Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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.....................
claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O povo quer saber! E as respostas de “Joinha”– Por Carlos Eduardo Esmeraldo


Acredito que metade do Crato não sabe quem seja Ivanilde Pereira de Sousa, mas conhece Joinha, um dos tipos mais populares da cidade. Todos a chamam pelo apelido com o qual ela delicadamente trata as pessoas, seja rico ou pobre: “Oi jóia!” Ela é muito humilde, prestativa, gosta de cultivar amizades, seja com pessoas importantes, como o governador, prefeitos, médicos, bancários e muita gente do Crato e Fortaleza. Passa uma parte do ano no Crato e outra em Fortaleza onde possui muitos amigos. Não gosta que lhe façam perguntas sobre sua intimidade, como por exemplo: onde mora, ou trabalha, quando vai voltar do Crato para Fortaleza ou vice-versa, coisas assim. Gosta de andar com roupas vistosas, coloridas, com fotos dela ao lado de autoridades e algumas anotações. Ontem eu a vi com uma blusa cheia de inscrições, quase um poema, com as respostas que ela dá quando lhe dirigem tais perguntas. Consegui anotar o que segue abaixo:

“O povo me pergunta se eu peço esmola.
Por causa da minha sacola. E eu respondo:
Se quiser eu tenho para lhe dar.
O povo me pergunta onde eu como.
E eu respondo: no prato!
O povo me pergunta aonde eu durmo
E eu respondo: na rede!
O povo me pergunta o que eu faço na praça.
E eu respondo: já viu ter o que fazer na praça?
O povo me pergunta se eu levei chuva.
E eu respondo: deixei lá porque não andava com uma lata para levar a chuva!
O povo me pergunta aonde eu tomo banho.
E eu respondo debaixo da água!
O povo me pergunta se eu sou aposentada.
E eu respondo: sou expulsada!
E não tenho inveja de quem é.
O povo me pergunta se eu tenho “fio”. (filho)
E eu respondo quem tem “fio” é poste e bananeira."

Por Carlos Eduardo Esmeraldo


A religiosidade do povo cratense - por Armando Lopes Rafael


“Foi sempre muito religioso, ainda hoje o é, o povo do Cariri. Vive, como o cearense, a apelar para a misericórdia divina, no decurso de sua existência entremeada de épocas de fartura e felicidades e de misérias e morte”.
Irineu Pinheiro in “O Cariri”. Edição de 1950, página 94

O Crato, a exemplo da maioria das cidades brasileiras, também nasceu e cresceu à sombra da Cruz. A origem da cidade remonta à construção, no segundo quartel do século XVIII, da humilde capela edificada pelo capuchinho Frei Carlos Maria de Ferrara e dedicada, de modo especial, a Nossa Senhora da Penha, à Santíssima Trindade e a São Fidelis de Sigmaringa.
Desde então, a religiosidade tem sido uma das características do alegre e hospitaleiro povo cratense.
As Procissões são uma das manifestações coletivas dessa religiosidade, como: as de São José, realizadas no dia 19 de março, no Bairro Seminário, a maior de todas que se promovem no decorrer do ano; a de Corpus Christi é a mais carregada de simbolismo, motivando os fiéis a decorarem as ruas centrais para este evento. As calçadas das residências são ornamentadas com pequenos altares, onde não faltam imagens de santos, sobre alvas toalhas, velas e flores.
Em 1° de setembro, temos a Procissão de N. Sra. da Penha, a padroeira da cidade. São realizadas, ainda, as procissões de São Francisco (4 de outubro), a do Domingo de Ramos (que abre os festejos da Semana Santa) e a do “Encontro”. Esta, partindo de pontos diferentes da cidade bifurca-se, quando a imagem de Jesus, carregando a cruz, se encontra com a imagem de Nossa Senhora das Dores, motivando copiosas lágrimas dos fiéis.
Quase todos os bairros do Crato, anualmente, realizam também suas procissões, ao final dos festejos do orago de suas capelas. Assim, temos as procissões de Santa Luzia, São Miguel, Sagrado Coração de Jesus, São José Operário, Nossa Senhora Aparecida, São Sebastião, Nossa Senhora de Fátima, São Vicente Férrer, dentre outras.
Durante a Semana Santa, muitas crendices populares são alimentadas. Divertimentos são evitados na quinta e sexta-feira santas. Jejuns prolongados, herança do Portugal medievo, são feitos. Sem esquecer a confissão dos pecados, que, dada a grande afluência do povo, obriga as oito paróquias da cidade a organizarem um “mutirão” de sacerdotes para atender aos fiéis.
Outra forte tradição religiosa do povo do Crato é a chamada “entronização” do Coração de Jesus. Esta solenidade ocorre no interior das residências, num ritual com orações e cânticos. Nessa ocasião, Jesus Cristo é consagrado como Rei e Soberano de cada lar que o entroniza. A cada ano, a mesma família repete a solenidade, agora com o nome de “renovação” da Consagração.Este costume foi introduzido no Sul do Ceará, no terceiro quartel do século XVIII, pelos Padres Lazaristas franceses que se fixaram no Crato como professores do Seminário São José. Eles difundiram as aparições de Jesus Cristo, ocorridas no século XVII na França, à freira Margarida Maria. Nessas aparições, Jesus pedia o estabelecimento no seio das famílias católicas da devoção ao seu Sagrado Coração. No Cariri, este apelo é atendido até os dias de hoje. Provavelmente, caso único no Brasil.

No Crato, também se mantém a tradição das famílias acenderem velas, colocando-as nas janelas externas de suas residências, em datas especiais, como: 2 de fevereiro (Dia de Nossa Senhora das Candeias) e 13 de Maio (Aparição de Nossa Senhora de Fátima).
Todas as comunidades rurais do município possuem suas capelas. O mesmo ocorre com as diversas escolas da cidade, onde existem pequenos oratórios. No último dia do mês de maio, é realizada a solenidade da “Coroação de Nossa Senhora”. A mais famosa dessas “coroações” é feita, há 109 anos, no patamar da Sé Catedral.
Registre-se ainda a existência de diversas “Irmandades”, compostas por leigos. Uma delas, a Irmandade do Santíssimo Sacramento, possui aqui um “braço feminino”.Fato inusitado, pois é caso único no Brasil.
Mas o profano também se mistura ao sagrado. As festas de São João e São Pedro pouco possuem de caráter religioso. Elas são comemoradas com fogueiras, bebidas, comidas típicas, além das chamadas “quadrilhas juninas” (dança típica do Nordeste brasileiro).
Uma curiosidade: o túmulo mais visitado – no Cemitério Nossa Senhora da Piedade - é o de Maria Caboré, uma deficiente mental, analfabeta e muito humilde, que levou uma vida anônima, mas, após sua morte, passou a ter fama de “milagreira”. Hoje, o povo simples, nas suas dificuldades, faz-lhe “promessas” e visita sua sepultura, no dia 2 de novembro.
No Crato nasceu o famoso Padre Cícero Romão Batista, o “Padim Ciço”, misto de guia espiritual e conselheiro das populações sertanejas, que o veneram como santo e são responsáveis pela maior romaria religiosa existente no interior do Brasil.
Texto e postagem: Armando Lopes Rafael


Curare de Bororó por João Gilberto

Bororó - por Norma Hauer


Seu nome verdadeiro era longo: Alberto de Castro Simões da Silva, mas ficou "reduzido" a BORORÓ e assim ficou conhecido no meio musical. Ele nasceu a 15 de outubro de 1898, em Botafogo, aqui no Rio e ainda menino aprendeu a tocar violão com seu pai.

Seu apelido foi dado por um professor que soube que um grupo de índios bororos foi recebido em sua casa.

Foi em 1920 que começou a compor para ranchos e, com um grupo de seresteiros, passou a se apresentar em festas, cantando modinhas e lundus então na moda.

Somente em 1939 teve seu primeiro samba gravado:"Da Cor do Pecado", com Sílvio Caldas. No ano seguinte, Orlando Silva gravou "Curare" e, em 1943 Sílvio gravou "O Que é, o que é?".

Bororó ficou conhecido apenas por essas três músicas, sendo que a primeira, "Da Cor do Pecado, serviu de tema, recentemente, para uma novela da Rede Globo.

Mas Bororó foi importante como radialista, havendo labutado em algumas emissoras como na Rádio Educadora do Brasil (que depois virou "Tamoio"). Aliás, dois "índios" se
encontraram, ali.

Como radialista ,"Bororó" "descobriu" o cantor CARLOS GALHARDO e o levou a apresentar-se naquela emissora, em 1933. Daí para se tornar aquele maravilhoso cantor, foi um passo gigantesco.

Também ORLANDO SILVA ´foi "descoberto" por Bororó, que o apresentou a Francisco
Alves que na época (1934) tinha um programa na Rádio Cajuti , onde Orlando iniciou
sua carreira. Em 1936, Orlando estava inaugurando a Rádio Nacional.

Bororó gravou pouco, mas o fato de "descobrir" dois grandes cantores, mostra sua
importância em nosso meio radiofônico. Os cantores sempre faziam questão de citar o
fato, em suas entrevistas em rádios e revistas e jornais.

BORORÓ faleceu em 7 de junho de 1986, sem completar 88 anos.
Norma Hauer

Dia do Professor - por Norma Hauer


Penso que pouco têm os professores a comemorar no dia de hoje.

Além de os governos (de qualquer nível) não darem a mínima importância ao ensino (preferem ver o povo sem instrução, para melhor manobrá-lo) os alunos não respeitam seus professores.

Professor nunca foi bem pago, mas eram respeitados como mestres.
Para manter suas famílias, trabalhavam em várias escolas. Meu pai foi professor no extinto Colégio Vera-Cruz, onde estudei e, confesso, não gostava de ser"a filha do professor". Tinha de procurar ser uma aluna 100% quando esse não era meu "perfil"

Tratávamos os professores pelo título, sempre com um "senhor" no tratamento.

Quando Brizola criou os CIEPs, idealizado por um grande mestre: DARCY RIBEIRO, o objetivo era um ensino completo, tanto intelectual como fisicamente, com tempo integral ,completado com alimentação,assistência médica e dentária.

A criança que fosse tratada como GENTE dificilmente seria um marginal. As primeiras turmas estariam hoje com a idade mais ou menos de 30 anos, provavelmente trabalhando e formando família, com filhos também freqüentando os CIEPs.

O governo que veio depois de Brizola não deu continuação ao projeto porque o povo apelidou os CIEPs de "Brizolões". Como dar prosseguimento a um BRIZOLÃO ???

Mas lembrando todos os professores, principalmente os atuais, desrespeitados, vamos à letra de
PROFESSORA
Autores: Benedito Lacerda e Jorge Faraj

Eu a vejo todo dia,
Quando o sol mal principia,
A cidade a iluminar.
Eu venho da boemia,
Ela vai, quanta ironia!
Para a escola trabalhar.
Louco de amor nos seus rastros
Vagalume atrás de um astro
Atrás dela eu tomo o trem
E no trem das professoras,
Em que outras vão sedutoras,
Eu não vejo mais ninguém

Essa operária divina,
Que lá no subúrbio ensina
As criancinhas a ler
Naturalmente condena
Na sua vida serena,
O meu modo de viver.
Condena porque não sabe
Que toda a culpa lhe cabe
De eu viver ao Deus dará...
Menino querendo ser
Para de novo aprender
Novamente o bê a bá.
Norma Hauer

OAB-Crato lança blogue


Francisco Bacurau Bento
(Presidente da OAB-Crato)


A Ordem dos Advogados do Brasil - Subseção de Crato, está lançando um blogue com o objetivo de prover a classe dos advogados cratenses e a sociedade em geral de informações pertinentes, e das realizações e do dia-a-dia da instituição. Na ocasião, o presidente da OAB-Crato, Francisco Bacurau Bento, publicou a seguinte mensagem:

"Este espaço foi criado com o objetivo de manter os advogados filiados à Ordem dos Advogados do Brasil - Subsecção de Crato constantemente atualizados com as mais relevantes informações acerca do exercício do Direito e da Justiça, bem como do cotidiano de atuação e administração da nossa entidade.

Portanto, é mais um espaço do advogado cratense, que pode e deve participar nos enviando sugestões, críticas e informes que julgar importantes e necessários.

Sejam bem-vindos e mantenham contato conosco através do e-mail: oabcrato@gmail.com
."

Francisco Bacurau Bento - Presidente da OAB/Crato

Dia do Professor


" NÃO EXISTE ALGUÉM, QUE NUNCA TEVE UM PROFESSOR NA VIDA,

ASSIM COMO NÃO HÁ NINGUÉM QUE NUNCA TENHA TIDO UM ALUNO.

SE EXISTEM ANALFABETOS, PROVAVELMENTE NÃO É POR VONTADE DOS PROFESSORES.

SE EXISTEM LETRADOS, É PORQUE UM DIA TIVERAM PROFESSORES.

SE EXISTEM PRÊMIOS NOBEL, É PORQUE ALUNOS SUPERARAM SEUS PROFESSORES.

SE EXISTEM GRANDES SÁBIOS, É PORQUE TRANSCEDERAM SUAS FUNÇÕES DE PROFESSORES.

QUANTO MAIS SE APRENDE, MAIS SE QUER ENSINAR.

QUANTO MAIS SE ENSINA, MAIS SE QUER APRENDER"

(IÇAMA TIBA)

Respostas ao Desafio - Foto de Emerson Monteiro


Ângela Lôbo disse...
.
Tarde morna, sem nuvens...
O brilho da luz ofusca
um solitário coração
que geme de saudade!

Socorro Moreira disse...
.
Saudade , luz de ouro
Alvoroço em alto mar
De cá , o tempo eu apronto
Me deito para te esperar...

heladio disse...
.
O sol agonizante, tinge de púrpura o mar,
antes cerúleo.
O solitário pescador, regressa, realizado ou não,
porém chéio de devanéios.
Presenteado por tão estonteante beleza,
da mãe natureza.

Corujinha Baiana disse....

Tua Luz ilumina,
Teu Brilho nos ofusca,
Mas todos te reverenciam.

“Ra” ou “ Atum” no Egito,
“Helius” na Grécia,
“Apolo” em Roma.

Na Índia,
“Surya” ou “Sorya”,
“Tejus”,
“Savita” ou
“Vivasvan”.

No Peru,
“Inti”
para os Incas.

Não importa
Como te chamam.

Em qualquer lugar,
SOL,
És fonte de Energia
E Calor
Indispensáveis à Vida.
.
Claude Bloc disse...
.
.
(In)sol(ação)
Sol(istício)
Luz que se abre
Sobre o tempo.

Aula de matemática - Tom Jobim e Marino Pinto

Poesia Matemática - por Millôr Fernandes

Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base,
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo otogonal, seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela a dela
Até que se encontraram
No Infinito.
“Quem és tu?” indagou ele
Com ânsia radical.
“Sou a soma dos quadrados dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa.”
E de falarem descobriram que eram
- O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs -
Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas sinoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E, enfim, resolveram se casar
Constituir um lar.
Mais que um lar,
Uma perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Freqüentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo,
Uma Unidade. Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fração
Mais ordinária.
Mas foi então que o Einstein descobriu a Relatividade
E tudo que era expúrio passou a ser
Moralidade
Como, aliás, em qualquer
Sociedade.

Do Caderno H - por Mário Quintana




A Arte de Ler
O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.

A Carta
Quando completei quinze anos, meu compenetrado padrinho me escreveu uma carta muito, muito séria: tinha até ponto-e-vírgula! Nunca fiquei tão impressionado na minha vida.

A Coisa
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

As Indagações
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.

A Voz
Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras.

Ars Longa
Um poema só termina por acidente de publicação ou de morte do autor.

Arte Poética
Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.

Biografia
Era um grande nome — ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.

Cartaz para uma feira do livro
Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.

Citação
De um autor inglês do saudoso século XIX: "O verdadeiro gentleman compra sempre três exemplares de cada livro: um para ler, outro para guardar na estante e o último para dar de presente."

Citação 2
E melhor se poderia dizer dos poetas o que disse dos ventos Machado de Assis: "A dispersão não lhes tira a unidade, nem a inquietude a constância."

Contradições
... mas o que eles não sabem levar em conta é que o poeta é uma criatura essencialmente dramática, isto é, contraditória, isto é, verdadeira.
E por isso, é que o bom de escrever teatro é que se pode dizer, como toda a sinceridade, as coisas mais opostas.
Sim, um autor que nunca se contradiz deve estar mentindo.

Cuidado
A poesia não se entrega a quem a define.

Das Escolas
Pertencer a uma escola poética é o mesmo que ser condenado à prisão perpétua.

Destino Atroz
Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando ele os escreve e, por último, quando declamam os seus versos.

Do Estilo
O estilo é uma dificuldade de expressão.

Dos Leitores
Há leitores que acham bom o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais.

Dos Livros
Há duas espécies de livros: uns que os leitores esgotam, outros que esgotam os leitores.

Dupla Delícia
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.

Educação
O mais difícil, mesmo, é a arte de desler.

Fatalidade
O que mais enfurece o vento são esses poetas invertebrados que o fazem rimar com lamento.

Feira de Livro
O que os poetas escrevem agrada ao espírito, embeleza a cútis e prolonga a existência.

Leitura
Se é proibido escrever nos monumentos, também deveria haver uma lei que proibisse escrever sobre Shakespeare e Camões.

Leitura 2
Livro bom, mesmo, é aquele de que às vezes interrompemos a leitura para seguir — até onde? — uma entrelinha... Leitura interrompida? Não. Esta é a verdadeira leitura continuada.

Leituras
— Você ainda não leu O Significado do Significado? Não? Assim você nunca fica em dia.
— Mas eu estou só esperando que apareça. O Significado do Significado do Significado.

Leituras 2
Não, não te recomendo a leitura de Joaquim Manuel de Macedo ou de José de Alencar . Que idéia foi essa do teu professor?
Para que havias tu de os ler, se tua avozinha já os leu? E todas as lágrimas que ela chorou, quando era moça como tu, pelos amores de Ceci e da Moreninha, ficaram fazendo parte do teu ser, para sempre.
Como vês, minha filha, a hereditariedade nos poupa muito trabalho.

Lógica & Linguagem
Alguém já se lembrou de fazer um estudo sobre a estatística dos provérbios? Este, por exemplo: "Quem cospe para o céu, na cara lhe cai". Tal desarranjo sintático faria a antiga análise lógica perder de súbito a razão.

O Assunto
E nunca me perguntes o assunto de um poema: um poema sempre fala de outra coisa.

O Poema
O poema essa estranha máscara mais verdadeira do que a própria face.

O Trágico Dilema
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.

Palavra Escrita
Por vezes, quando estou escrevendo este cadernos, tenho um medo idiota de que saiam póstumos. Mas haverá coisa escrita que não seja póstuma? Tudo que sai impresso é epitáfio.

Poema
Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...

Poesia & Lenço
E essa que enxugam as lágrimas em nossos poemas com defluxos em lenços... Oh! tenham paciência, velhinhas... A poesia não é uma coisa idiota: a poesia é uma coisa louca!

Poesia & Peito
Qual Ioga, qual nada! A melhor ginástica respiratória que existe é a leitura, em voz alta, dos Lusíadas.

Refinamentos
Escrever o palavrão pelo palavrão é a modalidade atual da antiga arte pela arte.

Ressalva
Poesia não é a gente tentar em vão trepar pelas paredes, como se vê em tanto louco aí: poesia é trepar mesmo pelas paredes.

Sinônimos
Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.

Sonho
Um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Tempo
Coisa que acaba de deixar a querida leitora um pouco mais velha ao chegar ao fim desta linha.

Veneração
Ah, esses livros que nos vêm às mãos, na Biblioteca Pública e que nos enchem os dedos de poeira. Não reclames, não. A poeira das bibliotecas é a verdadeira poeira dos séculos.

Vida
Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia.


Pensamentos extraídos do livro "Do Caderno H", Editora Globo - Porto Alegre, 1973, págs. diversas.


Saramago chama Igreja de "reacionária" e acusa Bento XVI de "cinismo"


(http://br.noticias.yahoo.com/s/14102009/40/entretenimento-saramago-chama-igreja-reacionaria-acusa.html)
Qua, 14 Out, 04h25
Roma, 14 out (EFE).- O escritor português e Nobel de Literatura (1998) José Saramago chamou o papa Bento XVI de "cínico" e disse que a "insolência reacionária" da Igreja precisa ser combatida com a "insolência da inteligência viva".

"Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" desta pessoa, disse Saramago em um colóquio com o filósofo italiano Paolo Flores D'Arcais, que hoje lança "Il Fatto Quotidiano".
Saramago, por sua vez, encontra-se na capital italiana para divulgar o livro "O Caderno" e se reunir com amigos italianos, como a vencedora do Nobel de Medicina Rita Levi Montalcini (1986).
No colóquio com Flores D'Arcais, Saramago afirmou que sempre foi um ateu "tranquilo", mas que agora está mudando de ideia.
"As insolências reacionárias da Igreja Católica precisam ser combatidas com a insolência da inteligência viva, do bom senso, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só tem interesse no poder", afirmou.
Segundo Saramago, a Igreja não se importa com o destino das almas e sempre buscou o controle de seus corpos.
Perguntado se o pouco compromisso dos escritores e intelectuais poderia ser uma das causas da crise da democracia, o escritor disse que sim. Porém, disse que este não seria o único motivo, já que toda a sociedade encontra-se nesta condição, o que provoca uma crise de autoridade, da família, dos costumes, uma crise moral em geral.
Saramago destacou que o fascismo está crescendo na Europa e mostrou-se convencido de que, nos próximos anos, ele "atacará com força". Por isso, ressaltou, "temos que nos preparar para enfrentar o ódio e a sede de vingança que os fascistas estão alimentando".
A visita de Saramago a Roma acontece a um dia do lançamento do seu mais novo livro "Caim", no qual volta a tratar da religião. EFE

DIA DO PROFESSOR: O PROFESSOR SEMPRE ESTÁ ERRADO



Quando...É jovem, não tem experiência.É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um coitado.Tem automóvel, chora de barriga cheia.

Fala em voz alta, vive gritando.Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta às aulas, é um Caxias.Precisa faltar, é "turista".

Conversa com outros professores, está "malhando" os alunos.Não conversa, é um desligado.

Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.Não brinca com a turma, é um chato.

Chama à atenção, é um grosso.Não chama à atenção, não sabe se impor.

A prova é longa, não dá tempo.A prova é curta, tira as chances dos alunos.

Escreve muito, não explica.Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala corretamente, ninguém entende.Fala a língua do aluno, não tem vocabulário.

Exige, é rude.Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição.O aluno é aprovado, deu mole.

É, o professor está sempre errado mas,se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

Autor desconhecido

Mestres...Como esquecê-los ?

A lista de colaboradores do Cariricaturas é formada de professores, na sua maioria.
A maioria desejou ser outra coisa, mas a vocação falou mais alto !
Mestres em Física, Literatura, Artes( quase todas), Matemática, História, Medicina,Geografia, Línguas, Psicologia, Economia, Desenho, Filosofia, e até Prendas Domésticas !
Parabéns a todos !
Alguns foram discípulos de Mestres cratenses , que merecem nossas homenagens , extensivas a todos os Mestres de todas as cidades do Cariri, do Brasil e do Mundo !
Particularmente , quero lembrar as figuras inesquecíveis de : Pe. Davi, Pe. Ágio, Vera Lúcia Maia, Ivone Pequeno, Dr. José Newton e Dona Ruth, Vieirinha, José do Vale Feitosa, Alderico, Agnelo,Dona Cira, Dona Lurdinha, Madre Feitosa, Dona Severina, Hermógenes, Auzir, Mons.Montenegro, Pe. Gonçalo, Gutenberg ,Eneida Figueirêdo, Zenira e Zenilda Cardoso, Maria do Carmo Feitosa, Elsa Ramos, Aldecy e Luceny, Teresa Cristina Gesteira, Rosa Catarina e Fausto, Jaime Milfont, William, Dona Astrês, Pedro Felício , Eli, Dona Chiquinha,Luiz de Borba e João de Borba, Bonates, Nirson Monteiro, Fátima Palitó, Geraldo Lemos, Álvaro Madeira, Dr. Zé Nilo,Geraldo Benigno,Juracy e Jurandir, Ana Lúcia Lemos, Assis Lima , Isa, Neide e Ana Cristina Barreto , Divani Cabral,e de tantos outros que contribuiram com a nossa educação... A lista é infinda !
Por favor , me ajudem a lembrá-los !

Definição do pai - por Ana Cecília S.Bastos


Íntegro


Como sê-lo?


Como selo.




(Ana Cecília)

Pensamento para o Dia 15/10/2009


“Conhecimento (Jnana) não significa mera familiaridade com livros ou conhecimento mundano. Somente aquele que reconheceu que o individual não é distinto do universal é um verdadeiro homem de sabedoria (Jnani). A verdadeira sabedoria consiste na consciência da unidade do indivíduo e do Todo (Samashti). Como pode um homem que não está consciente de sua humanidade reconhecer a Divindade dentro dele? Portanto, o primeiro requisito é o reconhecimento, por todos, de sua essência humana.”
Sathya Sai Baba

Sítio Sossego - Por Claude Bloc - (para Glória)


Naquele dia fomos pro sítio Sossego. Na véspera todas fomos escolher o local para fazer o guisado. A exemplo das bandeirantes, limpamos o local com vassouras de mato. Escolhemos duas mangueiras que estavam juntas formando uma sombra espetacular, para passarmos o dia. Pedimos a seu Firmino um pote emprestado, enchemos de água potável e coada, cobrimos com um pano limpo e o amarramos na boca do pote para não haver possibilidade de uma “invasão” noturna. Para garantir mais ainda cobrimos o pote com um cepo de madeira.

No pé de uma das mangueiras fizemos um girau para as panelas com talos de coqueiro, e já deixamos as trempes arrumadas e a lenha amontoada nas proximidades das trempes. A turma era grande e animada. As filhas de Seu Lacerda, Glória, Iza, Dominique, eu, o mano Bertrand, Gilvany e Rosany, filhas de Mundinha e netas de seu Firmino.

No dia seguinte, a turma se muniu dos alimentos, líquidos, doces, apetrechos de cozinha, panelas de barro emprestadas de Mundinha, panelas de alumínio meladas na cinza molhada para não pegarem a fuligem da lenha. Ahhh e invariavelmente a “radiola” de pilha de Dona Janine e alguns discos para animar o momento.

De manhã, lá pelas 8 horas a turma já estava se reunindo para subir pro Sossego. Cada pessoa levava determinado alimento e uns biscoitos para entreter o estômago enquanto a comida ia sendo cozida.

Depois que todo mundo se arrumou, cada uma pegou sua cesta de mantimentos e seus apetrechos e pé na estrada. A conversa ia longe. No percurso havia muita risada e brincadeira.

Chegando ao sítio, seu Firmino já estava a postos para acender o fogo. Nos ofereceu algumas macaxeiras, mas no mais a gente se virava e ia fazendo os preparativos.

Nesse dia havia variedade de comida. Feijão de arranca, arroz, macarrão e frango. Nada desses frangos congelados de hoje em dia. Frango mesmo de capoeira. Até fritada saiu nesse dia. E a macaxeira novinha que derretia na boca.

Era assim que a gente fazia sempre que podia. A turma era unida e sempre inventava novidade para se divertir. Os guisados tinham gosto de aventura e de “quero mais”.

No final do dia, arrumávamos o lugar para não deixar bagunça para o dono do sítio e assim garantir uma nova empreitada. Voltávamos pra casa, cansados/as e felizes. Sempre com coisa nova pra contar.

.

Texto e foto escaneada por Claude Bloc

Dia dos Professores - Por Claude Bloc

Monsenhor Montenegro
um Mestre, um exemplo!


Um dos meus grandes mestres foi Monsenhor (Francisco de Holanda) Montenegro. Gostava de apreciar nele o gesto paternal, gentil e amigo. Sentia também em seu semblante algo de infantil que lhe concedia pureza de alma, pois que tinha natureza dócil, afável além de um sorriso fácil.

Havia nele, em contrapartida - e em certas ocasiões - momentos de inversão de humor, quando alguma coisa fugia da regra no Diocesano. Mas arisco como um poeta, tecia sua obra e cuidava do seu reino com afinco e apreço. Era dono de uma autoexpressividade que acompanhava seu discurso com gestos largos, com a simpatia de quem sabe o que faz. As palavras lhe saíam, muitas vezes, entre sibilantes e efusivos sons, os quais se sobrepunham a sua voz tenaz. Seus interlóquios eram sempre pautados e regidos de um entusiasmo quase juvenil na relação com o outro. Enfim, Monsenhor não passava pela vida das pessoas sem deixar marcas indeléveis, pois se fez amar por alunos e por amigos.

Sempre o vi preocupado com o crescimento pessoal dos seus alunos e com sua adequação ao mundo moderno. Tinha uma visão bem distinta da vida, insuflada por sua própria experiência.
Era possuidor de uma generosidade que se dilatava com o tempo e sempre se encontravam nele palavras maduras e sensatas.

Na minha vida, Monsenhor Montenegro apareceu nem sei quando: acho que tinha uns 9 anos. Foi quando eu, estudante do Pio X, fui fazer minha primeira Comunhão no Diocesano. Assis Landim, outro dia, me fez lembrar do meu desmaio nessa ocasião: a gente tinha que comungar em jejum. Dona Chiquinha me amparou, mas Monsenhor celebrava e acompanhava a cerimônia. Engraçado nessa época é que eu o achava enorme e, para mim, tinha cara de Papa.

Monsenhor foi meu professor de Inglês e de Latim em tempos diferentes. Conseguiu me levar além do meu descompasso linguístico (gerado por outros professores) e me instigou a estudar no IBEU, onde o Inglês para mim começou a fluir mais fácil e menos mecânico. E daí para frente ele sempre foi uma presença em minha vida.

Monsenhor Montenegro formou a primeira turma mista do Diocesano a pedido de meu pai e de Seu Pedro Libório (além de outros pais). E, a partir daí, foi se tornando cada vez mais amigo dos meus pais.

Nas Bodas de Prata de Hubert e Janine Bloc, Monsenhor foi o celebrante. Nessa data (18 de março) também batizou minha filha, Daniela, e isso o aproximou definitivamente dos Bloc-Boris.

Enfim, Monsenhor Montenegro foi para mim um exemplo de mestre abnegado e verdadeiro, como existem poucos nos dias de hoje.
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Texto e fotos escaneadas por Claude Bloc
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CHAPEUZINHO VERMELHO NA MÍDIA BRASILEIRA

Didático... Da primeira aula do curso de jornalismo.... " O que importa não é o fato. O que importa é a versão do fato." .
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Se a história da Chapeuzinho Vermelho fosse verdade, como ela seria contada na imprensa no Brasil? Veja as diferentes maneiras de contar a mesma história.
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Jornal Nacional (William Bonner): "Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem..." (Fátima Bernardes): "...mas a atuação de um caçador evitou a tragédia."
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Programa da Hebe "...que gracinha, gente! Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?"
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Cidade Alerta (Datena): "...onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não!"
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Superpop (Luciana Gimenez): "Geeente! Eu tô aqui com a ex-mulher do lenhador e ela diz que ele é alcoólatra, agressivo e que não paga pensão aos filhos há mais de um ano. Abafa o caso"
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Globo Repórter (Chamada do programa): "Tara? Fetiche? Violência? O que leva alguém a comer, na mesma noite, uma idosa e uma adolescente? O Globo Repórter conversou com psicólogos, antropólogos e com amigos e parentes do Lobo, em busca da resposta. E uma revelação: casos semelhantes acontecem dentro dos próprios lares das vítimas, que silenciam por medo. Hoje, no Globo Repórter."
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Discovery Channel Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.
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Revista Veja Lula sabia das intenções do Lobo.
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Revista Cláudia Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.
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Revista Nova Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama!
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Revista Isto É Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.
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Revista Playboy (Ensaio fotográfico do mês seguinte): "Veja o que só o lobo viu".
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Revista Vip As 100 mais sexies - desvendamos a adolescente mais gostosa do Brasil!
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Revista G Magazine (Ensaio com o lenhador) "O lenhador mostra o machado".
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Revista Caras (Ensaio fotográfico com a Chapeuzinho na semana seguinte): Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor pra muitas coisas na vida. Hoje, sou outra pessoa."
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Revista Superinteressante Lobo Mau: mito ou verdade?
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Revista Tititi Lenhador e Chapeuzinho flagrados em clima romântico em jantar no Rio.
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Folha de São Paulo Legenda da foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador". Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.
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O Estado de São Paulo Lobo que devorou menina seria filiado ao PT.
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O Globo Petrobras apoia ONG do lenhador ligado ao PT, que matou um lobo para salvar menor de idade carente.
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O Dia Lenhador desempregado tem dia de herói.
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Extra Promoção do mês: junte 20 selos mais 19,90 e troque por uma capa vermelha igual a da Chapeuzinho!
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Meia hora Lenhador passou o rodo e mandou lobo pedófilo pro saco!
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O Povo Sangue e tragédia na casa da vovó.
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Autor desconhecido.

MUDANÇA

Para quem não conhece, Lya Luft é uma escritora brasileira, professora e tradutora. Após um evento sobre o dia da mulher, ela fez o comentário abaixo:
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"Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher. Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
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Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
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Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas. Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
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A fonte da juventude chama-se "mudança".
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De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.. Mudança, o que vem a ser tal coisa?
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Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
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Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.
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Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.
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Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
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Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
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Olhe-se no espelho...
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Autora: Lya Luft

"Tempos de Escola - Momentos" por Corujinha Baiana

ICEIA - Instituto Central de Educação Isaías Alves
Salvador-BA

Aula de Língua Portuguesa
- Quem quer ler ? Perguntava Professora Júlia Leitão.
- O meu braço era o primeiro a se levantar. Mas da “Análise Lógica” (hoje, Análise Sintática ), nem gosto de lembrar ! Adjuntos, predicados e objetos, nunca me interessaram.

Aula de Matemática
D. Yolanda Piva ensinava, e eu, às vezes, aprendia. Regra de Três era moleza... nas provas eu acertava quase sempre, mas as equações...eu deixava tudo sem resposta.Nem tentava.Certa vez ela me disse: “-Você tem preguiça de raciocinar”. -Ainda bem que eu não acreditei.

Aula de Biologia
Professora Iraci Fraga, muito elegante, afirmava :“Que coisa fascinante é o corpo humano !” E eu concordava, mas as Leis de Mendel ... aquelas ervilhas ... que horror !

Aula de Inglês
“The falling leaves drift by the window “ ou então “ I love Paris in the springtime ...” na voz de professor João Pacheco, acompanhado do seu violão, me faziam sonhar.

Aula de Francês
Professora Marie de Lourdes, muito polida ,pedia : « Allors, attention, s´il vous plaît ! » « La Marseillaise » antes do início das aulas - Que coisa mais chic ! Mas a gente também cantava “Alouette” , “Sur le Pont d´Avignon” ou “Il Pleut, Il Pleut Bergère” . Eu amava tudo aquilo.Mas os verbos irregulares ... Mon Dieu !!!!!

Aula de Latim
Como eu gostava das Fábulas de Esopho ! Também adorava ouvir o professor Karl Ott falar sobre “De Bello Gallico”, naquele seu sotaque germânico. Mas o “Qui Quae Quod” e o “Hic Haec Hoc” ...
"Quosque tandem, Catilina, abutere patientia nostra?"

Aula de História Pré – Colombiana
Com a professora Gertrude conheci Yma Sumac, a soprano, última descendente dos Incas, que conseguia com sua voz, ir dos mais graves aos mais agudos.Vi o filme sugerido por ela: “O Segredo dos Incas”, e daí pra frente, lia tudo o que encontrava sobre esses “Filhos do Sol”.

Aula de Geografia
O Sol é uma estrela de quinta grandeza . Como seria uma de primeira ? Perguntei certa vez a minha linda professora, Sulamita Tabacof.
E Marte ? Seria mesmo habitado por homenzinhos verdes ?

Aula de Desenho
“O bom desenhista não usa a borracha, e não se prende em detalhes “ nos lembrava a todo instante, Álvaro Zózimo, meu professor. Mas como era difícil seguir esses princípios !

Aula de Música e Canto Orfeônico
Durante a aula de “Sarapatel” ,como era chamada pelos alunos... até hoje não me lembro o nome dela . Depois do solfejo, o diapasão e “Já podeis da pátria, filhos ...”, mas quando a aula terminava, o que se ouvia lá no pátio:
“Japonês tem quatro filhos ...”

A Biblioteca
Entre os livros, os olhares se encontravam e alimentavam as paixões. “Madame Bovary”, “Ana Karenina”, “O Morro dos Ventos Uivantes”... Léon, Conde Vronski, Heathcliff entre outros, em várias ocasiões, me acompanharam além da escola.

O Teatro
Eu fui Laura, a única personagem feminina da peça “Do Tamanho de um Defunto”, de Millor Fernandes. Que emoção! Nunca disse a ninguém ,mas eu me senti a própria Bibi Ferreira.

O Coral
Era com orgulho que, no aniversário da escola, anunciavam :
“Do nosso diretor, o professor Adroaldo Ribeiro Costa, o Hino do ICEIA.”

“Nesta Escola, sagrada oficina,

Que áureos frutos, sem conta, produz,

Aprendemos, à luz peregrina,

Às carícias do olhar de Jesus,


A formar corações tão perfeitos,

Que um instante, um momento sequer,

Não se furtem de dar, satisfeitos,

O que a Pátria, exigindo quiser.

Nesta Escola, ao calor da ciência

Conquistamos a láurea sem par

Dos que logram, por toda existência

O dever de instruir e educar.

Nesta Escola, no excelso agasalho,

Aprendemos em sábias lições,

Os processos e as leis do trabalho

De formar e polir corações


Corações que, florindo, na infância,

Tomem tal compleição varonil,

Que envelheçam, mantendo a constância

De servir e de amar o Brasil.”


Aplausos !!!!! “E viva nós ” !!!!!!

Tempos de Escola – Momentos. Hoje, apenas recordações no Dia do Professor - 15 de outubro de 2009.