Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"Mulher Rendeira", no "Caminho das Índias " - Por Socorro Moreira



É claro que assisti ao penúltimo capítulo de Caminho das Índias. A cena na Estudantina com Bibi Ferreira cantando "Minha palhoça" de J. Cascata foi impagável.
Esse povo que não assiste novela , mas gosta do que é bom, nem sabe o que perdeu.
A gente que mora no Cariri perde Bibi , em tantos atos...! Perde Bibi , e ganha a vista da Chapada, e um rítmo de vida leve ...de vez em quando, a voz do Abidoral , o violão de Pachelly , e outros tantos astros que clareiam a nossa esfera. Mas, falando sério, se eu pudesse, eu veria Bibi Ferreira, mais vezes !
Lembro que , quando chegou televisão por aqui, ela tinha um programa semanal, na TV Tupi, nos dias de segunda-feira. Ficou tão íntima nossa, que deu trabalho esquecer que ela é do palco, que é do Rio de Janeiro. Algumas vezes a vi por lá : em Gota D'água, em Piaf... Maravilhosa ! Hoje eu a vi, num pedacinho da novela , e o capítulo cresceu tanto, que a cena engoliu a trama.

Ah, tinha razão um amigo, quando me dizia : " Mulher, para de se emocionar com os dramas da ficção. Vive a tua emoção. Rasga teu coração, solta tuas águas , molha quem está por perto , toma banho de chuva com o povo !".

Eu não chego a envolver-me , depois dos meus tantos janeiros, mas não nego que me ligo na telinha, principalmente , em se tratando dos últimos capítulos de novela, quando tudo enfim, se concretiza , se esclarece, e vive o final feliz .
Acabei de dar uma espiada no céu . Cantarolei "Minha Palhoça" , numa interpretação tímida e silenciosa.
Bom é Moreira da Silva ou Bibi Ferreira !

Minha Palhoça
J. Cascata


Mas se você quisesse, morar na minha palhoça – Lá tem troça e se faz bossa –
Fica lá na roça, à beira de um riachão – E à noite tem violão –
Uma roseira, cobre a banda da varanda e
Ao romper da madrugada, vem a passarada, abençoar nossa união.
Tem um cavalo, que eu comprei à prestação e que não estranha a pista
Tem jornal; lá tem revista.
Uma Kodak para tirar nossas fotografias – Vai ter retrato todo dia –
Um papagaio, que eu mandei vir do Pará.
Um aparelho de rádio batata, e um violão que desacata.
Meu Deus do céu que bom seria…
Mas se você quisesse, morar na minha palhoça – Lá tem troça e se faz bossa –
Fica lá na roça, à beira de um riachão – E à noite tem violão –
Uma roseira, cobre a banda da varanda e
Ao romper da madrugada, vem a passarada, abençoar nossa união.
Tem um pomar, que é pequenino, é uma beleza - É mesmo uma gracinha –
Criação, lá tem galinha –
Um rouxinol, que nos acorda ao amanhecer – Isso é verdade, podes crer –
A patativa quando canta faz chorar,
Há uma fonte na encosta do monte, a cantar – chuá… chuá…

E com essa encerro o dia, pois é quase madrugada , e eu quero dormir pra sonhar !

Socorro Moreira

Rubem Alves - A leitura como puro prazer.

.
De repente veio-me a frase. A seguir, a curiosidade de rever o trabalho de Rubem Alves. E ei-lo vibrante em um pensamento vigoroso e aberto. Instiga-nos a ler. Arrasta-nos do marasmo...
Vale a pena ver:

“Pelo poder da palavra ela pode agora navegar nas nuvens, visitar as estrelas, entrar, no corpo de animais, fluir com a seiva das plantas, investigar a imaginação da matéria, mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos que há muito deixaram de existir, assentar-se dentro de pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais gregorianos, ver os homens trabalhando e amando, ler as canções que escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos espaços de literatura, da arte, da filosofia, dos números, lugares onde seu corpo nunca poderia ir sozinho... Corpo espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!”


Rubem Alves

A leitura como puro prazer.

Joel Rocha - Revista da Cultura - Março de 2007

.Para o educador e escritor Rubem Alves, a convivência com a literatura deve ser sempre prazerosa. Do prazer vem o gosto; do gosto, o hábito. “Não esqueço a primeira história de Monteiro Lobato que ouvi meu pai contar. Jeca Tatuzinho. Eu era pequeno, vivia na roça. Fiquei encantado especialmente pelo murro que o Jeca Tatuzinho deu na cara da onça papuda. Tantas vezes me leram essa história que acabei por decorá-la.”

“Das aventuras de Robinson Crusoé, me lembro até da ilustração – ele vendo espantado a pegada na areia. Também me lembro com alegria das aulas de leitura na escola, da professora lendo para os alunos por puro prazer, sem exercícios de compreensão. Ela leu a obra inteira de Monteiro Lobato. E nós ouvíamos extasiados. Essas experiências talvez expliquem um pouco como, aos 8 anos, li espontaneamente a coleção inteira de literatura que meu pai assinava – Guy de Maupassant, Flaubert, Émile Zola...”

Pedagogo, psicanalista e autor de mais de 40 livros para adultos e mais de 30 para crianças, entre eles O velho que acordou menino (memórias), Se eu pudesse viver minha vida novamente... e Perguntaram-me se acredito em Deus, além de artigos para jornal e revista, Rubem Alves não se cansa de recomendar a leitura como prazer, nunca como obrigação. A seu ver, não adianta enumerar razões práticas para convencer as pessoas a ler. Também não adianta obrigá-las a ler, como ocorre freqüentemente nas escolas. É preciso ler por gosto. E afinal, como bem argumentou o escritor Jorge Luis Borges, por que ler um livro chato se há tantos livros deliciosos a serem lidos?

“Ler, para mim, é importante porque dá alegria”, diz. “Resolvi reler os Cem anos de solidão. Mentiras do princípio ao fim. Invenções da imaginação do Gabriel García Márquez! Mas fiquei possuído, mais possuído do que na primeira vez. Lembrei-me do que disse o poeta Paul Valéry: ‘Que seria de nós sem o socorro daquilo que não existe?’. Nos livros encontramos as coisas que não existem, que nos podem socorrer.”

Na introdução de O velho que acordou menino, ele fala do significado das ‘estórias’ inventadas: “O corpo se alimenta do que não existe. Temos saudade do que nunca aconteceu. Os gramáticos tiraram a palavra ‘estória’ do dicionário. Mas o que ‘história’ tem a ver com ‘estória’? A estória não quer tornar-se história, dizia Guimarães Rosa.A história acontece no tempo que aconteceu e não acontece mais. A estória mora no tempo que não aconteceu para que aconteça sempre.”

Sua receita de como saborear um livro: “Leia vagarosamente, bovinamente, ruminando, brincando com as palavras, sem querer chegar ao fim, como se estivesse fazendo amor com a pessoa amada. A leitura nos leva por mundos que nunca existiram e nem existirão, por espaços longínquos que nunca visitaremos. É desse mundo diferente, estranho ao nosso, que passamos a ver o mundo em que vivemos de uma outra forma.”

“A literatura desenvolve nossa capacidade de imaginar e propicia experiências emocionais que não poderíamos ter no cotidiano”, observa. “Sempre que nos identificamos com um personagem, sentimos o que ele sente: tristeza, saudade, esperança, raiva, amor. E ficamos mais ricos interiormente. Como disse o escritor Daniel Pennac, a virtude paradoxal da leitura está em fazer-nos abstrair do mundo para lhe reencontrarmos um sentido. Muitas pessoas encontram sentido para sua vida lendo um livro.”

Leitura prazerosa, no seu entender, é a que se faz de forma antropofágica, compartilhando vivências e sensações, comungando com o autor. Nada como o faro para reconhecer quando isso é possível. “É preciso fazer como um cachorro. Um cachorro nunca abocanha um pedaço de carne de uma vez. Ele primeiro cheira, testa para ver se a coisa é boa... Se a comida é ruim, a gente deixa no prato. Depois – e digo isso em especial para professores – é preciso que se leia por pura vagabundagem, sem ter pela frente testes de compreensão a serem respondidos. Está no Manifesto Antropofágico: ‘A alegria é a prova dos nove’. Essa é a marca da leitura!”

Ele conta que nunca imaginou nem premeditou ser escritor. Foi uma escolha feita por acaso. “Eu me sentia entediado com a aridez literária da universidade. Só livros eruditos. Aí resolvi brincar com as palavras. Os leitores gostaram e percebi então que poderia me dedicar à escrita. O primeiro livro publicado foi minha tese
de doutoramento, Teologia de Libertação. Foi editado nos Estados Unidos, virou best seller... Levei um susto. Aliás, a reação de meus leitores, adultos e crianças, até hoje me comove muito”.

Em sua trajetória pelo universo literário, Rubem Alves ressalta algumas descobertas que foram fundamentais e deixaram marcas definitivas: “Nietzsche, com quem me identifiquei imediatamente. Em Fernando Pessoa, descobri a poesia. Eu já tinha mais de 40 anos... Foram encontros mansos.”

Entre os autores e livros que mais ama, cada um de um jeito, como enfatiza, ele cita: “O eterno menino Mario Quintana. Adélia Prado, que faz poesia de uma formiga subindo na parede e de um quiabo, chifre de veado. Gabriel García Márquez: Cem anos de solidão, O amor nos tempos do cólera. Guimarães Rosa: Sagarana. Nikos Kazantzakis, autor de Zorba, o grego. Meu querido amigo Carlos Rodrigues Brandão. Manoel de Barros. Octavio Paz. Pablo Neruda: Confesso que vivi. Mia Couto: O outro pé da sereia. José Saramago: Memorial do convento, As intermitências da morte. O eterno Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll. Toda Mafalda, de Quino.”

.www.blogdogaleno.com.br/texto_ler.php?id=2868...

" AO MESTRE COM CARINHO" - Prof. José Nilton e Ana Cecília

Retomando a linha do discurso que provocou vossa intervenção em comentário pleno de sentido e contemporaneidade, permita-me acrescentar, que o fenômeno da cura estará ainda por muito tempo excluído da ciência médica enquanto os pesquisadores se limitarem a uma linha estruturalista conceituAl que não lhes permita lidar com a interação biopisicosocial do sujeito. Em outras palavras, continuarem afastados das Ciencias Sociais e da Filosofia.
A visão cartesiana influenciou a tal ponto a prática da assistencia a saúde que dividiu a profissão em dois campos opostos pelo vértice, distintos e quase sem comunicação entre si. Os médicos ocupam-se do "tratamento do corpo" e os psiquiatras e psicólogos, da "cura da mente".
Essa divisão no meu entender só trouxe desvantagem para a compreensão da maioria das doenças importantes, porque impediu os pesquisadores médicos de estudarem o papel do "stress" e dos "estados emocionais" no curso das doenças. Não faz muito tempo que se reconheceu o stresse como fonte significativa de um amplo leque de enfermidades e disturbios, e o vínculo entre entre estados emocionais e doença, embora conhecido através dos tempos recebe pouca atenção da ampla maioria dos colegas médicos.
Essa divisão cartesiana influenciou a tal ponto este universo que hoje existem dois corpos de literatura na pesquisa de saúde, fato que a Dra. Ana Cecília tão bem conhece. A literatura em psicológia ressalta com amplitude a importãncia dos estados emocionais para a doença. Enfatiza o debate e se documenta sobre os fatos. Os psicologos experimentais colocam a disposição nas Universidades e Centros de Pesquisa esses resultados, mas os cientistas biomédicos raramente tomam conhecimento delas. A literatura biomédica se fundamenta na fisiologia mas jamais se ocupa dos aspectos psicológicos das doenças. Só para lembrar: os estudos sobre o Câncer são um caso típico. Desde o final do século XIX a ligação entre estados emocionais e câncer se encontra estabelecidas em incontáveis estudos da literatura psicológica com provas substanciais. É triste constatar que os dados dessas pesquisas não são incorporadas pelos médicos às suas pesquisas.
Um outro fenômeno caracteriza bem este triste hiato. Persiste uma grande incapacidade dos nossos cientistas de integralizarem elementos físicos e psicológicos ao fenômeno da dor. Os pesquisadores ainda não sabem precisamente o que causa a dor simplesmente por não entenderem os mecanismos de comunicaçlão entre corpo e mente. Da mesma forma que a doença, como um todo, tem aspectos físicos e psicológicos, o mesmo ocorre com a dor que frequentemente esta associada a ela. Pergunto como "mote" para a ampliar a discussão: quem pode me afirmar quais são as fontes de dor e quais as psicológicas? Exemplo: Dois pacientes com idêntica sintomatologia física, um apresenta dores insuportáveis, enquanto o outro não sente absolutamente nada. Se quisermos entender a dor e sermos capazes de alivia-la no processo da cura, "devemos considera-la num contexto amplo que abarca as atitudes e expectativas mentais do paciente, seu sistema de crenças e valores e apoio emocional da família e dos amigos e, obviamente outras circunstâncias", já me alertava em seus ensinamentos o Prof. Fernando Gonzalez. Em outra oportunidade gostaria de abrir uma discussão com o Prof. José Nilton, Dra. Ana Cecília, Dr. José do Vale, Liduina Belchior e Dr. João Marni sobre o fenômeno da DOR e da MORTE.

Ότι η επιστήμη ανοίγει τις πόρτες της γνώσης για το καλό της ανθρωπότητας και την δόξα του Θεού
..
( Trad. - Que a Ciência abra as portas do conhecimento para o bem da humanidade e a Glória de Deus).



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Conversando Sobre Fotografia... Por Pachelly Jamacaru


DIREITOS AUTORAIS
Importante saber.



É comum pensar que uma foto que uma vez esteja na internet, esteja disponível para uso indiscriminado sem autorização consensual ou expressa de seu autor. Pessoas ou instituições, órgãos públicos, federais, empresas, que inadvertidamente, inocentemente ou intencionalmente se apropriam ou utiliza de produções autorais, correm o risco de responder nos termos da lei a um possível processo.

Este artigo não vem com intuito de amedrontar ninguém e nem está correlacionado a algum fato desta natureza aqui nos blogs, que tenha conhecimento, muito pelo contrário, o posto imbuído da intenção prestar esclarecimentos.

A coisa é séria! Ultimamente ocorreu um congresso em Minas Gerais unicamente com este propósito, discutir sobre a Lei: 9.610 de: 19 de fevereiro de 1998. Vale ressaltar que um fotógrafo é reconhecido como um artista, igualmente a um Pintor, um Escultor, enfim a aqueles que materializam a sua criatividade.

Em geral, não sabem os leigos os custos que envolvem a produção de uma fotografia. Por exemplo: Vai desde o investimento em conhecimento profissional que demanda tempo e compras de materiais ou mesmo desembolso com cursos correlatos; aquisição de equipamento de altos custos; Deslocamento que implicam gastos com combustível, alimentação e planejamento; Fator de risco de todos os gêneros, que vão desde quebra de equipamentos a todo tipo de adversidade que um fotógrafo enfrenta!

Então, é muito cômodo que uma foto maravilhosa postada em qualquer que seja o veículo, venha a ser utilizada sem o prévio consentimento do autor, sem o seu crédito de autoria e/ou sem um contrato firmado a termos!

A sugestão básica é que quem for se utilizar de qualquer produção artística, que procure o autor, peça permissão, argumente, talvez lhe ceda com maior boa vontade, talvez não, mas seja como for, respeite o seu poder de decisão!

Sugestão aos fotógrafos que publicam na Net:
Usem baixa resolução e se possível com Marca D’água!

Pachelly Jamacaru em colaboração.

Veja o que diz a lei:
Título II
Das Obras Intelectuais
Capítulo I
Das Obras Protegidas

Art. 7º.
São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:

I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; III - as obras dramáticas e dramático-musicais; IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma; V - as composições musicais tenham ou não letra; VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia; VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética; IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova; XII - os programas de computador; XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.

Pesquisa na internet.

Sem Sexo até 2010- Luis Fernando Veríssimo - Colaboração de Ismênia Maia

Eu nunca havia entendido porque as necessidades sexuais dos homens e das mulheres são tão diferentes. Nunca tinha entendido isso de 'Marte e Vênus'. E nunca tinha entendido porque os homens pensam com a cabeça e as mulheres com o coração.

Uma noite, na semana passada, minha mulher e eu estávamos indo para a cama. Bem, começamos a ficar a vontade, fazer carinhos, provocações, o maior 'T' e, nesse momento, ela parou e me disse:
- Acho que agora não quero, só quero que você me abrace...

Eu falei: - O QUEEE???

Ela falou: - Você não sabe se conectar com as minhas necessidades emocionais como mulher.

Comecei a pensar no que podia ter falhado. No final, assumi que aquela noite não ia rolar nada, virei e dormi. No dia seguinte, fomos ao shopping. Entramos em uma grande loja de departamentos. Fui dar uma volta enquanto ela
experimentava três modelitos caríssimos. Como estava difícil escolher entre um ou outro, falei para comprar os três. Então, ela me falou que precisava de uns sapatos que combinassem a R$ 200,00 cada par. Respondi que tudo bem.
Depois fomos a seção de joalheria, onde gostou de uns brincos de diamantes e eu concordei que comprasse. Estava tão emocionada!!! Deveria estar pensando que fiquei louco. Acho até que estava me testando quando pediu uma raquete
de tênis, porque nem tênis ela joga. Acredito que acabei com seus esquemas e paradigmas quando falei que sim. Ela estava quase excitada sexualmente depois de tudo isso. Vocês tinham que ver a carinha dela, toda feliz!

Quando ela falou: - Vamos passar no caixa para pagar, amor?

Daí eu disse: - Acho que agora não quero mais comprar tudo isso, meu bem...Só quero que você me abrace. Ela ficou pálida. No momento em que começou a ficar com cara de querer me matar, falei: - Você não sabe se conectar com as
minhas necessidades financeiras de homem.

Vinguei-me! Mas acredito que o sexo acabou pra mim até o Natal de 2010.......................

Luis Fernando Veríssimo

A ÁRVORE E A SEMENTE DE UM NOVO DEVIR



Bernardo Melgaço da Silva
Certa vez um pássaro pousou sobre um galho de uma enorme árvore numa floresta. Em seu bico carregava uma pequena semente, e por um descuido deixou-a cair lá de cima. A pequena semente ao cair se chocou contra o chão. E meio atordoada procurou se refazer do susto. Em seguida, ainda assustada olhou para a árvore imensa e disse: “Senhora árvore, por favor me ajude. Eu não sei me defender. Tenho medo de ser comida e morrer. Vejo que a senhora é muito alta, forte e experiente”.

Então a árvore respondeu dizendo: “Querida semente tu és muito pequenina, mas não tenhas medo que farei balançar os meus galhos de modo a saltar algumas folhas sobre ti e assim estarás salva dos predadores que existem nessa floresta. Eu tenho mais de um século de experiência”. E assim fez se balançar e várias folhas cairam sobre a semente de tal forma que ainda sobrou um pequeno buraco para a semente respirar e olhar para a grande árvore.

A semente agradeceu e dirigiu-se novamente para a árvore e disse: “Puxa vida – cem anos! Por favor, gostaria que me dissesse como é ser um dia uma árvore grande, forte e bonita como a senhora?”. A árvore com muita doçura respondeu: “Querida semente és muito pequenina ainda para compreender essas coisas. Mas, mesmo assim direi algo de instrutivo. Eu sou uma espécie de árvore entre milhares e milhares delas que existem por aí na floresta. Mas, todas - inclusive você será também assim um dia! - são constituídas de três partes básicas: a raíz, o tronco e a copa. Todas elas têm um duplo crescimento: um em direção às profundezas do chão e o outro em direção ao firmamento do céu.

Em outras palavras, uma parte sua estará enraizada na escuridão do mundo do chão-terra e a outra estará buscando luz, energia e claridade na imensão do cosmos. Somos assim, ou seja, temos dois impulsos de crescimento. Um nos puxando para baixo que é individual e o outro nos puxando para cima que é universal e holístico. Essa situação nos põe em conflito porque são duas forças que nos remetem para lados opostos.


O mundo do chão é escuro, ás vezes úmido, ás vezes seco, muitas das vezes duro, sofrido e bastante concreto. Esse crescimento é a base de nossa estrutura física. Por isso, temos que escolher com cuidado e prudência as substâncias e os alimentos que a natureza desse mundo nos oferece. Terás momento de fome, sede, calor, frio e solidão. A noite ficarás no escuro e de dia serás aquecida pelo sol; no verão serás alagada pelas águas da chuva; no inverno serás coberta de neve. O cupim e o homem são os nossos maiores predadores, por isso não guarde seu tesouro na terra mas no céu. Mas, não se preocupe porque o nosso criador nos criou com sensibilidade para nos protegermos e selecionarmos as coisas boas sem errar. Nada é dado, mas tudo é conquistado com perseverança, disciplina e mérito. O teu esforço pessoal é o caminho para a sua fortaleza no mundo interior do chão. Nunca se esqueça de cuidar da parte superior da copa que liga você ao mundo transcendente do céu. Ela é extremamente importante tanto quanto a parte de baixo da raíz.

Terás um desafio muito grande que é alimentar a raíz fortalecendo-a a cada dia, e ao mesmo tempo voltar-se – através da contemplação interior - constantemente para a luz transcendente do sol da vida maior. Agradeça sempre esse aprendizado porque é uma síntese da lei da vida criadora. Terás momentos difíceis e penosos principalmente quando a espécie humana se aproximar de ti.

Muitos deles perderam a sensibilidade e não nos enxergam como fonte sagrada da mãe-natureza, mas apenas como objetos de uso e troca para o crescimento de suas riquezas egoístas. E mesmo que os homens lhe ataquem com serras, martelos, foices, facôes e palavras de ordem agressivas entenda que a sua missão é servir com Amor e morrer em vida dando sombras, frutos, alimentos, abrigos e água através de suas raízes e copas. Fazemos parte de um grande sistema da vida em busca do equilíbrio cósmico.

A vida é uma árvore que deverá dar bons frutos; os homens são também como árvores. Muitos deles vivem presos dentro do chão na escuridão da consciência e não percebem o valor da copa e da luz do céu. Um dia o homem perceberá um pouco tarde que todo o mal que pratica está na raiz da consciência. Nesse dia, novas sementes crescerão orientadas pelo céu de um novo tempo e devir. Aceite ser transformada no altar da vida amorosa: é a Lei Dhármica!.

Assim, se conscientize de uma vez por toda que uma árvore evoluída precisa se fundir com a imensidão da floresta conquistando assim a sua nova identidade, salvação e libertação das raízes do limitado ego. E não existe outra forma que nos explique porque precisamos servir e vir-a-ser nesse mundo: ser essência divina criadora.

Pensamento para o Dia 10/09/2009


“Pegue o arco, a grande arma fornecida pelos Upanishads, e coloque nele uma flecha afiada pela meditação. Direcione-o com a mente concentrada em Brahman (Deus) e, sem perder o objetivo, acerte no alvo: o imortal Brahman. O Pranava (o som do “Om”) é o arco, o Atma (alma) é a flecha e Brahman é o alvo. Assim, o aspirante espiritual, assim como o arqueiro hábil, não deve afetar-se por coisas que agitem a mente. Ele deveria prestar atenção exclusivamente ao alvo. Então, ele alcança a unidade com o objeto da meditação.”
Sathya Sai Baba

Sobre a lua ...


"A Lua, na Astrologia, é o regente de Câncer. Ela representa nossas necessidades emocionais mais profundas, nossas reações e hábitos instintivos e o inconsciente. É alma, lembrança, memória, passado, voltar-se para dentro.
Seu posicionamento no mapa natal, signo e casa que se encontra indica como e onde o indivíduo gostaria de se sentir emocionalmente seguro na vida. Ela representa a mãe, a forma como foi a relação com ela – principalmente na primeira infância – e o que se herda dessa união.
Mostra a nossa base emocional que foi consolidada na infância, os nossos reflexos emocionais condicionados, os nossos hábitos e costumes instintivos.
Enquanto o Sol age, a Lua reage. Como reagimos instintivamente às circunstâncias? Aquele momento em que você “perde a cabeça” tem influência lunar. Podemos exemplificar essa reação através daquela pergunta que nos vem primeiro à mente assim que algo ocorre. Para a Lua em Áries, por exemplo, essa pergunta poderia ser: “O que eu devo fazer?”. Para a Lua em Virgem, “O que isso significa?”. Em Libra, “Isso é justo?”. Em Escorpião: “O que realmente está acontecendo?”.
A Lua, ao contrário do Sol, possui uma polaridade negativa e feminina. Deste modo, representa tanto questões do feminino como o instinto maternal, a fecundidade e a nutrição; como também mostra como será a nossa reação emocional imediata diante das mulheres. É uma das nossas imagens internas do feminino, representando a imagem da Deusa Mãe.
Este astro também simboliza onde nos sentimos emocionalmente seguros e o que precisamos para que possamos nos sentir incluídos, seguros e confortáveis.
De forma resumida, o signo que se encontra a Lua mostra:
Como você vivencia ou vê a mãe, como é como mãe, como cuida e gosta de ser cuidada.
Como nutrimos as necessidades emocionais, ou como precisamos ser nutridos ou complementados
A expectativa de complementação emocional em um relacionamento
A natureza emocional, o modo como respondemos instintivamente ou reagimos aos eventos e ao ambiente
A maneira de ser que nos dá conforto e segurança, o modo como nos afastamos quando é necessário descansar.
O que é necessário para nos sentirmos emocionalmente seguros na própria pele, nos ambientes e no lar.
A casa ocupada pela Lua descreve a área da vida em que preferimos nos apoiar em hábitos e condicionamentos para nos sentirmos emocionalmente seguros. "
Fonte: http://www.manualcontemporaneo.com/

Lâminas do Tarot -Arcano XVIII – A Lua

Esta lâmina mostra em sua representação clássica (Tarô de Marselha) uma lua no céu guardada por dois cães. Abaixo da Lua, duas torres somem no horizonte. Em primeiro plano, encontramos um caranguejo parado na água. A Lua parece sugar a energia que vem da Terra. Assim como a sua luz não torna as imagens que vemos muito definidas, A Lua representa no Tarô as ilusões, tudo o que não é claro para nós. Apesar da Lua ser o regente de Câncer na astrologia, no Tarô ela está associada ao signo de Peixes. Tudo o que tira nossa mente do contato com a realidade, tudo aquilo que altera nossa consciência, como: drogas, álcool ou algum tipo de transe. Os cães na carta são os guardiões da Lua (nossos medos e inseguranças): eles estão prontos a destroçar qualquer um que tente passar por eles. No entanto, precisamos enfrentar esse perigo a fim de continuarmos em nossa caminhada.

Lembremos que as horas mais escuras da noite são aquelas que antecedem o amanhecer.

Palavras-chave: ilusão, entorpecimento dos sentidos, medo do que está além, transe, alterações da consciência de um modo geral, intuição aguçada, superação dos próprios limites, angústia, magia.

Encantamento com a Lua
.
Na Mitologia e na Wicca, a lua, representa a força feminina que reflete a força masculina do sol. Na mitologia romana é Diana e na tradição grega é Perséfone e também Afrodite. Na tradição egípcia é Ísis, a parte feminina mais poderosa de Osíris,Ísis e Hórus.
Na wicca, ela é Brid, deusa-virgem da lua crescente; Diana, deusa-mãe da lua cheia, e Morrigan, deusa-anciã da lua minguante. Os versos que seguem, foram extraídos de um ritual associado à Deusa da Lua:
"Contemple a deusa de três formas;
Ela que é sempre três- virgem,mãe e anciã.
Embora seja sempre uma só;
Contida em todas mulheres, que também nela estão.
Contemple-a, lembre-se dela,
Não esqueça nenhuma de suas faces".

P/Lua lhe conceder um desejo: - Numa noite de lua cheia,pegue uma folha de papel azul, escreva nele o pedido, e acenda uma vela branca.Diante da vela, repita: "Sobre esta vela escreverei
o que peço esta noite à tua face.
Dedico este rito à ti,
Ó adorável Deusa-Lua".
Agradeça à Deusa, e deixe a vela queimar até o fim.

*Extraído e adaptado do artigo "Magic by the Stars", de K.D.Spitzer,

"Mani - deus da lua
.
Mani é o deus da lua, irmão gêmeo da deusa Sigel, por serem irmãos gêmeos são muito comparados com Artemis e Apolo (deuses do sol e da lua da mitologia grega) que também são gemeos.
Filho dos gigantes Mundilfari e Glaur, assim como sua irmã Sigel, Mani é constantemente perseguido por um lobo sangrento chamado Hati que o persegue durante a noite com o objetivo de matá-lo e libertar seu pai Fenrir.
De acordo com a profecia durante o Ragnarok Hati alcançará Mani, o matará e o devorará criando um eclipse junto com seu irmão Skoll, assim libertando seu pai Fenrir que está aprisionado pela corrente Gleipnir. "


A Lua Cheia de Setembro, no Carircaturas - Por Socorro Moreira

(foto de Heládio Teles Duarte)

Armando colheu no universo poético, esses versos:

"A Lua Cheia se aproxima
e com ela seu feitiço
fará brilhar nossos olhos
na magia do sorriso.
Rogar-lhe-ei pelo encontro
telúrico toque, me leve
eterno, profundo, dialético,
doce, singelo, leve... "

Heládio nos enviou essa foto-poema da sua autoria.

E eu fiquei espreitando a noite, na tarde , querendo antecipar a magia de uma noite de lua.
Mas a lua nasce também dentro da gente.Principalmente no colo feminino, que condensa o seu mistério.
Quando a gente olha pro céu , seja lá qual for a idade do olhar, procuramos por ela. Os homens , por ela se encantam; os mais sensíveis até com ela conversam.
Essa é a mulher que nunca sai do porta-retrato do amante.Poetas, músicos, andarilhos, gente de todos os signos , banham-se nas suas réstias. A lua quase me enlouquece ; o amor quase me entontece; a saudade quase me entristece; a espera por ela, lua cheia , em seu esplendor , quase me deixa esquecida de todos os meus elos... Eu quase adormeço, esperando por ela... E ela vem, some, retorna, em todos os meus anos de paciente espera... Toque leve, nos meus pequenos mistérios , que riem de mim , quando o decifro chega , no dorso do verso.
-Aos amigos , que nos fazem viver a lua, numa tarde quente de setembro, dedico !

Everardo Norões segundo Ronaldo Correia de Brito (Ana Cecília)

Que alegria ver aqui o texto de Ronaldo Correia de Brito sobre Everardo Norões!

Everardo é poeta extraordinário, de grandeza tal que dispensa adjetivos.
Não por coincidência, foi através de meu pai que recentemente encontrei Everardo e Sônia - primeiro, em Salvador, depois, em sua poética residência em Recife.

Imediatamente, a sensação de estar diante de amigos que por toda a vida tivéssemos conhecido. Momentos preciosos, inesquecíveis, que me fazem compreender que a poesia é capaz, de fato, de abraçar vidas, mesmo que seu ofício exija outros percursos e viagens. Talvez as circunstâncias da vida inviabilizem o ofício do poeta, se pensado com referência a outros ofícios. No entanto, qualquer que seja a estrada percorrida, há aquelas raras situações em que a poesia abraça a vida do poeta, sejam quais forem as circunstâncias, tão forte se impõe. É o caso de Everardo.

Partilho com a comunidade do Cariricaturas, no link abaixo, esta bela página, o número 268 do Poesia Net (A Rua do Padre Inglês), sobre Everardo Norões, editado por Carlos Machado, poeta baiano radicado em São Paulo e também um amigo querido.

http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet268.htm

Wilson Bernardo no Cariri Encantado (tremei, incautos!)


Por Carlos Rafael Dias

Amanhã, sexta-feira, é dia do programa Cariri Encantado; ainda sem a participação do seu apresentador titutlar Luiz Carlos Salatiel, que ainda está em Fortaleza e só aportará por aqui no Sábado.

E o programa de amanhã não tocará música, só poesia. Portanto, um poeta será o nosso convidado. Ele, o polêmico, incompreendido, famigerado, marginal e marginalizado, contudente, incisivo, cáustico, corrosivo; mas também doce, meigo e suave. Afinal, uma metamoforse poética ambulante. Sim, ele mesmo: WILSON BERNARDO.

Será que ele fará uma revelação bombástica? Será que ele fará tremer o chão da praça? O que ele dirá, afinal?

Portanto, não percam. Amanhã, sexta-feira, no programa Cariri Encantado, das 14 às 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri AM, 1020, com o apoio do Centro Cultural BNB Cariri.

Vagueios - Por : Edilma Rocha

O caminho é longo
Coração desperto
Frio, aconchego
E não amedronta
Chegada certa

Reencontros esperados
Rotineiros outra vez
Usados, rasgados
Restaurados todo mês

Sonhos meninice
Anseios perdidos
Na crendice da ilusão
Vagueiam unidos
Em novo coração

Reencontro meu torrão
Esquecido largado
Pelos anos solidão

Olhos ternos magoados
Sem cores
Pelo tempo usados
Vida amores

Brilho reluzente
Luz que reacende
Alegrias tristes
No cansaço
Como entorpecente

Viver mais uma vez
Alegria momentânea
Ligeira perdida
No tempo da ilusão

Esperar novamente
O pulsar do coração
Edilma Rocha

Sonho Impossível

Sonhar
Mais um sonho impossível

Lutar
Quando é fácil ceder

Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender

Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão

Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão

Não me importa saber
Se é terrível demais

Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz

E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão

Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão

E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão


O Homem de La Mancha (no original, Man of La Mancha) é um musical escrito por Dale Wasserman, com música de Mitch Leigh e letras de Joe Darion, baseado em D. Quixote de Cervantes.

Na Broadway, o musical foi apresentado pela primeira vez em 1965, teve 2.329 apresentações e ganhou cinco prêmios Tony. Foi reapresentado inúmeras vezes, tornando-se um dos mais vistos espetáculos de teatro musical e uma das escolhas mais populares das companhias teatrais.

A canção, The Impossible Dream, tornou-se um clássico.

No Brasil, a peça foi traduzida por Paulo Pontes e Flávio Rangel e dirigida por Flávio Rangel. A versão para o português das canções foi feita por Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra.

Estreou em 15 de agosto de 1972 no Teatro Municipal de Santo André, contando com a participação dos atores Paulo Autran, Bibi Ferreira e Grande Otelo nos papéis de Dom Quixote, Dulcinéia e Sancho Pança, respectivamente. A seguir, peça passou a ser encenada no Teatro Anchieta, em São Paulo.


Em 15 de janeiro de 1973 foi inaugurado o Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro, com o musical O Homem de La Mancha, permanecendo oito meses em cartaz. Em 1974, O Homem de La Mancha fez temporada popular, de janeiro a março, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Fonte : Wikipédia
Imagens : Google

Sonho Impossível com Maria Bethania e legendas

Homem sonhando o mundo - Por Ronaldo Correia de Brito


Quando tio Gustavo retornou do Sul, era madrugada. Ouvi os latidos dos cachorros, as batidas na porta da nossa casa e o nome do meu pai gritado alto. Depois escutei minha mãe chorando, transtornada com a magreza do tio, seu semblante envelhecido. Tudo se passando junto de mim, em torno da rede em que eu fingia dormir para escutar as histórias que nunca me contavam.

- Menino não precisa saber certas coisas - era o que diziam me enxotando para longe da roda dos mais velhos.

Ofereceram ao tio o pouco que havia em casa: rapadura, queijo, coalhada fresca. Antes, o tio não comia esses alimentos rudes. A fome e o sofrimento na terra distante acabaram seus orgulhos de homem.

- O Sul não existe - falou enquanto mastigava. É pura invenção de violeiro repentista. Eles enchem a cabeça da gente de promessas mentirosas. Viajar é o mesmo que correr atrás de fumaça.

Mamãe olhava o irmão, em seguida olhava meu pai, arrumava a roupa vestida às pressas, sem a ajuda de um espelho. Era a mais inquieta de todos nós, a que menos compreendia o mundo nebuloso de onde tio Gustavo retornava. Para ela, além do Sertão só existiam a Amazônia e o Sul.

- O que é o Sul? Se não perguntam, eu sei. Se me perguntam, desconheço. Meu pai me dava instrução para o dia em que eu tivesse de migrar. Aprendera a ler sozinho e me ensinava tudo o que sabia. Nossos livros estavam gastos, de tanto passar de mãos. Não eram muitos: A História Sagrada, As Mil e uma Noites, o Romance de Carlos Magno e os Doze Pares de França, A Ilíada. Para que precisávamos de mais livros? Toda sabedoria do mundo estava ali. Sem transpor os cercados da fazenda, conhecia as cidades da Terra: as de antigamente e as de agora.

- Você foi ao Mato Grosso? - perguntou meu pai.

- Fui, comecei a viagem por lá. Trabalhava numa fazenda de café. Os grileiros me fizeram de escravo. Nunca via cor do dinheiro, pois estava sempre devendo ao barracão. Tomaram minhas roupas e até o fumo do cigarro eles controlavam. Tive malária e pensei que fosse morrer. Ninguém daqui sabe o que uma febre. Ela chegava sempre na hora certa. Era a única certeza naquelas paragens. Quando senti que ia morrer, fugi por dentro da mata. Nem sabia para que lado ficava o norte. Desaprendi a olhar o céu e a me guiar pelas estrelas. Só enxergava a copa das árvores.

O tio enrolou um cigarro na palha de milho e de onde eu estava senti o cheiro conhecido do fumo. Quando crescesse eu também fumaria como todos os homens.

- Atravessei muitos rios até chegar à cidade; quase morro. Mas estou de volta e é como se nunca tivesse saído pra lugar nenhum.

- Você viu a cidade? - perguntou meu pai, com sua calma habitual.

Sem mexer-me na rede, para não descobrirem que eu escutava a história e via o alvoroço da família, busquei imagens dos meus livros para ilustrar a conversa misteriosa dos adultos.

- Fale da cidade - pediu minha mãe.

- A cidade é tão conhecida, que nem é preciso visitar. A gente tem na memória.

Contou sobre o que eu mais esperava ouvir. O viaduto elevado como os jardins suspensos da Babilônia, maravilha do mundo por onde passavam pessoas e carros. Embaixo, plantações de flores trazidas do levante e do poente. A torre de uma catedral gótica, parecendo o minarete de uma mesquita de Bagdá. Cheguei a ver o califa Harum al Raschid, suas duas mil concubinas e o muezim anunciando a oração para os fiéis. Lembrava um aboio de vaqueiro tangendo o gado no fim de tarde. Embalado pela voz do tio, avistei um primo no exílio da Babel, erguendo as paredes de um edifício alto. O elmo rolava da cabeça, ele tombava anônimo das muralhas do castelo franco e ficava caído no chão de asfalto da cidade. Ninguém chorava por ele.

O resto se confundiu nos sonhos, como a noite no dia que principiava.


Ronaldo Correia de Brito é médico e escritor. Escreveu Faca, Livro dos Homens e Galiléia.

O Ofício de Everardo Norões- Por: Ronaldo Correia de Brito





Pensamos nos poetas como andarilhos solitários em busca da emoção criadora. O romantismo contribuiu para reforçar o imaginário em torno desses exilados sempre à volta com frustrações amorosas, doenças, pobreza e falta de leitores. Manuel Bandeira, que lutou toda vida contra a tuberculose, se queixa do 'mal romântico', como foi chamada a tísica pelos poetas, numa crônica de julho de 1929.

"Na verdade em seus primeiros tempos a doença pode dar aos infelizes uma certa cor e uma certa sensibilidade romântica. Mas é um momento fugaz. O que vem depois é do mais duro e repulsivo realismo. É preciso amor, coragem ou bondade profunda para fraternizar até o contato físico com um tuberculoso em plena miséria orgânica" - escreveu.

Não existe nenhum glamour em adoecer e morrer, mesmo com auréola de artista. Se ainda fosse vivo, Bandeira escreveria sobre uma outra doença que se transformou em metáfora do nosso tempo: a Aids.

Quando lemos o poema de Carlos Drummond sobre a visita que fez Mário de Andrade a Alfonso de Guimarães, um simbolista entre as serras de Mariana, na distante Minas Gerais, sentimos que o jovem e inquieto Mário não fez mais que fraternizar-se com um velho místico, solitário e esquecido.

A chegada do visitante à casa do poeta desencantado, que escreve poesia e esconde nas gavetas, é como uma luz entrando pelas portas e janelas, mesmo que fugazmente, para logo ir embora. A presença que revira papéis sem aparente significado, que lê em voz alta, que exclama e se encanta é semelhante à do anjo da morte, um personagem bem conhecido dos médicos, pois o anjo visitador costuma trazer um último alento aos enfermos, uma esperança antes que eles morram de vez.

Viver de poesia é inconcebível como sobrevivência real ou simbólica. Nem João Cabral, nem Carlos Drummond, nem Manuel Bandeira, nem Jorge de Lima, nem Murilo Mendes, nem Joaquim Cardozo viveram apenas de poesia. Talvez tenham sobrevivido apenas por serem poetas. Manoel de Barros escreve e cria rebanhos de gado. Vinicius de Moraes era pago por ser diplomata. E Cora Coralina, lá no Goiás Velho, entre os muitos ofícios da vida também decidiu ser poeta.

Dizem que na velha China, na dinastia Thang, de 618 a 907 d.C., cada homem era um poeta. E de fato, só os nomes mais famosos chegam a 2300, um número inconcebível para a nossa cultura ocidental. Será mesmo inconcebível? Quantos poetas se escondem pelos gerais do Brasil, por norte de rios, nordeste seco, centro oeste, pampa sul e sudeste populoso? Quantos? Impossível avaliar.

Há poucos dias citei um poeta cearense que já morou na Europa, na África e há bastante tempo reside em Recife. Disse que o achava um dos melhores poetas brasileiros. Imediatamente alguém me perguntou quem eram os poetas contemporâneos que eu conhecia, para fazer tal afirmativa. E citou-me nomes de todas as latitudes, gente que faz poesia por ofício de viver, enquanto labuta noutros ofícios como sempre foi, desde a antigüidade, desde a Grécia onde Sócrates além de pensador era pedreiro.

Corrijo-me. Everardo Norões é um dos melhores poetas que conheço, entre os milhares de poetas brasileiros que apenas imagino. É dele o poema que transcrevo abaixo, do seu mais novo livro publicado pela editora 7 Letras: Retábulo de Jerônimo Bosch.


Desplagiato

a minha voz de tantos
também tua,
soma de tantos
como agora
rio que resvala
em labirinto
destino solitário de um navio
voz de muito além
de finisterra,
soluço vegetal
pedra marinha
a minha voz
de todos
também minha


Ronaldo Correia de Brito é médico e escritor. Escreveu Faca e Livro dos Homens.

Desconstruindo a Construção - Rejane Gonçalves

No último andar, o casal de noivos equilibra-se, abandonado à própria solidão. O último andar é o menor. É possível que, de tão pequeno, não abrigue de maneira satisfatória o homem vestido em seu elegante fraque de risca de giz e a mulher em seu vaporoso vestido branco, caso os dois, por não suportarem o cansaço, desistam de proteger o engomado das roupas e achem melhor se deitar. Os pés do noivo, sem o devido apoio, sobrariam e o verniz dos sapatos pretos emitiria desnecessárias cintilações. O véu da noiva de tão comprido cairia pelas paredes, da derradeira à primeira esfera, destruindo, na queda, em determinados trechos, o contorno de cada círculo. Sim, de cada círculo; esqueci de dizer que, nesta construção, todos os andares são redondos, circulares; também esqueci de falar que as formas perfeitas são as esféricas. Redonda é a terra em que vives, jamais te esqueças. Redonda é a linha que te leva do nascimento à morte. Circular é o movimento do teu sangue a ir e vir nas veias. Respeita o uróboro, lembra do eterno retorno e, se queres mesmo continuar esta leitura, não te esqueças de que terás de entrar na roda. Girar.
Vem, começou um ajuntamento ao redor do casal. Acompanha o olhar das pessoas. Para a tua compreensão aviso que, estranhamente, o olhar dá voltas. O que via só os noivos, agora, vê a beleza distribuída com sabedoria do último ao primeiro andar. Seria proveitoso que observasses o acetinado da cor que perpassa por todos eles. Redondos, dizem, versões aprimoradas, em tamanhos diversos, em cor branca, deste nosso planeta azul. Imagina a Terra aplainada nos pólos e depois fatiada em cinco circunferências semelhantes. Eu não disse iguais. No térreo, fica a maior dessas partes. Nela, tudo começa e termina. É ali que está plantada a primeira série de pilotis, aquela que sustentará o peso de todos os andares, embora não esteja nessa história, sozinha. Entre um andar e outro a série de pilotis é repetida. Sobre essas colunas, já te preveni que todas têm baixa estatura, compleição que despreza a força em favor da beleza e que a ninguém importa se elas são capazes de sustentar a integridade da construção.

Ainda que incomodadas, ainda que tontas, as pessoas rodam e, se apesar dos percalços, perseveraste, devo concluir que estejas de acordo em acompanhá-las; vai, quero que observes o movimento das ramagens enroscadas nos pilotis. Não é a toa que todos andam em círculo, desenhando voltas e mais voltas em torno deles. Ouve, é preciso que ouças o que sussurram, nos ouvidos uns dos outros, homens e mulheres que acompanham o rastro circular da serpente: se pudéssemos tocar nesses galhos floridos, passar a pele na delicadeza dessa pétala, dessa outra, dessa outra mais; se o sopro se tornasse possível e o que nos saísse da boca parecesse tão leve, que se assemelhasse ao volteio incessante das folhas que se abrem e se dobram, obedecendo a um interessante desacerto no ritmo; ah, se o acesso nos fosse dado ao impossível. Seria bom não te esqueceres da sinuosidade daqueles ramos, de admirar a dança, o traço oblongo, a curva que prepara o vôo. Não percas tempo com o artista, embora eu desconfie que, por uma questão de vida ou morte, seria proveitoso saber onde se esconde quem tem mãos assim, tão terrivelmente hábeis. Anjo ou demônio?

Num giro devagar, aos poucos, as pessoas notam que construções daquele tipo já não são comuns, tu também percebeste. Elas fizeram estilo, foram donas absolutas, em uma determinada época, o que não impede que repitam a hegemonia em outra época qualquer, basta que o aro, onde permanecem suspensas, gire e volte. Hoje, precisas saber que, quadrados, redondos ou hexagonais, os andares são construídos diretamente uns sobre os outros, cada um, deixando ao que lhe ficou embaixo uma margem livre; por isso a construção vai se afunilando, daí o último andar, num caso e no outro, ser o menor. Com ou sem colunas é mantido o direito ao espaço livre do andar que sustenta o próximo, pelo menos neste tipo peculiar de construção.

Para ver os noivos mais de perto, as pessoas se achegam e cingem a primeira forma esférica. Cada uma quer um lugar privilegiado que lhe permita o domínio sobre o casal, a superação que lhe garanta a esperteza frente à pessoa vizinha. Tu não és diferente. Conseguiste um ótimo lugar, um fotógrafo, ainda que mediano, concordaria comigo, ao assegurar que aí, onde te encontras, deténs o ângulo perfeito. Diz-me, por favor, o que vês?

Aproximam-se os noivos, chegam ao pé dos brancos andares, tomam um gole entrelaçado de champanhe, armam-se com uma espátula de prata e as duas mãos, uma da mulher, a outra do homem, pressionam a lâmina sobre o corpo redondo do primeiro andar, o térreo, a base. O vértice da espátula afunda a uma distância considerável do eixo, enquanto a sobra da lâmina mergulha lenta e precisa em direção às bordas. O grande corte deixa à mostra uma carne escura, espécie de massa marrom cheia de pontos mais ou menos uniformes, de consistência ímpar, difícil de ser apreendida de imediato, ora gelatinosa, ora feito pedras de um colorido difuso, meio transparente; lembram-me frutas cristalizadas. A espessa camada de tinta que recobria as paredes, descasca e solta na bandeja torrões de açúcar. Os noivos se presenteiam, com o primeiro pedaço. Intromete-se um garçom e, numa destreza impressionante, transforma em fatias todos os andares bordados de branco, para distribuí-los às pessoas que os circundam e às outras, sentadas em volta de pequenas mesas paramentadas e redondas. Recebo um, e antes da primeira garfada, noto que o garçom preservou o último andar. Este, escuto, será sepultado em uma embalagem especial e guardado no freezer por um ano. Ao fim desse prazo, os noivos poderão comê-lo, como reza o atual costume.

Acabas de perder o teu lugar e por isto não podes ver que alguém – decerto penalizado com a solidão dos pequeninos noivos feitos de porcelana, cópias mais bem acabadas que os originais confeccionados de carne e osso – retira-os do topo da construção, coloca o homem de fraque de risca de giz e a mulher de vestido vaporoso na bolsa de pérolas falsas e abandona a festa com eles. Ninguém percebe o sumiço do casal. Tu não és diferente. Quando completas a terceira volta, preocupo-me ao ver que paraste, com a expressão envergonhada daqueles que esbarram numa parede de vidro e se acham estúpidos; como é possível que logo eu não tenha notado a transparência?

─ O bolo, vejam só, o bolo, ele mesmo, com seus andares despedaçados, lembra um edifício vítima de um bombardeio, onde, por um estranho capricho, a torre se mantém intacta.

─ O senhor está bêbado?

─ Não. Claro que não. Basta olhar de todos os ângulos. Completar o círculo. Girar.


Rejane Gonçalves

O DESPERTAR DO SILÊNCIO - por Cesar Augusto

Um bom berro doi menos que o silêncio.
Aqueles berros que eu emito, não passam de meras afinações
pequenos curtos-circuitos que meu cérebro emite
para eliminar um impulso nervoso.
Seja como for, meu silêncio é especial porque e diferênte do seu,
e o seu é especial porque difere do meu.
cada um de nós tem uma forma característica de berrar e de ficar calado.
As pessoas passam a maior parte do tempo caladas, eu ao contrário,
passo a vida a berrar.
Depois fico em silêncio e solto meu grito mudo.
Podem, todos vocês, não acreditarem, mas meus gritos,
semprem encontram uma forma de chegar ao seu destino; pode ser
em um texto, uma canção, uma flor ou mesmo um rabisco.
Hoje eu solto mais um grito mudo porque quero que vocês
entendam meu grito mudo.
Sempre que eu os solto, é porque algo de importância aconteceu.
Há gritos de pouca importância, aqueles que não consigo passar algumas
horas sem soltar e há os de máxima importância, gritos mudos que
debitam decibéis de qualquer amplificador.
Êste é o grito mudo de advertência que revela a existência de um grito mudo
e afirmo, meus amigos, que um grito mudo tem mais força
que qualquer voz.
É esse o meu grito mudo de extrema importância que
eu quero trazer para vocês.
VAMOS ACORDAR!!!!!!!
Vamos abrir os olhos para essa vida bela, cheia de sol, novidades,
alegrias, amores, paixões e ate mesmo tristezas e desenganos.
Precisamos despertar para o silêncio e berrar bem alto
VAMOS ACORDAR QUE A VIDA É CURTA!!!!!!!!

Ponto Cego - Por Socorro Moreira


Estrada reta

sem atalhos, labirintos

Seremos agulha e linha,

amarrados,

num ponto cego do espaço.


Sou fumaça que o vidro embaça

nuvem que largou a lágrima e

de tanto ser ...Findou !


Palavras são como flechas ou bombas

quando atiradas provocam danos.


Estou na lista de espera

Estou sempre na janela

de asas cortadas.


Luas virão

estrelas piscarão

Basta ficar de olho no céu !

(A)final - Por Claude Bloc

.
(A)final

entre o começo e o final de tudo

que há em mim

essa espiral vai

consumindo

o sonho

até

o

fim
.
Texto por Claude Bloc