Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Romy Schneider, Eternamente "Sissi"

Romy Schneider,nome artístico de Rosemarie Magdalena Albach

( Viena, 23/09/1938 — Paris,29/05/1982 )

Romy Schneider era filha dos atores Magda Schneider e Wolf Albach-Retty e muito bonita desde pequena. Com uma pele rosada e olhos azuis, Romy chamava muita atenção, mas só estreou no cinema aos catorze anos, no filme Quando voltam a florescer os lilases, ao lado da mãe, que controlou sua carreira até que ela se casasse pela primeira vez.



Aos 17 anos, em 1955, Schneider tornava-se famosa ao viver Sissi, a Imperatriz-adolescente da Áustria, no filme do mesmo nome. Era uma personagem bonita, irreverente e capaz de quebrar todos os protocolos da nobreza européia de forma a conquistar o jovem Imperador austríaco Francisco José e os seus súditos. O filme conquistou as platéias do mundo todo e gerou mais duas continuações, Sissi, a Imperatriz e Sissi e Seu Destino, todos dirigidos por Ernst Marischika interpretados por Romy, o ator Karlleinz Böhm e a mãe de Romy, Magda Schneider.

Já famosa mundialmente a atriz se recusou a continuar a viver jovens princesas inocentes e partiu para filmes mais adultos, escandalizando seus fãs em 1958 ao participar do filme Senhoritas de Uniforme que contava a história de lesbianismo em um colégio feminino.

No mesmo ano Romy filmou Christine, e se apaixonou perdidamente pelo seu galã, o então também jovem e promissor ator francês Alain Delon . O romance durou até 1963, e o casamento dos foi várias vezes anunciado e outras tantas adiado. Nessa época, ela se encontrou com o diretor Luchino Vischonti que mudou radicalmente sua trajetória de atriz, dando-lhe um papel sexy e digno de uma grande atriz em Bocaccio 70.


Seu primeiro casamento foi com o diretor e cenógrafo alemão Harry Meyen, pai de seu filho David. Separaram-se em 1975,e logo depois se casou com seu secretário pessoal, Daniel Biasini, com quem teve uma filha, Sarah e que acabaria também por se separar. Quando morreu, vivia há pouco mais de um mês com o produtor francês Laurent Petain.

A atriz morreu aos 43 anos de uma parada cardíaca, em seu apartamento em Paris, onde vivia com o terceiro marido, a filha e uma empregada. Ela vinha se tratando de uma profunda depressão pelo suicídio do primeiro marido e, logo depois, pela trágica morte do filho de ambos, que ao pular um portão, foi perfurado pelas setas da grade, onde passava férias, e morreu na hora, com apenas 14 anos. Alguns dias antes de falecer, Romy se submeteu a uma operação para a retirada de um rim.


Fonte: Wikipedia

Imagens: Google Imagem







Cucurrucucú Paloma (Caetano Veloso) -Fale com Ela de Pedro Almodóvar

Vou abrir a porta - Uma das pérolas de Nelson Cavaquinho

Coisas que todos querem saber, mas tem vergonha de perguntar


Ganhará um brinde-surpresa quem responder corretamente a pergunta abaixo:

Por que é um representante do Brasil o primeiro a discursar na Assembleia Anual da ONU?

Azuláo- Manoel Bandeira e Jayme Ovalle

Duas canções brasileiras notáveis - por José do Vale PInheiro Feitosa

São duas canções que tratam profundamente de um momento histórico do Brasil. Ainda com as franjas do campo, o bucólico da pequenas cidades. Quando a superfície da terra era medida no passo das pessoas e dos animais. Quando se apartar era definitivo. E mesmo assim este momento que vivemos foi montando sobre esta grande jornada do campo para as cidades. Quem perceber a dimensão disso, certamente tem o poder de dominar os tempos atuais.

O Azulão foi uma poesia de Manoel Bandeira musicada por três grandes músicos, entre os quais Radamés Gnatalli e Camargo Guarnieri. A que fez mais sucesso foi a de Jayme Ovalle, composição curtaa, tão curta quanto o poema, mas de uma linha melódica muito sofisticada. É referência de cântico em todo o mundo. A primeira vez que a ouvi foi como trilha sonora em filme de Humberto Mauro. Depois no belíssimo filme de Walter Lima Jr. "Inocência".


Adeus Guacyra

Composição: Joraci Camargo e Hekel Tavares

Adeus Guacyra,
Meu pedacinho de terra
Meu pé de serra,
Que nem Deus sabe onde está.

Adeus Guacyra
Onde a lua pequenina
Não encontra na colina
Nem um lago prá se oiá

Eu vou embora
Mas eu volto outro dia
Virgem Maria, tudo há de permitir
E se ela não quiser
Eu vou morrer cheio de fé
Pensando em ti


Azulão

Composição de Jayme Ovalle e Poesia de Manoel Bandeira

Vai, Azulão, Azulão
Companheiro, vai
Vai ver minha ingrata
Diz que sem ela o sertão
Não é mais sertão
Ai, voa Azulão
Vai contar, companheiro, vai

Um repente para Pachelly Jamacaru - Por Socorro Moreira


O homem é a caneta


a natureza é a tinta


o papel é o guarda - poesia


As vezes ele solta um verso


As vezes prende o soluço,


ou se borra em lágrimas.


Quem não tem papel


cola na tela


Já não se faz papel almaço,


como antigamente


Ele acatava conceitos


aprovava e nos reprovava


Pachelly é nota dez


Olhar , e o resto dos sentidos


Só desconheço , o seu prato preferido


Mas a Socorro pode segredar ...


Aqui nesse Crato quente


de refrescante nascentes


-Um sorvete de cajá


para te agradar !

Nelson Cavaquinho amanhã em Compositores do Brasil


Por Zé Nilton

É difícil ou senão impossível não se comover, não se ficar tocado após ouvir qualquer música de Nelson Cavaquinho. Para quem gosta de música – da boa música – logo se enternece com a sensibilidade musical, harmônica e melódica das composições de Nelson Cavaquinho. Foi um mestre na arte de compor e de reinventar a realidade falando de coisas simples, duras, misteriosas da vida e da morte, com estilo e com profunda delicadeza. O mais carrancudo dos críticos, com seu nacionalismo e, acima de tudo, seu regionalismo ligeiramente exacerbado, esse irmão siamês das idéias em termos artísticos e musicais do famoso Ariano Suassuna – José Roberto Tinhorão – certa vez disse de Nelson Cavaquinho:

“Tome o homem seu violão, cante ele pelas ruas como um antigo trovador da Idade Média a beleza das flores, a efemeridade da vida e a angústia metafísica da morte, e esse será o retrato de Nelson Cavaquinho. Com sua cabeleira branca, seu permanente ar de dignidade e a sua voz enrouquecida por muitos anos de cervejas geladas, o que Nelson Cavaquinho canta (fazendo percutir, mais que dedilhando, as cordas do seu violão) é a saga de um homem que vive em estado de poesia. E cuja obra, por isso mesmo, não morrerá.”

Pura verdade sacada da inteligência desse minucioso historiador da Música Popular Brasileira, o Tinhorão. Nelson Antonio da Silva – Nelson Cavaquinho, que fazia verdadeiros malabarismos nas seis cordas do violão, foi mestre em destrinchar acordes simples e complexos, usando preferencialmente o polegar e o indicador e, segundo Paulinho da Viola, para seu grande espanto e admiração, terminando a música na segunda do tom. Permaneceu pobre e morando nas periferias do Rio de Janeiro, apesar da grande visibilidade que ganhou na década de 1970, ao ter inúmeras músicas gravadas por intérpretes de sucesso como: Paulinho da Viola (Duas Horas da Manhã), Chico Buarque (Cuidado com a outra), Clara Nunes (Minha festa), Beth Carvalho (Quero Alegria), além de Elizeth Cardoso, o saxofonista Paulo Moura e outros. Sempre teve presente na sua música e na suas conversas a idéia da dor, da solidão, da morte. Talvez devido ao seu estado de permanente embriaguês.

Lembro de um documentário realizado na década de 1960, sobre Nelson Cavaquinho, pelo cineasta Leon Leon Hirszman, em branco e preto, onde ele aparece em todas as cenas empunhando seus mais fervorosos companheiros: o violão e a bebida. Como disse, sua verve e sua imaginação colocavam por sobre o realismo exato da vida o lirismo e a mais terna poesia. Quem não se encanta com esta: “Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor” ? (A flor e o espinho).

E esta: “Quando eu passo perto das flores, quase elas dizem assim: vai, que amanhã enfeitaremos o seu fim (Eu e as flores). O nosso Patativa do Assaré tem uma poesia em que ele pede para que as homenagens a lhe serem rendidas sejam feitas em vida. Assim também o disse Nelson Cavaquinho, na música “Quando eu me chamar saudade”:

Sei que amanhã quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora
Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga
Para aliviar meus aís
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais.

Nelson Cavaquinho – será o nosso homenageado de amanhã no Programa COMPOSITORES DO BRASIL a partir das 14 horas, na Rádio Educadora, através da parceria Rádio Educadora/Centro Cultural Banco do Nordeste.

Vamos falar e tocar:

1. A flor e o espinho
2. Rugas
3. Folhas secas
4. Luz negra
5. Lágrimas sem jura
6. Eu e as flores
7. Palhaço
8. Quando eu me chamar saudade
9. Degraus da vida
10. Notícia
11. Juízo final
11. Cuidado com a outra
11. Pot-pourri, de Nelson Cavaquinho, com Noite Ilustrada

Quem ouvir, verá !

Fonte: Nova História da Música Brasileira, Editora Abril, 1974.

ATELIER DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO - Por Edilma Rocha


Fazem parte do acêrvo do nosso Museu de Arte Vicente Leite, 1 colagem, 9 esculturas, 7 desenhos, 2 xilogravuras, 2 batiks, 45 telas, 3 têmperas, 1 gravura, 4 aquarelas, 11 óleos sôbre madeira, perfazendo um total de 85 obras e mais doações de trabalhos posteriores a inauguração em 1971 por Bruno Pedrosa.
Para preservação e conservação deste rico conteúdo passo algumas sugestões as administrações que se seguem.
Prédio em bom estado de conservação; as salas escolhidas para receber o acêrvo devem ser arejadas com pouca incidência de luz solar e fechadas; se possivel, utilizar equipamentos elétricos como condicionadores de ar que controlam a umidade e o calor, estes evitarão a infestação microbiótica, ( fungos e bactérias ); limpeza periódica das instalações com aspirador de pó para remoção de poeira e identificação de possíveis infestações biológicas ( insetos ) que podem se alojar entre os objetos, portas e janelas; Polir o piso e janelas de vidro periodicamente, bem como a limpeza dos filtros de ar condicionados; ter pelo menos um funcionário por sala como cicerone para acompanhar os visitantes e dar as explicações necessárias sôbre a importancia do acêrvo; acomodar na entrada os pertences dos visitantes para evitar danos e extravios dos trabalhos; colher assinaturas para o importante índice de visitação; procurar com que todos cumpram as ordens de não tocar os objetos, fumar ou alimentar-se nas salas, alimentos atraem insetos e podem causar manhas de gorduras; manter um policial na entrada para uma eventual ocorrência; o uso de fotografias com flash acarreta danos as camadas de tinta das telas devido a forte e brusca incidência de luz, tambem responsável por pequenas rachaduras, recomenda-se que as fotos sejam feitas com a luz natural, poupando-se desta forma o desgaste desnecessário das telas expostas; remoção periódica da poeira depositada sôbre as telas e molduras, esta limpeza deverá ser com trincha de pêlo macio sôbre a pintura em movimentos lentos e suaves para cima; as molduras devem ser limpas apenas com flanela ou pano macio sêco; tambem pode ser utilizado um espanador de plumas naturais; pelo menos uma vez no ano as fitas adesivas das molduras devem ser trocadas para a detetização de possíveis insetos ( traças, aranhas, cupins ); jamais utilizar na limpeza dos quadros materiais abrasivos ou substâncias como acetonas ou derivados; observar periodicamente os suportes de metal com a finalidader de evitar a ferrugem; não pendurar as telas com barbantes, cordões de nylon ou elásticos, pois estes não resistem a pressão do peso por muito tempo, assim evitaremos o deslocamento brusco de um trabalho ao chão; ter em cada sala um extintor de incêndio dentro da validade; ao serem retirados os trabalhos por algum motivo dos expositôres, jamais coloca-los uns sôbre os outros na horizontal ou fazendo pressão sôbre as telas; quanto aos trabalhos sôbre papel, é recomendável evitar colocar as molduras em paredes que passem encanamentos hidráulicos devido aos índices de umidades; nunca pendurar os trabalhos em papel aonde a luz solar o atinja diretamente, não colocar focos de luz permanente na obra; jamais acomodar peças de acêrvo em salas inadequadas para um possível rodízio de exposição, este procedimento se dá aos grandes museus do mundo, devido a quantidade de obras existentes e por possuirem locais próprios e laboratórios de restauração permanentes; quanto as esculturas, limpar as poeiras depositadas periodicamente e fazer uma pintura ou polimento quando necessário, são trabalhos bem mais simples de conservação, devido a sua durabilidade; em caso de alguma infestação, mancha ou visível estrago, procurar um conservador restaurador especializado;o local escolhido para a exposição dos quadros bem como a mudança dos mesmos deve ser feita por pessoa especializada, como museólogo, rstaurador ou curador de artes; possuir livro caixa para possivel prestação de contas de doações e verbas mensais de manutenções oferecidas pela secretaria de cultura, através da prefeitura para distribuição de despesas; ter um fichário e uma pasta para cada trabalho com dados sôbre a obra, tais como, carta de doação, curículum de cada autor, arquivo de fichas de restauração, recortes de jornais e revistas, eventos, estudos ou publicações; cabe ao diretor do museu, orientar os funcionários sôbre os procedimentos de conservação do museu e capacia-los com cursos e seminários de arte.
Vamos cuidar do nosso patrimônio artistico para uma preservação futura, fornecendo aprendizado e pesquiza sôbre a sua coleção na formação cultural de um povo.
Edilma Rocha

Teoria da Relatividade

Há sempre o gênio que irrompe
Com violência o próprio tempo
Com a rapidez de quem consome
O espaço tal qual o vento

Meu tempo nem sempre é hoje
Nem tampouco amanhã seria
Meu tempo é atemporal
Nos ponteiros da poesia

Com vigas de versos paraplégicos
Sobre um terreno arenoso
São poemas às vezes letárgicos
Qual um fruto venenoso

Sem tempo portanto, para tantas vitórias
Eu ainda procuro nos becos
Montado no verbo em seu dorso
O tempo de minha própria glória!

Eu ainda procuro
Com lupas seculares
Erguer sonetos no escuro
Para quem os puder enxergares

Há sempre o gênio que irrompe
Com violência o próprio tempo
Que o diga qualquer poeta,
Primo-irmão do vento.

Foto:Daniel Pedrogam

Abandono - Por Edilma Rocha



Estação iluminada
Vazia
Desperdiçada
Vivem fantasmas
Sonhos e lembranças
Espera soitaria

Espaço perdido
No tempo que passou
Entre risos e prantos
Do amor que não vingou

Triste a noite
Repleta de clarão
Sem corpos
Sem damas
Cavalheiros
Sem vagão

Risos tristes
Gargalhadas sem graça
No silencio a dor
Ficou a fumaça
Do amor que não vingou

Solitária a estação
Magestosa
Imponente
Vazia de coração

Perambulam sentimentos
Antes vividos
Agora calados
Fantasmas do momento

Edilma Rocha

Onde nasceu o circo Nerino?

O Circo Nerino nasceu em Curitiba, PR, no ano de 1913, e apresentou seu último espetáculo em 1964, na cidade de Cruzeiro, SP. Durante quase 52 anos, num vai e vem contínuo, circulou por todo o Brasil: sul, sudeste, norte, nordeste, centro-oeste. Viajou de trem, navio, barcaça e, por fim, de caminhão em estradas de terra que na época eram de terra mesmo. E numa época em que o circo era o maior , quando não o único, espetáculo das terras do Brasil.

Quem sentou a bunda no poleiro do Circo Nerino?


Antepasto de berinjelas - Por Socorro Moreira


Quando eu morei em Macaé-RJ, 1981 a 1983, eu gostava de passar final de semana em Nova Friburgo para abastecer-me de pasta de berinjela, licores e amanteigados. Depois , em 1992 morei em Friburgo , e quis descobrir como se fazia a tal pasta, que eu tanto apreciava. Te tanto prová-la criei uma receita do meu jeito.

Ingredientes

2 berinjelas grandes
1 xícara (chá) de azeite de oliva
4 colheres ( sopa) de tahine
1 pimentão vermelho ou verde
2 dentes de alho
1 folha de louro
3 colheres (sopa) de azeitona preta picada
2 cebolas
1 colher (sopa) de orégano
Pimenta calabresa em flocos a gosto
Sal a gosto

Modo de Preparo:

Lave as berinjelas e corte-as em cubos
Em uma panela de pressão coloque os cubos de berinjela, azeite, orégano, folha de louro, 1 cebola em cubos, alho amassado
Misture tudo, feche a panela sem levar ao fogo e deixe descansar por 1o horas
Leve ao fogo e deixe cozinhar em pressão por 6 minutos
Abra a panela e acrescente os pimentões cortados em cubos, a azeitona e a outra cebola em cubos
Misture tudo, deixe esfriar
Coloque em um vidro com tampa e conserve na geladeira
Sugestão: sirva com pão sírio, torradas, pão francês ou pão italiano.



Receita de Baba ghannuge (pasta de berinjela)
Por Ana Maria
Ingredientes


1 1/2 xícara (chá) de polpa de 1 berinjela grande assada
1 dente de alho descascado
4 colheres (sopa) de tahine
3 colheres (sopa) de suco de limão
Sal à gosto
Azeite e pão sírio para acompanhar
Modo de preparo

Bata no liquidificador a berinjela com o alho, tahine, o suco de limão e o sal, até obter uma mistura homogênea.
Sirva com o azeite de oliva e o pão sírio.
Decore com cubos pequenos de tomate ou sementes de romã.
Rendimento: 4 porções.

Receita de escritor - Por Everardo Norões


Receita de escritor
(para outros festivais)

Hoje sonhei com uma árvore no meio do deserto.
Concluí que nela havia um passarinho,
passarinho voa,
quem voa tem asas.
E resolvi escrever um conto usando essa metáfora.
Deitei na rede, saquei do lápis (nada de esfereográfica)
e enquanto ouvia um velho disco de Raul Seixas,
chegou Sherezade, de blusa e calça jeans.
Pensei no título.
Algo que pudesse comover mãe e filha ao mesmo tempo.
Rabisquei: “Triste como ela”.
Puxei o laptop para verificar se no Google
alguém havia escrito algo com o mesmo título.
Esbarrei com um tal de Onetti.
Pedi uma sugestão a Sherezade, classe média periférica em ascensão,
metade da população brasileira,
meu mercado editorial.
- A essa hora, bicho?
Deu o estalo e depressa escrevi:
“A rede”.
O resto é sempre mais fácil:
meu léxico é o lexotan.
__
A colagem é feita com pinturas de Maigritte
.

Urucubaca


Aquilo era caié demais para uma semana só ! E nem tinha surrado o Dalai Lama, dado um sabacu em freira, insultado Chico Xavier ! Como tanta urucubaca assim caíra de repente em cima dele ? Não seria, por acaso, aquele nome horrível e profético de Caetano com que o haviam batizado que já começava com Caié? O certo é que o cocô do passarinho já lhe acertara o cocuruto, no início da semana, já batera o carro numa carroça e o carroceiro, meu senhor, não possuía um pau pra dá num gato ! Na terça, a esposa, escarafunchando sua gaveta, encontrara uma suspeita conta de hotel em Jericoacoara, em seu nome e acompanhante, de três anos atrás e que não fazia parte do arquivo oficial da patroa : cara trombuda e ameaça de separação. Na quarta, havendo sonhado toda a noite com o Clóvis Bornay, fechou a fezinha nas dezenas 94,95, 96 e 97 : veado. Fim do dia, deu 85 na cabeça : Tigre ! Se ao menos houvesse sonhado com o Leão Lobo, vá lá! Aquilo só podia ser praga de urubu, de sogra, de ex-mulher ou de mãe! Na quinta acordou com o oficial de justiça o intimando para uma audiência: a ex entrara com uma petição querendo aumento da pensão alimentícia. À tarde , a única boa notícia, mesmo assim atrelada a uma péssima: tinha em mãos a prova cabal de que não poderia ajudar a naja velha na sua solicitação : foi demitido do emprego de tabelião que já exercia há mais de 20 anos, por uma suposta contenção de despesas. Que despesa ? Tinta havia subido? Carimbo ? Caneta? Almofada? Papel? Com que diabo é que cartório gasta dinheiro? Imaginou que deveria sim ser demitido por justa causa e via estampada na sua Carteira Profissional a razão : Ziquizira!

A audiência de homologação do pontapé estava prevista para a sexta-feira. Acreditou que a via crucis finalmente havia acabado. Não existia a seu ver espaço para mais pé-frio. Topara! E quem sabe depois do tsunami não viria a calmaria? E foi pensando nesta possibilidade, de volta à casa depois do pé-na-bunda que nem prestou muita atenção na estrada e nas lombadas eletrônicas. No outro dia é que entendeu a música de Orestes Barbosa, “Chão de Estrelas” e aquele verso famoso: “Sinfonia de pardais anunciando o alvorecer”.

Terminada a audiência, na sexta-feira, recebeu em dinheiro a indenização demissional, na justiça do trabalho. Pois naquele dia mesmo, o “Ronda do Quarteirão” da sua área, fora atender uma ocorrência. Desceram da Hylux vistosa os soldados e entraram rápido na casa solicitante, aparentemente se tratava de uma ameaça de roubo. Saíram tão ligeiro para a ação que nem houve tempo de travar o veículo. Os ladrões que já deixavam a casa com o fruto do furto, pelos fundos, aproveitaram a oportunidade e carregaram também dois celulares do Ronda que estavam dando sopa dentro do carro semi-aberto. Pois bem, Caetano, de posse da grana que dava para começar um negocinho, temendo a reincidente urucubaca, resolveu ligar para o Ronda . Conhecia bem os soldados da sua área, eram bem legais e podiam dar uma mãozinha , escoltando-o, com segurança, até o banco, onde faria o depósito. Ligou e nem desconfiou do palavrório meio esquisito do pessoal. Contou a situação e foi prontamente atendido :
--- “Cara, dá um tempo, fica na tua aí, mermão, que nós já chega, num dá uma de otário, não ! Num vacila , não ! Se não a grana já era, sacou ?

Com uma meia hora chegaram uns caras estranhos, de bonezinho e montados em duas motos. Caetano ainda tentou voltar para o interior do prédio, mas sob a ameaça de dois berros, entregou o envelope com o dinheiro da indenização. Pronto, havia se fechado com chave de ouro a caiporice! Estava com uma mão no cano e outra no feixe!

Deprimido, resolveu pôr fim à vida. Subiu no viaduto, à noite , no sábado e pulou no escuro, de ponta, num salto desesperado e definitivo. Embaixo, no entanto, ia passando um caminhão transportando rolos de fumo vindos de Arapiraca. Caetano caiu de ponta no meio da carga. Ainda meio atordoado, no breu da noite, imaginando que acordara no outro mundo, caquiou os rolos de um lado para outro e concluiu:
--- É não adianta não ! Bem que o Padre Nosso diz : “Assim na terra como no céu” ! É fumo lá e fumo cá, meu senhor !

J. Flávio Vieira

De passagem ... - Rosa Guerrera


O que somos , senão pessoas que se cruzam de passagem nas ruas, nas praças , nos sentimentos uns dos outros?A infância por exemplo ,ela entra e sai de passagem nas nossas vidas deixando apenas uma lembrança de algo que não tem retorno.De passagem os puros sentimentos também partem . O dia de ontem por sua vez foi uma pequena passagem para a noite que se fez presente e vice versa. De passagem convivemos com pessoas que partiram, de passagem as lágrimas sumiram, de passagem o riso se fez presente, de passagem somem as ilusões, morrem os abraços,silenciam as palavras ,os lábios se fecham aos beijos e de passagem vão surgindo também as esperanças .Tudo rapidinho como a própria vida!E tudo passageiro num show sem reprises.
E de nada adianta tentarmos fugir a essas passagens sejam elas boas ou más..Os nossos perfis se confundem a medida que vamos vivendo e não podemos jamais afirmarmos que estacionamos nosso carro de vida exatamente no local mais desejado, porque tudo caminha para alguma coisa que não está ao alcance das nossas mãos .Na realidade , o ontem passou , e o amanhã é um traçado não desenhado por nós. Apenas o hoje existe , mesmo sabendo que ele faz parte de mais uma passagem.Então que surjam as primaveras e os outonos nas nossas vidas, que surjam e morram os amores, que abraços sejam divididos , beijos sejam roubados,alegrias sejam vividas sem que nos importemos em analisarmos se somos ou não aceitos nas nossas opiniões .
No mundo sempre existirão pessoas que vão nos amar por aquilo que somos e outras que vão nos censurar , nos ignorar , ou até mesmo nos odiar pelo mesmo motivo . O importante é mesmo nos acostumarmos.Afinal , tudo nesse mundo são coisas de passagem...



rosa guerrera

Dobras no papel - Por Socorro Moreira




Há um lugar ao longe
onde a terra e o céu se dobram,
como folhas de papel
Há um lugar ao longe,
onde fica a juventude
Tarde e distante...
Queria-te no futuro!

Bemol ou sustenido
saudade e solidão
Nos fazemos nos silêncios,
nas ruas sem esquinas,
nos poemas e pensamentos!
Tela de Normando Rodrigues

Estação do Silêncio - Por Socorro Moreira


Plataforma escura, silenciosa angústia
Meu coração já se apinhou de gente

chegando, e partindo
Já chorou, se descabelou...
Já dormiu em pé, já sonhou dormindo

“Café com pão
bolacha não
café com pão... "

-Olha a tapioca, olha a mariola...
(Tudo tão depressa, tudo já sumindo...)

-Corre menina, senão você perde o trem!
-Desce menino, o trem não espera por ninguém!

Naquele sacolejar...
Vi a roça, vi a rosa, puxei prosa
Vi a lua crescer, e a madrugada passar.

Queimei o braço no sol
Queimei o olhar, noutro olhar!

Viagens curtas e amorosas.
Outras desencarquilhadas,
impacientes, nauseantes...

E o apito, ainda soa em meu ouvido!
Encontros marcados
Trem atrasado,
que um dia deixou de chegar.

Pessoas também,
quebram-se nos trilhos da vida
Fragmentam-se,
viram pó de estrelas...
Perdem o trem!


A vontade do coração - Por Socorro Moreira


Sobra umn canto na mesa
um lugarzinho na rede
um sonho, e uma valsa

Falta um livro aberto
voz contando casos
olhar atônito
enxergando o poema,
e criando a canção.


Nos meandros do coração
existem águas claras
que banham e unificam
corações em vibrações

Almas nascem de uma força única
em tons diferentes ...
- A minha é castanha .( Serei do caju ?)
Só o coração consegue entender a correta expressão da vontade !

Socorro Moreira
tela de Normando Rodrigues

Projeto Verde Vida- Colaboração de Nívia Uchôa




Lendas da Mata e Preta de Bujú
Escrito por Geovany Brasil

O Projeto Verde Vida finaliza mais dois curtas metragens com a produção da criançada que hoje comanda o audiovisual em pequenas localidades rurais do Cariri. Através de parceria entre Verde Vida, Petrobras Distribuidora e Ponto de Mídia Livre, é possível criar diversas produções nessas pequenas vilas e sítios. As duas novas produções são:

Lendas da Mata. Docfic – 16’20” - Lendas da Mata conta estórias sobrenaturais envolvendo a Caboquinha, o Homem que vira bicho e o Pai da Mata,

Segundo os caçadores e moradores mais antigos dessas vilas, esses seres encantados são protetores da mata. Seu Raimundo, um dos contadores das lendas, diz que só é possível fazer uma boa caçada se a Caboquinha ajudar, ou seja, ela afugenta todos os animais quando o caçador não lhe faz um agrado como, por exemplo: levar cigarro ou fumo como presente. Dona Maria Edice, outra contadora das estórias,diz que até para lavar roupas nas fontes de água da mata do Engenho da Serra era necessário levar o fumo para Caboquinha. – Já corri várias vezes com medo da Caboquinha por não ter levado o fumo que ela tanto aprecia -. Explica Dona Maria Edice.

O filme tem direção de Rodrigo Pereira e Auriclenes Paes e foi rodado no Engenho da Serra por crianças e adolescentes durante o curso de audiovisual. O lançamento está marcado para o dia 03 de outubro de 2009 às 19:00h no Engenho da Serra, Crato-CE.

Preta de Bujú – Documentário – 5’50” - Preta de Bujú é resultado do trabalho de crianças entre 07 e 12 anos no Sítio Juá. O filme conta de maneira simples a vida de uma moradora muito inusitada do Sítio Juá. Preta era uma moradora de rua que não aceitava ajuda de ninguém, nem esmolas, nem apoio nos trabalhos braçais. Era também conhecida por não gostar de tomar banho. Nas simulações feitas para situar o telespectador na história, as crianças usaram a técnica de Stop Motion, que deixou o filme leve e muito criativo. O documentário tem direção de Alina Morais de 9 anos de idade. O lançamento do curta está marcado para o dia 26 de setembro de 2009, as 19:00h no Sítio Juá.

Os dois filmes são resultado das oficinas ministradas por Auriclenes Paes, aluno do Ações Culturais Para Povos Rurais em 2008, hoje “Auri” é um dos multiplicadores que ajudam o Verde Vida em sua missão de levar cultura e inclusão social aos POVOS RURAIS.

Pensamento para o Dia 23/09/2009


“O homem é uma parte da comunidade humana. A humanidade é uma parte da natureza. A natureza é um membro de Deus. O homem não reconhece essas inter-relações. Hoje, os homens estão esquecendo suas obrigações. O Cosmo é um organismo integral de partes inter-relacionadas. Quando cada um executa seu dever, os benefícios estão disponíveis para todos. O homem tem direito somente a cumprir suas obrigações, e não aos frutos delas. O homem é uma espécie de diretor de palco do que acontece na natureza. Mas, esquecendo de suas responsabilidades, o homem luta por direitos. É tolice lutar por direitos sem cumprir suas obrigações. Todo o caos e todos os conflitos no mundo devem-se ao fato de os homens terem esquecido suas obrigações. Se todos cumprirem seus deveres diligentemente, o mundo será pacífico e próspero.”

Sathya Sai Baba

O Canto de Neruda


12 de julho de 1904, Parral (Chile)23 de setembro de 1973, Santiago (Chile)


Neftali Ricardo Reyes, mais conhecido pelo pseudônimo de Pablo Neruda, nasceu em Parral, a 12 de julho de 1904, e morreu em Santiago, a 23 de setembro de 1973. Filho de um ferroviário, estudou francês durante dois anos no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile, participando ativamente da vida política estudantil.

Nomeado cônsul-geral do Chile em Rangún, na Birmânia, em 1927, Neruda continuaria sua carreira diplomática em Djacarta, Madrid (durante o período da Guerra Civil espanhola) e México, onde foi embaixador de 1940 a 1942. Eleito senador em 1945, permaneceu exilado em Paris de 1948 a 1952. Em 1971, foi mais uma vez nomeado embaixador do Chile, agora em Paris, e recebeu o Prêmio Nobel de Literatura .
Lirismo e Política

Um dos maiores poetas chilenos e da literatura contemporânea, a obra de Neruda tem fases distintas. Ele pode ser o poeta lírico e angustiado de Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924) ou pode elaborar versos de cunho político e, em alguns momentos, com características épicas, como em Canto geral (1950).No livro Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, Neruda canta o amor, a ausência da mulher amada, e cultua uma tristeza que chega ao desespero. Os versos são, muitas vezes, herméticos, e as comparações extravagantes guardam poucos pontos de contato com a realidade.Em Tentativa do homem infinito, de 1925, uma densa atmosfera de angústia dá vida ao caos verbal: a sintaxe e a ortografia são absolutamente livres - e as imagens, em certos trechos, incompreensíveis. Mais tarde, na obra Residência na terra, a angústia assume proporções trágicas, e Neruda fala sobre a morte, a ruína, a desintegração do mundo.A visão dos horrores da Guerra Civil Espanhola fará com que a preocupação social, acompanhada do engajamento político-partidário, influencie sua poesia. Assim, no livro Espanha no coração o poeta colocará seu talento a serviço do comunismo, e sua missão será conseguir adeptos, denunciar, converter.

Canto em Defesa da América Latina

Neruda será, portanto, cada vez menos lírico e cada vez mais épico. Os versos se transformam, perdem todo o hermetismo e tornam-se simples, pois o poeta deseja ser lido pelos operários. O ponto culminante dessa nova poética pode ser encontrado em Canto geral.Tendo abandonado a carreira diplomática, o poeta candidata-se ao Senado chileno pelo Partido Comunista, que faz parte de uma ampla coalizão para apoiar José Antonio Ríos Morales à presidência. Neruda é eleito senador em 1945. Mas, em 1946, Ríos Morales, que havia sido eleito presidente, vem a falecer. Gabriel González Videla passa a ocupar a presidência e instaura a censura na imprensa, dando início a uma onda de repressão contra sindicatos e trabalhadores.Neruda não se cala. Publica, no jornal El Nacional, em Caracas (Venezuela), sua "Carta íntima para milhões de homens", denunciando as traições e os crimes de Videla. E, logo depois, no Senado, profere o famoso discurso "Eu acuso", no qual ataca a política e a pessoa do presidente. Em resposta, o governo requer à Corte Suprema a cassação do mandato de Neruda e sua prisão. Os magistrados acatam o pedido. Neruda passa, então, à clandestinidade, viajando, como fugitivo, por diversos pontos do país. Mas, enquanto foge com a ajuda de centenas de famílias pobres, escondendo-se e conseguindo sobreviver, escreve Canto Geral.As constantes mudanças de endereço duram cerca de um ano, enquanto Videla rompe com os comunistas, expurga seus representantes do Congresso e proscreve o partido. Por fim, com o auxílio de agricultores e arrieiros, Neruda escapa pela zona austral da Cordilheira dos Andes, rumo à Argentina e, de lá, para a França.

Canto Geral é, portanto, a resposta poética de Neruda à traição de Videla e às injustiças históricas da América Latina, obra na qual ele transforma seu verso em arma de combate, denunciando os crimes do imperialismo americano e fazendo uma revisão histórica dos séculos de dominação estrangeira e, também, das lutas de resistência.

Apoio a Salvador Allende

Neruda regressaria ao Chile em 1952. Volta a participar da vida política, apoiando Salvador Allende em suas inúmeras campanhas à presidência da República. Em 1970, renuncia à sua candidatura à presidência para favorecer Allende, que vence as eleições em 4 de setembro. No ano seguinte, em março, é nomeado embaixador do Chile na França. Em outubro, a Academia Sueca o escolhe para o Prêmio Nobel de literatura. A partir de 1971, no entanto, a saúde de Neruda se deteriora. Obrigado a sofrer várias cirurgias, falece a 23 de setembro de 1973, poucos dias depois do golpe militar que derrubou o governo de Salvador Allende. A obra completa de Pablo Neruda reúne mais de 40 livros, escritos entre 1923 e 1973. Mais informações podem ser encontradas no site da Fundação Pablo Neruda.

Enciclopédia Mirador Internacional





Neruda e Matilde


Poema XX

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche esta estrellada, y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".
El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.

La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.

Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.

Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.

Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como esta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,

Y éstos sean los últimos versos que yo le escribo






















Dia do Sorvete ! - Por Socorro Moreira



A luz de Paulo Afonso chegou ao Crato nos anos 60. Até então a geladeira doméstica era a querosene. Tínhamos três pontos principais de degustação do sorvete: bar social, Bantim e Joaquim Patrício, depois a sorveteria cariri. Em casa, as nossas mães não nos deixavam faltar o sorvete. Não usavam creme de leite, nem leite condensado. Faziam um mingau ralo do leite com a maisena e a ele agregavam a fruta ou a essência (baunilha, chocolate). Aos últimos elas incorporavam gema de ovo e uma colherzinha de manteiga. A regra era não pingar uma gota sequer de água (a água tirava a cremosidade). O sorvete de goiaba, por exemplo, era feito da massa da goiaba. Eram fervidas numa calda de açúcar, e passadas na peneira, acrescentava-se o mingau de leite e maisena, e pronto. Tinha um gosto especial, jamais encontrado em sorvete algum.
O primeiro sorvete de baunilha que provei na minha vida (desses caseiros) foi na casa de Francíria Alencar; o primeiro sorvete de chocolate foi na casa de Magali Figueiredo. Pedi logo as receitas, mas não consegui fazer igual. A especialidade da minha mãe era o sorvete de goiaba e ameixa, coco, manga e abacate. Todo mundo pegava um copo de alumínio, uma colher, e traçava aqueles cubinhos preciosos. Quando começamos a viajar trouxemos outras novidades para incrementar: farofa de castanha, banana, Waters, caldas de ameixa, caramelo e a calda de chocolate, e passamos a usar belas taças. O sorvete tricolor foi o ponto auge, inaugurando o uso generalizado do leite condensado e do creme de leite.

- uma camada de creme de baunilha; (leite condensado; três gemas; a mesma medida de leite de gado; uma colher de maisena; baunilha em gotas ou em pau)
-Uma camada de creme de chocolate; (a mesma receita acima, substituindo a baunilha pelo chocolate em pó)
-Uma camada de chantilly (as claras batidas. Para cada clara uma colher de açúcar; gotas de limão e creme de leite sem soro).
Mas, o bom do sorvete é o passeio; a companhia; a prosa depois do sorvete... Lugar de tomar sorvete é na sorveteria!

Sorvete de chocolate e café:

1 envelope de gelatina em pó sem sabor
1/4 xícara (chá) de água fria
1 xícara (chá) de café preparado forte, quente
3/4 xícara (chá) de açúcar mascavo
45grs de chocolate meio amargo derretido
1 colher (chá) de essência de baunilha
1 lata de leite gelado
1 1/2 xícara (chá) de creme de leite

Molho de café:

1/2 xícara (chá) de açúcar
3/4 xícara (chá) de café preparado, quente
1 colher (sopa) de amido de milho
2 colheres (sopa) de café preparado, frio
1 colher (sopa) de manteiga ou margarina em temperatura ambiente
2 colheres (sopa) de rum

Modo de preparo

Sorvete:

Amoleça a gelatina na água fria.
Reserve.
Leve o café, o açúcar e o chocolate ao fogo, em banho maria, até que o açúcar e o chocolate derretam, mexendo de vez em quando.
Acrescente a gelatina e misture bem.
Retire do fogo e deixe esfriar.
Junte a baunilha, o leite e o creme de leite e bata bem no liquidificador.
Despeje nas bandejas de gelo do congelador ou numa forma e congele até que o sorvete fique parcialmente firme.
Leve ao congelador até firmar.
Molho de café:

Coloque o açúcar numa panela e leve ao fogo brando.
Mexa frequentemente até obter uma calda dourada clara.
Junte o café quente, lentamente, mexendo sem parar até misturá-lo.
Misture o amido de milho com o café frio.
Junte à panela e continue cozinhando e mexendo até engrossar.
Retire do fogo.
Junte a manteiga ou margarina e o rum.
Mexa até a manteiga derreter.
Como servir:

Retire o sorvete do congelador e deixe em temperatura ambiente por cerca de 20 minutos.
Cubra com o molho de café preparado e sirva.
Rendimento: 8 porções

Sorvete de chocolate

Ingredientes
1 lata de leite moça
1 tablete de 800g de chocolate meio amargo
1 medida e meia de leite quente
Modo de Preparo- Dissolva o chocolate no leite quente
Em seguida adicione o leite condensado e bata no liqüidificador
Ponha no congelador ou freezer e espere cerca de 3 horas
Agora uma dica prática pra quem detesta ir pra cozinha ou não tem tempo nenhum :
Compre um rocombole na padaria, e um pote de sorvete no supermercado. Forre um pirex redondo com papel alumínio , e arrume o rocombole fatiado, preenchendo as paredes do pirex; recheie com o sorvete da sua preferência; cubra com o restante das fatias , e feche com papel alumínio. Leve ao congelador, e desenforme , no mínimo ,6 horas depois.
Fica lindo e delicioso !

PASQUALE FALA SOBRE A REFORMA

TENHO andado Brasil afora para falar da bendita reforma ortográfica. Querem que eu explique o quase inexplicável. Refiro-me às trapalhadas relativas ao emprego do hífen, com as quais as pessoas não se conformam. Como não quero os meus cinco minutos de glória ou de fama, não vou falar da dita-cuja, mas de algumas das perguntas e inquietações que me têm sido apresentadas nesses encontros.

Uma delas diz respeito à incrível confusão que as pessoas ainda fazem entre ortografia e língua. Boa parte da culpa por esse equívoco é da imprensa, que ainda insiste em falar das "mudanças na língua", quando se refere à reforma (sim, reforma, e não acordo -que diabo de acordo é esse, ao qual só o Brasil aderiu?).

O que houve não foi uma mudança na língua, caro leitor. Não se muda a língua por lei, decreto etc. A língua muda, sim, mas não dessa forma.

São seus usuários que promovem as mudanças. Quer um exemplo? Há cem anos, usava-se a forma "presente do indicativo de "ter" + particípio" com valor de pretérito perfeito, o que, por sinal, permanece nas demais línguas neolatinas (com "haver" no lugar de "ter") e no inglês.

Tome-se como exemplo este trecho de um texto publicado em 1895: "Tem havido no mar Negro grande tempestade, naufragando grande número de embarcações. Até agora o mar tem arrojado à praia mais de 80 cadáveres, que estão sendo recolhidos". O excerto foi incluído numa questão do vestibular de 1996 da Unicamp. Pedia-se aos candidatos que transcrevessem desse e de outro texto (publicado em 1995) "as expressões que situam no passado os fatos relatados no passado". Também se pedia ao candidato que redigisse "uma continuação para uma notícia que, escrita hoje, começasse por "Tem havido no mar Negro...”.

No texto "velho", as locuções "tem havido" e "tem arrojado" equivalem, respectivamente, a "houve" e "arrojou" (que aqui tem o sentido de "lançou", "arremessou"). Escrito hoje, um texto que começasse por "Tem havido no mar Negro" poderia continuar com "...vários naufrágios" ou "...um naufrágio por semana".

Na língua de hoje, a forma "presente do indicativo de "ter" + particípio" indica ação repetida, habitual ("Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro", diz a pungente letra de "Sujeito de Sorte", do "sumido" e querido Belchior).

Antes que alguém questione a construção "Tem havido vários naufrágios" ("Não seria o caso de colocar circunflexo em "tem?"), explico que o verbo principal dessa locução é "haver", empregado com o sentido de "ocorrer", caso em que "haver" é impessoal (conjugado, pois, na terceira pessoa do singular - a impessoalidade, no caso de uma locução, é transferida para o verbo auxiliar).

Bem, fui me meter a explicar um exemplo de mudança na língua e quase fico sem espaço para falar do que inquieta as pessoas Brasil afora quando o assunto é a reforma. Cito as presepadas em que nos mete a grafia de algumas duplas. "A reforma não mexeu com isso?", perguntam-me aqui e ali. Não, nem poderia, já que não era esse o propósito do "Acordo" (nome oficial da coisa).

Cito algumas dessas duplas:
"catequese/catequizar", "estender/extensão", "tórax/torácico", "despender/dispendioso", "discreto/discrição", "fêmur/femoral" etc. Cada caso é um caso, mas entram aí alguns fatores, como a etimologia e um ou outro equívoco histórico de gramáticos e lexicógrafos. Problemas e/ou surpresas à parte, resta-nos aceitar a (às vezes aparente) incoerência e memorizar a grafia oficial. É isso.

(Enviado por e-mail)

Águas (Ensaio) - Por Claude Bloc

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Dedico este ensaio a Pachelly Jamacaru o grande inspirador de minhas "inspirações fotográficas". Sei que não chego nem a seus pés. Ele tem a arte no sangue e nas mãos.
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Mas, mesmo assim, ouso passar através da imagem, minhas sensações do momento. Desta vez como tema recorrente estão a terra, a água, o mato, o tempo.
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Captar a imagem no momento preciso
precipitar-se no abismo de um instante
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entrar na voragem da hora
e num átimo de segundo
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captar sua essência
e eternizar o tempo
num flagrante concreto
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e pôr na mesma linha
a cabeça que sonha
o olho que capta
e o coração que pressente.
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Texto e fotos de Claude Bloc
Imagens Captadas em Assaré
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