefante. Perguntou: "Elefante, quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor de árvores e de seres, dentro da mata?" O elefante pegou-o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e ensangüentado, levantou-se lambendo uma das patas, e murmurou: "Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado".

M O R A L: CADA UM TIRA DOS ACONTECIMENTOS A CONCLUSÃO QUE BEM ENTENDE.


Este texto foi extraído de um dos mais geniais livros de Millôr: "Fábulas Fabulosas", editado por José Álvaro - Rio de Janeiro, 1964, pág. 23.


Millôr Fernandes



Nasceu Milton Viola Fernandes, tendo sido registrado, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr, o que veio a saber adolescente. Aos dez anos de idade vendeu o primeiro desenho para a publicação O Jornal do Rio de Janeiro. Recebeu dez mil réis por ele. Em 1938 começou a trabalhar como repaginador, factótum e contínuo no semanário O Cruzeiro. No mesmo ano ganhou um concurso de contos na revista A Cigarra (sob o pseudônimo de "Notlim"). Assumiu a direção da publicação algum tempo depois, onde também publicou a seção "Poste Escrito", agora assinada por "Vão Gogo"..

Em 1941 voltou a colaborar com a revista O Cruzeiro, continuando a assinar como "Vão Gogo" na coluna "Pif-Paf". A partir daí passou a conciliar as profissões de escritor, tradutor (autodidata) e autor de teatro.

Já em 1956 dividiu a primeira colocação na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires com o desenhista norte-americano Saul Steinberg. Em 1957, ganhou uma exposição individual de suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Dispensou o pseudônimo "Vão Gogo" em 1962, passando a assinar "Millôr" em seus textos n'O Cruzeiro. Deixou a revista no ano seguinte, por conta da polêmica causada com a publicação de A Verdadeira História do Paraíso, considerada ofensiva pela Igreja Católica.

Em 1964 passou a colaborar com o jornal português Diário Popular. Em 1968 começou a trabalhar na revista Veja, e em 1969 tornou-se um dos fundadores do jornal O Pasquim.

Nos anos seguintes escreveu peças de teatro, textos de humor e poesia, além de voltar a expor no Museu de Arte Moderna do Rio. Traduziu, do inglês e do francês, várias obras, principalmente peças de teatro, entre estas, clássicos de Sófocles, Shakespeare, Molière, Brecht e Tennessee Williams.

Depois de colaborar com os principais jornais brasileiros, retornou à Veja em setembro de 2004, deixando a revista em 2009 devido a um desentendimento acerca da digitalização de seus antigos textos, publicados sem autorização no acervo on-line da publicação.

wikipédia

Oscarito



Oscarito, pseudônimo de Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción Teresa Diaz (Málaga, 16 de agosto de 1906 — Rio de Janeiro, 4 de agosto de 1970) foi um ator hispano-brasileiro, considerado um dos mais populares cômicos do Brasil. Ficou famoso pela dupla que fez com Grande Otelo, em comédias dirigidas por Carlos Manga e Watson Macedo.

Glauce Rocha


Glauce Rocha (Campo Grande, 16 de agosto de 1930 — São Paulo, 12 de outubro de 1971) foi uma atriz brasileira.

Segundo sua sobrinha, Leonora Rocha, a data de seu nascimento é discutida: "Há uma história de que minha avó teria modificado a data de nascimento para que Glauce pudesse entrar mais cedo na escola".

Seus pais eram Leopoldino de Araújo Rocha, soldado que veio de Alagoas muito jovem, e Edelweiss Ilgenfritz Rocha, gaúcha que foi criada em Campo Grande. Se casaram em Campo Grande e tiveram cinco filhos, dois homens e três mulheres, sendo Glauce a caçula. No colégio Júlio de Castilhos teve como colega de sala o futuro ator Walmor Chagas. No Conservatório Nacional de Teatro teve aulas com Ester Leão, Maria Clara Machado e Luísa Barreto Leite. Começou apresentando peças teatrais infantis. No início, entre 1950 e 1951, era uma das integrantes do Grupo Os Fabulosos. Sua primeira aparição profissional no teatro foi com a Companhia de Teatro de Alda Garrido, em 1952, no Rio de Janeiro. Interpretou Rosinha na peça Madame Sans Gene. O filme Rio, 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos(1955), do qual ela participou, foi proibido em todo o território nacional pelo conteúdo "comunista". E ficou gravada uma frase de Glauce, dita ao coronel Meneses Cortes, responsável pela proibição do filme:

- "Olha, o Sr. me dá licença de acreditar na natureza humana?".

Sua preocupação constante com a saúde tornou-se mais acentuada após a morte da mãe, menos de um ano antes da sua. Glauce passou a colecionar tudo o que falasse sobre enfarte do miocárdio. E esse foi o mal que a levou precocemente, aos 40 anos. Ou 38, como alguns afirmam. Seu último trabalho foi na novela O hospital, na TV Tupi, que ela não chegou a concluir. Faleceu às 17h15 do dia 12 de outubro de 1971, na Unidade Cardiológica da Alameda Santos, em São Paulo. Os jornais deram como causa da morte o excesso de trabalho. O corpo de Glauce foi velado em São Paulo mas sepultado em Campo Grande, conforme seu desejo.
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Jonh Pemberton


John Stith Pemberton (Knoxville, no Condado de Crawford, 8 de janeiro de 1831 – 16 de agosto de 1888) foi um farmacêutico e inventor estadunidense responsável por ser o criador da fórmula de uma bebida que esta presente nas geladeiras de milhares de pessoas, a Coca-Cola.

O jovem tendo a idade de 19 anos, ganhava sua graduação em medicina e igualmente recebeu qualificação voltada para a farmácia. Após voltar como um herói da Guerra Civil, ele assumiu uma nova paixão: criar uma nova bebida que seria um tanto refrescante, quanto uma bebida que serviria de remédio para dor de cabeça. E então, um dia, em maio de 1886, no interior de sua oficina, ele criou o primeiro lote de que se transformaria na maior bebida refrescante, a Coca-Cola.

Ele era um prático farmacêutico e químico de grande talento, toda a sua vida ativa na reforma médica, e um empresário respeitado. Suas mais duradouras realizações envolvem laboratórios, que ainda estão em operação mais de 125 anos. Mais tarde, Pemberton cresceu e frequentou a escola local, onde sua família viveu por quase trinta anos.

Ele estudou medicina e farmácia na Reforma Medical College of Georgia, em Macon, e em 1850, com a idade de 19, ele estava licenciado para a prática de princípios sobre Thomsonian ou botânicos (tais praticantes depender quase exclusivamente das ervas de remédios e depurar o organismo de toxinas e eram vistas com desconfiança pelo público em geral). Ele praticava medicina e cirurgia primeiro em Rome e seus arredores e, em seguida, em Columbus.

Pemberton serviu com distinção como um tenente-coronel do Terceiro Batalhão Cavalaria Geórgia durante a Guerra Civil (1861-1865) e foi quase morto durante os confrontos em Colombo em abril de 1865. Morreu com 57 anos de idade, no dia 16 de Agosto de 1888

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Eça de Queirós


José Maria de Eça de Queirós[nb  (Póvoa de Varzim, 25 de novembro de 1845 — Paris, 16 de agosto de 1900) é um dos mais importantes escritores lusos. Foi autor, entre outros romances de importância reconhecida, de Os Maias e O crime do Padre Amaro; este último é considerado por muitos o melhor romance realista português do século XIX.

Elvis Presley

Elvis Aaron Presley (East Tupelo, Mississippi, 8 de janeiro de 1935 — Memphis, 16 de agosto de 1977) foi um famoso músico e ator, nascido nos Estados Unidos da América, sendo mundialmente denominado O Rei do Rock, também conhecido pela alcunha de Elvis The Pelvis, apelido pelo qual ficou conhecido na década de 50 por sua maneira extravagante e ousada de dançar. Uma de suas maiores virtudes era a sua voz, devido ao seu alcance vocal, que atingia, segundo especialistas, notas musicais de difícil alcance para um cantor popular. A crítica especializada reconhece seu expressivo ganho, em extensão, com a maturidade; além de virtuoso senso rítmico, força interpretativa e um timbre de voz que o destacava entre os cantores populares, sendo avaliado como um dos maiores e por outros como o melhor cantor popular do século 20.

Elvis tornou-se um dos maiores ícones da cultura popular mundial do século XX. Entre seus sucessos musicais podemos destacar "Hound Dog", "Don't Be Cruel", "Love me Tender", "All Shook up", "Teddy Bear", "Jailhouse Rock", "It's Now Or Never", "Can´t Help Falling In Love", "Surrender", "Crying In The Chapel", "Mystery Train", "In The Ghetto", "Suspicious Minds", "Don't Cry Daddy", "The Wonder Of You", "An American Trilogy", "Burning Love", "My Boy" e "Moody Blue". Na Europa, canções como "Wooden Heart", "You Don't Have To Say You Love Me", "My Boy" e "Moody Blue" fizeram sucesso. Particulamente no Brasil, foram bem-sucedidas as canções "Kiss Me Quick", "Bossa Nova Baby", "Bridge Over Troubled Water".

Após sua morte, novos sucessos advieram, como "Way Down" (logo após seu falecimento), "Always On My Mind", "Guitar Man", "A Little Less Conversation" e "Rubberneckin". Trinta anos depois de morrer, Presley ainda é o artista solo detentor do maior número de "hits" nas paradas mundiais e também é o maior recordista mundial em vendas de discos em todos os tempos com mais de 1 bilhão e meio de discos vendidos em todo o mundo.

wikipedia

Dorival Caymmi


Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914 — Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008) foi um cantor, compositor, violonista, pintor e ator brasileiro.

Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos em consequência de um câncer renal que possuía há 9 anos.. Permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como Saudade de Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, Rosa Morena.

Filho de Durval Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris. Todos os seus três filhos são também cantores: Dori Caymmi, Danilo Caymmi e Nana Caymmi.
wikipédia

Cristo Rei

Acabei de deixar o meu pequeno
na catequese. O que mais lhe
apetece (sei muito bem)
são as princesinhas
da sua sala.

Levou consigo debaixo do braço
a Bíblia, o terço e um lápis.

A sua felicidade estampada
(percebo) não é a leitura
dos salmos tampouco a novena
ou os lúdicos desenhos de Jesus.

O meu pequeno levita antes
de pisar à porta da capela
ansioso por encontrar logo
à primeira vista
aquela sua coleguinha
tão delicada, perfumada
sempre a cumprimentá-lo:
"oi, coisinha, tudo bonzinho?"

O meu filho (já prestei atenção)
morde os lábios, enrubesce, treme
as mãos e as pernas e responde
de forma quase inaudível:
"tudo bom, Janaína..."

Uma lágrima nasce no seu olho.
Mas não se derrama pela face.

O meu filho igual ao pai
é um sonhador apaixonado.

Sabe como demonstrar afeto,
recolher-se

e permitir aos sonhos
asas douradas de Querubim.

Vejo que o seu anjinho da guarda
um tanto enciumado faz bico.

uxo-lhe pelo braço (enérgico)
digo-lhe aos ouvidos: "toda pureza é bela
sem nenhuma queixa ou maus pensamentos"

O anjinho da guarda
tem noção do perigo.

Sorri delicado,
sussurra de volta:
"na paz, poeta
não esquenta"

Todos felizes
à porta da capela:
meu filho,
sua princesinha,
o anjinho da guarda.

Nessas horas é uma dádiva celestial
ter trânsito livre entre margens
etéreas e de sarça ardente.

Para Dihelson, meus parabéns!!

Rosas vermelhas
dia de sol
mês de agosto
clave de sol
a festa existe
nas cores, nos sons
aniversário
isso é tão bom
verde-esperança
céu tão anil
muita alegria
você vê, você viu?
Então essas rosas
são para você
Felicidades!
(a gente se vê)...


Abraço,


Claude

Orestes Barbosa por Norma Hauer

CHÃO DE ESTRELAS
ORESTES BARBOSA

Era o dia de Nossa Sra.da Glória; nessa data (15 de agosto de 1966) chega ao fim a vida de um dos mais férteis letristas de nossa música popular : ORESTES BARBOSA.
Autor de versos maravilhosos, muitos musicados por Francisco Alves (14), outros por Sílvio Caldas (também 14) e inúmeros outros compositores.

ORESTES foi autodidata e muito cedo começou no jornalismo, sendo sempre um lutador pela democracia, a ponto de, em 1945, fundar um jornal exatamente com o nome de "Democracia", que não durou muito, mas foi combativo quando estávamos saindo da ditadura Vargas e enfrentaríamos as primeiras eleições livres.

A primeira gravação de uma composição sua foi "Flor do Asfalto", com J.Thomaz, gravada por Francisco Alves em 1928. Chico só passou a fazer parceria com Orestes em "Abelha da Ironia"(1932).
Seguiram “”A Mulher que Ficou na Taça; “Não Sei”; “Romance”;. “Dona da Minha Vontade”; “Por Teu Amor”...

A primeira parceria com Sílvio Caldas foi em 1934, com "Soluços", gravação de Floriano Belham, um cantor que não ficou muito conhecido, mas gravou alguns sucessos.

Somente em 1936, Sílvio começou a gravar Orestes Barbosa, com "Santa dos Meus Amores".
No ano seguinte gravou, pela primeira vez, o clássico "Chão de Estrelas", tendo na outra face do disco de 78 rotações outra valsa: “Arranha-Céu”!.
Seguiram várias outras tais como “O Nome dela eu Não Digo”;“Quase que eu Disse”; “Serenata”... e em 1938 “Suburbana”.
Nesse ano, tiveram uma desavença e a valsa "Vestido das Lágrimas" última parceria da dupla, foi gravada por Floriano Belhem, tendo na outra face a também valsa da dupla “Soluços”.

Somente em 1952 Sílvio gravou “Vestido das Lágrimas”, em seu primeiro LP.

Quando do centenário de nascimento de Orestes (7 de maio de 1994) a Caixa Econômica, pelo fato de ele ter uma composição com esse nome, fez uma homenagem especial a Orestes, em sua agência no Boulevard, na qual Sílvio Caldas, já com 86 anos, interpretou "Chão de Estrelas "(o óbvio) e "Serenata"(outra valsa da dupla Orestes e Silvio Caldas, de difícil interpretação).
Foi a última vez que vi Sílvio Caldas e penso que foi sua última apresentação em público.
Nessa mesma festa, Roberto Barbosa, neto de Orestes, lançou um livro sobre seu avô, com o nome de "Passeio Público", no qual se podem conhecer as várias etapas da vida de Orestes e a relação de todas suas composições.
Ali confirmamos que a primeira gravação de uma composição sua foi exatamente "Flor do Asfalto", com J.Thomaz, gravada por Francisco Alves .

Na capa do livro de Roberto Barbosa tem o manuscrito de "Chão de Estrelas", que desmente uma informação que Sílvio Caldas gostava de repetir dizendo que o nome "Chão de Estrelas" fora dado à composição por Guilherme de Almeida, porque a música chamar-se-ia "Sonoridade que Acabou".
Conversando a esse respeito com Roberto Barbosa, ele disse que Sílvio gostava de "inventar" histórias.

Ambos e mais Francisco Alves hoje se encontram “do outro lado da vida” , mas suas passagens por este mundo foram de grande riqueza para nossa música popular.

Norma

Colaboração de Jair Rolim


"O Povo"

NOSSO VELHO QUERIDO

Na luta que temos para a promoção da saúde e prevenção das doenças nas idades extremas da vida – infância e velhice – é que encontramos as barreiras mais complexas e desafiantes.

E, das idades extremas, a velhice no Brasil é a mais carente de ajuda e de suporte. No racional e cruel jogo das prioridades, simplesmente "elimina-se" o velho.

As barreiras psicossociais são graves e importantes na medida em que há uma profunda mudança no comportamento do próprio indivíduo ao atingir a velhice ao lado da clássica e criticável atitude de rejeição dos familiares, ainda comum em algumas sociedades do mundo. No Brasil estamos, felizmente, começando a melhorar.

A causa fundamental dessa mudança comportamental é o medo que muitos temos da velhice. Medo biológico da deficiência ou incapacidade funcional de todos os nossos órgãos vitais e da vida em relação ao meio exterior. Medo fisiológico da diminuição das motivações orgânicas, determinantes que são as mais preocupantes para os homens em geral. E há, também, o medo da ociosidade, da dependência, da segregação familiar e da sociedade. Chegar ao momento do "nada fazer" e do "nada poder fazer" é uma cruel antevisão do homem maduro no mundo moderno. Quando as taxas de desemprego atingem valores insuportáveis, essa situação agrava-se ainda mais.

As barreiras orgânicas, representadas pela patologia das células e dos órgãos envelhecidos são de enorme complexidade pelo pouco conhecimento que a ciência dispõe sobre as causas fisiopatológicas do processo de envelhecimento protoplasmático e, principalmente, sobre a sua morte.

Várias e graves doenças acontecem após os 50 anos de idade acometendo os sistemas cardio-vascular, endócrino, urinário, respiratório, digestivo, músculo-esquelético e metabolismo. Sem esquecer, naturalmente, o estigma do câncer que, inexoravelmente, aparece com maior freqüência à medida que avançamos nos anos. As ciências médicas não conseguiram ainda aquele progresso que desejávamos no tratamento dessas inúmeras doenças mas o progresso nessa década passada foi muito estimulante.

As barreiras funcionais ainda são muito complexas pois há uma grande inadequação gerencial na administração dos problemas dos indivíduos da terceira e quarta idades e a não utilização da Promoção da Saúde e dos devidos níveis de atenção da saúde da população.

O Censo Brasil 2010, iniciado este mês, será de enorme importância para comprovar o progresso de nossos idosos. E em 2020 estaremos aqui, novamente, para comentar as melhorias alcançadas. De acordo?

Dr. Antero Coelho Neto

Médico e Professor

Zodíaco - Emerson Monteiro

Na década de 70, Salvador fora contemplada com a agência mais luxuosa do Banco do Brasil. Construída na artéria principal do Comércio, Avenida Estados Unidos, defronte ao porto, é um prédio monumental, todo revestido de mármore branco, de nove andares, que, em 1977, abrigava em torno de 500 funcionários. No andar superior, situava-se o auditório e o restaurante, este palco do que irei agora narrar:
Escolhido para assistir o inspetor Mário Jofre, mineiro de quatro costados que inspecionava a CACEX da agência, lá um dia almoçávamos no restaurante, o que costumávamos fazer durante sua estada na Bahia.
Ele havia pedido um bife mal passado, mas um único bife, que ocuparia o prato inteiro, acostumado a comer toda vez em que presenciei.
E enquanto esperávamos as refeições, aproximou-se um colega com quem desenvolvi rápida conversação a propósito de astrologia, horóscopo, essas coisas que, houve um tempo, me interessaram.
O inspetor prestou alguma atenção ao assunto. Quando o colega se afastou, quis ele saber se eu possuía conhecimento de signos. Respondi que sim, apenas qualquer. Então veio perguntando à queima-roupa:
- Pois dia a qual signo eu pertenço? – isto na mesma ocasião chegava o garçom trazendo o prato repleto da carne que ele pedira.
- Bom, inspetor, pelo prazer que o senhor tem de comer carne quase viva, deve ser Leão – respondi no chute, sem muita demora.
Com a resposta, o homem quase esquece o alimento à sua frente, alardeando em voz alta as minhas qualidades de conhecedor de signos, etc., na maior das alegrias.
Nisso, bem naquele movimento, vem chegando Brito, o gerente adjunto responsável pelo pessoal da agência, dotado da fama de austero, executivo competente, típico das empresas grandes. Mediante a cena, o inspetor se dirigiu a ele já contando da minha capacidade em adivinhar o signo das pessoas, propagando uma fama recém adquirida.
Brito chegou calado e sentou à mesa conosco, sério, cara dura, sua característica, para, mantendo a pose, deflagrar:
- Sendo assim, diga qual o meu signo. - Imaginem a tal situação em que me vi, naquele momento, metido até o pescoço numa sinuca de bico.
Dentro de período curto, sem tergiversar, reuni os elementos que o juízo ofereceu e fui respondendo:
- Bom, deve ser Gêmeos ou Balança.
Quase no susto, vi a surpresa tomar de conta da fisionomia grave do gerente e escutei outra pergunta, agora admirada: - Por que Balança, por que Balança?
- Pelo seu jeito ponderado, equilibrado, de fazer o que faz – revidei, liberando a apreensão do imprevisto.
Nessa hora, terminava a refeição e, temendo novas indagações, cuidei de saltar fora, alegando compromissos de urgência. Vejam só, nem eu sabia dessas minhas qualidades de adivinho, demonstradas ao acaso da situação.

Vida itinerante de uma bancária(IX)- por Socorro Moreira

Abril de 1983

Banco do Brasil , Agência de Juazeiro do Norte.

Um retornar ligeiro ao Cariri, motivada   pela falta do aconchego familiar. O Crato é ponto de reunião , conciliação entre trabalho e família., mas, já tenho tempo suficiente de Banco para desejar prosseguir na carreira...Impasse !
Morando no Crato e trabalhando no Juazeiro , a vida correu por 6 meses. Aprendi  a usar o telex  , e complemento minha carga horária, no setor de telecomunicações. Célia  me orienta. Gente fina !
Tempo em que frequentei  a AABB de Juazeiro, em busca daquele clima boémio que sempre apreciei: voz e violão !
Moro com meus pais e filhos,  enquanto meu marido se estabelece em Macaé-RJ. E é pra essa cidade, que peço remoção. 
Fragmentada nas emoções,  com a mala e a coragem , desço no Aeroporto de Belo Horizonte, onde o mineiro me aguarda.  Estou de férias , e pretendemos percorrer, antes de chegar à Macaé, todas as cidades do Sul de Minas.Vinte dias  excursionando : dois dias em cada lugar : de Barbacena a São João Del Rei.
Marcante ! Nem sei se fui feliz ...Nem relaxei , quando dei de cara com o novo, com a nova vida : Macaé ! 
-Cidade litorânea do Estado do Rio. Tema do próximo  capítulo .
 

Beijos insanos - desafio de Liduína Vilar


Beijos malucos é quando o humano se permite
beijar numa estrada escura, sem lamparina nem lampião
para" alumiar," e ainda não tem medo do lobo lhe alçar e
carregar para longe.
Beijos loucos são aqueles que retiram temporariamente o
oxigênio das vias respiratórias.


por Liduina Belchior em 14/08/2010

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Claude Bloc disse...

Liduína,
aceitando seu desafio. Um pequeno texto sobre beijo.

Beijo

Meu pensamento dorme
Sem mágoa,
Sem assombro
Enquanto o coração
Repousa e se refaz...
Enquanto aceito
este momento
enquanto arde
o instante de um beijo.


Claude Bloc

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Daniel Boris (Jacques) disse...

Liduina, aceitando o seu desafio.


Beijo,que beijo te roubei!
Guardei o favo da tua boca,
o sabor profano na memoria,
aguas coloridas te suguei
mãos atrevidas silenciam
corpos que se espremem
do beijo, do beijo que te roubei.

Daniel Boris (Jacques)