Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

fim da trilha - por Chagas

vários homens reunidos se abraçam
tocam-se os rostos, mãos que se apertam,
algum tempo depois estão descendo
uma pequena trilha, conduzindo
o corpo de um amigo, de silêncio
coberto, uma vida que a morte
de cabelo no ombro, como tatuagem,
com sorriso de vinho tinto, corta
com delicada lâmina e expertise

que tarde é essa?

ninguém ergue os olhos e vê as poucas
nuvens indiferentes, as mulheres
seguem, olhos no chão com esses homens
constrangidos com a falta do amigo
que em minutos será sua solidão

grande a solidão de cada morto!

logo subirão todos pela trilha,
ligarão os motores, perfurado
um círculo se forma entre eles
sem sorriso, a tristeza da tarde
num cemitério frio no verão,
um bastidor da dor em cada homem,
cada mulher cansada de pré-estreias
do amor que nunca vem na cor do sol

Chagas

No ar ... - por Socorro Moreira

Naquela noite,
tudo azul ,
e o céu dourado.
Naquela noite
o vento não balançou meu olhar
Fiquei na mira ,
num horizonte longínquo ,
buscando você
tão afastado de mim.
Naquela noite esqueci
meu coração em algum lugar
Não brinquei de ser feliz
Esqueci de te aninhar.
Já nos despedíramos
tempos atrás ...
Era um dia escuro ,
que pedia chuva
Sem abraços
Suspiros no ar.

Definição... por Socorro Moreira

Gosto das historias bonitas
onde as perdas superam os ganhos
Gosto dos amores que ficam,
que se atrevem a entrar em campo
Gosto da compreensão maior
que minimiza o descuido,
e a falta de atenção
Gosto dos voos livres
que não deixam rastros,
e não retornam ao chão
Gosto do amor reconhecido
que não nega o olhar,
e ao beijo corresponde
Gosto da disposição de ficar
num tempo indefinido
Sem pressa de morrer,
e vivendo devagar .

Fechado para balanço


Viramos a página de mais uma década. E lá vem aquela fissura danada de se levar tudo à balança, de se esticar a trena, de revolver as gavetas e as estantes e proceder ao balanço geral da firma. Como se a vida da gente fosse uma loja de varejo qualquer, dessas que vendem quinquilharias a preço de um real. Entendo, como Einstein, a relatividade do espaço e do tempo, principalmente em se tratando da nossa delicada física interior. A existência humana é tão complexa que se faz impossível resumi-la numa mera planilha do Excel. Mas resistir quem há-de? Mal percebemos e já o primeiro capítulo desse Século XIX se fecha. Passou em brancas nuvens? Em plácido repouso adormeceu ? Sei que os sinais vitais de uma nação se aferem pela Cultura. Olho para toda uma geração de artistas caririenses e me pergunto: Estamos vivos depois da morte de todos os dias? O pulso ainda pulsa? O coração do Cariri bate ou apanha? Comemos a papa ou continuamos como uma papa em estado de coma? Pois bem, lá vai a opinião de um curioso, um sujeito que tem uma convivência tão próxima com a área artística que, tantas vezes, como a lua, rouba um pouco o brilho dos outros e o reflete como se próprio o fora.
Nestes dez anos produzimos como nunca. Lançaram discos : Abidoral ( “ Bárbara”); Salatiel ( “Contemporâneo”); Pachelly (“Com a palavra as músicas”); Cleivan Paiva; Nacacunda; Zabumbeiros do Cariri; Dr Raiz; Júnior Boca( “Calendário”); Di Freitas; Dihelson Mendonça, Zé Newton Figueiredo ( “De Onde eu Olho” e “A Contrapelo”); Os Irmãos Aniceto; Raniério; Flávio Leandro,;Mané D´Jardim; Lifanco; “Leninha”; D. Augusta Esmeraldo; Munir Chaves; “A Família Linard”; “Os Herdeiros do Rei”;Lúcio Ricardo; Célia Dias; João Nicodemos. Isto apenas para citar alguns. Em literatura, por outro lado, também tivemos um volume de publicação inédito e não há condições de citar todos: Roberto Jamacaru , Émerson Monteiro, Olival Honor, Dr. Raimundo Borges, Dr. Napoleão Tavares, Heitor/Telma Brito, Jurandyr Temóteo, Osvaldo Alves, José do Vale Feitosa, Lupeu, Marcos Leonel, Batista de Lima, Francisco Pedro Oliveira,Valdemar Arraes, João Matias, Raimundo Araújo, Hilário Lucetti e Magérbio Lucena, José Gil, Patativa, Pedro Ernesto, Francisco Salatiel, Padre Ágio, Carlos Eduardo Esmeraldo, José Flávio Vieira, Roberto Marques, José Newton Figueiredo e muitos, muitos outros que não cabem nesse espaço, mas não são menos importantes. A literatura caririense ganhou inclusive , ano passado, o maior prêmio literário do país , com seu escritor Ronaldo Correia de Brito e o romance “Galiléia”. Tivemos, ainda a reedição de um clássico do nosso João Brígido ( “Apontamentos para História do Cariri”) , e de Irineu Pinheiro ( “O Cariri”) pela Fundação Waldemar Alcântara, este último. O cinema nos trouxe ainda Rosemberg e Petrus Cariry, Glauco Vieira, Bola, Hermano Penna e Luiz Carlos Salatiel que continuaram um trabalho profícuo e premiado. A onda auspiciosa não foi diferente nas artes plásticas e na fotografia. E ainda , entre nós, abriu-se a importante janela da Internet, com inúmeros blogs que , numa imensa praça virtual, reúne os mais diversas cabeças caririenses.
Não bastasse tudo isso, vimos parcialmente erguido o nosso Teatro Municipal , a construção do Espaço Cultural da REFESA e a inauguração do Centro Cultural Banco do Nordeste. A TV chegou no Cariri e com programação local! As Mostras de Cultura do SESC injetaram alma nova no nosso cenário e começamos a ver um reflorescer das artes cênicas na nossa região, como não se via desde os anos 50. Temos , hoje, dramaturgos promissores, atores muito talentosos e diretores em franca formação e ascensão. Sem falar no retorno dos Festivais da Canção do Cariri ,que mesmo reacendendo uma chama já um pouco arrefecida e em desuso, terminou mexendo e agitando a galera de todas as idades. A Cultura Popular, também, abriu importantes frestas , conseguiu um apoio estatal bem mais sólido, uma reaproximação visível com a Escola, principalmente depois da regência da Dra. Cláudia Leitão. Acredito, também, que os Editais , surgidos nessa década ,democratizaram de alguma forma as verbas historicamente destinadas à Cultura, embora ainda exista um longo caminho a ser trilhado.
Não consigo, assim, ser tão pessimista com a primeira década deste Século XXI. Andamos ! Se não muito, talvez porque nos faltasse muita força nos pés ou não nos foi dado um amparo maior. Faltou a muleta que nos ajuda a dar os primeiros passos, mas que , também, muitas vezes, nos faz esquecer que já temos asas suficientes para dispensá-la.
E o que se esperaria para esta década que se inicia? Todos têm lá suas aspirações , pois aqui vão algumas das minhas. Os municípios terão uma política cultural definida e sustentável , inclusive contemplando toda a região . As Secretarias de Cultura implementarão seus próprios Editais com fito de democratizar o acesso às verbas de forma mais técnica. A Escola e a Universidade fitarão o próprio umbigo e descobrirão a Cultura Universal a partir da regional e não o inverso, como antigamente vinha ocorrendo. Nossas rádios e TV´s tocarão os artistas e compositores caririenses e eles não mais serão denominados de “artistas da terra” como se minhocas fossem. Reeditaremos nossos clássicos, hoje totalmente esgotados : “Efemérides do Cariri”, os incontáveis de J. de Figueiredo, Zuza da Botica, Quixadá Felício, Padre Antonio Gomes. Publicaremos uma Edição Fac-Similar completa do Jornal “O Araripe” e um CD-ROM para consulta. Enfeixaremos nossas fotos antigas em um CD-ROM, com a história fotográfica comentada da cidade. A Coleção completa da Revista Itaytera será disponibilizada na Internet para acesso fácil por quem assim o desejar. O Crato organizará uma Bienal do Livro. Nosso teatro municipal será, finalmente, inaugurado com som, cortina e iluminação e funcionará como Cine/Teatro e não como auditório. O intercâmbio dos artistas nacionais e regionais será de ida e volta. Abaixo o colonialismo rasteiro e institucional! A REFESA e o Cine/Teatro terão um calendário de eventos anual, englobando as mais diversas formas de arte. As Secretárias de Cultura trabalharão com projetos definidos e não com eventos esporádicos e aleatórios. E, mais: disponibilizarão departamentos técnicos para confeccionar projetos, junto com os diversos artistas da região ,com o intuito de os encaminharem para aprovação dos órgãos competentes. O Frevo “Viva Zé Maia” de Abidoral Jamacaru será o hino do Carnaval cratense que volta a ser o mais animado de todo Ceará. Nossa arte , por fim, terá visibilidade dentro da nossa própria terra e , assim, ela inundará o país . Sim, e a partir de hoje todos os sons dos carros endoidarão a platéia pela qualidade da música e não pelo volume. Quer mais um sonho ? Caboclo só vai ter coragem de ler livro de auto-ajuda à noite, na Baixa Rasa, no escuro de breu e de óculos escuros e Neguim só vai ouvir banda de forró , em cima da serra e de headfone, por causa do impacto ambiental! Tá bom ?

Tempos adormecidos

Tempos adormecidos

Você escreveu Claude:

"São tempos que adormecem.
Tempos que padecem de saudades e de memórias antigas"...
Lembranças de tempos vividos
São que nem camadas do terreno...
Só são visualizadas quando fazemos um corte
Que nem aqueles que os engenheiros fazem
Na construção das estradas.
As estradas nos levam a outros lugares
Indiferentes a aqueles que vivenciaram
Os tempos passados.
Quando lembramos do passado
Estamos fazendo um 'corte' na nossa existência
E mostrando que os bons tempos vividos
Valeram a pena terem sido vividos...


Marcelo Mourão

A pessoa certa

"Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho!
Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.
Essa pessoa vai tirar seu sono.
Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão.
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você.
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa.
Nada aqui é certo!
O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo,conseguindo...
E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo"
Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente..."

Veríssimo
Compasso
- Claude Bloc -

Pões no céu de minha boca
O gosto de estrela d’alva
O gosto da estrela guia
O sabor de tempestade...

Pões no meu coração
O sabor da tua voz
O sabor da tua palavra
De tuas fugas outonais

Pões na minha saudade
O beijo que não ganhei
O tempo inconseqüente
O canto da madrugada

E a cada passo uma letra
De uma canção tresloucada
E o som inaudível, mudo
Do sonhos que proferimos
Das risadas que gastamos
Sem promessas de amanhãs.

Hoje já não tenho mais
Caminhos para seguir
Caminhos para encontrar
Senão esta estrada vaga
Que me passa pela frente
E apaga com o vento
Os passos
O compasso do tempo
O ritmo de nossa alma.

Claude Bloc

.

Espumas - por Rosa Guerrera

A mesma paisagem
de ontem
Retrata hoje
uma nova realidade

O assobio
das folhas dos
coqueiros
cantam
uma canção
diferente.

Caminho na garoa
passos tristes
sem rumo,
enquanto o
teu sorriso
me acena no
azul do mar,
uma saudade
envolta nas
brancas espumas.

Mudez- por Socorro Moreira

Pensamentos no sereno do tempo
Correm na orla
mergulham nas espumas
No verde escostado no azul
minha alma sonha.
Vejo você ao longe
O barulho dos teus sonhos
silencia os meus gritos
E essa tristeza indesejada
Caçoa da alegria escorregada
que saiu em disparada
quando viu que me esquecias.

.

Buscando o vazio - por Socorro Moreira

Incompreendo a clara realidade
Coração apertado
corpo incomodado
O amor desapartado
escondido nas estrelas que não brilham
Noite dos escuros
do sono que não quer brincar

Estranha, estranho
Porto de tumultos
imaginários cantos
Fecho a porta de mim
e escondo a chave
por um momento
não desejo abrir-me
Quero a quietude do antigo vazio
quando o amor não chegou,
nem partiu.

.

É tarde... - por Socorro Moreira

Não penetrei na tua essência
Placas proibitivas me intimidaram.
Não vá além...
Aqui já passou outro alguém.
E nos estilhaços do teu coração
me sinto ferida ,
na inteireza de um abraço.
Ostra , não mostra
esconde nuances verdes do engano
Recorto da paisagem
um vestido de esperanças
cheguei tarde, bem sei ...
Mas a fila anda !

.

Enfim... - por Socorro Moreira

Fecha-se a cortina
No palco , enfim ...
eu e você entrelaçados.
A cor dos nossos olhos misturados
Minha boca sem batom
vermelha de beijos molhados
Na ponta do teu nariz
leio uma simples verdade ...
É madrugada
A noite engole o meu cio
Adormecida no choro ameninado
sonho com o gozo , que sacia.

.

Recomeços...

Existem aqueles que argumentam que a passagem do ano é apenas uma convenção e que nada tem de diferente entre a mudança de um dia para o outro, outros acham que a mudança do ano nos torna um pouco, ou muito, reflexivos.
Nos leva a olhar para trás e ver o que foi feito.
Compartilho desse grupo.
Acho importante parar um pouco e ver o que fiz e também pensar no que vou fazer. Habitualmente faço isso duas vezes por ano, a primeira é abril, quando faço aniversário, a outra é no final do ano.
Dentro dessa linha, recebi uma mensagem de "começo de ano" assinada por um dileto casal de amigos do meu tempo de Colégio Castelo e posteriormente da Faculdade de Medicina, em Fortaleza. A mensagem é do Casal Helena Serrazul e Chico Monteiro, o texto é da lavra do Chico Monteiro e que compartilho com os novos amigos do Cariricaturas.
Abraço a todos.
Marcelo Mourão

Entre Lágrimas e Alegrias

Então
Mais um ano finda,
Outro principia.
A vida segue,
Entre lágrimas e alegrias,
Como antes fora.
Porém,
Nem tudo é novidade
No ano novo.
Além do que,
Nem tudo é velho
No ano que passou.
Projetos guardados
Estão prontos
Para ressuscitar,
Ser feliz
É construção diária
E mudar é sempre possível,
Pois
Nada é tão bom
Que não possa melhorar.
Chico Monteiro

Evasiva - por Socorro Moreira

Indiferente, o sentimento se acanha
Despido da alegria,
se veste da tristeza do dia.
De mãos dadas com o pensamento
o silêncio festeja a saudade fragmentada,
em sonhos que não vivem.
-------------------------
A festa acabou mais cedo
Faltou luar
E a canção do mar não escuto
do lado de cá ...
------------------------
Entre risos ,espirro
as águas que te comemoram
Entre sisos
passeio nos labirintos
que me acenas
Teu olhar dirige o meu tato
Por aqui, devagar...
O caminho mais calmo
é sempre o mais longo,
o mais intenso ...
Por lá tu me acompanhas
com passos curtos, arfantes
Tens meus sustos
Seguras meu coração cansado
E aos poucos vou retornando à paz
que juntos encontramos
quando o meu sorriso beijastes.
E essa estrada infinda
de novo se avizinha
No rosa sonhado
um perfume de amor
se espalha,
nas cobertas alheias,
que nos aconchegam.
Da janela pequenina
escapa correndo
o cheiro do cigarro.

Diálogo - por Rosa Guerrera

- Quem és sombra fugidia
que passas indiferente
por mim?
- Eu não Sou
Eu Fui felicidade !
E tu de onde Vens tão apressada?
- Eu não Venho !Eu Vou para
o mesmo lugar de onde vieste
-respondeu a Saudade.

Aurora escondida- por Socorro Moreira

Aurora chega e sai
quando contigo fico.
Aurora se esconde de mim,
quando me encontro comigo.

Lá fora um sol luminoso
acentua a marca dos teus dedos
hachurados no meu corpo
Meu rosto,
rubro sol...
Pintado de amor !

Passo a poasso ... - por Socorro Moreira

Estou no disfarce de um sonho
no desfazimento da ilusão
Aprontando a despedida
Malas entreabertas recebem
panos e trecos
A caneta risca versos tortos
embriagados do vinho derramado
Eu jurava que eras... e fostes !
Esperei o contágio do amor
com o mínimo de esperança
O dia chegou
O dia passou
Não tropeço em lembranças
Não esbarro nas saudades
O caminho é amplo
Passo a passo
Retorno, sem sequer ter pisado,
nas folhas do que sinto.

Vem aí o Carnaval da Saudade do Crato Tênis Clube


Uma das mais tradicionais festas carnavalescas do interior cearense, o Carnaval da Saudade do Crato Tênis Clube consolida-se nessa sua 5ª edição como o evento mais esperado do ano. É através do Carnaval da Saudade que buscamos o resgate das antigas marchinhas, frevos e sambas dos carnavais que marcaram época e o "clube do pimenta" fica lotado de pessoas alegres e com muita energia, indo a festa terminar em um cortejo até a Praça Siqueira Campos,por volta das 6 da manhã.
Esse ano o tema da festa é a ecologia, porque preservar a nossa querida Chapada do Araripe é obrigação de cada um de nós.
Em breve venda de mesas e ingressos avulsos.
Informações: (88) 8816.3062

Cecília Meireles

Alguém já disse que às vezes algumas abordagens poéticas minhas parecem com alguns escritos de Cecília Meireles...
Quem dera ter essa grandeza!
O que sei é que seus textos me tocam muitas vezes e alguns são meus prediletos...
Mas... devo confessar que só passei a lê-la de forma mais atenta, depois dessas observações que fizeram. Porém, porém, porém me vi muito aquém... Só existe mesmo uma certa semelhança na escolha dos temas...
Nisso sim, concordo.!

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?

Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
e um dia me acabarei.

Serenata

" ... Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo ... "

Canteiros

(Música do Fagner baseada na obra de Cecília Meireles)

Quando penso em você fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade
Correm os meus dedos longos em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento
Pode ser até manhã, cedo claro feito dia
mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Para correr entre os canteiros e esconder minha tristeza
Que eu ainda sou bem moço para tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço, sem ter visto a vida.

"Acaso"
- Cesar Camargo Mariano e Pedro Mariano

Linda letra e melodia...
Fantastique! Emouvant !