Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 16 de agosto de 2009

João Donato - "Nascido nota musical - João Dó Nato "


" Por trás de boa parte dos grandes momentos da música brasileira das últimas décadas estão o piano, os arranjos, as composições, e até aquela voz peculiar de João Donato. Em mais de 50 anos de carreira, ele já tocou com quase todos os grandes músicos de seu tempo, incluindo Chet Baker e Tito Puentes. Donato emprestou sua sutileza e discrição à bossa nova, ao tropicalismo, ao jazz, ao samba e até à salsa.

Dia 17 de agosto de 2009 João Donato completa 75 anos de vida, 60 deles dedicados à genuína música moderna. E isso não é apenas um jeito de falar. No ano passado, o compositor, pianista e arranjador brasileiro compôs e se apresentou ao lado de músicos de estilos e gerações das mais variadas no mundo inteiro: Orquestra Sinfônica da Rússia, Fernanda Takai, Carlos Lyra, Nelson Motta, Bud Shank, Bebel Gilberto, Roberto Menescal, Marcelo D2, Paula Lima, Till Brönner, Roberta Sá, Emílio Santiago, Joyc etc.

Desde 1949, quando fez sua primeira gravação profissional, tocando acordeon, no disco de estréia do flautista Altamiro Carrilho, João Donato reverbera bossa nova, samba, baião, bolero, jazz, música de concerto, canção popular, temas instrumentais, sons eletrônicos, até mesmo o fund, o hip hop e o rock. A transversalidade da obra de Donato atravessa mais de meio século e deságua nele mesmo.

Músicos, pesquisadores, críticos e escritores tentam explicar o paradoxo da simplicidade da música simples criada e executada no seu piano. Em referência aos dons naturais do parceiro, Gilberto Gil apelidou-o de João Dó Nato. É Gil quem explica: “Certa vez, eu fiz essa brincadeira com o nome do meu querido João para expressar a nítida impressão que ele me dá de ter com a música uma ligação física. Na verdade não foi uma brincadeira partindo de quem, como eu, sabe que João forma com a música uma espécie de ovo mágico, ele e a música, gema e clara desse ovo. É o mesmo Donato de sempre, chocado e nascido nota musical”. Juntos, Donato e Gil compuseram algumas das mais permanentes canções da música brasileira, “A paz”, “Lugar comum”, “Terremoto”, “Emoriô”, entre elas. [ ... ]


Começou a tocar acordeom e piano na infância. Mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 40 e no início dos anos 50 já atua profissionalmente na noite carioca. Logo fez amizade com Tom Jobim, João Gilberto, Luiz Bonfá e outros. Gravou alguns discos na década de 50, e em 1959 foi para o México, seguindo para os Estados Unidos, onde morou por alguns anos. Lá gravou discos solo e com outros artistas, e algumas de suas composições fizeram muito sucesso, como Amazonas, A Rã e Bananeira, caracterizadas pela originalidade rítmica levada ao piano. "





* Gosto, principalmente, das suas composições : Verbos do Amor, Simples Carinho, Até quem Sabe, Nasci para Bailar, Doralinda,, Brisa do Mar,Naquela Estação, Me dê notícias de você, Só danço samba, La vem você, Nua ideia,

Sonho e Fantasia, e de todas as outras !

Em fotos, o destino de Nilo Sérgio ...- Por Socorro Moreira










Pensamento -

Uma gota no oceano

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Quando cansei de me queixar por não me ajudarem a levar os meus fardos, compreendi que desafios são necessários para o crescimento humano.

Luto por meus direitos e ideais, apesar de me incomodar com tanta falta de justiça. Procuro praticá-la onde alcanço: uma gota no oceano.

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Anita D. Cambuim

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Crítica de Ariano Suassuna sobre o forró atual - Raimundo Holanda

'Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão.

Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito
jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não,
e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto.
Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.

Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua
(Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em
putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa.

Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.


Ariano Suassuna

Realmente, alguma coisa está muito errada com esse nosso país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachorra, raparigueiro, cachaceiro, que gosta de puteiro, aonda vamos parar? como podemos querer pessoas sérias, competentes? e não pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, pq tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem 'ferro', 'quero logo 3', 'lapada na rachada'? Os homens vão e atendem. Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!

Raimundo Holanda

Psicólogo

(85) 99739781


"Sentimos a dor mas não a sua ausência."

Arthur Schopenhauer
( Colaboração de Ismênia Maia)

Um antigo registro, lembrando que a festa da padroeira deve estar começando.

A festa da padroeira (após um congresso de Psicologia)

Para Miguel, Marina e seus alunos,
para Elaine, Sara, Luiz e Dinho,
pela festa do encontro.


Estas são imagens que ficam para sempre.

Da Igreja da Penha, em Itapagipe, muito pequena ainda, lembro apenas de uma profusão de velas postas pelos devotos numa bandeja redonda aos pés da Virgem - o que, para o meu irmão Eugênio, que tinha então 2 ou 3 anos de idade, era um indício seguro de que alguém fazia aniversário.

No Crato, a imagem de Nossa Senhora da Penha, padroeira da cidade, trazia ao colo o Menino Jesus e pisava sobre répteis, a força do gesto contrastando com a ternura, paz e profunda compaixão que seu rosto transmitia. Dessa imagem lembro, com detalhes. Do altar, ela assistia à multidão que vinha rezar na praça, consolando os aflitos, trazendo esperança....

Nós nos misturávamos a essa multidão, mesmo se estávamos vivendo um outro lado da festa: carrosséis, roupas novas, paqueras. Mas os que sofriam vinham rezar, e não posso esquecer aqueles rostos expectantes, que traziam, como se talhadas em pedra, as marcas do difícil cotidiano que define o modo de vida dos esquecidos, dos que tanto esperam em vão. Ali se formava para mim esse nexo: de um lado, o sofrimento e abandono do nordestino, do outro, a compaixão da Mãe de Deus.

A Festa da Padroeira, no mês de agosto, tendo o seu grande final em 1o de setembro, era um grande acontecimento: mais remotamente, quando eu era bem criança ainda, lembro das pregações de frei Damião, que sentia medo dos fogos de artifício e reclamava a todo momento dos "fogueteiros". Se não lembro - e certamente não compreendia - as outras coisas que ele dizia, guardei porém a expressão terrível de seu rosto e sobretudo o olhar fascinado e febril das pessoas na praça. Quando terminava, eu sempre ficava com medo do fim do mundo, que ia acontecer ali mesmo, no Crato, e a qualquer momento - até porque vivia também impressionada com uma tal pedra que iria cair do Alto da Batateira. Mas havia os vivas a Nossa Senhora da Penha, e hoje compreendo que de sua imagem vinham as idéias de mediação, de aliança entre Deus e os homens, Mãe compassiva que compreende e aceita os tortuosos e humanos canais através dos quais escutamos a Palavra de Deus.

E havia as procissões.

Ah, as procissões e suas insondáveis trilhas na memória. Aquele caminhar uníssono da multidão "se arrastando que nem cobra pelo chão" e de alguma forma elevando-se para o céu, livre de sistemas de sons e de apoios eletrônicos. Era um céu poderoso, definidor de destinos, re-ligando todos nós a um sobrenatural cheio de símbolos ao mesmo tempo fortes, seguros, apavorantes, mágicos. Havia o Deus Pai, fé, racionalidade e sentido da vida, que meus pais traziam. Eram outros porém os Seus sinais, trazidos pela Festa da Padroeira, dispersos naquele mundo mágico, supersticioso, festivo, sombrio e berrantemente colorido dos santos, promessas, esperança e medo.

A emoção das procissões era única, "re-ligante", transcendental e telúrica. A Senhora da Penha vinha em seu andor, tão bonito na ingenuidade do ornamento de cetim e flores, solenemente carregado por homens vestindo opa - que era uma espécie de capa, preta e vermelha. O sagrado tornava-se parte integrante da vida, e a vida estava ali presente de todos os modos. Os hinos, os benditos, os agudos desafinados elevavam-se aos céus, seguramente ouvidos por Deus. As vozes estridentes, um cantar do qual vinham desarmonia e beleza, silenciando as conversas e instalando um sentimento fundo, meio bárbaro, de reconhecimento do sobrenatural, da desestabilidade, da miséria e da glória nossas, que súbito se faziam as mesmas para todos, naquele mundo de tantas desigualdades.

Essas vozes jamais se calaram dentro de mim e, de algum modo, se expressam no que faço de meu trabalho e de minha vida.

Ainda hoje os cânticos religiosos, no côncavo das igrejas, me tocam um pouco dessa forma.

Ainda hoje sinto as palavras de Luiz Gonzaga no "Baião da Penha":


"Nossa Senhora da Penha
Minha voz talvez não tenha
O poder de te exaltar
Mas dê bênção, padroeira,
Pra sua gente brasileira
Que quer paz pra trabalhar".

Pessoas são presentes - Por Eurípedes reis


Vou falar de gente, de pessoas... Existe, acaso, algo mais espetacular do
que gente? Pessoas é um presente.
Algumas têm um embrulho bonito, como os presentes de Natal, Páscoa ou festa
de aniversário.
Outras vêm em embalagem comum.
E há as que ficaram machucadas no correio...
De vez em quando uma Registrada. São os presentes valiosos.
Algumas pessoas trazem invólucros fáceis.
De outras, é dificílimo, quase impossível, tirar a embalagem.
É fita durex que não acaba mais...
Mas, a embalagem não é o presente.
E tantas pessoas se enganam, confundindo a embalagem com o presente.
Por que será que alguns presentes são complicados para a gente abrir?
Talvez porque dentro da bonita embalagem haja muito pouco valor.
E bastante vazio, bastante solidão. A decepção seria grande.
Também você, amiga querida
Também eu.
Somos um presente para os outros.
Você para mim, eu para você.
Tristes se forem apenas um presente-embalagem: muito bem empacotado e quase
nada, lá dentro!
Quando existe verdadeiro encontro com alguém, no diálogo, na abertura, na
fraternidade, deixamos de ser mera embalagem e passamos à categoria de reais
presentes.
Nos verdadeiros encontros humanos, acontecem coisas muito comoventes e
essenciais: mutuamente nós vamos desembrulhando, desempacotando,
Revelando...
Você já experimentou essa imensa alegria da vida?
A alegria profunda que nasce da alma, quando duas pessoas se comunicam
virando um presente uma para outra?
Conteúdo interno é segredo para quem deseja tornar-se Presente aos irmãos de
Cada estrada e não apenas embalagem...
Um presente assim não necessita de embalagem.
É a verdadeira alegria que a gente sente e não consegue descrever, só nasce
no verdadeiro encontro com alguém.A gente abre, sente e agradece a Deus.
Pessoas É Um Presente e você, minha querida amiga, é um dos melhores
presentes que ganhei nessa vida.

Eurípedes Reis

foto de Maria Alice ( by João marni (?)- Linda !

Pensamento para o Dia 16/08/2009


“Todos os homens, em todos os países, são peregrinos prosseguindo ao longo do caminho a Deus. O progresso de cada um é decidido pela disciplina adotada, o caráter formado, o ideal mantido à vista, a liderança escolhida e a fé implantada. Assim como as árvores e as plantas, os pássaros e as feras diferem de uma região para outra, os rituais, as práticas, as disciplinas e os ideais podem diferir de comunidade a comunidade; cada um é bom para certa região e certo estágio de desenvolvimento. Você não pode transplantá-los de uma comunidade humana para outra. A atmosfera em que você cresceu é a mais adequada a você.”
Sathya Sai Baba

FILOSOFIA QUÂNTICA - O PODER DO PENSAMENTO-ENERGIA

O maior instrumento de poder de que se tem notícia se encontra dentro de nós: o nosso pensamento.

Como a eletricidade, o pensamento produz resultados de acordo com o uso que se faz dele.


O fato é que estamos continuamente interagindo com o cosmos, emitindo e recebendo vibrações, e assim, criando as experiências que vivemos.

Ao tomar consciência do poder do pensamento, conquistamos a chave para abrir as portas que levam à realização dos nossos desejos mais profundos.



Depois de Einstein e da física quântica, não há como negar que, em essência, SOMOS ENERGIA.

É essa energia se consubstancia na matéria, se transformando em corpo, mente, emoção.

Se temos bons pensamentos e nos mantemos em sintonia com as correntes vibratórias carregadas de energia positiva, nos tornamos capazes de realizar as ações que nos levarão à felicidade.

Os pensamentos nos fazem sentir emoções variadas. Essas emoções, por sua vez, influenciam a nossa mente, o nosso organismo e a nossa saúde, ajudando a nos manter saudáveis e bem dispostos, quando são positivas, dependendo do cuidado que temos com aquilo que abrigamos em nossas mentes.

Assim, se queremos ter relacionamentos amorosos felizes, o primeiro cuidado a ser adotado é em relação aos nossos pensamentos.

A lei da sintonia, como toda lei espiritual, pode não ser aceita ou compreendida, mas nem por isso deixa de produzir efeitos.


Assim como a gravidade atrai os corpos para o centro da Terra, os nossos pensamentos têm o poder de atrair para nós aquelas realidades que desejamos viver.

É necessário reconhecer as próprias qualidades e a potencialidade que trazemos dentro de nós e que nos torna capazes de crescer, aprender e avançar.

Só é possível dar aquilo que se possui.

Apenas quem é capaz de se amar e de se valorizar pode amar e valorizar o outro.

O caminho para uma boa auto-estima está em cultivar bons pensamentos e ter em mente que eles são a nossa companhia mais constante.

Temos a opção de escolher, a cada momento, o que abrigamos em nossas mentes.


Com atenção, esforço e responsabilidade é possível detectar um pensamento menos bom na sua origem, e substituí-lo por outro que irá produzir resultados positivos.


O universo funciona como um espelho e tudo aquilo que transmitimos, retorna para nós amplificado.

Texto: O Poder do Pensamento
Autor: JAEL KLEIN COARACY
Imagens: Fractals - Cognitivedistortion.com
Música: The Siren Calls - Mike Rowland
Criação: Ana Maria Jr.

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NOTA DO PROF. BERNARDO MELGAÇO DA SILVA:

Desde de 1988 venho afirmando a existência de dois campos complementares do Pensamento: idéia/ideologia e energia. E falo não porque apenas li ou estudei, mas principalmente porque tive a experiência direta, em 1988, do poder do pensamento-energia. O mundo moderno está dominado pelo poder do pensamento-idéia/ideologia. Por isso, sinto que será difícil incorporar na cultura do mundo moderno esse novo paradigma do poder-energia e suas consequências positivas e negativas (devido a nossa ignorância coletiva a respeito das forças invisíveis provenientes desse campo). Mas, ao mesmo tempo estou otimista pelo avanço conquistado pela nova abordagem da física quântica em diversas áreas do saber: biologia, sociologia, psicologia etc. Vários livros já foram escritos por cientistas nas diversas áreas do saber. Apesar disso, nossas escolas e universidades ainda ensinam pela perspectiva do paradigma antigo (pensamento-idéia/ideologia). Ou seja, a concepção da vida e do universos é ainda ensinada pelo velho modelo lógico cartesiano-newtoniano (dividir, fragmentar, lutar, enfrentar o outro, estruturar em blocos separáveis etc). O novo paradigma prega uma visão sistêmica-holística (interdependência de tudo (cada parte) com o Todo)).

Ver filmes recentes: o Ponto de Mutação , Quem Somos Nós? e Universos Paralelos (documentário da BBC de Londres sobre a Teoria das Cordas e o Big-Bang).

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Nomes das ruas do Crato antigo - por Armando Lopes Rafael

Começou, nos primeiros anos do século XX – por iniciativa dos vereadores desta cidade, ao longo de várias legislaturas – o triste costume de mudança dos nomes das ruas e praças de Crato. Essas alterações sempre atenderam a interesses menores dos vereadores e foram feitas sem ouvir a população, resultando na destruição de denominações tradicionais, preservadas por várias gerações de cratenses.
Tenho em mãos um artigo publicado na Revista do Instituto do Ceará, com o título “Descrição da Cidade do Crato em 1882”, de autoria do Dr. Gustavo Horácio. O artigo cita, a certa altura, o fato de, naquele recuado ano, a cidade de Crato possuir 11 ruas principais, conhecidas por Rua de Santo Amaro, da Pedra Lavrada, das Laranjeiras, do Pisa, Formosa, Grande, do Fogo, da Vala, da Boa Vista, Nova e do Matadouro.
No mesmo artigo, são nomeados os becos e travessas do Crato antigo, a saber: Travessa do Cafundó, da Caridade, do Candéia, da Matriz, do Sucupira, de São Vicente, do Charuteiro, do Cemitério, da Ribeira Velha, do Barro Vermelho, da Califórnia, do Pequizeiro, da Taboqueira, das Olarias, da Cadeia e do Pimenta.
Infelizmente, não restou nenhuma dessas tradicionais, poéticas e curiosas denominações.
Não sou contra a denominação de pessoas às ruas das cidades, condicionando-se apenas à exigência de os homenageados – todos falecidos – terem gozado de bom conceito social, terem prestado serviços relevantes, terem se destacado no cenário municipal, ou seja, nomes identificados com a história da cidade ou do Brasil.
Apenas lamento o fato de os vereadores – muitos deles destituídos de cultura regular – haverem substituído nomes antigos, ao invés de denominarem somente as novas ruas. Ao extinguirem antigas e tradicionais denominações das artérias urbanas, apagou-se um pouco da história e da memória coletiva da Princesa do Cariri.
Recentemente, a Câmara de Vereadores de Independência – município localizado no Sertão dos Inhamuns do Ceará – recebeu um projeto de lei, dispondo sobre a identificação de ruas, praças, monumentos, obras e edificações públicas daquela cidade. Esse projeto de lei exige – para qualquer mudança na denominação de ruas e praças – um pedido antecipado, contendo lista com assinaturas de pelo menos cinco por cento do eleitorado.
Idêntica providência deveria ser adotada pela Câmara de Vereadores de Crato.

Há 150 anos a Comissão Científica de Exploração visitava o Crato – por Armando Lopes Rafael

Aquarela de José Reis "Panorama da Cidade de Crato em 1859" - Esta obra integra o acervo do Museu de Artes Vicente Leite - Foto de Jackson Bantim
Em 1859, uma comissão de engenheiros e naturalistas brasileiros visitou o Cariri. Esta comissão, criada por sugestão do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, contou, desde o lançamento da idéia, com a simpatia do Imperador Dom Pedro II. Este, como é sabido, passou à história não só por suas qualidades de grande estadista – provavelmente o maior entre todos os Chefes de Estado que o Brasil possuiu – mas, também, por ter sido um dos mais valorosos intelectuais brasileiros, na sua época.
Conhecida como “Commissão Scientífica de Exploração” (segundo a grafia da época), era composta por: Francisco Freire Alemão (Botânica); Guilherme Schüch de Capanema (Geológica e Mineralógica); Manoel Ferreira Lagos (Zoológica); Giacomo Raja Gabaglia (Astronômica e Geográfica) e – o famoso poeta – Antônio Gonçalves Dias (Etnográfica e Narrativa da Viagem). Objetivo da Comissão: “ explorar o interior de algumas Províncias, devendo fazer coleções de produtos naturais para o Museu Nacional e para os das Províncias”. Os membros da Comissão chegaram a Crato, no dia 8 de dezembro de 1859, e aqui permaneceram até abril de 1860.
Quanto à receptividade dos cratenses para com os membros da Comissão Científica de Exploração, arrimamo-nos no que escreveu Renato Braga:

“Os viajantes (que compunham a comissão científica) foram bem acolhidos no Crato e demais localidades do Cariri. A todos (os cratenses) causou estranheza, para não dizer espanto, a simplicidade de maneiras dos “doutores” (membros da Comissão) a contrastar violentamente com a arrogância dos donos de engenho e autoridades (do Crato). João Brígido, que ensinava e terçava as armas do jornalismo nessa cidade, ficou encantado com a presença da ilustre companhia e serviu-lhe de cicerone. (...) Gonçalves Dias ficou de tal jeito enamorado da terra (caririense) que projetou comprar um sítio de águas soluçantes e árvores acolhedoras, retiro que lhe permitisse, de quando em quando, esconder-se do mundo. Não concretizou o seu projeto; sonhou-o apenas.”

Bom ressaltar que em 1859, o nível de civilidade da população de Crato já tinha tido início, consoante escreveu o historiador cratense, Irineu Pinheiro, no livro “O Cariri” (1ª edição, 1950, à página, 89):

(Somente) no meado do século XIX, começou a ascender o estalão moral da sociedade de Crato, que podemos considerar padrão de toda a zona caririense. Até então era inferior o nível de moralidade do lugar. Um dos motivos de aperfeiçoamento dos costumes foi a emigração para ali de famílias, especialmente de Icó, cujo esplendor principiava a declinar. Fixaram-se na nova terra fértil, menos sujeita às crises climáticas, enriquecendo-a com seu labor e, portanto, civilizando-a, os Alves Pequenos, os Candeias, os Bilhares, os Garridos, os Linhares, os Gomes de Matos e outros cujas descendências se prolongaram até nós. Frutificaram os bons hábitos familiares dos recém vindos”.
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael