Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 26 de março de 2010



"Dizem que tudo o que buscamos, também nos busca e, se ficamos quietos, o que buscamos nos encontrará. É algo que leva muito tempo esperando por nós. Enquanto não chegue, nada faças. Descansa. Já tu verás o que acontece enquanto isto.”
(Clarissa Pinkola)

Auto-estima - Por Elisabeth Cavalcante - Colaboração de Ismênia Maia





A falta de amor por si mesmo é a causa essencial que está por trás dos desequilíbrios na maioria dos seres humanos desajustados. Sem esta qualidade básica, ninguém pode se direcionar na vida de modo positivo.

Infelizmente, nem todos os pais possuem a consciência do quanto é importante que a auto-estima seja estimulada desde cedo nas crianças. Muitos, ao contrário, por serem excessivamente críticos e exigentes, jamais se sentem satisfeitos com o desempenho do filho e fazem questão de afirmar isto, sempre cobrando mais perfeição ou comparando-o com outros, que eles julguem mais inteligentes ou habilidosos.

E esta é uma atitude das mais devastadoras, pois acontece numa fase em que a imagem que a pessoa tem de si mesma está sendo construída. O resultado é um ser humano inseguro, incapaz de sentir-se satisfeito consigo próprio, ainda que alcance alguns resultados positivos na vida. Ou seja, ele nunca estará realizado e sempre vai ter a sensação de que poderia ter feito melhor.

Cria-se um vazio interior, que procura ser preenchido de inúmeras formas, seja através de um desejo compulsivo por comida, por bebida ou alguma outra droga mais poderosa, ou por uma dependência afetiva, algo enfim que lhe dê a sensação, por algum tempo, de que é alguém de valor.

Nada pode substituir o amor, a atenção e o estímulo às qualidades positivas de uma pessoa, como forma de garantir que ela desenvolva uma auto-confiança indestrutível.
Ensinar alguém a amar a si mesmo, não é um estímulo ao egoísmo. Ao contrário, é uma maneira de fazer com que ele desenvolva sua capacidade de amar, para que só então possa direcionar este amor ao mundo exterior.

....A primeira amizade precisa ser consigo mesmo,
mas muito raramente se encontra uma pessoa que seja amistosa consigo mesma.
.....Ensinaram-nos a condenar a nós mesmos. O amor-próprio foi considerado como um pecado. Não é.
Ele é a base de todos os outros amores, e é somente através dele que o amor altruísta é possível.
Como o amor-próprio foi condenado, todas as outras possibilidades de amor desapareceram.
Essa foi a estratégia muito ladina para destruir o amor.
É como se você dissesse a uma árvore: "Não se alimente da terra, isso é pecado.
Não se alimente da lua, da chuva, do sol e das estrelas; isso é egoísmo.
Seja altruísta, sirva outras árvores".
Parece lógico, e esse é o perigo.
Parece lógico: se você deseja servir os outros, sacrifique-se; servir significa sacrificar-se.
Mas, se uma árvore se sacrificar, ela morrerá e não será capaz de servir nenhuma outra árvore;
de maneira nenhuma será capaz de existir.
Ensinaram-lhe: "Não ame a si mesmo". Essa foi praticamente a mensagem universal das pretensas religiões organizadas.
Não de Jesus, mas certamente do cristianismo; não de Buda, mas do budismo –
de todas as religiões organizadas, este foi o ensinamento: condene a si mesmo, você é um pecador, você não tem valor.
E, por causa dessa condenação, a árvore do ser humano se retraiu, perdeu o brilho, não pode mais festejar.
As pessoas vão dando um jeito de se arrastar, não têm raízes na existência – estão desenraizadas.
Elas estão tentando prestar serviço aos outros e não podem, porque nem foram amistosas consigo mesmas.
......Eu não tenho nenhuma condenação, não crio nenhuma culpa em você.
Eu não digo: "Isto é pecado".
Eu não digo que o amarei só quando você preencher certas condições.
Eu o amo como você é, porque essa é a maneira que uma pessoa pode ser amada.
Eu o aceito como você é, porque sei que esse é o único modo que você pode ser.
É assim que o todo desejou que você fosse. É como o todo destinou-o a ser.
Relaxe e aceite-se e alegre-se - e então vem a transformação.
Ela não vem através de esforços.
Ela vem pela aceitação de si mesmo com tal profundidade de amor e felicidade, que não há nenhuma condição, consciente, inconsciente, conhecida, desconhecida.
O amor é alquímico. Se você se amar, a sua parte feia desaparece, é absorvida, é transformada.
A energia é liberada daquela forma.
Todas as coisas chamadas de pecado simplesmente desaparecem.
Eu não digo que você tenha que mudá-las; você tem que amar o seu ser, e elas mudam.
A mudança é um sub-produto, uma conseqüência.
Ame-se. Esse deveria ser o mandamento fundamental.
Ame-se. Tudo o mais se seguirá, mas este é o alicerce.


OSHO, The True Sage, # 4

Quim-Quim

Pouco tinha do estereótipo de um guru indiano. Baixinho, atarracado, cabeça de cearense com olheiras pronunciadas ; cabelo ralo com grandes entradas laterais. Parecia uma caricatura de si mesmo, uma espécie de amigo da onça. Visto ao longe , concluir-se-ia tratar-se de um chapeado, um carregador de encomendas. Tirante os olhos profundos e perscrutadores, nada havia de especial ou transcendental naquela figura. Morava num bairro pobre, a Vila Lobo, numa casinha humilde e sem muito conforto. Descendia , porém, de uma ala muito mística dos Bezerra de Menezes que teve em suas hostes meus tios João e Estácio provindos todos de uma ascendência nobre : o cultuado kardecista, do Riacho do Sangue, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes.
Chamava-se Joaquim, mas ninguém o conhecia por este nome, mas por um outro bem mais doce e artístico: Quim-Quim. A cidade , nos anos 40-60, antes do advento da TV, do Computador, do DVD, ainda vivia imersa num Big-Brother particular. O mundo , ainda sem energia elétrica, povoava-se de caiporas, duendes, pais-da-mata, sacis-peperês. As doenças deste mundo eram causadas, o mais das vezes, pela influência misteriosa de muitas forças malignas: o zodíaco, a inveja, a coisa-feita, o mau-olhado,as pragas, as maldições, o feitiço, a ziquizira, o caboje, o olho-gordo. Nossos livros populares de patologia estavam repletos de muitas moléstias perfeitamente preveníveis: o quebranto, a espinhela-caída, a apoplexia, o defluxo, o ventre-caído. Os médicos ainda se mostravam raros pelo interior do Nordeste e os rezadores, assim, num misto de pajés, encantadores de serpente, milagreiros, utilizando um ritual profundamente sincrético, atendiam à população nos seus anseios mais prementes. Quim-Quim desdobrava-se no atendimento às mordeduras de cobras de homens e animais, às infecções intestinais e respiratórias das crianças, às moléstias as mais variadas da terceira idade. Tinha orações fortíssimas para os entalados com espinhas de peixe. Nas doenças de fundo emocional, então, a força do ritual de suas preces possuía um efeito invejável na cura das neuroses mais comuns. Era de arrepiar vê-lo em transe, sussurrando as palavras milagrosas: “Gloriosos São Sebastião e São Jorge, São Lázaro e São Roque, São Benedito, São Cosme e São Damião. Todos Vós, Bem-aventurados Santos do céu, que curais e aliviais os enfermos, intercedei junto ao Senhor Deus pelo seu servo .Vinde, Gloriosos Santos, em seu auxílio. Fechem-se os olhos malignos, emudeçam as bocas maldosas, fujam os maus pensamentos e desejos.”
Um dia a luz elétrica invadiu o mundo, espantou a lua e tangeu para longe nossos mitos ancestrais. Aparentemente se desvendaram os mistérios do mundo com o telescópio, o microscópio, o computador. A Medicina utiliza-se de um sem números de modernos instrumentos para tratar moléstias antigas e fabricar a cada dia novas patologias e novos medicamentos. A morte a vista se substituiu por um longo velório em caras prestações diárias. Hoje nossos temores são bem mais objetivos e reais : a violência urbana, o stress de todos os dias, o trabalho de todas as horas. A plástica e o Viagra nos remetem ao mito da fonte da juventude. A humanidade aumentou em muito sua esperança de vida, mas consegue ser mais feliz nestes anos que lhe foram acrescentados? Quim-Quim hoje está bem presente nos livros de auto-ajuda e nos divãs dos analistas , mas já sem a mesma eficácia de outrora.

J. Flávio Vieira

O Poema do Semelhante - Elisa Lucinda

O Deus da parecença
que nos costura em igualdade
que nos papel-carboniza
em sentimento
que nos pluraliza
que nos banaliza
por baixo e por dentro,
foi este Deus que deu
destino aos meus versos,

Foi Ele quem arrancou deles
a roupa de indivíduo
e deu-lhes outra de indivíduo
ainda maior, embora mais justa.

Me assusta e acalma
ser portadora de várias almas
de um só som comum eco
ser reverberante
espelho, semelhante
ser a boca
ser a dona da palavra sem dono
de tanto dono que tem.

Esse Deus sabe que alguém é apenas
o singular da palavra multidão
Eh mundão
todo mundo beija
todo mundo almeja
todo mundo deseja
todo mundo chora
alguns por dentro
alguns por fora
alguém sempre chega
alguém sempre demora.

O Deus que cuida do
não-desperdício dos poetas
deu-me essa festa
de similitude
bateu-me no peito do meu amigo
encostou-me a ele
em atitude de verso beijo e umbigos,
extirpou de mim o exclusivo:
a solidão da bravura
a solidão do medo
a solidão da usura
a solidão da coragem
a solidão da bobagem
a solidão da virtude
a solidão da viagem
a solidão do erro
a solidão do sexo
a solidão do zelo
a solidão do nexo.

O Deus soprador de carmas
deu de eu ser parecida
Aparecida
santa
puta
criança
deu de me fazer
diferente
pra que eu provasse
da alegria
de ser igual a toda gente

Esse Deus deu coletivo
ao meu particular
sem eu nem reclamar
Foi Ele, o Deus da par-essência
O Deus da essência par.

Não fosse a inteligência
da semelhança
seria só o meu amor
seria só a minha dor
bobinha e sem bonança
seria sozinha minha esperança

(madrugada onde fui acordada pelo poema no Rio de Janeiro, 10 de julho de 1994)

Noite de sexta-feira ... Ai que me dera ser seresteira !

“As cidades atuais, mesmo as mais modernas e recentes, são espaços de conservação e de desenvolvimento”.

(José do Vale Pinheiro feitosa)

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A Próxima Vítima...


Somos todos “a próxima vítima”, em cada um de nós desvanece o sentimento de esperança e fica o da impotência: bruta por dentro... Pergunto-me incansavelmente, quem produz esses assassinos impiedosos... o mundo está louco... estamos loucos porque não sabemos para onde vamos, não sabemos que não vamos para lugar nenhum!

O nosso lugar é aqui e agora. E num além de expectativas esperamos procurando o desvendar de mistérios, mas os mistérios são indecifráveis e não nos contentamos com isso, procuramos a cura da mortalidade inevitável como se morrer fosse uma doença, uma mal do ser humano. -O único erro de Deus?-. Como se Deus tivesse nos criados com um precoce sentido de infinitude, especulamos, em todos os lugares, procuramos algozes pela salvação de nossos corpos, nossos sentidos, nossas almas, nas igrejas, nos bares, e em todos os cantos da sala, das plantas, olhando para um mundo inexistente, criando um mundo que mata - não é tudo aquilo que não queremos? - fazendo exatamente o oposto do que somos e agora neste exato momento incansavelmente repedimos um futuro que não existe, destruindo-nos, com fantasmas e como fantasmas perambulamos por um mundo que simplesmente não tem como perdurar.

Somos nós mesmos os semeadores deste além perpétuo ludíbrio em amálgamas de sentimentos, conciliando a tortura incerta com os atos desesperados e irrevogáveis de perdão.

Apenas não transbordamos o cálice com o presente... este que aqui é agora a única existência concreta, onde podemos solidificá-lo com os afetos, os carinhos e o amor pelo próximo.

*Este texto surgiu a partir de uma citação de Zé do Vale comentando sobre os assassinatos do Cartunista Glauco e seu filho... e agora enfrentamos novamente outra atrocidade, o julgamento pela morte de Isabela....

* Obra de Hieronimous Bosch

Rogério Silva

O Crato é de todos - por José do Vale Pinheiro Feitosa

De volta ao Rio, sem a balança que penda o braço para aqui. Afinal a Praça da Sé, do Crato, era uma praça bucólica nos anos 50 e início dos anos 60. Na altura do centenário da cidade e muito tempo depois disso, era uma das praças mais bonitas do interior cearense. Assim como a Praça Francisco Sá e seus jardins trabalhados, com os pés de fícus esculpidos em imagens.

A questão não são as lentes: confesso vivo no Rio há 37 anos. Formei-me e sempre trabalhei aqui. Tive filhos e agora uma neta: todos cariocas. Isso não inibe a vontade de analisar o visual do Crato. Especialmente o Crato e sua decadência do centro da cidade, como a de Fortaleza, São Paulo e Rio às quais acompanhei de sobremaneira.

Se alguém perguntar qual o projeto de Praça da Sé mais simpático, se aquele do Centenário ou do meado dos anos 60, com o prato luminoso a guisa (poderia ser “guiza” no sentido do regionalismo de Cabo Verde) de fonte, ficarei com o primeiro, mas aí são outros quinhentos. A sujeira da madrugada, com os copos descartáveis coalhando o piso imundo da praça, diz de muita coisa, menos de que Copacabana seja mais limpa. O é, mas convenhamos são outros quinhentos. E diga-se: de vez em quando se torna em igual sujeira, mas a limpeza é rápida. Fruto, a sujeira, do uso incorreto do espaço urbano.

Acontece, como bem lembra o Zé Nilton, que a cidade é da polis, que a cidade merece o poder público que lhe convém. Que um espaço coletivo é um espaço de disputa, de visões distintas de mundo, inclusive de abandono e má condução. É aí que a nossa vontade se mostra a mais correta e ou incorreta. A falta de saneamento básico, o lixo sobre o piso do espaço público, os buracos no caminho de quem se desloca, a falta de posturas municipais (ou comunitária), não fala de comparações, é absoluta, pois é ela em si. Mas se fosse discorrer sobre este assunto com um Engenheiro Sanitarista, primeiro o ouviria, pois muito mais teria a dizer-me do que eu a ele.

O centro do Crato pode ser infinitamente melhor do que é. Não é um espaço urbano a ser inventado, ele já o foi. Não é apenas um espaço cotidiano, ele é histórico e por isso é mandatário em seu futuro. Quem irá se esquecer da Casa dos Leões, dos azulejos da Miguel Lima Verde, do próprio Grande Hotel? Ora quem não tiver o que dizer sobre isso, não tem uma cidade em seu futuro e nem futuro na cidade.

Gostaria até de abrir um espaço de discussão aqui no Cariricaturas sobre a seguinte frase: “as cidades atuais, mesmo as mais modernas e recentes, são espaços de conservação e de desenvolvimento”. A discussão viria de outras visões do que sejam as cidades e este é um assunto especial, pois as cidades já representam para a América Latina a essência hodierna: de cada cinco pessoas, quatro moram nas cidades.

Finalmente um ponto na questão: o Poder Constituído Municipal. Ele é central, tanto aquele constituído pela Câmara dos Vereadores e sua Mesa Diretora, como aquele sob o poder popular representado: Prefeito Samuel Araripe.

MUXOXO



















Quem já não deu muxoxo nessa vida?

Segundo o Mestre Oscar Ribas, de Luanda, muxoxo é um termo quimbundo que significa chio de boca. Designa o som breve e seco produzido pelo toque da língua no céu da boca, como um estalar de beiços.
Foi trazido para o Brasil pelos negros de Angola,e aqui se tornou um gesto tradicional e popular que exprime dúvida, indiferença, desdém.
O muxoxo sai voluntário, nós "tascamos" um muxoxo nas horas mais adequadas para tal, e muitas vezes ele é só o que nos resta fazer...



O escuro, no claro - Socorro Moreira


Agir compaixão
Amor sem paixão ...

Abraço o corpo que desconheço
O que mais conheço é o travesseiro
Com ele acordo todas as manhãs.

A cidade começa a zuadar
um pássaro, um carro,
um galo, um gato a miar ...

E eu pergunto ao temo
Se ele vai me esperar
E eu pergunto às palavras
se elas podem me fartar ...
Tudo claro : o quarto, o céu...
Mas as respostas gostam do escuro !

Mariah Carey



Mariah Carey (Long Island, 27 de março de 1970) é uma cantora, compositora, produtora musical, e atriz norte-americana.
Mariah Carey é elogiada pela crítica especializada por suas excepcionais habilidades vocais. Em toda a sua carreira, Mariah já recebeu mais de 250 prêmios. Recentemente, Mariah foi incorporada na seleta lista dos "100 melhores cantores de todos os tempos", realizada pela revista Rolling Stone, ocupando a 79ª posição, sendo a artista melhor colocada da atualidade

Diana Ross

Diane Ernestine Ross conhecida como Diana Ross (Detroit, Michigan, 26 de março de 1944) é uma artista americana de soul, R&B e pop, e uma das cantoras mais famosas de seu tempo. Estima-se que as vendas de seus discos e álbuns já ultrapassaram a marca de 100 milhões de cópias.

Tenesse Williams



Tennessee Williams, pseudônimo de Thomas Lanier Williams (Columbus, 26 de março de 1911 — Nova Iorque, 25 de fevereiro de 1983) foi um dramaturgo estadunidense, ganhador de muitos prêmios.

Williams nasceu em Columbus, Mississippi, na casa de seu avô materno, o pastor local. Seu pai, Cornelius Williams, era um vendedor de sapatos viajante, alcoólatra e viciado em jogos de aposta, e que se tornou extremamente abusivo à medida que seus filhos cresciam. O pai favorecia mais seu irmão Dakin, talvez devido ao fato de Tennessee ter sido mais frágil e doente; teve difteria na infância, e ficou um ano fora da escola, tornando-se um menino introspectivo, passando todo o tempo só em volta dos livros. A mãe de Tennessee, Edwina Dakin Williams, tinha o humor instável. Williams buscou inspiração para escrever, mediante os muitos problemas familiares. Segundo ele mesmo declarou em uma entrevista concedida na década de 70: "Descobri na escrita uma fuga de um mundo real no qual me sentia profundamente desconfortável". Para fugir à insensibilidade paterna, Tennessee refugiou-se em seu quarto, que pintou de branco e enfeitou com miniaturas de animais de vidro; tal fato serviu de inspiração para a peça “The Glass Menagerie”, em 1945.

Em 1918,quando Williams tinha 7 anos, a família se mudou para University City, Missouri, e ele frequentou a Soldan High School, fato que usou em sua peça The Glass Menagerie, e depois a University City High School[1]. Em 1927, aos 16 anos, Williams recebeu um prêmio de 5 dólares por um ensaio publicado no Smart Set, intitulado "Can a Good Wife Be a Good Sport?". Um ano depois, publicou "The Vengeance of Nitocris", no Weird Tales.

Nos anos 30, Williams frequentou a University of Missouri, onde se filiou à fraternidade Alpha Tau Omega. Posteriormente transferiu-se para a Washington University, em St. Louis, Missouri por um ano, e finalmente graduou-se, em 1938, na University of Iowa, onde escreveu "Spring Storm". Quando foi recusado pelo exército, sofreu nova ofensiva do pai, que era veterano de guerra; o pai o obrigou a abandonar o jornalismo e a se empregar em uma fábrica de calçados. Começou então a se viciar em bebida alcoólica, e foi internado em um sanatório. Na época, Williams escreveu Cairo, Shanghai, Bombay!, que foi a primeira produção teatral, em 1935, da comunidade de teatro Glenview, em Memphis. Estudou depois na The New School, em Nova York.

Aos 26 anos de idade, escolheu o nome “Tennessee” em função dos dois anos felizes que passou em Nashville.

Posteriormente, participou de um concurso de dramaturgia em Nova Iorque, enviando 4 peças de um ato, sob o nome de American Blues, e foi premiado com 100 dólares, além de ser convidado por uma agente de Holywood que, impressionada com seus textos, o chamou para escrever roteiros de cinema. O único roteiro que conseguiu concluir, porém, foi recusado, e ele perdeu o contrato.

Em 1944, escreve a primeira peça realmente estruturada em termos teatrais, "The Glass Menagerie", que foi encenada com estrondoso êxito de público e crítica, iniciando assim sua carreira de sucesso. Várias de suas peças seguintes alcançaram sucesso: "A Streetcar Named Desire", "Summer and Smoke", entre outras. Williams viveu por um tempo no French Quarter, de New Orleans, Louisiana, mudou-se para lá em 1939, para escrever para a WPA. Inicialmente viveu na Toulouse Street, n. 722, o ambiente de sua peça de 1977 Vieux Carré. O edifício é parte da The Historic New Orleans Collection. Começou a escrever A Streetcar Named Desire (1947) enquanto estava na St. Peter Street, n. 632, e a terminou mais tarde, em Key West, Flórida, para onde se mudou nos anos 40.

A montagem de "The Rose Tatoo", em 1951, trouxe o primeiro fracasso, em especial pelas manifestações da crítica. Seguiram-se outras peças de sucesso, e os prêmios Pulitzer e Critic’s Award, porém a crítica constantemente o repudiava.

Com a morte do pai, em 1956, e do avô, em 1958, Tennessee começou a fazer psicanálise, e a peça “Suddenly, Last Summer” é considerada a primeira peça de sua fase “psiquiátrica” ou “antropofágica”. Após a alta de sua terapia, Tennessee ingressou numa nova etapa, a partir de 1959. Após vários sucessos, a peça de 1968 “The Seven Descendents of Myrtle” foi muito criticada, e apenas em 1970 ele voltou a se expor publicamente, mas com uma linguagem mais fria. Mas “Dragon Country”, sua coletânea de peças da época, não o reconciliou com a crítica.
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Allan Sales - por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes



CONHECI CRIANÇA NO CRATO. HOJE É ARTISTA DE TALENTO EM RECIFE.


Nos anos 60, início da Rua Dr. João Pessoa, onde hoje funciona o Mercadinho Matos, existiu uma loja especializada em máquinas e implementos agrícolas. Era administrada por “Seu Sales” e D. Francisquinha. O casal tinha dois filhos menores. O mais velho, na época com 4 ou 5 anos, vinha com os pais para a loja, mas ficava pouco tempo. Atravessava a rua e ia para minha casa, onde se divertia no quintal, brincando com meus irmãos mais novos. Meu pai, César Pinheiro Teles, simpatizava com Alan. Quando, eventualmente, os pais não o liberavam para brincar na casa “das Arraes”, meu pai ia buscá-lo. Era muito, irrequieto, inteligente, conversava bastante, sempre fazendo mil e uma perguntas.

No final da década de 60, a empresa fechou e o casal mudou-se do Crato. Não tivemos mais notícias deles. No ano passado, em uma solenidade em homenagem a D. Madalena Arraes, promovida pelo IMIP, reencontrei D. Francisquinha, que trabalha na direção do Instituto. Relembrou os anos do Crato e contou que Alan é artista, cantor, cordelista, compositor e produtor cultural e morava na capital pernambucana.

Comentei o fato com Xico Bizerra, outro artista cratense de sucesso, vivendo em Recife. Ele declarou ser amigo de Alan, fazendo elogios ao seu talento. Para minha surpresa, dias depois desta conversa, Xico Bizerra, autor do clássico “Se tu quiser”, canção recordista em número de gravações em 2004, levou Alan Sales até meu local de trabalho. Foi interessante ouvir os relatos que a memória de uma criança de seis anos guardou do Crato e do ambiente que vivenciou 36 anos antes.
Quem quiser saber mais sobre Allan Sales basta acessar o site http://www.interpoetica.com/allan_sales_gm.htm.

Joaquim Pinheiro

"O destino escolhe quem vamos encontrar na vida, as atitudes decidem quem fica nela..."